PROCURADORIA-GERAL DO TRABALHO CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO. Interessado 2: Associação Paranaense de Cultura APC

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Disciplina: Direito e Processo do Trabalho 3º Semestre Professor Donizete Aparecido Gaeta Resumo de Aula

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Transcrição:

Origem: PRT 9ª Região Curitiba (Sede) Órgão Oficiante: Dr. Luís Antônio Vieira Interessado 1: PRT 9ª Região (Sede) Interessado 2: Associação Paranaense de Cultura APC Interessado 3: Hospital Nossa Senhora da Luz Interessado 4: Irmandade Santa Casa de Misericórdia de Curitiba Assunto: Temas Gerais (09.14.06) RECURSO. PISO SALARIAL PROPORCIONAL À JORNADA REDUZIDA. OJ 358 DA SDI-I DO TST. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART.7, IV, DA CF. A garantia de salário mínimo existe e é um direito do trabalhador. Contudo, tal direito não é um valor absoluto, isto é, está e sempre esteve relacionado à variável tempo de trabalho, portanto, condicionado à aferição da jornada de 44 horas semanais. Já em relação aos precedentes do Excelso Pretório mencionados, como bem consignou a parte denunciada em suas contrarrazões, todos versam sobre salário de servidor público, o que não seria o caso dos presentes autos. Por fim, de qualquer maneira, ainda que coadunasse com a vedação absoluta de pagamento inferior ao salário mínimo, de acordo com os documentos juntados aos autos, conclui-se que ele foi observado. Recurso conhecido e desprovido. Proposta de indeferimento homologada. 1

I RELATÓRIO Trata-se de procedimento instaurado com base em termo de arquivamento de proposta de mediação, no qual o procurador do trabalho Luercy Lino Lopes denuncia a ilegalidade no pagamento de valores inferiores ao piso normativo definido à categoria de auxiliares de farmácia para aqueles que laborassem em jornada inferior a de 8 horas diárias. O denunciante alega que, em que pese a jurisprudência do TST ter se posicionado no sentido de ser permitido o pagamento proporcional do piso salarial quando laborado jornada reduzida, este pagamento proporcional afrontaria os ditames do inciso IV do art. 7 da CF, bem como o entendimento do STF e do próprio parquet trabalhista, como poderia ser extraído da fundamentação de Recurso Extraordinário interposto pelo Dr. Luís Antônio Camargo versando sobre a matéria. Por sua vez, o procurador oficiante, em fl. 71, indeferiu a instauração do procedimento preparatório quanto ao fato denunciado, aduzindo que o pagamento proporcional do piso salarial nos casos de redução de jornada estaria em consonância com a OJ n 358, da SDI-I, do C. TST. Ademais, registrou que o SINDESC seria competente para prestar 2

assistência jurídica aos empregados que sentissem prejudicados pelo pagamento proporcional ao número de horas trabalhadas. Após a ciência do indeferimento de instauração do inquérito, o denunciante ofertou recurso em fls. 74/77. Além de ter reiterado os fundamentos da denúncia, sustenta que o MPT teria legitimação concorrente para atuar na defesa dos trabalhadores, pois o dano seria de natureza metaindividual. Recebido o recurso, manteve-se a decisão de arquivamento, remetendo-se os autos à CCR, conforme despacho de fl. 78. Houve apresentação de contrarrazões em fls. 83/83v. Sustentaram os denunciados que o pagamento proporcional aos auxiliares de farmácia que cumprissem a jornada de 36 horas semanais teria respaldo na OJ n 358 do TST. Aduzem também que a jurisprudência trazida pelo denunciante não se aplicaria ao caso, por envolver servidores públicos. Os autos foram sorteados e distribuídos a este Relator. É o relatório. II ADMISSIBILIDADE 3

Conheço do presente recurso, haja vista observância do prazo previsto no artigo 10-A da Resolução CSMPT nº 69/2007, bem como pelo inconformismo da manifestação do recorrente, essencial ao recurso. III VOTO Não assiste razão ao recorrente. Como bem consignado pelo procurador oficiante, não há que se falar em ilegalidade da conduta denunciada, pois o pagamento proporcional de piso salarial a trabalhadores de jornada reduzida já se encontra pacificado no âmbito da Justiça do Trabalho, conforme dispõe a Orientação Jurisprudencial n 358, da SDI-I do TST, in verbis: OJ-SDI1-358 SALÁRIO MÍNIMO E PISO SALARIAL PROPORCIONAL À JORNADA REDUZIDA. POSSIBILIDADE (DJ 14.03.2008) Havendo contratação para cumprimento de jornada reduzida, inferior à previsão constitucional de oito horas diárias ou quarenta e quatro semanais, é lícito o pagamento do piso salarial ou do salário mínimo proporcional ao tempo trabalhado. A garantia de salário mínimo existe e é um direito do trabalhador. Contudo, tal direito não é um valor absoluto, isto é, está e sempre esteve relacionado à variável tempo de trabalho, portanto, condicionado à aferição da jornada pactuada. Sendo assim, a interpretação do inciso IV do art. 7 da CF não deve ser feita com a simples leitura do 4

