Unidade 6 1. Tipos de frase em LIBRAS De acordo com Felipe e Monteiro (1997), as línguas de sinais utilizam as expressões faciais e corporais para estabelecer formas negativas ou interogativas, por isso, para perceber se uma frase em Libras está na forma afirmativa, exclamativa, interrogativa ou negativa precisa-se estar atento às expressões facial e corporal (sic) que são feitas simultaneamente a certos sinais ou com toda a frase. FORMA AFIRMATIVA: A expressão facial é neutra. EL@ PROFESSOR@. FORMA NEGATIVA: de acordo com Felipe (1997), é possível verificar pelo menos três distintos processos: a) Acrescenta-se o sinal NÃO (manual) à frase afirmativa: CASAD@ EU NÃO. EU OUVIR NÃO.
b) Acrescenta-se um aceno de cabeça simultaneamente à ação que está sendo negada: NÃO-PODER c) Utiliza-se sinais que incorporam a negação em sua estrutura: TER-NÃO QUERER-NÃO, GOSTAR-NÃO, SABERNÃO: NÃO-GOSTAR NÃO-TER FORMA INTERROGATIVA: sobrancelhas franzidas e um ligeiro movimento da cabeça inclinandose para cima. VOCÊ CASAD@? FORMA EXCLAMATIVA: sobrancelhas levantadas e um ligeiro movimento da cabeça inclinando-se para cima e para baixo. Pode ainda vir também com um intensificador representado pela boca fechada com movimento para baixo. CARRO BONIT@!
2. NÚMEROS CARDINAIS E NUMERAIS PARA QUANTIDADE As línguas podem ter formas diferentes para apresentar os numerais quando utilizados como cardinais, ordinais, quantidade, medida, idade, dias da semana ou mês, horas e valores monetários. Isso também acontece na LIBRAS, serão apresentados os numerais em relação às situações mencionadas acima. É erro o uso de uma determinada configuração de mão para o numeral cardinal sendo utilizada em um contexto onde o numeral é ordinal ou quantidade, por exemplo: o numeral cardinal 1 é diferente da quantidade 1, que é diferente do ordinal PRIMEIR@, que é diferente de PRIMEIR@-ANDAR, que é diferente de PRIMEIR@-GRAU, que é diferente de MÊS-1. NÚMEROS CARDINAIS 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Exemplos: número do ônibus, da casa, do edifício, do prédio, do apartamento, do telefone, do vestuário, etc...
NUMERAIS PARA QUANTIDADE 1 2 3 4 5 6 10...... 21... Exemplos: pessoas, coisas, animais, idade...... VENTILADOR HOMEM+ GAT@+ BATON+ LÁPIS+ BOMBOM+ CADEIRA+ BOLINHA+
3. Ordem básica da frase Há uma grande diferença entre LIBRAS e Português, são completamente diferente, a língua portuguesa é uma língua de base sujeito verbo objeto, enquanto que a Libras é uma língua do tipo comentário. Quadros e Karnopp (2004) mencionam dois trabalhos que mostram a flexibilidade na ordem das frases na Libras. Para eles, Felipi e Ferreira Britoapontam que há várias possibilidades de ordenação das palavras nas sentenças, mas que, apesar da flexibilidade, há uma ordenação básica, que seria sujeito-verbo-objeto. Todas as frases que utilizam essa organização são gramaticais. Veja alguns exemplos de possibilidades de frases em Libras, retirados de Quadros e Karnopp (2004, p. 140-143): El@ GOSTAR FUTEBOL. sujeito verbo objeto Nessa frase há uma marca não manual, ou seja, o narrador marca com a direção dos olhos, que acompanha a corcondância de pessoa associada ao verbo. TV EL@ ASSISTIR. objeto sujeito verbo
FUTEBOL EL@ GOSTAR. objeto sujeito verbo EL@ FUTEBOL GOSTAR. sujeito objeto verbo 4. Tipos de verbos Os verbos na Libras estão basicamente divididos em três classes (Quadros e Karnopp, 2004, p. 116-118): simples, direcionais e especiais. Verbos simples- são verbos que não se flexionam em pessoa e número. Exemplos: ALÍVIO COMER BRINCAR
Verbos direcionais (com concordância): são verbos que se flexionam em pessoa, número e aspecto, mas não incorporam afixos locativos. Exemplos: EU PERGUNTO VOCÊ. VOCÊ ME PERGUNTA. EU RESPONDO PARA VOCÊ. VOCÊ ME RESPONDE. EU AVISO VOCÊ. VOCÊ ME AVISA. (retirado: Strobel e Fernandes, 1998) Verbos espaciais: são verbos que têm afixos locativos. Exemplos:
5. Classificadores Os classificadores são formas que, substituindo o nome que as precedem, podem vir junto com o verbo para classificar o sujeito ou o objeto que está ligado à ação do verbo (Felipe, 2001 apud org. PEREIRA 2011, pág. 82). Para Brito (1995, apud org. PEREIRA 2011 ), os classificadores funcionam, em uma sentença, como partes dos verbos de movimento ou de localização. O sistema de classificadores fornece um campo de representações de categorias que revelam o tamanho e a forma de um objeto, a animação corporal de um personagem ou como um instrumento é manipulado (Rayman, 1999, apud org. PEREIRA 2011). Morgan (2005, apud org. PEREIRA 2011) refere que, nas narrativas, um classificador é, muitas vezes, usado para manter a referência a objeto ou personagem previamente mencionado por meio de um sinal. Em relação às formas dos classificadores, Brito (1995) refere que a configuração de mão em V pode ser usada para se referir a pessoas, animais ou objeto; em C, para qualquer tipo de objeto cilindrico, e em B, para superficies planas, por exemplo. (org. PEREIRA 2011, p.83). V C B (retirado: LSB Língua de Sinais Brasileira LTDA) Pessoa-CAIR (retirado: Felipe e Monteiro, 2008) pessoa-cair coisa-plana-cair coisa-redonda-cair coisa-plana-cair (retirado: Felipe e Monteiro, 2008)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIAS: BRASIL/SENAI. Departamento Nacional. Capacitação dos docentes do SENAI para comunicação em LIBRAS com alunos surdos. Brasília, 2002. (Gente Especial fazendo um SENAI especial). LIBRAS em Contexto: Curso Básico: Livro do Professor/Tanya A. Felipe de Souza e Myrna Salerno Monteiro. 7ª edição Rio de Janeiro: Editora WallPrint, 2008. COUTO, Raimundo Cleber Teixeira, 2007 Aprendendo Língua de Sinais, ilustrado por CleberCouto, Belém Pará Título original: Aprendendo Língua de Sinais, volume 1. Libras / Daniel Choi...[et al.] ; organizadora Maria Cristina da Cunha Pereira.LIBRAS Conhecimento além dos sinais 1. Ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011.