FARACO, Carlos Alberto. Norma culta brasileira: desatando alguns nós. 1. Ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.



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Transcrição:

Eva Mara Caetano (PG-UEMS) evamarams@gmail.com FARACO, Carlos Alberto. Norma culta brasileira: desatando alguns nós. 1. Ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2008. 1. Introdução Este resenha é fundamentada na leitura do livro de Carlos Alberto Faraco (2008): Norma Culta Brasileira, o qual analisa a norma culta, norma gramatical e a norma padrão, descrevendo suas incoerências, preconceitos e limitações. De forma a analisar as dificuldades que surgem com a imposição da norma culta, sem levar em consideração os conhecimentos adquiridos pelos falantes em suas comunidades linguísticas. O tema abordado foi escolhido devido à grande valorização da língua falada pelos graduados que dominam a elite da língua falada, não levando em consideração as variações linguísticas. O texto expõe os motivos de a língua ser tão dominada por uma minoria e causa preceitos na grande maioria de seus falantes, porque nem todos têm acesso à norma culta e quais seus impactos na educação e sociedade. Porque a grande parte da população tem dificuldade com a norma culta e qual a culta que à educação escolar tem nesta dificuldade. 2. Norma Culta e a Educação no Brasil. A norma culta é imposta como modelo idealizado de língua correta, não levando em consideração que a língua é híbrida, e que a sociedade encontra-se em constantes transformações culturais, sociais e políticas, assim prejudicando seus falantes, os quais têm o português como idioma oficial. A língua se modificou com o passar do tempo, seus falantes fizeram adaptações, cometendo erros ou não. Desta forma, causaram diferenças, as quais dificultam até mesmo a compreensão entre falantes, no entanto, parece que os ditos cultos não enxergam essas diferenças e teimam em dizer que o brasileiro deixou o português em decadência. 1

Percebe-se que nem todos falam da mesma forma, pois o português não é mais uma língua pura, por absorver conceitos exteriores como: condições sociais, culturais, e pela influência dos baixos índices escolares, o qual não atinge seu ideal, segundo a análise do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) publicou resultados sobre a baixa qualidade do ensino básico e os atrasos do país na educação criam uma situação totalmente desfavorável aos ideais e objetivos da educação. De acordo com o estudo, todos os brasileiros entram na escola, mas somente 84% concluem a 4ª série e 57% terminam o ensino fundamental e no nível médio, o índice de conclusão é de apenas 37%. Mais da metade dos alunos da 4ª série seria incapaz de ler um texto simples e três quartos dos adultos são analfabetos funcionais, com dificuldades de compreensão do que leem, mesmo tendo frequentado a escola, a exclusão dos usos efetivos da língua, e que, muitas vezes, diferem da norma culta, expressa o lado preconceituoso desta concepção, marcadamente demonstrado por uma postura elitista. Decorre também um problema muito maior que tem sido observado em ambientes escolares, formas de expressão da língua que "violam" as leis gramaticais da norma culta são encaradas como erros ou "desvios", os falantes/escritores dessas variedades são considerados indivíduos com algum problema. Diante desses fatos é impossível selecionar ou classificar uma pessoa por sua fala, falta uma estrutura teórica, uma educação com melhores resultados e ao alcance tornando algo natural e puro, para que não se de como erro de língua. As transgressões da norma culta, a qual Faraco (2008) explana: "A norma curta não passa de uma súmula grosseira e rasteira de preceitos normativos saídos, em geral, do purismo exacerbado que, infelizmente, se alastrou entre nós desde o século XIX. A norma curta é a miséria da gramática". Os falantes não têm a adequada formação escolar para dominar a normativa gramatical, e não pode haver discriminações por esse motivo. É constrangedor saber que ainda existem locais que humilham ou não dão a devida importância a uma pessoa devido a maneira que ela fala ou porque comete um erro em seu discurso, por exemplo, dizer: Ganhar grátis, Viúva do falecido, subir pra cima, entrar pra dentro ou "Nóis foi na fazenda, Nois vai, Nois vorta ou até mesmo Truce pro cê 2

