GRUPO I CLASSE V Plenário TC 009.098/2013-5 Natureza: Relatório de Auditoria Órgão(s)/Entidade(s): Companhia Brasileira de Trens Urbanos CBTU; Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos Metrofor Vinculação: Ministério das Cidades Mici Responsáveis: Elionaldo Mauricio Magalhães Moraes, Diretor- Presidente da Companhia Brasileira de Transporte Urbano; Rômulo dos Santos Forte, Diretor-Presidente da Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos Interessado: TCU Advogados constituídos nos autos: não há Sumário: RELATÓRIO DE AUDITORIA. FISCOBRAS 2013. FISCALIZAÇÃO DAS OBRAS E DA EXECUÇÃO CONTRATUAL RELATIVAS AOS TRENS URBANOS DE FORTALEZA/CE IMPLANTAÇÃO TRECHO SUL. AUSÊNCIA DE NOVOS INDÍCIOS DE IRREGULARIDADE. COMUNICAÇÃO AO CONGRESSO NACIONAL. ARQUIVAMENTO. APENSAMENTO. RELATÓRIO Transcrevo abaixo excerto do Relatório de Auditoria, lavrado no âmb ito Secretaria de Fiscalização de Obras Portuárias, Hídricas e Ferroviárias (SecobHidro), o qual foi chancelado pelo Supervisor de Fiscalização e pelo Titular da Unidade Técnica (peças 28 a 29): 1 - APRESENTAÇÃO O Programa de Descentralização dos Sistemas de Transporte Ferroviário Urbano de Passageiros, dentro do qual estão enquadrados os projetos de execução do Metrô de Fortaleza, tem por objetivo melhorar os sistemas de transporte ferroviário urbano de passageiros e transferir a sua gestão para os governos locais. Nesse sentido, as obras que compõem a construção do metrô de Fortaleza são gerenciadas pela Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos (Metrofor), com financiamento oriundo do Convênio 7/2005/DT (Siafi 552652), assinado entre a Companhia Brasileira de Trens Urbanos e a Metrofor. O Contrato 14/1998 relacionado a essa obra contém irregularidade grave com recomendação de retenção (IGR), devido ao indício de superfaturamento identificado no TC 008.122/2006-9. Posteriormente à prolação do Acórdão 2.450/2009-TCU-Plenário, em 14/12/2009, o consórcio contratado interpôs pedido de reexame contra os subitens 9.1, 9.5.1, 9.5.4 e 9.5.5 do aludido acórdão. O referido recurso foi admitido por despacho de 4/5/2010 do Ministro Raimundo Carreiro, com efeito suspensivo em relação aos subitens mencionados. A análise do referido recurso está sendo realizada no âmbito do TC 008.122/2006-9. Não foi suspenso o item 9.5.2 do Acórdão 2.450/2009-TCU-Plenário, que determinou que até a assinatura do termo aditivo determinado no item 9.5.1 (suspenso), tomasse como parâmetro de cálculo para as próximas faturas os preços de referência estabelecidos para os 42 itens objeto da análise de sobrepreço, retendo as diferenças porventura verificadas, sem prejuízo à possibilidade de 1
substituição da retenção de pagamentos por seguro-garantia ou fiança-bancária. Já existem valores retidos a esse respeito e, atualmente, está sendo realizado seguro-garantia para cobertura do restante, motivo pelo qual é importante a manutenção da IGR até que se tenha a decisão definitiva deste Tribunal, embora o contrato já tenha sido encerrado, já tendo sido emitidos os Termos de Aceitação Definitiva. Já o Contrato 11/2010, que recontratou a construção de duas das estações do sistema original que haviam sido retiradas do escopo do contrato original (14/1998), está em fase final de execução. Este contrato possui termos aditivos que elevaram o seu valor final acima dos 25% permitidos pela legislação, fato este que está sendo tratado no âmbito do TC 009.274/2012-0. Há ainda um novo contrato, o 21/2012, cujo objeto é a inclusão de duas novas estações, Padre Cícero e Juscelino Kubistcheck, que são adicionais às originalmente previstas. Diversos aspectos deste contrato foram tratados no TC 009.748/2013-0, de acompanhamento das ações da Copa do Mundo de 2014, sob responsabilidade da Secex-CE, motivo pelo qual este contrato não foi considerado no escopo desta fiscalização. Importância socioeconômica O projeto completo do metrô de Fortaleza prevê a construção das Linhas Sul, Oeste, Leste e dos ramais de Maranguape e Parangaba/Mucuripe. Após a completa execução das obras, está previsto o atendimento aos passageiros dos municípios de Caucaia, Maracanaú, Pacatuba e Guaiúba, o que trará relevantes benefícios ao sistema de transporte urbano da região. 