Registrais. Recursos interpostos contra a não homologação de inscrições definitivas do concurso aberto pelo Edital nº 001/2013-CECPODNR. Ausência de juntada de certidões negativas da Justiça Militar do Estado de residência e da União. Hipótese que não se confunde com comprovação do cumprimento das obrigações militares. Imposição válida mesmo para candidatas mulheres. Clareza do edital. Recursos improvidos. ÓRGÃO Conselho de Recursos Administrativos - CORAD PROCESSO 0015-15/000006-3 ORIGEM Porto Alegre RELATOR Dr. Carlos Francisco Gross ASSUNTO Concurso Público. Serviços Notariais e Registrais. Recursos interpostos contra a não homologação de inscrições definitivas do concurso aberto pelo Edital nº 001/2013-CECPODNR. PARTES Inscrições nºs 311065996, 314662749, 310837734, 311432619, 310899857,, 310900495 e 312358922, Comissão do Concurso ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos. 1
Acordam os Magistrados integrantes do Conselho de Recursos Administrativos do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em negar provimento aos recursos nos termos do voto do eminente Relator. Participaram do julgamento, além do signatário, os eminentes Magistrados MANUEL JOSÉ MARTINEZ LUCAS (PRESIDENTE), MARILEI LACERDA MENNA, PATRÍCIA FRAGA MARTINS, CARLA PATRÍCIA BOSCHETTI MARCON DELLA GIUSTINA E TATIANA GISCHKOW GOLBERT. Porto Alegre, 18 de setembro de 2015. DR. CARLOS FRANCISCO GROSS, Relator RELATÓRIO DR. CARLOS FRANCISCO GROSS (RELATOR) Eminentes Conselheiros: Os presentes recursos tem por objeto impugnação à decisão da Comissão de Concurso do Tribunal de Justiça do Estado, que não deferiu a inscrição definitiva das candidatas mulheres, que deixaram de apresentar no 2
prazo hábil certidões negativas, cíveis e criminais, da Justiça Militar do Estado de residência e da Justiça Militar da União. Com pequenas divergências de conteúdo, os recursos sustentam a inexigibilidade de dito documento em conformidade com a Resolução 081/2009 do CNJ, que a possibilidade da apresentação do documento de graduação quando da posse, Súmula 266 do STJ, alargaria os prazos para apresentação de documentos. Disseram que o posicionamento da Comissão é discrepante com informação constante do próprio site do concurso, no seguinte teor: Pergunta: qual é o documento necessário para prova de estar em dia com as obrigações militares no caso de mulheres? Nenhum. Todos os recursos vêm acompanhados de certidões negativas das Justiças Militares, exceto o último (Protocolo 2912) que somente apresentou a certidão negativa da Justiça Militar Federal. Vieram-me conclusos. É o relatório. VOTO DR. CARLOS FRANCISCO GROSS (RELATOR) 3
Inicialmente, destaco que a candidata Mariana Gaspar Seganfredo apresentou duplicidade de recursos, com protocolos 2910 e 2911, mas que merecem ser conhecidos pois direcionados ao ingresso por provimento e ingresso por remoção. No mérito, os recursos não merecem provimento. Em conformidade com o Anexo Modelo 2 Relação de Documentos Apresentados do Edital 008/2015 CECPODNR, as candidatas não apresentaram a documentação indicada no item P daquele anexo, isto é, Certidões dos Cartórios de Distribuição da Justiça Militar, informativas da existência ou não de qualquer ação cível ou criminal em curso, ajuizada em desfavor do candidato das localidades onde ele residiu nos últimos dez anos. A obrigação de apresentação da mencionada documentação já era exigência prevista no Edital de Concurso, item 9 Da inscrição definitiva, item i. Note-se que já naquele edital as certidões de antecedentes não guardam qualquer relação com a prova de estar em dia com as obrigações militar e eleitoral, previstas em item específico, letra e. Em primeiro lugar, entendo que a obrigação da apresentação de certidões da Justiça Militar Estadual e Federal não é impertinente, e atenta inclusive para o que é regulamentado, pelo CNJ, para este tipo de concurso. A Resolução do CNJ de número 81, de 09 de junho de 2009, estabeleceu os requisitos para a inscrição em Concursos públicos de provas e títulos para a 4
outorga de delegações de Notas e de Registro, mas incumbiu os próprios Tribunais de estabelecer, em Edital, quais os documentos necessários para a comprovação dos requisitos que enumera (art. 7º, 1º), dentre os quais conduta condigna para o exercício da atividade delegada. Por outro lado, quando o CNJ estabelece a obrigação de apresentação de certidões cíveis e criminais da Justiça Federal e Estadual (art. 7º, 2º), não parece ser excludente quanto a certidões oriundas da Justiça Militar, integrantes estas Justiças especializadas daquelas organizações judiciárias. A Súmula 266 do STJ não tem qualquer aplicação ao caso em comento, inclusive sendo reservado aos candidatos tal direito em edital. Diploma ou habilitação legal não se confunde com certidões negativas, e o precedente criado com alargamento de prazos atingiria os princípios da isonomia e da impessoalidade que regem os concursos públicos. Por fim, não visualizo qualquer inexatidão de informação contida no site do concurso que pudesse levar as candidatas a concluírem que, sendo mulheres, estariam dispensadas da apresentação de certidões da justiça militar. Ora, correta a informação traduzida no site, de que para a mulher nenhum documento é exigível para comprovar o cumprimento de suas obrigações militares, pois como é curial não tem obrigações militares! Contudo, dizer que assim estariam liberadas as candidatas de apresentar certidões da Justiça Militar é evidente equívoco, pois poderiam ter servido 5
como voluntárias nas forças armadas, integrando corporação militar estadual ou mesmo terem sido processadas como civis naquelas Justiças especializadas. Não cumpre à Comissão de Concurso examinar, candidato a candidato, a pertinência de determinado documento. A própria relação de documentos a serem apresentados pelos candidatos demonstra a absoluta independência entre certidões das Justiças Militares e comprovação de cumprimento das obrigações militares. As seis candidatas recorrentes disseram terem sido confundidas por informação do site do concurso, mas cumpre observar que duzentas e treze outras candidatas tiveram suas inscrições homologadas após apresentar as certidões das Justiças Militares Federal e Estadual. Nestes termos, voto no sentido de negar provimento aos recursos. É o voto. OS DEMAIS INTEGRANTES VOTARAM DE ACORDO COM O RELATOR. 6
DES. MANUEL JOSÉ MARTINEZ LUCAS (PRESIDENTE) PROC. À UNANIMIDADE, NEGARAM PROVIMENTO AOS RECUOS NOS TERMOS DO VOTO DO EMINENTE RELATOR. 7