seria cobrar algo que a sociedade não pode e não tem direito por não conseguir oferecer educação de qualidade e garantir um ensino superior a todos. De certa maneira, a norma culta causa uma inibição na evolução da língua por não ser acessível a todos os falantes, independentemente do grau de escolaridade e, por ser rigorosa, não em levar em conta as mudanças da língua, já que as pessoas evoluem constantemente e a língua faz parte desta mudança. É necessário abrir novos horizontes, mudar a visão de que Norma Culta é modalidade linguística escolhida pela elite de uma sociedade, a língua das pessoas escolarizadas como modelo de comunicação verbal, pois a maioria dos falantes brasileiros são pessoas simples com pouca escolaridade, mas com uma riqueza cultural imensa capaz de se comunicar e de expressar em qualquer lugar. (...) em boa medida, nós somos a língua que falamos, e acusar alguém de não saber falar sua própria língua materna é tão absurdo quanto acusar essa pessoa de não saber usar corretamente a visão (isto é, afirmar o absurdo de que alguém é capaz de enxergar, mas não é capaz de ver) ou o olfato (isto é, afirmar o absurdo de que alguém é capaz de sentir o cheiro, mas não de aspirá-lo) (BAGNO, 2001). É necessário mudar o perfil dos falantes, proporcionar-lhes novos caminhos e prazeres os quais os estimulem a gostar de ler, escrever e estudar, para que se possa exigir uma norma tão complexa e difícil. Tem que se mudar a estatística de que, segundo Retratos da Leitura no Brasil, Instituto Pró-Livro, 2007, descreve: População que não gosta de ler, sendo que 172,7 milhões de pessoas a partir dos 5 anos de idade, 95,6 milhões declararam ter lido pelo menos um livro nos últimos três meses; 47,4% dos leitores são estudantes que leem livros indicados pela escola; 6,9 milhões de leitores estavam lendo a Bíblia; e que o índice de leitura é de 4,7 livros por habitante/ano, o número de livros lidos fora da escola é de 1,3 por habitante/ano; 85% da população estudada possui ao menos um livro em casa; 25 livros é a média por residência; 3 em cada 5 livros pertencem ao entrevistado; 63% dos leitores são influenciados pelo tema do livro, 46% pelo título, 42% pelas dicas de outras pessoas, e 33% pelo autor; 45% compram livros ou os pegam emprestados com outras pessoas; 34% emprestam livros de bibliotecas; 24% ganham livros; 19% dos livros estão nas mãos de 1% da população; 3

49% dos livros estão nas mãos de 10% da população; 66% dos livros estão nas mãos de 20% da população; 2 em cada 3 entrevistados não freqüentam bibliotecas; A média de livros comprados é de 1,2 livros por habitante/ano. Entre os compradores, a média é de 5,4 livros por habitante/ ano; as livrarias são o principal canal de acesso ao livro: 35%, seguida pelas bancas, 19%, e pelos sebos e feiras de livros, com 9%; 28% dos compradores compram livros por prazer ou gosto pela leitura; 21% compram por entretenimento e lazer; e 17% compram porque a faculdade ou escola exige; 19% escolhem onde comprar livro pelo preço mais baixo; 18% escolhem o canal de compra por comodidade; e 14% compram em determinado local por costume ou pela variedade; 77,1 milhões de pessoas afirmaram não ter lido nenhum livro nos últimos três meses. Apesar do Retrato da Leitura no Brasil, Instituto Pró-Livro, 2007 publicar índices tão baixos e alarmantes como os citados acima é preciso mudar esse retrato e criar novos leitores e falantes, pessoas que sintam prazer em sua fala, na leitura. 2.1. Desafios do ensino de português no Brasil. O ensino da Língua Portuguesa tem como elemento central a gramatica a qual segundo o dicionário Aurélio (2009): o s.f. Conjunto de princípios que regem o funcionamento de uma língua. A gramática orienta como as palavras podem ser combinadas ou modificadas para que as pessoas possam comunicar-se com facilidade e precisão... princípios os quais são permanentes dos anos 70 até nos dias atuais, apesar do passar dos anos ela sofreu poucas alterações por se tratar de uma norma conservadora,assim deixando a língua cada vez mais decadente já que a mesma também impõe limitações. O estudo da gramática ainda é o fundamento teórico nas escolas nas aulas de português, existem inúmeros manuais e livros, os quais trazem o texto apenas como auxiliam no ensino. Essa imposição não é cobrada apenas nas escolas, é cobrada também nos concursos públicos, vestibulares. Toda essa imposição gramatical é a falta de renovação o que constitui milhares de problemas aos que a educação passa atualmente, no entanto vimos que essa é a norma predominante em televisões, radio na 4