2 - INTRODUÇÃO 2.1 - Deliberação que originou o trabalho Em cumprimento ao Acórdão 448/2013-TCU- Plenário, realizou-se auditoria na Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos (Metrofor), no período compreendido entre 17/3/2013 e 15/05/2013. As razões que motivaram esta auditoria foram o histórico de irregularidades pendentes que recomendaram a retenção nos pagamentos (IG-R), obtido a partir de fiscalizações anteriores, e a reincidência de irregularidades cometidas. 2.2 - Visão geral do objeto Trata-se de auditoria realizada, no âmbito do Fiscobras 2013, nas obras de implantação do trecho sul, entre o centro de manutenção, próximo da estação Vila das Flores (atualmente Carlito Benevides) e a estação Chico da Silva (antiga João Felipe), do Sistema de Trens Urbanos de Fortaleza/CE, sob a responsabilidade da Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos (Metrofor) e da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU). Esse empreendimento foi licitado em 1997 (Edital de concorrência pública 82/97) e teve por objeto a seleção da proposta mais vantajosa para a execução das obras civis, a fabricação e o fornecimento do sistema móvel, por empreitada por preços unitários, bem como a fabricação e o fornecimento dos sistemas fixos, por empreitada por preço global. 2
O certame foi vencido pelo consórcio formado pelas empresas Construtora Queiroz Galvão S.A. (líder), Construções e Comércio Camargo Correia S.A., Alstom Transport S.A., Alstom Transporte Ltda., ABB Daimler-Benz Transportation S.A., ABB Daimler-Benz Transportation (Brasil) Ltda., Siemens AG e Siemens Ltda. Como resultado, firmou-se o Contrato 14/1998, no valor de R$ 356.699.056,56 (nov/1997), tendo como partes a Metrofor e o consórcio liderado pela empresa Queiroz Galvão. O contrato pode ser subdividido em três grandes grupos de serviços: obras civis; sistemas fixos e fornecimento de material rodante. O valor inicial pactuado foi de R$ 356.699.056,56, sendo R$ 186.199.898,73, pouco mais da metade, para obras civis e R$ 170.499.157,83 para os demais serviços. A avença foi aditivada dezessete vezes, tendo sido promovidas diversas alterações, como reprogramações, exclusões e inclusões de serviços, além de mudanças de valores. Após esses aditivos, o valor desse contrato está em R$ 638.414.045,54 (nov/1997), totalizando R$ 493.218.055,64 para obras civis e R$ 145.195.989,90 para os demais sistemas. A composição do consórcio também sofreu uma série de alterações ao longo desses termos aditivos, afetando a relação dos fornecedores envolvidos nos sistemas móvel e fixo. Com relação à composição original, deixaram o consórcio a Alstom Transporte Ltda. e a ABB Daimler-Benz Transportation S.A e ingressou, como sucessora da Alstom Transporte Ltda., a Alstom Brasil Energia e Transporte Ltda. Como consequência dessas alterações e das mudanças de razão social ocorridas, a composição atual do consórcio é formada pelas empresas Construtora Queiroz Galvão S.A. (líder), Construções e Comércio Camargo Correia S.A., Alstom Transport S.A., Alstom Brasil Energia e Transporte Ltda., Bombardier Transportation Brasil Ltda. e ADTranz Engenharia e Sistemas Ltda. Com o advento do Termo Aditivo 3 ao Contrato 14/1998, foram excluídos do contrato o trecho entre as estacas 100+200,000 e 120+146,481, num total de 9,95 Km, as estações Lagoinha (exceto paredes diafragma) e João Felipe e o trecho entre as estacas 123+152,641 e 124+100,00, num total de 947,63 m. Ao longo do tempo, em função de escolhas estratégicas, a Metrofor recompôs parte do escopo retirado pelo Termo Aditivo 3, sem o qual a obra ficaria incompleta. Inicialmente, o trecho entre as estacas 100+200,000 e 120+146,481, num total de 9,95 Km foi recomposto como escopo do próprio Contrato 14/1998 por meio dos Termos Aditivos 6, 11 e 12. Em 2008 foi lançada a Concorrência 186/2008, que resultou no Contrato 11/2010, no valor de R$ 84.496.439,76 (mar/2009), assinado com o Consórcio Constran-Petra, formado pelas empresas Constran S.A. Construções e Comércio (líder) e Petra Construtora Ltda., o qual abrange a construção das estações subterrâneas José Alencar (antiga Lagoinha) e Chico da Silva (antiga João Felipe) e as obras da linha sul entre as estacas 123+152,64 a 123+640,00, recompondo a parte final do escopo retirado pelo Termo Aditivo 3 ao