Profissionais de saúde: Educando e tratando o tabagismo

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Transcrição:

Profissionais de saúde: Educando e tratando o tabagismo Lídia Dalgallo Zarpellon 1(UEPG), Mestre, Docente do Curso de Enfermagem, ldzarpellon@yahoo.com.br Gisele Ferreira da Silva 2 (UEPG), Mestre, Docente do Curso de Enfermagem, gifsnurse@yahoo.com.br Erildo Vicente Müller 3 (UEPG), Doutorando, Docente do Curso de Enfermagem, erildomuller@hotmail.com Willian Paulo de Campos 4 (UEPG), Acadêmico do Curso de Enfermagem, willianpc@yahoo.com.br Sigrid Ouriques 5 (UEPG), Acadêmico do Curso de Enfermagem, siouriques@yahoo.com.br Resumo: Atualmente, o tabagismo é amplamente reconhecido como uma doença epidêmica resultante da dependência de nicotina e classificado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no grupo dos transtornos mentais e de comportamento decorrentes do uso de substâncias psicoativas. Este artigo tem como objetivo traçar o perfil dos participantes do projeto educando e tratando o tabagismo na UEPG. As atividades de educação em saúde e sensibilização da população alvo foram desenvolvidas sob a forma de grupos, utilizando-se de materiais ilustrativos, vídeos e material impresso. O estudo revela que no ano de 2009, esteve fazendo parte do grupo educando e tratando o tabagismo, um total de 44 participantes, sendo 23 do sexo masculino e 21 do sexo feminino, isto demonstra que o número de fumantes por sexo não difere neste estudo, confirmando que o hábito de fumar está amplamente distribuído na população.fica evidente o elevado grau de dependência ao tabaco o que demonstra a necessidade de profissionais capacitados e de grupos de apoio. Fica evidente a necessidade de divulgação do projeto para cessação do tabagismo, junto à comunidade. Palavras chave: Profissionais de saúde, Tabagismo, Educando e Tratando. Professionals of health: Educating and treating the tobaccoism Abstract Actualy, the tobaccoism is widely recognized as an epidemic illness resultant of the dependence of nicotine and classified by the World-wide Organization of Saúde (OMS) in the group of decurrent the mental upheavals and of behavior of the psychoactive substance use. This article has as objective to trace the profile of the participants of the project being educated and treating the tobaccoism in the UEPG. The activities of education in health and sensitization of the white population had been developed under the form of groups, using themselves of illustrative materials, videos and material printed matter. The study it discloses that in the year of 2009, it was being part of the group educating and treating the tobaccoism, a total of 44 participants, being 23 of masculine sex and 21 of the feminine sex, this demonstrates that the number of smokers for sex does not differ in this study,

confirming that the habit to smoke widely is distributed in the population. The high degree of dependence to the tobacco is evident what it demonstrates the necessity of able professionals and groups of support. The necessity of spreading of the project for ceasing of the tobaccoism is evident, next to the community. Key-words: Professionals of health, Tobaccoism, Educating and Treating 1 Introdução O tabagismo é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a principal causa de morte evitável no mundo, e está caracterizado como problema de saúde pública tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento (WHO, 2008). De acordo com estimativas mundiais, aproximadamente um terço da população adulta é fumante, o que implica em prejuízo à saúde, devido a mortes prematuras e incapacidades físicas em consequência de doença coronariana, hipertensão, acidente vascular cerebral, bronquite, enfisema e câncer. (BRASIL, 2004). Além disso, há o impacto social, econômico e ambiental, devido à poluição por pesticidas e fertilizantes nas plantações e o desmatamento destas áreas (BECKER, 2005). O número de mortes por ano relacionadas ao uso do tabaco é de 4,9 milhões, o que representa mais de 10 mil mortes por dia. Haverá aumento para 10 milhões de mortes/ano em torno do ano 2020 se o consumo seguir a mesma expansão, atingindo, sobretudo, indivíduos em idade produtiva (BRASIL, 2003). Os fatores que influenciam o início do tabagismo estão associados, principalmente, ao meio de convívio do indivíduo, visualização do cigarro como atrativo pessoal, símbolo de força, alívio das tensões e da insegurança, além da curiosidade em experimentar. O ato de fumar se apresenta como prazer e sofrimento para os usuários que têm conhecimento dos malefícios provenientes do consumo do tabaco (HORTENSE, 2008). A dependência ao tabaco, segundo muitos estudos clínicos, é desencadeada pela nicotina, cuja ação psicoativa de estimular a sensação de prazer induz a persistência do tabagismo e a dificuldade em sua suspensão. O uso contínuo provoca tolerância, que se apresenta como necessidade de doses cada vez maiores da substância para manter o nível de

