capítulo 7 - O Segundo Reinado 8º anos Prof. Márcio Gurgel

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Transcrição:

capítulo 7 - O Segundo Reinado 8º anos Prof. Márcio Gurgel

Segundo Reinado O Brasil é um país democrático, o que significa que seus políticos são eleitos pelos cidadãos por meio de eleições para tomar decisões importantes e governar. Isso quer dizer que a população divide a responsabilidade dos rumos do país com eles, devendo então fiscalizar suas ações e cobrar atos que sejam condizentes com as necessidades coletivas do país. Durante o Segundo Reinado (1840-1889), muitas transformações políticas afetaram a sociedade brasileira. Mudanças e ações ocorridas durante o governo de dom Pedro II promoveram a formação da sociedade que rompeu com a escravidão e deu início a uma nova fase na história do Brasil.

Pedro II e a Estabilidade do Império O período da história do Brasil que chamamos de Segundo Reinado foi de 1840 a 1889 e diz respeito ao espaço de tempo no qual o governo esteve sob o comando de dom Pedro II. Gravura Honra e glória ao Ministério de 7 de março (1871) representa dom Pedro II e seu ministério.

Pedro II e a Estabilidade do Império Durante a Regência, começaram a se formar os dois principais partidos políticos brasileiros da época: o Partido Liberal e o Partido Conservador. As diferenças políticas entre os dois partidos eram poucas, já que os representantes de ambos pertenciam a grupos sociais muito parecidos enquanto os liberais defendiam os interesses dos comerciantes, os conservadores defendiam os grandes fazendeiros. A disputa entre liberais e conservadores pelo poder era grande, tendo em vista que os vencedores das eleições para o Ministério de dom Pedro II (também chamado de Gabinete) definiriam os ministros que auxiliariam o imperador na administração do Império. Dom Pedro II, em charge de Cândido Aragonez de Faria, equilibrando os partidos Liberal e Conservador, 1878.

Pedro II e a Estabilidade do Império Apesar das disputas políticas, dom Pedro II se utilizava do Poder Moderador para dissolver a câmara dos deputados sempre que necessário. Dessa forma ele promovia a alternância entre os dois partidos e evitava que um deles se perpetuasse no poder, num mecanismo que foi bastante importante para a manutenção do Império. Charge de Bordalo publicada em O Besouro, em 1878. O desenho representa o artista, com uma lente de aumento, observando como dom Pedro II brinca com os políticos.

Um Começo Agitado Os primeiros anos de governo de dom Pedro II foram marcados por diversos conflitos. O principal foi a Revolução Praieira ocorrida em Pernambuco em 1848, que, além dos políticos, contou com a participação popular na manifestação contrária às mudanças do gabinete a rebelião também foi abafada pelo governo. Recife vista da fortaleza de Brum (1847), gravura colorida à mão de W. Bässier representando Recife às vésperas da Revolução Praieira.

O Café e a Economia do Império Por volta de 1827, cerca de 80% das pessoas que trabalhavam no Brasil se dedicavam ao setor agropecuário; sendo assim, as atividades rurais tinham grande importância para a economia brasileira no Segundo Reinado. Na época, o café era o produto brasileiro mais exportado, apesar de ainda produzirmos cana-deaçúcar, algodão, tabaco, etc. Inicialmente, o café era plantado na província (atual estado) do Rio de Janeiro, em seguida, avançou pelo Vale do Paraíba entre o Rio de Janeiro e São Paulo e mais tarde, chegou a até o Oeste paulista. Colheita do café, óleo sobre tela de Antonio Ferrigno (1863-1940), que viveu em São Paulo entre 1893 e 1905.

A marcha do café ( séculos XIX e XX)

O Café e a Economia do Império Em meados do século XIX, o café representava quase metade dos produtos exportados pelo Brasil, seguido pelo açúcar, que representava 10% das exportações. Inicialmente, o trabalho nas fazendas era executado por escravos africanos, mas depois de algum tempo os fazendeiros começaram a substituir sua mão de obra por imigrantes livres vindos da Europa. Colheita do café (1902), óleo sobre tela de Rosalbino Santoro (1858-c.1920) representando o trabalho de imigrantes europeus nas plantações de café do estado de São Paulo.

O Brasil se Moderniza A expansão da produção de café para regiões situadas mais ao interior, como o Oeste paulista e o Sul de Minas Gerais, fizeram com que a utilização de força animal para o escoamento de mercadoria se tornasse um processo lento e ineficaz. A solução encontrada pelos fazendeiros foi construir estradas de ferro. A primeira foi construída em 1854, no Rio de Janeiro, ligando a baía de Guanabara ao sopé da serra de Petrópolis. Em 1867, em São Paulo, foi inaugurada a São Paulo Railway, mais conhecida como Santos-Jundiaí e, alguns anos depois, a Jundiaí-Campinas, ligando as terras produtoras de café do Oeste paulista ao porto de Santos.

