IMAGEM CORPORAL E COMPORTAMENTOS DE RISCO PARA TRANSTORNOS ALIMENTARES EM PRATICANTES DE EXERCÍCIOS E ATLETAS: EVIDENCIAS CIENTÍFICAS*

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Transcrição:

IMAGEM CORPORAL E COMPORTAMENTOS DE RISCO PARA TRANSTORNOS ALIMENTARES EM PRATICANTES DE EXERCÍCIOS E ATLETAS: EVIDENCIAS CIENTÍFICAS* SÁMAR EL ASSAL, DANIELA CANUTO FERNANDES Resumo: a presente revisão sistemática compreendeu a busca bibliográfica nas principais bases de dados da área da saúde, tendo como objetivo identificar comportamentos de risco que podem favorecer transtornos. A busca pelo bom desempenho, pressões externas e padrão corporal exigido para a modalidade acarretam estresse físico e mental nos atletas, favorecendo a distorção da imagem e comportamentos de risco alimentar. Palavras-chave: Transtornos Alimentares. Atividade física. Atletas. A mídia e a sociedade vêm adotando padrões estéticos cada vez mais magros para as mulheres ao longo das décadas, o que influencia sobremaneira a autopercepção da imagem corporal, expondo o indivíduo a comportamentos inadequados (SAIKALI et al., 2004). Vale destacar que o sexo feminino apresenta uma tendência de distorção entre a imagem do corpo atual e a imagem ideal, quando comparado ao sexo masculino, o que pode acarretar maior risco de desenvolvimento de distúrbios alimentares (COSIO; ROMEIRO; ROSSI, 2008). Já os homens apresentam uma tendência a supervalorização de um corpo com hipertrofia muscular, e essa hipervirilização do corpo está associada a construção de um ideal de masculinidade, marcadamente caracterizado por uma musculatura superdesenvolvida (IRI- ART; CHAVES; ORLEANS, 2009). Os transtornos ou distúrbios alimentares são causados por vários fatores, dentre os quais pode-se destacar os biológicos e psicológicos. Estes tem uma ligação com o desenvolvimento da imagem corporal, que é resultado da relação do indivíduo consigo e com os outros. A sociedade está em constante desenvolvimento, demonstrando e impondo padrões de beleza diferenciados, sendo que estas imposições acarretam preocupações ao indivíduo com sua 31

32 imagem corporal, o que frequentemente o leva a adotar comportamentos alimentares inadequados (VEIGA; PERONDI; FRIGERI, 2013). Nesse sentido, a anorexia e a bulimia nervosa caracterizam-se pela adoção de um comportamento alimentar de risco, no qual os indivíduos apresentam um controle patológico do peso corporal e distúrbios de percepção da imagem corporal. Isto pode ser explicado pelo medo exagerado de ganhar peso ou de se tornar obeso e pela supervalorização do corpo magro, características estas marcadamente presentes na anorexia nervosa (SAIKALI et al., 2004). Ressalta-se que indivíduos com anorexia apresentam medo mórbido de engordar e alteração na percepção da imagem corporal, perda de massa muscular e gordura corporal, irregularidades digestivas, desidratação, arritmias cardíacas, intolerância ao frio, cabelos finos e quebradiços, dentre outros. A Incidência desse transtorno é maior em mulheres com início, especialmente, no período da puberdade (OLIVEIRA et al., 2003). Além disso, pacientes com transtornos alimentares como anorexia nervosa estão mais sujeitos a alterações clinico-laboratoriais, tais como desequilíbrios hidroeletrolíticos, arritmias cardíacas e osteoporose. Nesse caso, o exercício físico compulsivo pode contribuir sobremaneira para a morbimortalidade (ASSUNÇÃO; CÓRDAS; ARAÚJO, 2001). Por outro lado, a bulimia é caracterizada por um comportamento impulsivo do ato de comer e, logo após, utilizar métodos de purgação decorrente do sentimento de culpa. Igualmente, cabe mencionar que o indivíduo com bulimia geralmente tem um peso eutrófico ou sobrepeso, e este transtorno não traz consequências tão graves, no entanto, pode prejudicar gravemente o sistema nervoso (VEIGA; PERONDI; FRIGERI, 2013). Vale acrescentar que a prática regular de exercícios físicos traz vários benefícios fisiológicos à saúde dos indivíduos, como a manutenção do peso corporal e prevenção de doenças crônicas não transmissíveis (hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, dentre outras). Ainda, a atividade física acarreta inúmeros benefícios psicológicos e sociais como a melhora da auto-estima e do