Contrato 14/1998. Até o momento, o Contrato 11/2010 já recebeu quatro termos aditivos, sendo que com o Termo Aditivo 4 o valor da obra aumentou para R$ 97.965.837,85 em consequência das diversas alterações promovidas, como reprogramações, exclusões e inclusões de serviços. Para viabilizar a construção do empreendimento, foi assinado o Convênio 7/2005/DT (Siafi 552652), entre a CBTU e a Metrofor, com o objetivo de estabelecer as condições básicas necessárias à continuidade das obras do metrô no trecho sul (Vila das Flores - Chico da Silva). O trecho sul do metrô de Fortaleza foi fiscalizado pela Secretaria de Controle Externo/CE (Secex/CE), no âmbito do Fiscobras, desde 2001. Em 2010, a fiscalização foi efetuada pela 2ª Secretaria de Fiscalização de Obras (Secob-2) e, em 2011, pela 4ª Secretaria de Fiscalização de Obras (Secob-4). 3
Até 2005, as principais determinações desta Corte ocorreram em face de irregularidades relacionadas a atraso na liberação dos recursos federais, insuficiência de dotação orçamentária, previsão de pagamento de taxa de administração e ausência de registro dos contratos no Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais (Siasg). Os desdobramentos do Fiscobras 2006 (TC 008.122/2006-9) culminaram na determinação de que fosse realizada uma série de audiências acerca das irregularidades então identificadas, entre elas o indício de sobrepreço. Depois de feita análise dos 42 serviços mais relevantes do Contrato 14/1998, a partir da diferença entre os preços unitários contratados e o valor de mercado de cada um deles, avaliou-se, nesse processo, um superfaturamento de R$ 65.438.496,62 (nov/1997) acumulados até abril de 2006. Em face disso, o item 9.1.1 do Acórdão 3.070/2008-TCU-Plenário determinou a retenção cautelar de R$ 65.438.496,62, referente ao indício de superfaturamento ocorrido até abril/2006, sobre os pagamentos futuros até que fosse proferida decisão definitiva deste Tribunal sobre a existência do superfaturamento, em processo de tomada de contas especial (TC 008.523/2012-6). Esse indício de superfaturamento foi classificado como irregularidade grave com recomendação de retenção (IGR). No Acórdão 2.450/2009-TCU-Plenário, item 9.1, foram analisadas apenas as questões atinentes ao indício de sobrepreço no Contrato 14/1998 e, após o contraditório e a ampla defesa, houve o reexame dos 42 itens analisados pela então Secretaria de Fiscalização de Obras e Patrimônio da União (Secob). Dessa nova análise, houve redução do indício de sobrepreço que passou para R$ 51.352.711,91 (nov/1997) sobre a totalidade dos serviços contratados até aquele momento, sendo que o superfaturamento até abril de 2006, passou de R$ 65.438.496,62 (nov/1997) para R$ 35.585.491,77 (nov/1997). Desse modo, foi mantida a medida cautelar. Contudo, deixou-se de considerar, para fins de cálculo das quantias a serem retidas, os valores atinentes ao material rodante e aos sistemas fixos. Depreende-se do relatório do Acórdão 2.450/2009-TCU-Plenário que, até julho/2009, do saldo contratual a se medir, havia um sobrepreço de R$ 7.420.228,65 (nov/1997), e, portanto, já haviam sido pagos serviços com valor acima do mercado em quase R$ 44 milhões (nov/1997). Considerando que as obras civis já estavam com alto percentual de execução, mais de 70% à época, e a fim de evitar paralisação dos serviços por parte do consórcio em face da retenção determinada no Acórdão 3.070/2008-TCU-Plenário, foi determinado no Acórdão 2.450/2009-TCU-Plenário, itens 9.3, 9.5.1, 9.5.2 e 9.5.3, que a Metrofor desconsiderasse, para fins de cálculo das quantias a serem retidas, os valores atinentes a material rodante e sistemas fixos; que promovesse a repactuação do Contrato 14/1998, com vista a reduzir os preços de 42 itens em que se observaram sobrepreço, estabelecendo novos preços para o futuro; que, até a assinatura desse termo aditivo, tomasse como parâmetro de cálculo para as próximas faturas esses novos preços de referência, retendo as diferenças porventura verificadas, sem prejuízo à possibilidade de substituição da retenção de pagamentos por seguro garantia ou fiança-bancária; e quanto ao superfaturamento já incorrido anteriormente a esse acórdão, que se abstivesse de incluí-lo no cálculo da repactuação e das retenções que eventualmente a