Apresentação. Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.

Documentos relacionados
JUVENTUDE, ESCOLARIZAÇÃO E PODER LOCAL: REGIÃO METROPOLITANA DE BELO HORIZONTE (RMBH) MG

JUVENTUDE, ESCOLARIZAÇÃO E PODER LOCAL RELATÓRIO DA PRIMEIRA FASE DA PESQUISA

Mapeamento dos indicadores educacionais e escolares de Caarapó-MS 1

GRANDE PAULISTA: É POSSÍVEL PENSAR EM

O SISTEMA DE GOVERNANÇA REGIONAL E O PLANEJAMENTO REGIONAL ESTRATÉGICO DO GRANDE ABC

TÍTULO: GESTÃO DA REGIONALIDADE E POLÍTICAS PÚBLICAS NO ABC PAULISTA: UMA ANÁLISE DOS ASPECTOS PSICOPOLÍTICOS DOS GRUPOS DE INTERESSE

Programa Educação Inclusiva: direito à diversidade

DESAFIOS PARA A ERRADICAÇÃO DA POBREZA: A QUESTÃO DA EDUCAÇÃO 06/2011. Sérgio Haddad

PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS

PROGRAMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO DA REFORMA AGRARIA- PRONERA PROJETO SOCIO EDUCATIVO: EJA NO CAMPO construindo saberes PARTICIPANTES ATIVOS:

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO PLANO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO

BOLETIM. Dinâmica demográfica paulista na primeira década do século. Produção de informações para a Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho Sert

Fortaleza. 5ª cidade em população: 2,45 milhões 9ª colocada em PIB 18ª capital em rendimento mensal total domiciliar per capita nominal (R$ 701,00)

I. Informações Básicas. II. Estrutura Produtiva

GESTÃO POR RESULTADOS DA PREFEITURA DE OSASCO/SP Uma reflexão sobre planejamento, monitoramento e avaliação

DOCUMENTO PARA AS PRÉ-CONFERÊNCIAS MUNICIPAIS DE EDUCAÇÃO DE RIO CLARO: BASE PARA A CONAE / 2010

Palavras-chave: Expansão da Educação Infantil, Política de Educação Infantil. Educação Infantil em Fortaleza.

Avaliação da integração do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) ao Programa Bolsa-Família (PBF) Maria das Graças Rua Março de 2007

1º ENCONTRO INTERMUNICIPAL DE ESCOLAS DE GOVERNO SOROCABA 2014

RS Texto de Referência 6. Situação da Educação no RS 1

POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO TERRITÓRIO NORTE PARANAENSE

POLÍTICAS PÚBLICAS Aula 13. Prof. a Dr. a Maria das Graças Rua

PROGRAMA DE AÇÕES INTEGRADAS E REFERÊNCIAIS DE ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA SEXUAL INFANTO-JUVENIL PAIR/MG

Cursos do PRONERA por município de realização ( )

Educação Escolar Quilombola

NIEPE-EJA/UFRGS MAPA DA EJA NO RS RUM ESTADUAL DE EJA RS. Evandro Alves Denise Maria Comerlato UFRGS Sita Mara Lopes Sant Anna UERGS.

Região Metropolitana de São Paulo Panorama socioeconômico

OFERTA DE VAGAS EM CRECHES NO MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO PRETO NO PERÍODO PÓS-FUNDEB: CARACTERIZAÇÃO E CONTRADIÇÕES LUANA DE PAULA ROCHA

CONSTRUÇÃO DO CURRÍCULO NO PROEJA- FIC/PRONATEC DA SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO DE GOIÂNIA.

O BANCO DE DADOS. QUADRO I- Formas de acesso às informações disponíveis no Banco de Dados

PLANO NACIONAL DE EXTENSÃO

Palavras-chave: Política Habitacional, desenho institucional, cooperação, interesses, FHC, Lula.

Fundação de Cultura, Esporte e Turismo de Fortaleza FUNCET GECOPA Gerência Executiva da Copa.