satisfação inicial. Isto resulta em um quadro crônico o que eleva o risco de desenvolvimento de doenças debilitantes (IGLESIAS, 2007). Os dados genéticos em relação ao tabagismo comportam dois aspectos distintos. Um é relacionado com a iniciação de fumar e outro com a reação do organismo ante a nicotina. Como já mencionado a imensa maioria dos fumantes inicia-se no tabagismo na adolescência. Estudos demonstram que nos adolescentes o início do tabagismo decorre mais de fatores sócio-ambientais, sobretudo porque o tabaco é um produto lícito como o álcool. Fatores genéticos são submergidos por influência ambiental. Nos adultos, geralmente os fatores genéticos pesam mais para se iniciar a fumar. Outro aspecto é o do comportamento do organismo quanto à sua capacidade de metabolizar a nicotina. Esta tem base genética, é muito variável, devido ao grande polimorfismo dos genes implicados no processo. Essas diversidades genéticas independem das bases genéticas que influenciam na iniciação de fumar. Além das condições genéticas, existem outros fatores que levam a consumir tabaco e em maior quantidade que nos fumantes regulares, como são os casos de estresse, depressão e portadores de psicopatias. Há consenso de que pessoas com depressão ou com estresse consomem mais cigarros, chegando a três ou mais vezes que na população geral (ANDA, 1990). Pessoas com depressão fumam mais, desenvolvem nicotino-dependência mais profunda e têm maior risco de reincidência depois de tratados para deixarem de fumar (CRMODY, 1989), (COVEY, 1990) e (PARROT, 1995). Ainda, para (COVEY, 1990), as pessoas com depressão têm alívio fumando porque, nelas, a nicotina age como ansiolítico, minorando os sintomas, que voltam a se intensificar parando de fumar. Entretanto, tem havido dificuldade de diagnosticar se, com o cessar de fumar, volta o estado depresivo, ou se a angustia faz parte dos sintomas adversos da síndrome de abstinência, dado que, nesses indivíduos com depressão, a nicotino-dependência costuma ser mais intensa e grave. Há extensa gama no comportamento das pessoas em relação ao tabagismo. São muitas as variações individuais quanto à sensibilidade ou tolerância à nicotina, a capacidade orgânica de sua metabolização, o grau de intensidade da nicotino-dependência, a maior e menor

dificuldade de abandonar o tabaco, os riscos diversos de reincidência nos que deixam de fumar. Portanto, a necessidade do acompanhamento do esfumaste em grupos de apoio. Com os programas nacionais de controle do tabagismo e ações educacionais, a prevalência tabágica na população vem caindo nos países desenvolvidos. Porém, com o progresso da epidemia tabágica nos países em desenvolvimento, o consumo total do tabaco está aumentando no mundo. Esta dependência aflige principalmente países de baixa e média renda, sendo uma condição que engloba a associação da dependência física (farmacologia), fatores comportamentais e psicológicos (HALTY, 2002). Um dos instrumentos de avaliação utilizados mundialmente com a finalidade de estimar o grau de dependência nicotínica é o Questionário de Tolerância de Fagerström, o qual auxilia na decisão do tratamento do tabagismo; quanto maior a dependência mais difícil será a abordagem para a cessação e maior a gravidade da síndrome de abstinência, bem como em mantê-la por longo prazo (HALTY, 2002). O nível de escolaridade, as condições socioeconômicas e o grau de dependência de nicotina estão inter-relacionados com a maior prevalência do tabagismo e a dificuldade em cessar esta dependência (IGLESIAS, 2007). Conforme um Inquérito Domiciliar realizado em 2002 e 2003, no Brasil, a prevalência de tabagismo é maior para o gênero masculino, entre pessoas com menos de oito anos de estudo (BRASIL, 2004). O hábito de fumar está aumentando progressivamente, o que representa uma das maiores preocupações da sociedade em vista dos malefícios que provoca na população. Em vista disso, faz-se necessário o conhecimento da prevalência do tabagismo numa determinada região, bem como o grau de dependência para a possibilidade de inserir programas que viabilizem a redução do número de fumantes. Este artigo tem como objetivo traçar o perfil dos participantes do projeto educando e tratando o tabagismo na UEPG. 2 Material e métodos