convívio social. No entanto, indivíduos com transtornos alimentares acabam utilizando os exercícios físicos como estratégia para auxiliar na perda de peso exagerada (TEIXEIRA et al., 2008). Nesse caso, indivíduos que praticam exercício físico de forma compulsiva, acabam se tornando dependentes desta atividade para manter seu bem-estar geral (ASSUNÇÃO; CÓRDAS; ARAÚJO, 2001). Assim, a partir da relevância do tema, a presente revisão sistemática teve o objetivo de investigar a relação entre a percepção da imagem corporal e comportamentos de risco em praticantes de exercícios físicos e atletas. METODOLOGIA A presente revisão sistemática compreendeu a busca bibliográfica nas principais bases de dados da área da saúde (PubMed, Scielo, Bireme, Scopus e Web of Science). Além disso, para ampliar a pesquisa, também foram utilizadas as bases de periódicos para a coleta de artigos. Durante a pesquisa, utilizou-se os formulários avançados e estratégias de busca específicas para cada base, sendo usadas os seguintes termos descritores: transtorno alimentar, imagem corporal, distorção da imagem corporal, bulimia, anorexia, dismorfia

muscular, exercício físico e atividade física (Tabela 1). O recorte temporal definido para esta revisão sistemática foi de 2004 a 2014. Tabela 1: Estratégias de pesquisa adotadas conforme base de dados Base Critérios de busca descritor período Estratégias Bases referenciais PubMed Body image, eating disorders, nutritional status, self-image 2004-2014 Formulário livre de pesquisa Web of Science Body image, eating disorders, nutritional status, self-image 2004-2014 Formulário básico de pesquisa e uso de operadores de proximidade Same e Near para otimizar a busca Scopus Body image, eating disorders, nutritional status, self-image 2004-2014 Formulário básico de pesquisa e uso de recursos para refinar a busca (ano, assunto e autor) Portais Bireme LILACS MEDLINE) (bases e Body image, eating disorders, nutritional status, self-image 2004-2014 Formulário livre de pesquisa em todas as bases do portal Base de periódicos Scielo Body image, eating disorders, nutritional status, self-image 2004-2014 Formulário livre de pesquisa em periódicos da área de saúde Adotou-se como critérios de inclusão metanálises, pesquisas observacionais descritivas e analíticas e ensaios clínicos randomizados. Os demais critérios de inclusão e de exclusão estão mostrados na Tabela 2. Tabela 2: Critérios de inclusão e exclusão para seleção de artigos científicos para a revisão sistemática Critério seleção População de Critérios Inclusão Estudos com adultos praticantes de alguma modalidade esportiva Exclusão Estudos com animais Estudos com indivíduos que não pratiquem nenhuma modalidade esportiva continua... 33

conclusão... Intervenção Avaliações Estudos sobre hábitos alimentares e imagem corporal de praticantes de diferentes modalidades esportivas Avaliação de transtornos alimentares, transtornos de imagem e esporte Hábitos alimentares Transtornos alimentares (bulimia e anorexia) Distorções da imagem corporal Dismorfia muscular Estudos sobre transtornos alimentares que não tenham relação com o esporte Avaliações que não estejam relacionadas ao tema da revisão Os artigos científicos selecionados foram submetidos à avaliação e análise crítica, mediante o uso de uma planilha contendo 10 critérios (título; resumo; introdução; material e tipo de estudo; métodos; resultados; discussão; conclusão e referências). Os artigos avaliados com nota 7,0 ou superior foram incorporados à presente revisão. O conteúdo de tais artigos foi sintetizado por meio de tópicos em uma planilha-resumo, onde foram revisados os dados de cada pesquisa revisada, como título, objetivo, tipo de estudo, metodologia, resultados principais, conclusão geral, informação de maior interesse e sua utilidade para a revisão em questão. Aqueles artigos que, além de atenderem os pré-requisitos de seleção, apresentaram conteúdo relevante e obtiveram maiores notas na análise crítica, foi dada prioridade de citação. Além das bases de resumos, realizou-se busca direta em periódicos online pertinentes ao tema do projeto. Após a seleção e análise crítica dos artigos científicos, foi utilizada uma planilha síntese para resumir as informações mais importantes dos artigos. Outrossim, para a discussão da presente revisão também foram pesquisados materiais bibliográficos, tais como livros e publicações técnico- científicas, sobretudo aqueles de reconhecimento nacional e internacional. 