mídia em geral, apesar de ser uma regra preconceituosa capaz de se identificar com a língua falada todo o Brasil. Outro ponto que desfavorece o ensino é a falta de capacitação é reconhecimento profissional o qual o professor passa em nosso país tornando a profissão cada vez menos interessante e vantajosa, e o que traz o Takahash (2008). E mais Apenas 5% dos melhores alunos formados no ensino médio querem atuar como docentes do ensino básico, diz estudo. Baixo retorno financeiro e desprestígio social da carreira docente são citados entre os principais fatores para perfil identificado no levantamento. Ao contrário dos países com sucesso educacional, o Brasil atrai para o magistério os profissionais que possuem mais dificuldades acadêmicas e sociais, aponta um estudo inédito a ser apresentado hoje, que utilizou bancos de dados oficiais. Uma das constatações do levantamento, encomendado pela Fundação Lemann e pelo Instituto Futuro Brasil, é que apenas 5% dos melhores alunos que se formam no ensino médio desejam trabalhar como docentes da educação básica, que abrange os antigos primários, ginásio e colegial. Colocando no mercado, profissionais cada vez menos preparados para assumir a profissão, exemplos disso são professores de língua portuguesa que usam a gramática como Bíblia, uma regra geral a doutrina máxima do estudo, fazendo de uma série escolar continuação de outra ou uma série continuação do restante do livro, seguindo sempre a ordem substantivo, numerais, pronome, artigos, verbos, assim por diante. Esses profissionais têm que saber muito mais que classificações das palavras, esses necessitam conhecer a língua a qual trabalham e suas variações com diz Bagno (2006). O profissional da educação tem que saber reconhecer os fenômenos lingüísticos que ocorrem em sala de aula, reconhecer o perfil sociolingüístico de seus alunos para, junto com eles, empreender uma educação em língua materna que leve em conta o grande saber lingüístico prévio dos aprendizes e que possibilite a ampliação incessante do seu repertório verbal e de sua competência comunicativa.... E Faraco (2005) explana o seguinte pensamento sobre o assunto: Desse modo, ensinar português é, fundamentalmente, oferecer aos /às alunos/as a oportunidade de amadurecer e ampliar o domínio que eles/elas já têm das práticas de linguagem. Em língua materna, a escola, obviamente, nunca parte do zero: os/as alunos/as têm uma experiência acumulada de 5

práticas de fala e de escrita. Cabe-nos, no entanto, criar condições para que esse domínio dê um salto de qualidade, tornando-se mais maduro e mais amplo. Esses fatores que geram cada vez mais desinteresse no estudo da língua, pois os alunos querem e precisam de reconhecimento em sua fala, e de estudos reais baseado em sua comunidade, livros e textos os quais possam entender. Apesar de existir grandes gramáticas com qualidades maravilhosas, exemplos de Celso Cunha e Lindley Cintra e bons dicionários as quais não podem ser desprezadas existem a necessidade de serem usados com sabedoria, analisando e considerando a norma culta e outras variações linguísticas. 2.2. Norma-Culta e a realidade linguística brasileira. No atual quadro histórico do Brasil a norma culta perde cada vez mais espaço e características na fala e na escrita, por não se enquadrar com o perfil dos atuais falantes. Norma a qual quis normalizar e padronizar a fala padrão pré-estabelecido para redações, livros, leis. Se tornando uma variação linguística dominante compostas por pessoas cultas e estudadas, que desprezam aspectos já existentes na fala, não conseguindo atingir a maioria dos falantes a qual Bagno (2006). Refere-se... retirar a língua de sua realidade social, complexa e dinâmica, para transformá-la num objeto externo aos falantes, numa entidade com "vida própria", (supostamente) independente dos seres humanos que a falam, escreve lêem e interagem por meio dela... Esse fenômeno imposto aos falantes desconsiderou os vários tipos de normas lingüística existentes na sociedade, pois cada grupo de falante possui uma norma diferente de outro grupo, fazendo com que eles possam ser distinguidos por suas características lingüísticas, mas todos com um único objetivo a comunicação, usando a língua como um código de sinal. Entretanto, essas diferenças linguísticas sofrem pressão social, fazendo com que certos falantes sejam discriminados por sua fala, sendo até mesmo caracterizados como burros ou poucos estudados. Vemos com isso que, no Brasil, a norma culta está sendo usada para classificar uma pequena massa, e para 6