precedessem, o qual deveria ser tratado em processo de tomada de contas especial. Com o advento do Acórdão 2.450/2009-TCU-Plenário, foi interposto pedido de reexame em 4/5/2010, com efeito suspensivo para os itens 9.1, 9.5.1, 9.5.4 e 9.5.5 do citado acórdão (anexo 77 do TC 008.122/2006-9). A Secretaria de Recursos propôs em instrução negar provimento (8/2/2011). Em vista disso, o consórcio apresentou novos elementos em 28/2/2011, que estão em análise pelo Tribunal. Recentemente, como resultado de estudos de atendimento de demanda a partir das estações de passageiros existentes no projeto original, o Metrofor optou por acrescer ao projeto original mais duas estações, Padre Cícero e Juscelino Kubitschek, o que está sendo feito com a execução do contrato 21/2012, fruto da concorrência pública CP20110003-Metrofor, assinado em 21/06/2012 com 4
o Consórcio Petra-Convap, formado pelas Empresas Petra Construtora Ltda (CNPJ/MF 01.758.109/0001-55) e Convap Engenharia e Construções S.A. (CNPJ/MF 17.250.986/0001-50), sob a liderança da primeira, no valor original de R$ 19.303.666,35 (jun/11). Diversos aspectos deste contrato foram tratados no TC 009.748/2013-0, de acompanhamento das ações da Copa do Mundo de 2014, sob responsabilidade da Secex-CE, que se encontra apensado ao TC 009.205/2013-6, processo de consolidação dos relatórios de acompanhamento. Por este motivo este contrato não foi considerado no escopo desta fiscalização. 2.3 - Objetivo e questões de auditoria A presente auditoria teve por objetivo fiscalizar as obras de Trens Urbanos de Fortaleza - Implantação Trecho Sul (PAC). A partir do objetivo do trabalho e a fim de avaliar em que medida os recursos estão sendo aplicados de acordo com a legislação pertinente, formularam-se as questões adiante indicadas: 1) A formalização do contrato atendeu aos preceitos legais e sua execução foi adequada? 2) A administração está tomando providências com vistas a regularizar a situação da obra? 2.4 - Metodologia utilizada Os trabalhos foram realizados em conformidade com as Normas de Auditoria do Tribunal de Contas da União e em observância aos Padrões de Auditoria de Conformidade definidos pelo TCU (Portaria Segecex 26, de 19 de outubro de 2009). Nenhuma restrição foi imposta aos exames. Durante o planejamento, buscou-se verificar a evolução do empreendimento e as atuações do TCU nesta obra. Quando da execução, o levantamento das informações sobre o Contrato 14/1998, o Contrato 11/2010 foi realizado por meio de ofícios de requisição enviados à Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos (Metrofor) com foco sobre a verificação do cumprimento de determinações anteriores deste Tribunal, especialmente quanto ao acompanhamento das retenções. Para responder às questões de auditoria levantadas e elaborar as matrizes de planejamento e de achados, foram utilizadas as técnicas de análise documental, conferência dos cálculos e valores aditivados aos contratos com base nos limites estipulados em lei. 2.5 - Volume de recursos fiscalizados O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 736.379.883,39. Corresponde ao somatório de contratos de construção CT 14/1998 (R$ 638.414.045,54) e CT 11/2010 (R$ 97.965.837,85), valores incluindo todos os aditivos assinados até o momento. 2.6 - Benefícios estimados da fiscalização Entre os benefícios estimados desta fiscalização pode-se mencionar as melhorias procedimentais nas 5
contratações que envolvam recursos federais, principalmente no que se refere aos limites de acréscimos e decréscimos permitidos para os aditivos, bem como o aumento da expectativa de controle. 3 - ACHADOS DE OUTRAS FISCALIZAÇÕES 3.1 - Achados pendentes de solução 3.1.1 - (IG-R confirmado) Superfaturamento. (TC 008.122/2006-9) Objeto: Contrato 014/98, 30/12/1998, Execução das obras civis e sistemas fixos e móveis (material rodante) do 1º Estágio do METROFOR, e da variante de carga trecho norte-sul, Construtora Queiroz Galvão S.A. Este achado está sendo tratado no processo 008.122/2006-9 e foi considerado confirmado, conforme AC-3.070-53/2008-PL. O Contrato 14/1998 relacionado a essa obra contém irregularidade grave com recomendação de retenção (IG-R), devido ao indício de superfaturamento identificado no TC 008.122/2006-6, confirmado por deliberação