34 RESULTADOS E DISCUSSÃO Do total de estudos que resultaram da busca nas bases de pesquisa, foram selecionados 157 artigos científicos que avaliaram a percepção da imagem corporal e comportamentos de risco em praticantes de exercícios físicos de diversas modalidades. Deste total, 20 estudos foram selecionados por conterem o delineamento do estudo bem definidos, sendo que o período desses artigos compreendeu o intervalo de 2004 a 2014. A partir da revisão sistemática, observou-se distorção na percepção da imagem em grande parte dos praticantes de exercícios físicos. Vale destacar que a aparência do corpo exerce uma grande influência na vida do indivíduo, pois a imagem corporal determina a maneira como nos relacionamos, social e profissionalmente, assim como a visão que se tem da própria imagem. O aumento de peso é um dos fatores que tem maior impacto negativo na imagem corporal, pois o bem-estar imposto pela mídia, atualmente, depende cada vez mais do peso e de um padrão estético que cultua a magreza, para as mulheres, e um biótipo volumoso, para homens.

Em decorrência da grande preocupação com os padrões estéticos, observa-se que os indivíduos tendem a distorcer sua imagem corporal e, como consequência, praticam exercícios de forma compulsiva, sem a orientação de um profissional devidamente capacitado. Além disso, a constante busca pelos padrões corporais, tornam o indivíduo mais suscetível a modismos alimentares e cirurgias estéticas recorrentes, a fim de solucionar problemas com a autoimagem (LOPES et al., 2012). Vale discutir, nesse caso, que a (in) satisfação corporal pode predispor o indivíduo a comportamentos de risco que podem acarretar práticas inadequadas, sobretudo aquelas relacionadas a alimentação. Assim, a partir dos estudos revisados observou-se o comportamento de risco em relação à alimentação está relacionado às características de cada modalidade. Nesse sentido, para a modalidade musculação, pode-se observar que praticantes de musculação apresentaram obsessão pela forma física caracterizada pela valorização excessiva dos padrões impostos pela sociedade. Desse modo, a fim de alcançar a forma física estabelecida como ideal, alguns praticantes relataram o uso de produtos veterinários e anabolizantes, bem como o consumo excessivo de proteína e de lipídios (THEODORO; RICALDE; AMARO, 2009; IRIART; CHAVES; ORLEANS, 2009). Souza e Ceni (2014), em estudo sobre o consumo de suplementos alimentares e a percepção corporal em praticantes de musculação observaram que, embora grande parte dos indivíduos estivessem eutróficos, estes estavam insatisfeitos com seu corpo. Azevedo et al. (2012) em um estudo com praticantes de musculação inscritos em comunidades específicas sobre dismorfia muscular constataram que a aparência física pode ser um grande elemento nas relações sociais e, além disso, o ideal muscular é reforçado pelos significados ou relevância dada aos conceitos estabelecidos por outros, como a família, amigos e mídia. Esses autores relataram ainda que 35% dos participantes masculinos e 5% dos femininos utilizavam pelo menos uma substância ergogênica. No caso de praticantes de atividade física, que caracterizam-se por realizar modalidades distintas nas academias, destaca-se o estudo de Cosio, Romeiro e Rossi (2008) que avaliaram a relação do estado nutricional com a percepção de imagem corporal atual e idealizada. Foi observado que as mulheres possuíam uma imagem corporal distorcida, não condizente com seu estado nutricional real, tendo sido relatado sentimentos de insatisfação com a própria imagem. Essa tendência à distorção entre a imagem atual e a ideal pode ser explicada, em parte, pelo ideal de perfeccionismo da mulher e pela maior suscetibilidade às influências da mídia, o que pode aumentar o risco de desenvolvimento de distúrbios alimentares. E os homens, por outro lado, buscavam ser mais fortes e volumosos, o que pode ocasionar transtornos alimentares como a dismorfia muscular. Em algumas modalidades como o ballet e a ginástica rítmica, que exigem leveza corpórea, flexibilidade, precisão e uso de equipamentos e figurinos criados especialmente para corpos esguios, observa-se tendência ao desenvolvimento de distúrbios da imagem corporal (SILVA; OLIVEIRA, 2013). Isso foi corroborado no estudo de Ribeiro e Veiga (2010), tendo sido observado que praticantes de ballet apresentaram uma busca pelo corpo mais magro com menor volume corporal em ambos os sexos. Essas exigências podem predispor os indivíduos a comportamentos alimentares inadequados e distorção 35