A VELHA EXCLUSÃO SOCIAL NO MARANHÃO

FORMAÇÃO DE PROFESSORES: AMBIENTES E PRÁTICAS MOTIVADORAS NO ENSINO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS. Apresentação: Pôster

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: DESAFIOS E PERSPECTIVAS

EDUCAÇÃO, TRABALHO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: CULTURA, CIÊNCIA, TECNOLOGIA, SAÚDE, MEIO AMBIENTE DOCUMENTO REFERÊNCIA

Agenda Territorial de Desenvolvimento Integrado de Alfabetização e Educação de Jovens e Adultos

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE EXTENSÃO PIBEXT/UEMASUL (2017/2018) ANEXO I - FORMULÁRIO DE INSCRIÇÃO PIBEXT ( )

NEOLIBERALISMO E EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS DO E NO CAMPO

NIEPE-EJA/RS MAPA DA EJA RS ORUM ESTADUAL EJA RS. Evandro Alves Denise Maria Comerlato UFRGS Sita Mara Lopes Sant Anna UERGS

PROGRAMAS DE JUVENTUDE NO MUNICÍPIO RIO DE JANEIRO BRENNER

AGENDA NACIONAL DE TRABALHO DECENTE PARA A JUVENTUDE. Laís Abramo Diretora do Escritório da OIT no Brasil Brasília, 27 de junho de 2012

POLÍTICAS PÚBLICAS EM EDUCAÇÃO DESTINADAS AO ADOLESCENTE EM CONFLITO COM A LEI NO BRASIL

Resenha do livro Educação de Jovens e Adultos: sujeitos, saberes e práticas

FÓRUM MINEIRO DE EJA: ESPAÇOS DE (RE)LEITURAS DA EJA

VI EIDE Encontro Iberoamericano de Educação

PERCEPÇÕES SOBRE A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO TERRITÓRIO DE IDENTIDADE DO SISAL. Paulo José Pereira dos Santos 1 Katiuscia da Silva Santos 2

Plano Nacional de Extensão Universitária

e educação de jovens e adultos

Circuito Paulista: Mobilização social e articulação de Políticas Públicas para o Enfrentamento e Erradicação do Trabalho Infantil

REUNI IV SEMINÁRIO NACIONAL Licenciaturas Presenciais Diurnas, Noturnas e com Educação a Distância: Respostas às demandas de Formação de Professores

Ministério da Educação. Políticas de Educação de Jovens e Adultos

Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos. Educação das relações étnico-raciais. Educação.

Situação do jovem no mercado de trabalho no Brasil: um balanço dos últimos 10 anos 1

Indicações e propostas para uma boa política municipal de Educação

EAD Unijorge POLO MARECHAL RONDON

Juventude e Políticas Públicas em Salvador

PROJETO. #SouAlterosa

Projeções Populacionais e Primeiros Resultados do Censo de 2010

PLANO DE TRABALHO 2011

Sumário. I -Belo Horizonte. II -Sistema e Instrumentos de Planejamento Participativo. III -Canais e Espaços de Participação

Exposição Parecer ao Projeto de Lei 8.035/2010 Plano Nacional de Educação. Deputado Federal Ângelo Vanhoni

Mercado de Trabalho Brasileiro: evolução recente e desafios

Limites e possibilidades de uma política pública de avaliação da educação profissional e tecnológica na perspectiva emancipatória

JUVENTUDE E ESCOLA (RELAÇÃO JUVENTUDE E ESCOLA)

INSTITUTO DE PESQUISA DA USCS (INPES)

Proposta para a 1ª Conferência Estadual de Educação Básica

Revista Eletrônica Fórum Paulo Freire Ano 1 Nº 1 Julho 2005

PLANO DECENAL DOS DIREITOS HUMANOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

JUVENTUDE, ESCOLARIZAÇÃO E PODER LOCAL RELATÓRIO DA PRIMEIRA FASE DA PESQUISA

FORMAÇÃO E PRÁTICAS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: a importância do direito à educação em qualquer idade. Natália Osvald Müller

Pontos de Cultura. BARBOSA, Frederico; CALABRE, Lia. (Org.). Pontos de Cultura: olhares sobre o Programa Cultura Viva. Brasília: Ipea, 2011.

A PROVINHA BRASIL SOB A ÓTICA DOS PROFESSORES ALFABETIZADORES

EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DESIGUAL: A PROBLEMÁTICA DA VULNERABILIDADE SOCIAL ENTRE OS JOVENS DE SANTA CATARINA

Membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação e Diversidade NEPED/IFRN

3º INTEGRAR - Congresso Internacional de Arquivos, Bibliotecas, Centros de Documentação e Museus PRESERVAR PARA AS FUTURAS GERAÇÕES

O direito de pessoas jovens e adultas à educação. A EJA nos Planos de Educação

POLÍTICAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO DO CAMPO PARA OS JOVENS E

Rede Certific: entre a certificação de saberes adquiridos e o estímulo à escolarização?