dominar a grande massa, exemplo disso são as leis escritas da maneira mais culta possível em que a grande maioria não consegue entender nada. Com resultados tão caóticos apresentados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a explicação é clara, falta mais escolaridade e a garantia de conclusão dos estudos a todos. Somos um país multilíngue e temos que ter essa visão bem clara para começarmos a solucionar as dificuldades com a língua e lutarmos contra o seguimento da elite em uniformizar e padronizar a fala. A maioria dos brasileiros consegue e tem capacidade de se comunicar, o que falta é conectar as idéias, ter a noção de coesão e coerência em um texto e o domínio da ortografia, característica acarretada pelo déficit de leitura. A realidade é visível, o Brasil ainda vive nas sobras da língua imposta em sua colonização não sendo capaz de entender e assimilar a realidade e se adequar a com as variações linguísticas que surgiram com a urbanização e com a mudança de perfil do falante. Porém, a linguística tem um compromisso com a educação, é o que diz Carlos Alberto Faraco em entrevista a Jackson Gome Junior (2007). Então as tarefas da lingüística ainda estão para serem cumpridas, apesar do acervo de dados empíricos que já produziu. Mas ela precisa romper as fronteiras e se aproximar dos outros, para contribuir. Como a lingüística é uma ciência que trabalha com aquilo que caracteriza nossa humanidade, que é a linguagem, ela tem um papel importante no enfrentamento dos temas humanos. A educação brasileira tem que rever seus conceitos, considerar suas questões sociais, ter a linguagem como estudo, romper as fronteiras e colocá-la ao alcance de todos, dando seu devido valor no enfrentamento dos temas humanos. 3. Conclusões Para resumir as carências apontadas acima, como as causas na falência da língua e a falta de realidade em seu ensino? Se a educação tiver o intuito de um ensino real de seus objetivos e de sua capacidade e limitações, poderá alcançá-los com êxito. Proporcionar a sociedade uma língua sem preconceitos e limitações, fundamentada na 7

realidade de cada grupo linguístico fazendo com que cada falante tenha a consciência de seu real valor e de sua importância dentro da história de evolução da língua. Tornar o curso de língua mais moderno voltado para a realidade das variações linguísticas, abrirem novos caminhos para a expansão da língua sem preconceitos ou imposições da mesma, como explana Carlos Alberto Faraco (2006)... A escola não avança no sentido de criar uma pedagogia de variação lingüística e da norma culto/ comum /comum /Standard. Ela não tem encontrado meios para deixar de ser uma instituição meramente reprodutora e de preconceitos lingüísticos.... Oferecer aos alunos oportunidades de amadurecer e ampliar sua práticas de linguagem, ter a visão de que a língua não parte do zero, tem um contexto anterior, desde o ensinamento da língua materna até a realidade da língua e suas variações linguísticas. Ter a visão que a norma culta faz parte do passado, algo exclusivo de um grupo dominante e que dever ser compreendida como uma variante linguística, assim como outras existentes, mudar os conceitos é o que diz Bagno (2010) em entrevista à revista. É uma pena que nosso ensino de português ainda se agarre com tantas unhas e dentes a um fantasma de língua, em vez de desdobrar em sala de aula a realidade múltipla, diversificada e fascinante da língua nossa de cada dia. São vários os desafios na reconstrução de nossa imagem sobre a língua. Temos que ter o conhecimento sobre a mesma e saber suas capacidades e variação. Para mudar a realidade do ensino da Língua Portuguesa, a escola tem que ser democratizada, deixar de favorecer a classe dominante e abranger a todos e suas variações linguísticas. Para que seja abolida definitivamente a classificação ou exclusão de pessoa pela maneira de falar, precisa-se saber que não existem erros de português, que a língua é natural e podem existir erros de ortografia, e assim respeitar a realidade linguística de cada um. 8

Referências AURÉLIO, Buarque de Holanda Ferreira. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 3. ed. São Paulo: Editora Positivo, 2009. BAGNO, Marcos. Existe ou não existe? Eis a questão. http://marcosbagno.com.br/site2/conteudo/textos-carosamigos.htm, acessado em Julho de 2010. BAGNO, Marcos. Nada na Língua é por Acaso: ciência e senso comum na educação em língua materna. Publicado na Revista Presença Pedagógica em 16 de Setembro de 2006. BAGNO, Marcos. Norma Lingüística. 3. ed. São Paulo: Loyola, 2001. FARACO, Carlos Aberto. Português: língua e cultura. 1. ed. São Paulo: Editora do Brasil, 2005. IPEA, Instituto Nacional de Pesquisas Aplicadas. Portal Ipea. http://www.ipea.gov.br/portal/, acessado em Julho de 2010. JUNIOR, Jackson Gomes. As línguas estão em permanente mudança. http://www.funpar.ufpr.br:8080/funpar/boletim/novo2/externo/boletim.php?boletim=40 &noticia=935, acessado em Julho de 2010. PRÓ-LIVRO, Instituto. Retratos da Leitura no Brasil. http://www.prolivro.org.br/ipl/publier4.0/secao.asp, acessado em Julho de 2010. TAKAHASHI, Fábio. Folha de São Paulo. Publicado em 09 de Junho de 2008. Recebido Para Publicação em 20 de março de 2012. Aprovado Para Publicação em 17 de maio de 2012. 9