As atividades de educação em saúde e sensibilização da população alvo foram desenvolvidas sob a forma de grupos (palestras e discussões em grupo) utilizando materiais ilustrativos, vídeos e material impresso. A comunidade interna da UEPG foi convidada a participar mediante convite da Pró-reitoria de Recursos Humanos, via folha de pagamento e via e-mail, e comunidade externa, foram convidados, pela Secretaria Municipal de Saúde, no qual, as UBS e USF encaminharam sua comunidade fumante. A comunidade assistida foi primeiramente acolhida, e inserida em grupo, tendo no máximo 15 participantes. Especificamente para o tratamento do tabagismo, foi utilizado o programa Deixando de fumar sem mistérios (desenvolvido pelo Instituto do Câncer -INCA) e Ministério da Saúde, que consiste em quatro sessões, uma por semana, no qual em cada encontro são abordados temas específicos, sendo-os: 1 Entender por que se fuma e como isso afeta a saúde ; 2 Os primeiros dias sem fumar ; 3 Como vencer os obstáculos para permanecer sem fumar ; 4 Benefícios obtidos após parar de fumar. Esse primeiro atendimento feito em grupo chama-se Abordagem Cognitivo-comportamental, utilizando intervenções cognitivas e treinamento de habilidades comportamentais. Envolve a detecção de situações de risco de recaída para o tabagismo e o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento para tais situações, usando técnicas como; auto-monitoração, controle de estímulos, técnicas de relaxamento. No decorrer do mês, este atendimento em grupo foi realizado por profissionais médico e de enfermagem. Para a detecção do grau de dependência a nicotina foi utilizado o Teste de Fagerström, o qual é constituído por seis questões, que visam identificar o comportamento dos fumantes. Para cada pergunta do questionário há um valor correspondente, que quando somados resultam num escore, que varia de 0 a 10, e indica o grau de dependência - muito baixo (0 a 2 pontos), baixo (3 a 4 pontos), médio (5), elevado (6 a7), muito elevado (8 a 10). Caso este grau atinja grau elevado e muito elevado, será iniciada a segunda fase do tratamento que é Farmacoterapia. Esta é utilizada em casos selecionados, de acordo com critérios clínicos, para auxiliar a abordagem cognitivo-comportamental. Os meios usados são; a terapia de reposição de nicotina (adesivo) e/ou o medicamento bupropiona, todos serão encaminhados pelo Programa Nacional de Tabagismo. Após o primeiro mês de atendimento com a abordagem cognitivo-comportamental e se for necessária a Farmacoterapia, os participantes continuarão com o grupo, porém agora chamado de Grupo de Manutenção, no qual, acadêmicos de enfermagem e acadêmicos do

serviço social, bem como os docentes envolvidos, darão continuidade ao tratamento, agora abordando tema sobre qualidade de vida, abrangendo toda a estrutura biológica e social do ser humano. 3 Resultados Os dados revelam que no ano de 2009, estiveram fazendo parte do grupo educando e tratando o tabagismo, um total de 44 participantes, sendo 23 do sexo masculino e 21 do sexo feminino, isto demonstra que o número de fumantes por sexo não difere neste estudo, confirmando que o hábito de fumar está amplamente distribuído na população. Os dados contidos na Tabela 1, demonstram o perfil dos participantes neste estudo. Variável N % Sexo Masculino 23 52,27% Feminino 21 47,72% Idade 20 * 01 2,27% 21 59 39 88,63% 60 04 9,09% Grau de dependência ** Muito Baixo 07 15,90% Baixo 08 18,18% Médio 04 9,09% Elevado 16 36,36% Muito Elevado 09 20,45% Grau de motivação Grau de Motivação Alto 33 75,00% Grau de Motivação Médio 06 13,63% Grau de Motivação Baixo 05 11,36% Uso de Medicamentos Nenhum 22 50,00% Adesivos 01 2,27% Goma de Nicotina 00 0,00% Bupropiona 21 47,72% * Definição da OMS ** Escore do Teste de Fagerstrom Figura 1 Perfil dos participantes do Projeto Educando e Tratando o Tabagismo na UEPG Ponta Grossa Paraná 2009. Na análise dos dados apresentados, fica evidente que há uma maior procura pelo projeto educando e tratando o tabagismo por parte dos usuários do tabaco com uma faixa etária entre 21 anos e 59 anos, com uma percentagem de 88,63%. Este resultado sugere uma hipótese de que nesta faixa etária os usuários do tabaco já estejam sentindo os efeitos