dispositivo, mas de forma sistêmica, somada ao disposto no inciso XIII do mesmo artigo - que versa sobre a jornada normal de 44 horas semanais -, em nome do princípio da unidade da constituição. O pagamento da mesma remuneração a trabalhadores que desempenham o mesmo ofício e laboram cargas horarias diversas afrontaria o princípio da isonomia. É cediço que o pagamento do salário mínimo sempre esteve atrelado a observância da jornada regular, tanto é que a Lei 8542/92, em seu art. 6, ao regulamentar o salário mínimo, dispôs que Salário mínimo é a contraprestação mínima devida e paga diretamente pelo empregador a todo trabalhador, por jornada normal de trabalho, capaz de satisfazer, em qualquer região do País, às suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social. Quando o legislador falou em jornada normal de trabalho, se referiu a jornada regular de 44 horas semanais definidas na CF, excetuando as categorias que tem jornada especial definida em lei - como a de médico, de telefonista, de bancário, entre outras -, nas quais o trabalhador receberá o piso de forma integral, mesmo tendo jornada reduzida. No caso, a categoria dos auxiliares de farmácia não possuem jornada especial definida em lei. 5

Portanto, não existe óbice para o pagamento proporcional do salário mínimo quando o trabalhador labora em jornada reduzida, até porque, o próprio legislador, nas diversas legislações que abordaram o tema, fez questão de estabelecer o salário mínimo horário - que equivalerá a duzentos e vinte avos do salário mínimo - para o cálculo em casos tais. Cite-se, por exemplo, as Leis 7789/89, 8542/92, 11321/06, 11498/07, 11709/08, 11944/09, 12255/10, 12382/11; e Decretos 7655/11, 7872/12 e 8166/13. Neste mesmo sentido sempre se posicionou a doutrina trabalhista majoritária, valendo citar os seguintes escólios: O salário mínimo corresponde a uma jornada normal de trabalho de 8 horas diárias e 44 horas semanais (art. 7º, XIII, da CF)" (MARTINS, Sergio Pinto. Direito do Trabalho, 19ª Edição, São Paulo : Atlas, 2004, página 326). (...) e) o salário mínimo é irrenunciável; f) nas jornadas legalmente inferiores à normal, não sofre redução proporcional, mas nas jornadas contratuais é admitida a redução em bases horárias, como no caso do menor que trabalha cinco horas por dia; (NASCIMENTO, Amauri Mascaro, Curso do Direito do Trabalho, 26ª ed., São Paulo: Saraiva, 2011, p. 830). Questiona-se, ainda, se o doméstico poderá receber o salário mínimo proporcional à jornada de oito horas. Embora mão esteja ele sujeito às normas a respeito de jornada, não há dúvida de que io salário mínimo é fixado considerando-se oito horas diárias e 44semanais; (BARROS, Alice Monteiro, Curso de Direito do Trabalho, São Paulo : LTr,2011, p. 287) 6

Nesse quadro, enfatize-se, o salário por unidade de tempo constrói-se a partir de três parâmetros temporais principais: mês, dia e hora. Ou seja, o salário pode ser mensal, diário ou horário. Por essa razão e que as diversas leis reguladoras do salário mínimo no Brasil, desde Constituição de 1988, reportam-se ao salário mínimo mensal, a salário mínimo diário (unidade mês dividida por 30) e ao salário mínimo horário (unidade mês dividida por 220). E que o salario por unidade de tempo pode ser efetivamente proporcional ao tempo contratado. Nesta linha a Orientação Jurisprudencial 358 da SDI-I do TST: SALARIO MÍNIMO E PISO SALARIAL PROPORCIONAL À JORNADA REDUZIDA. POSSIBILIDADE (DJ 14.03,2008) Havendo contratação para cumprimento de jornada reduzida, inferior a previsão constitucional de oito horas diárias ou quarenta e quatro semanais, e licito o pagamento do piso salarial ou do salario mínimo proporcional ao tempo trabalhado. (DELGADO, Maurício Godinho, Curso de direito do trabalho, 11. Ed. São Paulo: LTR, 2012, p. 741). Aliás, esta Egrégia Câmara de Coordenação e Revisão, ao analisar a matéria, entendeu não haver óbice na aplicação da diretriz do C. TST, consubstanciada em sua OJ n 358, valendo consignar os seguintes precedentes: DENÚNCIA DE SINDICATO. PAGAMENTO INFERIOR AO MÍNIMO LEGAL. JORNADA DE TRABALHO REDUZIDA. OJ 358 SBDI TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO. (Processo PGT/CCR/ n. 1331/2009). SINDICATO. CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO. Não merece prosperar o presente recurso, uma vez que objetiva a retirada de cláusula, constante de Convenção Coletiva de Trabalho, desprovida de qualquer irregularidade/ilicitude, inclusive com previsão em orientação jurisprudencial do colendo Tribunal Superior do Trabalho. Logo, não há na nquinada norma coletiva qualquer ofensa à ordem jurídica trabalhista, o que afasta a atuação deste Parquet laboral. Pelo 7