Associação civil, sem fins lucrativos, fundada em 10 de outubro de Sede: Brasília/ DF 26 Seccionais

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO TERRITÓRIO MUNICIPAL DE LONDRINA

INDICADORES DE DESENVOLVIMENTO

EAD Unijorge POLO PITUBA

Antonio Reis Ribeiro de Azevedo filho. Graduando de História. Faculdade de Educação e Tecnologia da Amazônia.

Projetos para os municípios Motivação

JUVENTUDE, ESCOLARIZAÇÃO e PODER LOCAL

XIII Encontro Nacional de Educação de Jovens e Adultos

Painel: Parcerias e Recursos de Planejamento disponíveis aos municípios. 12 de março de 2019

PROPOSTAS DO GT EDUCAÇÃO AOS CANDIDATOS E CANDIDATAS A PREFEITO(A) DE SÃO PAULO

Diagnóstico Socioterritorial

O avanço no plano das regulamentações jurídicas, contudo, não tem uma correspondência no nível prático. A despeito das garantias estabelecidas

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES E EDUCAÇÃO INTEGRAL EM TEMPO INTEGRAL NA MARÉ: A EXPERIÊNCIA DO PROJETO ESCOLAS DE DEMONSTRAÇÃO

CARTA DE GOIÂNIA - GO

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE EDUCAÇÃO

Carta dos Fóruns de EJA do Brasil ao Seminário Internacional de Educação ao Longo da Vida e Balanço Intermediário da VI CONFINTEA no Brasil+6

Participação social e desigualdades nos conselhos nacionais.

DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ESTATÍSTICA E ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS

EAD Unijorge POLO TANCREDO NEVES

Transcrição:

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: AÇÕES DAS ADMINISTRAÇÕS LOCAIS DO GRANDE ABC ANCASSUERD, Marli Pinto CUFSA GT: Movimentos Sociais e Educação / n.03 Agência Financiadora: CUFSA/FAPESP Apresentação Este estudo tomou como ponto de partida os resultados do primeiro ano de atividades desenvolvidas no âmbito do projeto temático Juventude, Escolarização e Poder Local ( 1 ). Trata-se de um grupo de pesquisa pluri-institucional, que agrega pesquisadores vinculados a universidades públicas e comunitárias, de nove regiões metropolitanas, e uma organização não governamental que desenvolve atividades de pesquisa e documentação. A pesquisa valeu-se de três instrumentos: ficha de identificação do município, questionário para gestor público de programas/projetos de EJA e formulário para programas/projetos. O material coletado no campo permitiu desenhar a estrutura dos programas/projetos, contemplando orçamento, parcerias, objetivos e demandas, processos de formação do pessoal técnico-docente (qualificação e formação continuada), resultados e formas de participação do público destinatário. Ainda, um conjunto de dados caracterizando os municípios da Região (perfil populacional, econômico, social, político e educacional) e os gestores públicos de EJA (concepções sobre educação, filiação partidária, histórico profissional). O projeto compreende dois eixos investigativos, o primeiro voltado para a questão da juventude (Rede 1) e o segundo para educação de jovens e adultos (Rede 2). Este trabalho se ateve ao campo da educação de adultos, na Região do ABC paulista( 2 ). 1 Em âmbito nacional, a investigação tem como pesquisadores principais os Professores Doutores Marília Pontos Sposito (FEUSP) e Sérgio Haddad (PUC/SP e Ação Educativa) e a coordenação geral está sob responsabilidade de Sposito. Em São Paulo, o projeto conta com o apoio institucional da FAPESP. 2 Municípios pesquisados:, São Bernardo do Campo,, São Caetano do Sul,, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.