no Acórdão 3.070/2008-TCU-Plenário, com determinação à Metrofor que, com vistas à preservação do erário, enquanto não for proferida decisão definitiva quanto ao possível superfaturamento apontado, retenha cautelarmente em cada um dos próximos pagamentos a serem efetuados no âmbito do Contrato 14/1998, os valores ali relacionados, referentes ao superfaturamento calculado até abril/2006. Em 14/12/2009, foi prolatado por esta Corte o Acórdão 2.450/2009-TCU-Plenário, que, dentre outros itens, determinou a instauração de Tomada de Contas Especial (TC 008.523/2012-6), instaurada por força do item 9.6 do referido Acórdão, mediante extração de cópia integral dos autos do Processo 008.122/2006-9.? Posteriormente à prolação do Acórdão 2.450/2009-TCU-Plenário, o consórcio contratado interpôs pedido de reexame contra os subitens 9.1, 9.5.1, 9.5.4 e 9.5.5 do aludido acórdão, tendo sido o referido recurso admitido por despacho de 4/5/2010 do Ministro Raimundo Carreiro, com efeito suspensivo em relação aos subitens mencionados. Não foi suspenso o item 9.5.2 do Acórdão 2.450/2009-TCU-Plenário, que determinou que até a assinatura do termo aditivo determinado no item 9.5.1 (suspenso), tomasse como parâmetro de cálculo para as próximas faturas os preços de referência estabelecidos para os 42 itens objeto da análise de superfaturamento, retendo as diferenças porventura verificadas, sem prejuízo à possibilidade de substituição da retenção de pagamentos por seguro-garantia ou fiança-bancária. Essas retenções estão sendo realizadas pela Metrofor, motivo pelo qual deve-se manter a IGR até que se tenha a decisão definitiva no âmbito da tomada de contas especial TC 008.523/2012-6, instaurada em virtude do item 9.6 do citado acórdão. 6
As determinações constantes dos itens 9.1, 9.5.1, 9.5.4 e 9.5.5 do Acórdão 2.450/2009-TCU-Plenário não foram implementadas devido à suspensão decorrente da interposição de pedido de reexame, que está em análise pelo Tribunal. Recentemente, em abril de 2012, ainda sem a análise de mérito do recurso, terminou a vigência do Contrato 14/1998, tendo havido o recebimento do escopo contratado e emitidos os Termos de Recebimento Definitivos, sendo que valores foram retidos em função das determinações do Acórdão 3.070/2008-TCU-Plenário e do item 9.5.2 do Acórdão 2.450/2009-TCU-Plenário, valores esses que devem ser preservados enquanto não for proferida decisão definitiva quanto ao possível sobrepreço, objeto da TCE (TC 008.523/2012-6).? Assim, permanece o entendimento de que se deve comunicar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional que subsistem os indícios de irregularidades (IG-R) informados anteriormente.? 3.1.2 - (IG-C) Acréscimos ou supressões em percentual superior ao legalmente permitido. (TC 004.514/2012-2) Objeto: Contrato 11/2010, Obras civis correspondentes ao trecho entre as estacas 123+152,64 a 123+640,00 e das estações subterrâneas José de Alencar (antiga Lagoinha) e Xico da Silva (antiga João Felipe), em Fortaleza, Ceará, integrantes do Projeto do Metrô de Fortaleza, Linha Sul., Consórcio Constran-Petra. Este achado está sendo tratado no processo 004.514/2012-2. Segundo o art. 65, 1º e 2º, da Lei 8.666, de 21 de junho de 1993, os contratos administrativos podem sofrer acréscimos ou supressões de até 25% do valor inicial atualizado do contrato, e, no caso particular de reforma de edifício ou de equipamento, até o limite de 50% para os seus acréscimos. Na evolução da análise na aplicabilidade deste dispositivo legal, o Acórdão 749/2010-TCU-Plenário, reafirmado pelo Acórdão 549/2011-TCU-Plenário, expôs o entendimento deste Tribunal quanto à metodologia de cálculo para efeitos de observância aos limites de alterações contratuais previstos em lei no sentido de que se "passe a considerar as reduções ou supressões de quantitativos de forma isolada, ou seja, o conjunto de reduções e o conjunto de acréscimos devem ser sempre calculados sobre o valor original do contrato, aplicando-se a cada um desses conjuntos, individualmente e sem nenhum tipo de compensação entre eles, os limites de alteração estabelecidos no dispositivo legal". Nas duas últimas auditorias realizadas na Metrofor, em 2011 (TC 006.794/2001-4) e em 2012 (TC 004.514/2012-2), foram detectadas impropriedades cometidas pela Metrofor quando à observância dos limites legais impostos pela legislação, pois, ao se verificar os cálculos dos reflexos financeiros dos diversos aditivos aos contratos apresentados pela Metrofor, há a comprovação de que a metodologia empregada para se calcular o montante dos acréscimos e decréscimos contratuais diverge da metodologia de cálculo presente no Acórdão 749/2010-TCU-Plenário, uma vez que estão sendo efetuadas compensações entre os acréscimos e decréscimos, enquanto a jurisprudência do TCU 7