desagradáveis provocado por este hábito e assim se sintam motivados a procurar ajuda. Este fato se justifica pelo fato de 75%, se sentirem altamente motivados a participar do grupo. Um fato bastante expressivo é o dado que representa um elevado grau de dependência ao tabaco com um percentual de 36,36% dos participantes, este fato esta em conformidade com a percentagem de 47,72% que usaram do medicamento Bupropiona, 50% dos participantes não utilizaram nenhum medicamento e somente 1 participante utilizou de adesivos. Vale ressaltar que a farmacoterapia pode ser utilizada como apoio, em situações bem definidas, para alguns pacientes que desejam parar de fumar. Ela tem a função de facilitar a abordagem cognitivo-comportamental, que é a base para a sessaçao de fumar e deve sempre ser utilizada. Existem no momento, algumas medicações de eficácia comprovada na cessação de fumar. Esses medicamentos eficazes são divididos em duas categorias: medicamentos nicotínicos e medicamentos não-nicotínicos. Os medicamentos nicotínicos, também chamados de Terapia de Reposição de Nicotina (TRN), se apresentam nas formas de adesivo, goma de mascar, inalador e aerosol. As duas primeiras correspondem a formas de liberação lenta de nicotina, e são, no momento, as únicas formas disponíveis no mercado brasileiro. Os medicamentos não-nicotínicos são os anti-depressivos bupropiona. Este é o medicamento de eleição na grande maioria dos tratamentos, pois este não apresenta grandes efeitos colaterais. Em geral, a monoterapia é suficiente para a maioria dos pacientes. 4 Conclusão A magnitude do risco do tabagismo é incontestável. Para atacar o problema, a legislação brasileira dispõe para o controle do tabagismo uma estratégia ampla que visa proteger a saúde da população, assim como o INCA/MS vem envidando esforços para a implantação, regulação e atuação no Programa Nacional de Controle do Tabaco. Este é um espaço importante de atuação dos profissionais de saúde, professores e acadêmicos de enfermagem que, por meio de seus conhecimentos, competências e

habilidades, podem desenvolver várias atividades educativas com a estratégia de intervir no controle do tabagismo. Salienta-se que o comprometimento dos profissionais de saúde no controle do tabagismo deve ocorrer em qualquer que seja a área de atuação, com abordagens em universidades, escolas, industrias, hospitais, ambulatórios e estratégia saúde da família, não devendo ficar reservado somente a um espaço físico, mas em qualquer situação que se façam necessárias atividades de prevenção, proteção, cessação e regulação do tabagismo, bem como a avaliação e o monitoramento das ações implementadas. No estudo realizado concluiu-se que a média de idade dos participantes foi de 39,5 anos. Fica evidente o elevado grau de dependência ao tabaco o que demonstra a necessidade de profissionais capacitados e de grupos de apoio. Há um elevado número de tabagistas que desejam parar de fumar no município de Ponta Grossa, porém percebe-se a baixa adesão ao projeto Fica evidente a necessidade de divulgação do projeto para cessação do tabagismo, junto à comunidade. Referências ALMEIDA, A. F.; MUSSI, F. C. Tabagismo: conhecimentos, atitudes, hábitos e grau de dependência de jovens fumantes em Salvador. Rev. esc. enferm. USP, São Paulo, v. 40, n. 4, dez. 2006. ANDA, R. F., WILLIANSON, D. F., ESCORREDO, L.G. et al. Depression and the dynamics of the smoking: a national perspective. JAMA. 1990. 264:1541. BECKER, I. C. et al. Prevalência do tabagismo na população urbana de Tubarão-SC. Arquivos Catarinenses de Medicina. v. 34, n. 3, dez. 2005. BRASIL. Ministério da Saúde; Instituto Nacional de Câncer. Inquérito domiciliar sobre comportamentos de risco e morbidade referida de doenças e agravos não transmissíveis: Brasil, 15 capitais e Distrito Federal, 2002-2003. Rio de Janeiro: Instituto Nacional de Câncer, 2004. BRASlL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer - INCA. Coordenação de Prevenção e Vigilância (CONPREV).Abordagem e Tratamento do Fumante - Consenso Rio de Janeiro: INCA.2001.38p. BRASIL. Ministério da Saúde / Instituto Nacional de Câncer. Programa Nacional de Controle do Tabagismo e Outros Fatores de Risco de Câncer. Modelo Lógico e Avaliação. 2003 CARMODY, T. P. Affecty regulation, nicotine addction and smoking cessation. J Psycoative drugs. 1989. 21:331. COVEY, L. S., GLASSMAN, A.H., STERNER, F. Depression and depressive symptons in smoking cesstion. Compor Psychiatry. 19901. 31:350.

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