36 da própria imagem corporal, acarretando, sobretudo em controle excessivo do peso corporal (SAIKALI et al., 2004). Nesse sentido, Ferrari e Alvarez (2011) verificaram a associação entre a imagem corporal e o estado nutricional em praticantes de ballet clássico e relataram que, quanto maior a faixa etária, maior o nível de insatisfação corporal (23%) e que, ao associar a classificação do percentual de gordura com o nível de insatisfação com a imagem corporal, observou-se que 9% dos indivíduos normais estão insatisfeitos, o que já é relevante, uma vez que a insatisfação com a imagem corporal pode acarretar o desenvolvimento de transtornos alimentares. Vieira et al. (2009) investigaram a relação de comportamentos sugestivos de transtornos de conduta alimentar e a distorção da imagem corporal de atletas de ginastica rítmica. Os autores discutiram que o comportamento sugestivo para a presença de transtornos alimentares e a distorção da imagem corporal no ambiente esportivo competitivo parece ter probabilidade semelhante a qualquer outro contexto social no qual a exigência pela estética corporal seja o principal fator de referência. Vale destacar que o comportamento alimentar sugestivo para transtornos estava presente em adolescentes ginastas (categorias esportivas) com idade entre 10 e 12 anos, o que é bastante preocupante. Os autores observaram ainda que a distorção da imagem corporal não estava associada a presença de transtornos alimentares. Por outro lado, é interessante notar que em 100% das adolescentes avaliadas com transtornos de conduta alimentar também foi constatada a distorção da imagem corporal. A respeito da relação com o estado maturacional, o estudo de Fortes, Almeida e Ferreira (2012b) corrobora os resultados de Vieira et al. (2009), visto que esses autores observaram que as meninas púberes e os meninos pré-púberes, praticantes de várias modalidades distintas estavam mais suscetíveis aos comportamentos de risco. Isto ocorre sobretudo pela frequente cobrança pelo bom desempenho, o que os leva a adquirir comportamentos compensatórios com o propósito de perda de peso ou diminuição do percentual de gordura, podendo acarretar transtornos alimentares ainda em idade relativamente precoce. Em certas modalidades esportivas que estabelecem as categorias em função do peso como nos esportes de lutas (judô, boxe, taekwondo, jiu jitsu e luta greco romana) são observados com frequência comportamentos inadequados com vistas a atingir o peso ideal para cada categoria. Isso foi confirmado no estudo de Vieira et al. (2006) que investigaram a ocorrência de distúrbios alimentares e sua relação com a distorção da autoimagem corporal em atletas de judô do estado do Paraná, onde 71 atletas participaram (42 homens e 29 mulheres). Os autores relataram que as atletas femininas apresentaram uma incidência maior tanto para a possibilidade da ocorrência de distúrbios alimentares quanto para distorção da imagem corporal. As evidências encontradas sugeriram que existe uma relação entre a distorção da imagem corporal com os distúrbios alimentares. Esse comportamento também foi observado em atletas do sexo masculino, divididos em categorias, tais como esportes por classe de peso (Jiu-Jitsu, Judô, Karatê, Handbol) esportes influenciados pela massa muscular (Corredores, Nadadores, Corredores de Cavalo, Triathlon) e esportes estéticos (Ballet, Dança, Ginástica Artística e Skate) foi observada associação considerável entre distúrbio alimentar e a insatisfação da imagem