conhecimento e não provimento do recurso administrativo e pela homologação da promoção arquivatória. (Processo PGT/CCR/PP n. 11734/2010) Com base nos respectivos precedentes, contata-se que este MPT não tem questionado a diretriz do C. TST em casos tais. Ademais, em que pese a informação fornecida pelo recorrente, de que o atual Procurador Geral do Trabalho, Dr. Luís Antônio Camargo de Melo, a época em que era Coordenador da CRJ, tenha aviado Recurso Extraordinário contra decisão do TST que julgou válido o pagamento proporcional de salário mínimo ou piso normativo (RR- 773515/2001.0), esclareço que tal entendimento não é o que prevalece na atualidade, tanto é que o Dr. Luís Antônio Camargo, em outra oportunidade, ao examinar julgado versando sobre a mesma matéria (RR- 46400-58-2006-5.07.0029), entendeu não ser cabível recurso do MPT em casos tais, tendo emitido nota técnica na oportunidade. Vale consignar: DESPACHO Proc. Nº TST- RR-46400-58-2006-5.07.0029 Ementa: JORNADA REDUZIDA - SALÁRIO MÍNIMO PROPORCIONAL. 1. A jurisprudência pacífica e reiterada do TST, consubstanciada na Orientação Jurisprudencial 358 da SBDI-1, segue no sentido de que, havendo contratação para cumprimento de jornada reduzida, inferior à previsão constitucional de oito horas diárias ou quarenta e quatro 8

semanais, é lícito o pagamento do piso salarial ou do salário mínimo proporcional ao tempo trabalhado. 2. Assim sendo, como a decisão regional está em consonância com a jurisprudência pacificada do TST, emerge como obstáculo à revisão pretendida a orientação fixada na Súmula 333 desta Corte. Recurso de revista não conhecido. Entendo que não há como interpor recurso desta decisão. Com efeito, a questão em debate não comporta recurso para a SBDI-1, do TST, nos termos das disposições contidas na Súmula nº 333, do C.TST, encerrando-se, portanto, o ofício jurisdicional no âmbito da Justiça do Trabalho, ante o esgotamento de todos os recursos. Registre-se, por oportuno, que a interposição do recurso de revista ministerial é anterior a edição da Orientação Jurisprudencial em epígrafe. Destarte, entendo por concluída a função ministerial. Brasília, 05 de fevereiro de 2010. LUÍS ANTÔNIO CAMARGO DE MELO Subprocurador-Geral do Trabalho Já em relação aos precedentes do Excelso Pretório mencionados, como bem consignou a parte denunciada em suas contrarrazões, todos versam sobre salário de servidor público, o que não seria o caso dos presentes autos, que envolvem piso normativo definido para a categoria de auxiliar de farmácia, no âmbito privado. No caso dos servidores públicos, o dispositivo aplicável é o 3 do art. 39 da CF. Aliás, nas hipóteses citadas, que, reitero, diferem dos presentes autos, existe posicionamento vinculante do STF (Súmula Vinculante n 16), dispondo que 9

o salário mínimo deve ser observado quando do cálculo da remuneração total do servidor público. Contudo, vale registra que o mesmo STF, dando margem para o entendimento de que o salário mínimo não seria um valor de todo absoluto, dispôs na Súmula Vinculante n 6 que para os prestadores de serviço militar inicial poderia ser pago remuneração inferior ao salário mínimo. Por fim, de qualquer maneira, ainda que coadunasse com a vedação absoluta de pagamento inferior ao salário mínimo, de acordo com os documentos juntados aos autos, conclui-se que ele foi observado. O que houve foi o pagamento proporcional do piso convencional de R$ 915 para aqueles que laborassem jornada de 36 horas semanais (180 mensais). Portanto, considerando que o piso hora corresponderia ao valor de R$ 4,15 (piso mês dividido por 220); o valor proporcional pago seria o de R$ 747 (para uma jornada de 180 horas mensais), o que respeitaria o salário mínimo estabelecido para o ano de 2014, no importe de R$ 724. Portanto, com a devida vênia do entendimento do procurador recorrente, nego provimento ao recurso, homologando, consequentemente, a proposta de indeferimento do pedido de instauração de procedimento. 10

IV CONCLUSÃO Pelo exposto, recebo o presente recurso administrativo e nego-lhe provimento, homologando, por consequência, o indeferimento do pedido de instauração de procedimento. Brasília, 09 de outubro de 2014. Junia Soares Nader Subprocuradora Geral do Trabalho Membro da CCR/MPT 11