estabelece a não compensação.? Essa maneira de calcular, compensando-se os acréscimos com os decréscimos, vem sendo adotada pela Metrofor de forma sistêmica, estando presente no Contrato 14/1998, que já foi objeto de auditorias pretéritas deste Tribunal, e alcançou em 2012, na presença, até então, de dezesseis termos aditivos, o montante de 138,29% de acréscimos e 56,97% de decréscimos, com relação ao contrato original, em virtude de alterações de projeto.? Nesse caso concreto, a extrapolação do limite legal para a celebração de aditivo é irregularidade que já foi apontada anteriormente pelo Tribunal quando foram analisadas as alterações referentes ao Contrato 14/1998, que haviam ocorrido até o seu Termo Aditivo 6, configurando os índices acumulados de 74,57% de acréscimos e 22,30% de decréscimos. Na ocasião, a irregularidade foi tratada no TC 008.122/2006-9 e foi saneada, conforme descrito no relatório que fundamentou o Acórdão 3.070/2008- TCU-Plenário.? Até o momento da realização do Fiscobras 2012 (TC 004.514/2012-2), o Contrato 11/2010 já havia recebido três aditivos, quando foram alcançados os índices acumulados de 26,96% de acréscimo e de 17,16% de decréscimo, e já se tinha o quarto termo aditivo em fase de elaboração, sendo que as principais alterações de quantidades e preços são originadas em revisões de projeto.? Assim, com a prolação do Acórdão 1.166/2012-TCU-Plenário, em função do quadro até então vigente, foram determinadas audiências do Diretor-Presidente e dos componentes da Diretoria Executiva da Metrofor que foram comunicadas oficialmente aos interessados que apresentaram suas Razões de Justificativa datadas de 13 de junho de 2012 (Peças 99 e 100 do TC 004.514/2012-2).? Não obstante, nesta fiscalização (Fiscalis 204/2013 - TC 009.098/2013-5), foi detectado que em 15 de junho de 2012, dois dias após responderem à audiência desta Corte sobre a extrapolação dos limites legais, foi assinado novo termo aditivo, o Termo Aditivo 4, acrescentando mais R$ 5.217.001,97 ao valor contratado, elevando para aproximadamente 33,13% o índice acumulado de acréscimos ao Contrato 11/2010.? 4 - ESCLARECIMENTOS ADICIONAIS Em atendimento ao subitem 9.8 do Acórdão 448/2013-TCU-Plenário, foi mantido o relator dos processos abertos para o empreendimento, Ministro Raimundo Carreiro. 5 - CONCLUSÃO O presente trabalho teve por objetivo fiscalizar, no âmbito do Fiscobras 2013, as obras de implantação do trecho sul, entre o centro de manutenção, próximo da estação Vila das Flores (atualmente Carlito Benevides) e a estação Chico da Silva (antiga João Felipe), do Sistema de Trens Urbanos de Fortaleza/CE, sob a responsabilidade da Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos (Metrofor) e da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU). A principal constatação deste trabalho foi a reincidência de celebrações de termos aditivos ao 8
Contrato 11/2010 com acréscimos em percentual superior ao estabelecido no art. 65, 1º, da Lei de Licitações, relatada no item "ACHADOS DE OUTRAS FISCALIZAÇÕES" deste relatório. A proposta de encaminhamento contempla o apensamento deste processo ao Processo de Monitoramento TC 009.274/2012-0, onde serão tratadas as razões de justificativas em resposta às audiências prolatadas no Acórdão 1.166/2012-TCU-Plenário, com os fatos ali tratados e com o agravante pela reincidência da celebração de novo termo aditivo (4º Termo Aditivo) ao Contrato 11/2010, imediatamente após as audiências que versaram sobre a extrapolação dos limites legais ocorridas no 3º Termo Aditivo. Entre os benefícios estimados desta fiscalização podem-se mencionar as melhorias procedimentais nas contratações que envolvam recursos federais, principalmente no que se refere aos limites de acréscimos e decréscimos permitidos para os aditivos, bem como o aumento da expectativa de controle. 