2 Objetivos O foco central do Projeto incide sobre as concepções e o modo como vem sendo construído o campo de ações públicas destinadas a jovens, sobretudo aqueles de origem popular, nos últimos anos, pelo poder municipal. Buscando construir novas bases de dados, foram contempladas as ações municipais na área de educação que ultrapassam a oferta de ação escolar regular, trabalho, lazer, cultura, esportes e demais programas voltados para a redução da violência ou novas formas de interação com os segmentos juvenis, como o orçamento participativo, entre outros ( 3 ). São objetivos da Rede 2 (eixo Educação de Jovens e Adultos): 1. Construir uma base de dados abrangente que permita descrever e conhecer as ações desenvolvidas pelo executivo municipal, para a educação de jovens e adultos; 2. Examinar como se constituíram os diversos programas municipais de atendimento escolar para jovens e adultos sob o impacto das reformas de ensino recentes, quais os mecanismos adotados para sua estrutura, financiamento e funcionamento; 3. Analisar os diversos desenhos e concepções de relacionamento entre o poder público e entidades da sociedade civil no atendimento da escolarização de jovens e adultos; 4. Verificar como o rejuvenescimento da população, atendida em programas de escolarização de jovens e adultos, têm sido considerados em políticas e processos pedagógicos. 3 Conforme Projeto Temático Juventude, Escolarização e Poder Local

3 O ABC Paulista: um cenário de riqueza e desigualdades. Tomando a região do Grande ABC Paulista como foco de análise é preciso perceber as suas especificidades. Ela é constituída por municípios muito diferentes e desiguais, mas que trazem uma idéia de unidade: as marcas de uma região industrial e operária, que atraiu, durante décadas, levas de imigrantes e migrantes. Os dados da Tabela 1 permitem visualizar o crescimento da população residente nesses municípios e evidenciam diferenças enormes entre o que tem o maior e o que tem o menor número de habitantes. Tabela 1: Evolução da população residente nos municípios do ABC Paulista: 1979-2000 Municípios 1970 1980 1991 1996 2000 São Bernardo do Campo São Caetano do Sul Ribeirão Pires Rio Grande da Serra 418.826 201.662 150.130 78.914 101.700 29.048 8.397 553.072 425.602 163.082 228.660 205.740 56.532 20.093 616.991 566.893 149.519 305.287 294.998 85.085 29.901 625.564 660.396 139.825 323.116 342.909 96.550 34.736 649.331 703.177 140.159 357.064 363.392 104.508 37.091 Fonte: IBGE A partir de 80, a Região, ao ser atingida pela crise, vai deixando de ser pólo de atração de migrantes. A despeito dos dados que indicam uma diminuição do número de indústrias e que apenas pouco mais de um quarto do pessoal ocupado encontra-se na indústria ( 4 ), o ABC não deixou de ocupar lugar de destaque como pólo industrial mais importante do Brasil e do Mercosul, em função do valor agregado da sua indústria. Assim, quando se olha pra o ABC destaca-se uma imagem de pólo industrial importante, com vantagens competitivas e alta tecnologia. É fato que 6 (seis) dos 7 (sete) municípios do ABC tem PIB per capita muito maior que a média brasileira. Porém, um olhar mais a fundo identifica enormes desigualdades. 4 Segundo dados SEP, Convênio SEADE - DIEESE/2002, o setor de serviços emprega 47,9% dos ocupados na Região.

4 Essa desigualdade pode ser vista na tabela abaixo. Tabela 2: Índice de exclusão social municípios da Região do ABC. Municípios do ABC - 2000 Ribeirão Pires Rio Grande da Serra São Bernardo São Caetano Posição no ranking a partir da melhor situação social No ABC 6º 5º 4º 7º 3º 2º 1º No Brasil 1.698º 1.354º 310º 2.096º 76º 51º 1º Índice de exclusão social (1) 0,493 0,509 0,585 0,474 0,637 0,652 0,864 Fonte: Atlas de exclusão social no Brasil. POCHMANN et al. 2003. (1) O índice varia de zero a um; piores condições de vida equivalem a valores próximos a zero e as melhores situações estão próximas a um. Um outro elemento precisa ser considerado pra explicar a existência da Região do ABC, é o da luta operária. Os atores, por meio de suas ações, produziram uma idéia de região, para além das desigualdades e diferenças já apontadas. As inúmeras experiências vividas pelo movimento sindical do ABC foram reforçando a idéia de região operária, produtora de riqueza e impuseram a necessidade de criação de um partido político. Atualmente, cinco dos sete prefeitos do ABC são do Partido dos Trabalhadores. Educação de Jovens e Adultos no ABC Paulista O não atendimento da escolaridade obrigatória tem produzido elevadas taxas de analfabetismo absoluto entre jovens e adultos. Essas taxas diminuíram ao longo do século passado em função da gradativa ampliação da oferta de vagas. No entanto, apenas nos últimos 10 (dez) anos houve redução no número absoluto de analfabetos no