corporal, tendo sido relatado que 51% dos indivíduos insatisfeitos também apresentavam transtornos alimentares (GOLTZ; STENZEL; SCHNEIDER, 2013). Vale enfatizar que, no caso do referido estudo, os autores discutem ainda que atletas com um percentual maior de gordura são mais propícios a apresentar insatisfação com a imagem corporal, o que pode ser associado aos estereótipos de modelo corporal exigidos para os esportes analisados. Essa relação entre insatisfação com a imagem corporal e esportes relacionados diretamente ao peso corporal também foi estudado por Fortes, Almeida e Ferreira (2013). Os autores estudaram jovens atletas masculinos com e sem riscos para transtornos alimentares praticantes de modalidades esportivas de estética/classe de peso e coletivo/ potência. Foi observado um elevado índice de insatisfação com a imagem corporal em atletas com riscos para transtornos alimentares, concluindo que a insatisfação com a imagem corporal em jovens esportistas do sexo masculino pode ser considerada um fator desencadeador de hábitos alimentares não saudáveis. Esses resultados confirmam a existência de associação da insatisfação corporal com o comportamento alimentar de risco para transtornos alimentares. Isso ocorre, sobretudo, em atletas de modalidades cuja pressão pelo desempenho é extremamente elevado como ocorre em modalidades como o atletismo, basquetebol, esgrima, futebol, ginastica artística, handebol, judô, natação, polo aquático, saltos ornamentais, tae-kwon-do, triátlon e voleibol. Os autores observaram resultados diferentes conforme o gênero, sendo que entre as mulheres atletas relatou-se recusa de alimentos com alto valor energético em maior frequência, além de apresentarem maior descontentamento com a aparência física quando comparadas às esportistas com menor grau de comprometimento psicológico ao exercício, ou seja, aquelas que não se privavam da vida social para realizar a prática da modalidade. Esses resultados são importantes visto que atletas submetidos às pressões na prática do exercício físico estão suscetíveis aos hábitos como restrição alimentar, autoindução de vômitos, uso de laxativos/diuréticos ou esteroides para perda/manutenção/ganho de peso corporal independente do sexo (FORTES; FERREIRA, 2013). Vale lembrar que transtornos alimentares são caracterizados por apresentarem alterações graves na conduta alimentar e os sintomas mais frequentes são: medo intenso de ganhar peso, mantendo-o assim, abaixo do valor mínimo normal, pouca ingestão de alimentos ou dietas severas; imagem corporal distorcida, sensação de apresentar um peso elevado, quando se está eutrófico; sentimento de culpa ou depreciação devido a ingestão de alimentos; hiperatividade e exercício físico excessivo; amenorreia, excessiva sensibilidade ao frio e mudanças psicológicas (FORTES; OLIVEIRA; FERREIRA, 2012). A maioria dos estudos revisados discutem apenas a associação entre a distorção da imagem corporal e a adoção de comportamentos de risco alimentar. A relação direta entre transtorno alimentar e modalidade esportiva foi observada no estudo de Bosi e Oliveira (2004) entre atletas adolescentes do sexo feminino corredoras de fundo. Os autores constataram uma preocupação com o controle do peso e o uso de práticas inadequadas, sobretudo restritivas, para sua manutenção, como o jejum, praticado em paralelo com a atividade física intensa, o que pode levar a instalação de graves problemas de saúde. Além disso, foram observadas também algumas respostas sugestivas de comportamentos 37

38 característicos de bulimia nervosa, tais como, medo (pavor) de engordar e ingestão de grande quantidade de comida muito rapidamente (59%), prática de jejum por um dia inteiro (53%), hábito de ingerir alimentos de forma escondida (53%), preocupação com a falta de controle sobre a alimentação (47%) sentimento de culpa ao ingerir alimentos (41%), assim como o pensamento obsessivo voltado a comida (29%). Interessante também a relação proposta no estudo de Greenleaf et al. (2010) que avaliou com 204 atletas do sexo feminino de diversas modalidades (ginástica, remo, softbal, nado sincronizado, tênis, esqui alpino, basquete, cross country, cheerleading, mergulho, golfe, hóquei de campo, lacrosse, futebol, natação, atletismo e voleibol) com o objetivo de investigar a influência de fatores de risco psicossociais em transtornos alimentares nos atletas. Os autores constataram que os efeitos