6 - PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO Proposta da equipe Ante todo o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo: Comunicação à CMO a) comunicar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional: a.1) ainda não foram implementadas integralmente pelo órgão gestor as medidas indicadas por esta Corte, nos Acórdãos 3.070/2008 e 2.450/2009-TCU-Plenário, para sanear os indícios de irregularidades graves que se enquadram no disposto no art. 93, 1º, inciso V, da Lei 12.708/2012 (LDO/2013), apontados no Contrato 14/1998, relativo aos serviços de execução da obra de implantação do trecho sul do metrô de Fortaleza - CE a.2) que não foram detectados novos indícios de irregularidades que se enquadram no disposto no art. 93, 1º, inciso IV, da Lei 12.708/2012 (LDO/2013), relativos às obras que compõem a construção do metrô de Fortaleza, trecho sul, gerenciadas pela Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos (Metrofor); Encaminhamento de cópias: b) encaminhar cópia deste relatório e do Acórdão que o Tribunal vier a adotar, acompanhados do relatório e voto que o fundamentarem: b.1) à Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos (Metrofor); b.2) à Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU); b.3) à Secretaria de Controle Externo da Administração Indireta no Rio de Janeiro - Secex AIRJ e à Secretaria de Controle Externo do Estado do Ceará. Apensamento c) encerrar os presentes autos, mediante apensamento ao processo de monitoramento (TC 009.274/2012-0), instaurado para acompanhar os aditivos do Contrato 11/2010, no qual, serão tratadas as razões de justificativas às audiências prolatadas no Acórdão 1.166/2012-TCU-Plenário, conforme art. 169, inciso I, do Regimento Interno c/c art. 33 da Resolução TCU 191/2006, como agravantes dos fatos ali tratados. É o Relatório. 9
VOTO Preliminarmente, informo que atuo neste processo por força da decisão exarada no item 9.7.2 do Acórdão 448/2013-TCU-Plenário no sentido de conservar a relatoria original dos processos já constituídos, quando da autuação de novos processos para cada fiscalização de obra, uma vez que a obra ora em comento é objeto de processos pendentes de apreciação. 2. Assim, trago à apreciação deste Colegiado Relatório de Auditoria realizada, entre 17/3/2013 e 15/5/2013, na Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos - Metrofor, no âmbito do Fiscobras 2013, em consonância com a determinação exarada na referida deliberação. O objeto da auditoria é a fiscalização das obras de implantação do trecho sul do metrô de Fortaleza inseridas dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). 3. Examinados os elementos constantes dos autos, adoto como razões de decidir as conclusões da SecobHidro, sem prejuízo de tecer as considerações abaixo. 4. Embora, nesta fiscalização, não haja identificação de impropriedades ou irregularidades, anoto que a Metrofor persiste no desrespeito aos limites relativos às supressões e aos acréscimos estabelecidos na Lei 8.666/93 no que concerne ao Contrato 11/2010 em fase final de execução. Tal irregularidade foi objeto de audiência do Sr. Rômulo dos Santos Fortes, na condição de Diretor- Presidente daquela Companhia, de acordo com o item 9.1 do Acórdão 1.166/2012-2 (TC 004.514/20123-2), que será apreciada nos autos do TC 009.274/2012-0. 5. Agrava-se esse fato em vista de o 4º Termo Aditivo ao Contrato 11/2010 ter sido celebrado dois dias após o responsável ter encaminhado a este TCU as suas razões de justificativas para a assinatura do 3º Termo Aditivo, o qual já configurava extrapolação limite legal para acréscimos e supressões. 6. As questões relativas ao superfaturamento verificado na execução do Contrato 14/1998, já encerrado, são objeto de recurso contra o Acórdão 2.450/2009-TCU-Plenário, prolatado nos autos do TC 008.122/2006-9, o qual deu origem ao processo de Tomada de Contas Especial (TC 008.523/2012-6). Em face do exposto, Voto no sentido de que seja adotado o Acórdão que ora submeto à consideração deste Colegiado. 2013. TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 14 de agosto de RAIMUNDO CARREIRO Relator 1 Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 50409768.
