LOBBY CONTRA O AMIANTO DISSEMINA FALSAS NOTÍCIAS NO BRASIL E NO MUNDO



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Transcrição:

LOBBY CONTRA O AMIANTO DISSEMINA FALSAS NOTÍCIAS NO BRASIL E NO MUNDO O Instituto Brasileiro do Crisotila (IBC), entidade de interesse público voltada para a pro moção e defesa do uso seguro do amianto crisotila, denuncia e alerta os meios de comunicação brasileiros, a comunidade científica e o público em geral para a campanha lançada em nível mundial pela gigante inglesa BBC News para pressionar os governos dos países em desenvolvimento a banir o uso desse mineral na indústria de fibrocimento. Reportagem reproduzida pela imprensa nacional no último 21 de julho, assinada pelo Sr. Jim Morris, trata a questão do histórico europeu e que não condiz com a realidade brasileira, que desenvolveu tecnologia de ponta para se tornar referência internacional em segurança de trabalho na extração, transporte e industrialização do amianto crisotila. Nos países europeus, o amianto comumente usado era do tipo anfibólio, 500 vezes mais perigoso do que o amianto crisotila. Além disso, por décadas esse mineral foi manipulado inadequadamente, com tubos que expeliam jatos de fibras em revestimentos de paredes e na indústria naval, expondo os trabalhadores a milhões de partículas de poeira diariamente. Constatado o erro, bem como suas conseqüências, baniu-se o produto. Essa prática, no entanto, jamais aconteceu no Brasil. Além disso, como é de conhecimento geral, o crisotila é o único tipo de amianto permitido em território brasileiro, mediante normas de segurança no trabalho e uma legislação das mais rigorosas do mundo. O Brasil tornou-se o terceiro maior produtor mundial desse

mineral e desde a década de 80 não se registra nenhum caso de disfunção pulmonar entre trabalhadores admitidos a partir deste período. São 30 anos de uso seguro. Não é a primeira vez que a BBC News serve de instrumento para o lobby de multinacionais que produzem as fibras artificiais de polipropileno (PP), o que já levou outros meios de comunicação britânicos a reagir e estabelecer uma ligação dessa emissora com a rede mundial Ban Asbestos envolvendo grandes empresas de remoção de amianto friável (jateado) em imóveis e indústrias e advogados interessados nas causas de pessoas que adoeceram em razão deste mau uso, por isso defendem o banimento do amianto. Tanto o Telegraph Journal (08/11/98) quanto o Daily News (23/02/10) publicaram matérias acusando a BBC de promover pânico e histeria em torno do assunto e afirmando que a honestidade da emissora foi jogada pela janela, em virtude de beneficiar advogados e empresas que faturam alto com serviços de remoção de amianto friável (jateado) na construção civil européia. Ao mesmo tempo, a Advertising Standards Authority, órgão britânico equivalente ao Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), obrigou a BBC a retirar do ar uma série de comerciais em que é atribuída à exposição ao amianto uma falsa cifra de mortes por mesotelioma, um tipo de câncer pulmonar. Como se vê, a propalada seriedade da BBC News corresponde à metáfora bíblica do gigante de pés de barro que desmorona sob o peso da sua própria mentira. Ao afirmar, por exemplo, que o amianto tem seu uso proibido em 56 países, a emissora deliberadamente deixou de dizer que ele é permitido em quase duas centenas de outras nações, inclusive os Estados Unidos, o Canadá, a Rússia e a China. É importante frisar que os países da Comunidade Européia

continuam fazendo uso do amianto crisotila para os fins que lhe interessam, como, por exemplo, a indústria do cloro-soda. Mais: pelo fato de os maiores consumidores do crisotila serem países em desenvolvimento, como o Brasil, cujas populações ultrapassam em muito à soma dos que adotaram o seu banimento, busca-se a todo custo substitui-lo por um produto mais caro, de qualidade inferior e com efetivos riscos à saúde, muitos deles ainda desconhecidos pela comunidade científica. Os números são reveladores e estão à disposição dos interessados: 980 milhões de pessoas é a população dos 56 países onde o uso do amianto está proibido, correspondendo a 14,4% de todo o mundo. 5,8 bilhões de pessoas correspondem à população dos mais de 170 países onde o uso do amianto é liberado, ou 85,6% do planeta. Deve ser destacado que a produção atual de amianto no mundo é suficiente para produzir 2 bilhões de metros quadrados de telhas por ano, a um custo aproximado de 4 dólares por m². Como os produtos de fibras artificiais (sejam de polipropileno ou de PVA) são em média 30% mais caros, entende-se o porquê de as gigantes multinacionais investirem tanto em campanhas pelo banimento do mineral: a essa altura elas já deveriam estar faturando alto muito alto, às custas das populações mais pobres dos países em desenvolvimento. Revela-se, neste ponto, a ultrapassada arrogância do império a ditar regras sobre suas colônias. Tal campanha esconde ainda da população outras informações relevantes, como:

Todos os casos que motivaram a Organização Mundial da Saúde (OMS) a citar doentes e mortes relacionadas ao amianto se deram na Europa, onde se utilizava a fibra do tipo anfibólio, considerado 500 vezes mais perigoso, onde se expunha trabalhadores a 1000 f/cm³. No Brasil, o crisotila é utilizado como fibra de reforço ligada ao cimento (fibrocimento) há mais de 100 anos para fabricação de telhas e caixas d água, sendo considerado insignificante ou zero o risco desses produtos. Ao listar substâncias que devem ter seu uso controlado, a OMS incluiu o amianto crisotila ao lado de outros produtos variados que vão do anticoncepcional feminino, a exposição dos raios solares ao bacalhau salgado. Cai por terra a afirmação de que não há limite seguro para o uso do amianto. Está provado que há. A inconsistência da campanha disseminada pela BBC News se verifica também no número de mortes registradas até o presente e as que estariam por ocorrer nos próximos anos entre trabalhadores que se expuseram à poeira do mineral. Tratar este aspecto da questão como mera estatística macabra merece total repúdio. Desde o início dos anos 90 o Brasil é signatário da Convenção 162 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que estabelece normas de uso controlado do amianto. Vale lembrar que na própria Convenção 162 diz em seu Art.10 diz que quando não se conseguir medidas de proteção, que não é o caso do Brasil, aí sim, deve-se substituir o amianto, por uso de tecnologia alternativa desde que submetidas à avaliação científica. Quem irá fazer essa avaliação? Quem irá monitorar essas fibras? No Brasil esse controle não existe.

O que sabemos é que Em 2005, a Agência Internacional de Pesquisa sobre Câncer (IARC), braço direito da Organização Mundial da Saúde (OMS), no Workshop de Lyon, concluiu que as fibras de polipropileno (PP) são respiráveis e altamente biopersistentes (permanência no organismo). Portanto a conclusão é que a periculosidade destas fibras é indeterminada por falta de estudos mais acurados. Além disso, existe um Acordo Nacional firmado entre empresários e trabalhadores, dando a estes últimos total liberdade para fiscalizar a atividade, já completou 20 anos, refletindo o compromisso voltado para a segurança de quem lida com o produto. O resultado disso é o ar que se respira, no ambiente de trabalho, que registra 0,1 fibras/cm³, número 20 vezes menor do que determina a legislação federal brasileira, uma das mais rígidas do mundo. Por fim, causa estranheza o fato de o mesmo material divulgado pela BBC News enaltecer, ao estilo estrela de cinema, uma fiscal do trabalho de São Paulo cuja conduta autoritária, para dizer o mínimo, é suspeita. A personagem em questão, a Sra. Fernanda Giannasi, acumula funções públicas com atividades privadas, encabeçando uma rede pelo banimento do amianto na América Latina. Responde também como coordenadora da Ban Asbestos Network no Brasil, e, dependendo da ocasião e do espaço na mídia, como presidente da Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto (ABREA). Já foram registradas inspeções em que ela se fez acompanhar, em veículo oficial do governo, por estrangeiros pertencentes à rede mundial contra o amianto, num flagrante desrespeito às normas de conduta dos servidores públicos, que devem ser declarados impedidos de fiscalizar os locais nos quais tenham interesse direto ou indireto (Decreto 4.552/2002). Também são de conhecimento geral os constantes deslocamentos desta auditora para outros Estados e

Países, onde articula a apresentação de projetos locais para banimento do mineral. Não restam dúvidas que por trás desses movimentos estejam forças poderosas alimentando uma rede mundial de organizações especializadas em difundir notícias alarmantes sobre o amianto. Fundamenta essa crença o fato de o autor do material divulgado nunca ter posto os pés no Brasil, nem na mina de Cana Brava, tampouco em alguma indústria do segmento do fibrocimento associada ao IBC, para conhecer a realidade brasileira. Não seria estranho, portanto, se este senhor confundisse o Brasil com Bolívia e nossa capital com Buenos Aires. Para o IBC, o assunto requer atenção por tratar de produtos consumidos principalmente pelas camadas mais pobres da população. Diferentemente da informação citada na campanha, o IBC é uma iniciativa pioneira, resultado da integração entre os três setores diretamente envolvidos com o uso seguro do amianto crisotila: trabalhadores, governo e empresários. A entidade trabalha às claras, prestando contas, pondo-se diuturnamente à disposição da imprensa, dos estudiosos e de quem se interessar pelo tema, bem como fomentando qualquer ação legítima que possa servir de parâmetro para a saúde e segurança do trabalhador do amianto crisotila. Marina Júlia de Aquino Presidente do Instituto Brasileiro do Crisotila (IBC)