do IMC e da imagem corporal contribuíram significativamente para a previsão de sintomatologia bulímica, em cerca de 42% dos atletas. Cabe acrescentar ainda que os atletas relataram insatisfação com o corpo e a aparência, embora a maioria das atletas apresentaram o IMC dentro da faixa normal. Essa preocupação excessiva com a forma física constitui um fator de risco para transtornos alimentares e, dentre as modalidades estudadas, a restrição alimentar e os sentimentos de culpa decorrentes estavam relacionadas de forma significativa com sintomas bulímicos. Já em um estudo com atletas do sexo masculino de diversas modalidades (baseball, futebol, natação, luta greco-romana, esgrima, basquete, golfe, hóquei, lacrosse, futebol, atletismo, esqui alpino e voleibol) foi constatado que um maior tamanho físico dos atletas (representado pelo seu IMC) estava marcadamente relacionado à sintomatologia bulímica. Quando as variáveis psicossociais foram examinados separadamente, duas dimensões do efeito negativo e medo (para iniciantes) e culpa (para veteranos) também emergiram como preditores significativos da bulimia (PRETIE et al., 2013). É válido ressaltar que, nesse caso, a idealização do corpo e da aparência ideais irrealistas e a insatisfação com o próprio corpo pode contribuir para o desenvolvimento de sintomas e comportamentos bulímicos entre os atletas, conforme observado nos estudos revisados. A restrição dietética e o efeito negativo, caracterizados pelo sentimento de culpa, foram responsáveis por uma quantidade significativa nos sintomas bulímicos, sugerindo que as atitudes alimentares restritivas e comportamentos e estados emocionais negativos podem contribuir para um aumento do risco de distúrbios alimentares. Assim, o transtorno mais frequente entre atletas, conforme a revisão da literatura parece ser a bulimia. A principal explicação pode ser a frequente restrição alimentar decorrente das características das modalidades nas quais o peso é um fator determinante do desempenho e que leva os atletas a episódios constantes de compulsão alimentar. CONCLUSÃO A aparência do corpo exerce uma grande influência na vida dos indivíduos, pois a imagem corporal determina a maneira como se relacionam, social e profissionalmente, assim como a visão que se tem da própria imagem. A busca pelo bom desempenho, as pressões externas dos técnicos, treinadores, patrocinadores, familiares e padrão corporal exigido para a modalidade acarreta estresse

físico e mental nos atletas, favorecendo a distorção da imagem e comportamentos de risco alimentar. Vale discutir que a maioria dos estudos revisados discute apenas a associação entre a distorção da imagem corporal e a adoção de comportamentos de risco alimentar e não investigam transtornos alimentares. Esse dado é de grande relevância, pois, muitas vezes, esses transtornos são negligenciados. Os estudos que investigaram a relação entre transtorno alimentar e modalidade esportiva em homens e mulheres observaram a presença de comportamentos que fundamentam a sintomatologia da bulimia nervosa. Esse transtorno é decorrente, em grande parte, das frequentes restrições alimentares e que predispõem o indivíduo a episódios posteriores de compensações alimentares excessivas. A principal explicação pode ser a frequente restrição alimentar decorrente das características das modalidades nas quais o peso é um fator determinante do desempenho e que leva os atletas a episódios constantes de compulsão alimentar. BODY IMAGE AND RISK BEHAVIORS FOR EATING DISORDERS IN PHYSICAL EXERCISE PRACTITIONERS AND ATHLETES: REVIEWING THE SCIENTIFIC EVIDENCE Abstract: this systematic review included the literature search in major databases of health, aiming to identify risk behaviors that can promote disorders. The search for good performance, external pressures and body required standard for the sport cause physical and mental stress in athletes, favoring image distortion and dietary risk behaviors. Keywords: Eating Disorders. Physical Activity. Athletes. Referências ASSUNÇÃO, S. S. M.; CÓRDAS, T. A.; ARAÚJO, L. A. S. B. Atividade física e transtornos alimentares. Revista de Psiquiatria Clínica, São Paulo, v. 29, n. 1, p. 65-74, 2001. AZEVEDO, A. P. et al. Dismorfia Muscular: a busca pelo corpo hiper musculoso. Revista Motricidade, Brasília, v. 8, n. 1, p. 53-66, 2012. BOSI, M. L.; OLIVEIRA, F. P. Comportamentos bulímicos em atletas adolescentes corredoras de fundo. Revista Brasileira de Psiquiatria, Rio de Janeiro, v. 26, n. 1, p. 32-34, 2004. COSIO, R. B. Z.; ROMEIRO, A. T.; ROSSI, L. Avaliação da percepção da imagem corporal em uma academia do município de São Paulo. Revista Digital, Buenos Aires, v. 13, n. 123, p. 6-7, 2006. FERRARI, E. P.; ALVAREZ B. R. Associação entre imagem corporal e o estado nutricional em praticantes de ballet clássico. Revista Digital, Buenos Aires, v. 15, n. 153, p. 1-5, 2011. FORTES, L. S.; ALMEIDA, S. S.; FERREIRA, M. E. C. Insatisfação com a imagem corporal em modalidades esportivas do sexo masculino. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, Ribeirão Preto, v. 62, n. 2, p. 101-107, 2013. 39

40 FORTES, L. S.; ALMEIDA, S. S.; FERREIRA, M. E. C. Processo maturacional, insatisfação corporal e comportamento alimentar inadequado em jovens atletas. Revista de Nutrição, Campinas, v. 25, n. 5, p. 575-578, 2012. FORTES, L. S.; FERREIRA, M. E. C. Comportamento alimentar inadequado: comparações em função do comprometimento ao exercício. Arquivos Brasileiros de Psicologia, Rio de Janeiro, v. 65, n. 2, p. 230-242, 2013. FORTES, L. S.; OLIVEIRA, F. G.; FERREIRA, M. E. C. Influência de fatores afetivos, antropométricos e sociodemograficos sobre o comportamento alimentar em jovens atletas. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, Ribeirão Preto, v. 61, n. 3, p.148-153, 2012. GOLTZ, F. R.; STENZEL L. M.; SCHNEIDER, C. D. Disordered eating behaviors and body image in male athletes. Revista Brasileira de Psiquiatria, Ribeirão Preto, v. 35, n. 3, p. 237-242, 2013. GREENLEAF, C. et al. Psychosocial risk factors of bulimic symptomatology among female athletes. Journal of Clinical Sport Psychology, Texas, v. 4, n. 3, p. 177-190, 2010. IRIART, J. A. B.; CHAVES, J. C.; ORELANS, R. G. Culto ao corpo e uso de anabolizantes entre praticantes de musculação. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 25, n. 4, p. 773-782, 2009. LOPES, L. C. C. et al. Autopercepção da imagem corporal entre universitários: uma análise comparativa. Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo, v. 6, n. 34, p. 325-332, 2012. OLIVEIRA, F. P. et al. Comportamento alimentar e imagem corporal em atletas. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, Rio de Janeiro, v. 9, n. 6, p. 348-356, 2003. PETRIE, T. et al. Psychosocial correlates of bulimic symptomatology among male athletes. Psychology Of Sport And Exercise, Texas, v. 8, n. 1, p. 120-134, 2013. RIBEIRO, L. G.; VEIGA, V. G. Imagem corporal e comportamentos de risco para transtornos alimentares em bailarinos profissionais. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, Rio de Janeiro, v. 16, n. 2, p. 99-102, 2010. SAIKALI, C. J. et al. Imagem corporal nos transtornos alimentares. Revista de Psiquiatria Clínica, São Paulo, v. 31 n. 4, p. 164-166, 2004. SILVA, A. C.; OLIVEIRA, J. E. C. Estudo avaliativo da ocorrência de transtornos alimentares em bailarinas adolescentes. Revista Digital, Buenos Aires, v. 18, n. 183, p. 9-10, 2013. SOUZA, R.; CENI G. C. Uso de suplementos alimentares e autopercepção corporal de praticantes de musculação em academias de Palmeira das Missões-RS. Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo, v. 8, n. 43, p. 20-29, 2014. TEIXEIRA, P. C. et al. Prática de exercícios físicos em pacientes com transtornos alimentares. Revista de Psiquiatria Clínica, São Paulo, v. 36, n. 4, p. 145-152, 2008. THEODORO, H.; RICALDE, S. R.; AMARO, F. S. Avaliação Nutricional e Autopercepção Corporal de Praticantes de Musculação em Academias de Caxias do Sul RS. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, São Paulo, v. 15, n. 4, p. 291-294, 2009. VEIGA, S. J.; PERONDI, J.; FRIGERI, E. R. Imagem corporal nos transtornos alimentares: bulimia e anorexia. Revista Digital, Buenos Aires, v. 18, n. 185, p. 10-15, 2013. VIEIRA, J. L. L. et al. Distúrbios Alimentares e Distorção da Imagem Corporal no Contexto Competitivo da Ginástica Rítmica. Revista Brasileira de Medicina do Espor-

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