Uma Nova Sociedade As condições urbanísticas e sanitárias das cidades brasileiras que eram sujas e não dispunham de água encanada ou redes de esgotos somadas à crença europeia de que a população herdara a falta de gosto para o trabalho e os modos rudes dos indígenas e africanos, acrescentadas ainda ao fato de o Brasil ser o único país da América a manter o trabalho escravo na segunda metade do século XIX, eram grandes responsáveis pela permanência da imagem primitiva e atrasada associada ao país. Por isso, além da construção das ferrovias, outras medidas foram tomadas pelo governo brasileiro com o intuito de mudar a imagem de atraso que se associava ao Brasil nos países europeus. O governo de dom Pedro II procurava provar que o Brasil era capaz de se modernizar e progredir. Por essa razão, o próprio imperador se esforçava para agir como modelo de homem das Ciências e das Letras além de estudar e se manter informado sobre as novidades tecnológicas, o imperador procurava se reunir e discutir com arquitetos e artistas.

A Modernização e Suas Contradições Durante o Segundo Reinado, o governo projetou mudanças na cidade do Rio de Janeiro com o intuito de remodelá-la e torná-la mais limpa e habitável. Entretanto, essa modernização não favorecia a população igualitariamente, já que, enquanto os bairros ricos eram reformados, as zonas pobres iam se tornando cada vez mais insalubres. Os pobres eram obrigados a viver em cortiços superlotados, que não dispunham de esgoto ou qualquer tipo de instalação que evitasse a proliferação de doenças; por isso, a cidade era constantemente assolada por doenças, como a febre amarela, a cólera e a varíola. Cortiço no centro do Rio de Janeiro no início do século XX.

O Fim do Tráfico de Africanos Escravizados O governo inglês aprova uma lei que autoriza suas embarcações a apreender qualquer embarcação que transporte escravos pelo oceano Atlântico. 1831 1845 1850 O governo brasileiro aprova uma lei que proíbe o tráfico de escravos da África para o Brasil, entretanto, a lei não surte muito efeito. Pressionado pela Inglaterra e por setores da sociedade brasileira, o governo de dom Pedro II assina a Lei Eusébio de Queirós, que proíbe o tráfico de escravos.

A Imigração Européia Diante da possibilidade do fim do tráfico de escravos e mesmo da escravidão, alguns fazendeiros começaram a trazer trabalhadores europeus para cultivar suas terras. A vinda de trabalhadores europeus era estimulada por teorias raciais da época, que viam os trabalhadores brasileiros como preguiçosos e inferiores aos europeus, devendo ser substituídos, numa ação que prometia ao mesmo tempo garantir o fornecimento de trabalhadores para a lavouras e branquear a população, ajudando no desenvolvimento do Brasil. Dessa forma, em 1847, cerca de mil colonos de origem germânica e suíça foram trazidos ao Brasil pelo senador Nicolau Vergueiro. Ao chegarem, os imigrantes ficaram surpresos com as péssimas condições de trabalho nas terras do senador, além de terem sido obrigados a pagar pelas despesas da viagem da Europa até o Brasil.

A Imigração Européia Todos os produtos consumidos pelos imigrantes deveriam ser comprados no armazém da fazenda, onde custavam muito mais caro que em outros pontos de venda, o que só aumentava a dívida dos trabalhadores. Foi somente a partir de 1870 que a vinda maciça dos imigrantes europeus se iniciou no Brasil, uma vez que os fazendeiros passaram a defender novas relações com os trabalhadores. Aspecto do Rocio de Curitiba com casas de colonos alemães (1881), aquarela atribuída ao pintor alemão Hugo Calgan representando os arredores de Curitiba, onde imigrantes alemães se instalaram.

O Legado Cultural dos Imigrantes A imigração também contribuiu para a formação da cultura brasileira. Imigrantes vindos de países europeus, como Itália, Alemanha, Portugal, Espanha, Suíça, Polônia e posteriormente Japão e Líbano, se integraram à sociedade contribuindo para modificar hábitos culturais, como a língua, a alimentação, as festas, etc. Temos como exemplos o hábito de comer pizza, que veio da Itália, se instalou inicialmente em São Paulo e se espalhou por todo o Brasil; o futebol trazido pelos ingleses; e o carnaval pelos portugueses. É comum encontrarmos no território brasileiro aspectos arquitetônicos, alimentares e linguísticos de diferentes países europeus, que se somaram aos hábitos já existentes cultura indígena, africana e portuguesa para criar os costumes particulares da rica e variada cultura brasileira atual.

Referência Bibliográfica Projeto Teláris: História / Gislane Campos de Azevedo, Reinaldo Seriacopi. 1ª Edição São Paulo: Ática, 2012.