ACÓRDÃO Nº 2153/2013 TCU Plenário 1. Processo TC 009.098/2013-5 2. Grupo I, Classe de Assunto V Relatório de Auditoria 3. Interessado: TCU 4. Órgão(s)/Entidade(s): Companhia Brasileira de Trens Urbanos CBTU; Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos Metrofor 4.1.Vinculação: Ministério das Cidades Mici 4.2. Responsáveis: Elionaldo Mauricio Magalhães Moraes, Diretor-Presidente da Companhia Brasileira de Transporte Urbano; Rômulo dos Santos Forte, Diretor-Presidente da Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos 5. Relator: Ministro Raimundo Carreiro 6. Representante do Ministério Público: não atuou 7. Unidade Técnica: SecobHidro 8. Advogados constituídos nos autos: não há 9. Acórdão: VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Relatório de Auditoria realizada na Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos - Metrofor com o objetivo de fiscalizar, no âmbito do Fiscobras 2013, as obras de implantação do trecho sul do metrô de Fortaleza inseridas dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, diante das razões expostas pelo Relator, em: 9.1. comunicar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional que: 9.1.1. ainda não foram implementadas integralmente pelo órgão gestor as medidas indicadas por esta Corte, nos Acórdãos 3.070/2008 e 2.450/2009-TCU-Plenário, para sanear os indícios de irregularidades graves que se enquadram no disposto no art. 93, 1º, inciso V, da Lei 12.708/2012 (LDO/2013), apontados no Contrato 14/1998, relativo aos serviços de execução da obra de implantação do trecho sul do metrô de Fortaleza - CE 9.1.2. não foram detectados novos indícios de irregularidades que se enquadram no disposto no art. 93, 1º, inciso IV, da Lei 12.708/2012 (LDO/2013), relativos às obras que compõem a construção do metrô de Fortaleza, trecho sul, gerenciadas pela Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos (Metrofor); 9.2. encaminhar cópia deste relatório e do Acórdão, bem como do Relatório e Voto que o fundamentam à Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos (Metrofor), à Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), à Secretaria de Controle Externo da Administração Indireta no Rio de Janeiro (SecexEstatais e à Secretaria de Controle Externo do Estado do Ceará (SecexCE) 9.3. arquivar estes autos e apensá-los ao processo de monitoramento (TC 009.274/2012-0), instaurado para acompanhar os aditivos do Contrato 11/2010, no qual, serão examinadas as razões de justificativa referentes às audiências prolatadas no Acórdão 1.166/2012-TCU-Plenário, conforme art. 169, inciso I, do Regimento Interno c/c art. 33 da Resolução TCU 191/2006, agravadas pela reincidência na mesma irregularidade detectada nesta inspeção. 10. Ata n 31/2013 Plenário. 11. Data da Sessão: 14/8/2013 Ordinária. 12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2153-31/13-P. 13. Especificação do quorum: 1 Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 50409766.
13.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues, Benjamin Zymler, Raimundo Carreiro (Relator), José Jorge e Ana Arraes. 13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti. 13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho. (Assinado Eletronicamente) VALMIR CAMPELO na Presidência (Assinado Eletronicamente) RAIMUNDO CARREIRO Relator Fui presente: (Assinado Eletronicamente) PAULO SOARES BUGARIN Procurador-Geral 2 Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 50409766.