5 País, fato que revela a necessidade de políticas públicas educacionais abrangentes, contínuas e adequadas para esta população. As regiões metropolitanas são melhor servidas pela oferta pública de bens e serviços. A Tabela 4 permite identificar as taxas de analfabetismo da população de 15 anos ou mais nos municípios do ABC Paulista. Tabela 4. Taxas de analfabetismo, da população de 15 anos ou mais, no ABC Paulista. Município Homens Mulheres Ribeirão Pires Rio Grande da Serra São Caetano do Sul São Bernardo do Campo 5,9 5,5 4,3 6,6 3,4 2,0 4,3 7,7 7,7 5,5 10,0 5,4 3,8 5,6 Fonte: Censo Demográfico de 2000; INEP, Censo Escolar de 2000 Nas agendas dos governos locais, dos municípios do ABC, a chamada inversão de prioridades tem se concretizado na formulação de políticas públicas setoriais (educação, saúde, habitação, transportes, cultura e lazer) combinadas a programas de ações que focam segmentos específicos da população mulheres, idosos, crianças, adolescentes, jovens, portadores de necessidades especiais buscando alargar a esfera da cidadania. É preciso assinalar que os governos municipais do ABC vêm desenvolvendo iniciativas no campo da educação de jovens e adultos desde os anos 80 e tais iniciativas têm conseguido significativa continuidade nos seus programas. O quadro abaixo apresenta os programas/projetos de EJA nos diferentes municípios do ABC 2003.

6 Municípios Programa/Projeto Nível/etapa de EJA atendido EJA Ensino Fundamental 1º e 2º segmentos MOVA Alfabetização EJA Alfabetização, Ensino Fundamental 1º e 2º segmentos e Ensino Médio MOVA Alfabetização Ribeirão Pires MOVA Alfabetização Rio Grande da Serra MOVA Alfabetização São Bernardo do Campo SEJA Alfabetização e Ensino Fundamental 1º segmentos MOVA Ensino Fundamental 1º segmentos PROMAC Ensino Fundamental 1º e 2º segmentos MOVA Alfabetização TELECURSO Ensino Fundamental 2º segmento e Ensino Médio São Caetano do Sul PROALFA Alfabetização A elaboração dos programas/projetos conta preponderantemente, com a participação das equipes técnicas de gestão municipal, havendo ainda parcerias com sindicatos, empresas e outras organizações da sociedade civil. A maioria dos programas/projetos está destinada à alfabetização de jovens e adultos e ao atendimento do primeiro e segundo segmentos do ensino fundamental. Há um número significativamente menor de programas atendendo ao ensino médio. Todos os projetos/programas estão sob a coordenação de gestores que ocupam cargos variados, de acordo com a estrutura organizacional da prefeitura local. Os dados apontam para uma forte institucionalidade desses programas; conseqüência de programas de governo municipais que reconhecem a EJA como uma responsabilidade pública e direito de cidadania. Outro fato que confirma essa tendência é terem sido os programas submetidos à aprovação do Conselho Estadual ou Municipal de Educação.

7 À exceção das salas de alfabetização de MOVA, que ocupam espaços cedidos pelas instituições da sociedade civil e utilizam monitores oriundos da comunidade, os demais programas ocupam as escolas das redes municipais. O poder público investe ainda na qualificação profissional e formação continuada dos monitores de MOVA e dos professores dos demais projetos/programa. É preciso registrar ainda que universidades e centros universitários têm participação nos projetos, à exemplo dos municípios de São Caetano do Sul, São Bernardo do Campo, e. Enfim, trata-se de um conjunto de municípios nos quais a Educação de Jovens e Adultos foi incorporada à agenda regional de desenvolvimento sustentado. Referências HADDAD, S & PIERRO, M. C. Escolarização de Jovens e Adultos. Revista Brasileira de Educação, São Paulo, 14:108-130, Maio/Jul/Ago. 2000. SPOSITO, Marília Pontes (Coord.). Juventude e Escolarização (1980/1998): Brasília: MEC/INEP/Comped, 2002. POCHMANN, Marcio & AMORIM, Ricardo (Orgs.). Atlas da Exclusão Social no Brasil. São Paulo: Cortez, 2003. CAMPOS et al. Atlas da Exclusão Social no Brasil. São Paulo: Cortez, vol 2, 2003.