TERAPÊUTICA NUTRICIONAL NOS PORTADORES DA DOENÇA DE CROHN E RETOCOLITE ULCERATIVA Clênia Santana¹; Adriana Araujo Medeiros Sousa²; Sandra Regina Dantas Báia³ Faculdade Mauricio de Nassau cleniacg@hotmail.com ; Faculdade Mauricio de Nassau drimedeirossousa@gmail.com ; Nutricionista do HUAC/UFCG, Docente da Faculdade Maurício de Nassau sandra_reginabaia@hotmail.com; Resumo: Desde a década de XX as Doenças Inflamatórias Intestinais (DII) vem sendo analisadas e observou-se que os fatores etiológicos tem direta influência no seu diagnóstico. A Doença de Cronh (DC) e a Retocolite Ulcerativa (RCU) são as principais doenças do intestino, consideradas atípicas, utilizam-se frequentemente de meios clínicos para o seu tratamento. Com o agravamento dessas doenças, as funções gastrointestinais vão sendo perdidas, causando vários déficits nutricionais, como a perda de peso, anemias, falta de vitaminas e minerais. Em vários estágios dessas doenças, faz-se necessário a terapia nutricional oral, enteral e parenteral como forma de restabelecer a melhora do estado clínico do paciente. Uma dieta rica em nutrientes e imunomoduladores como ácido graxo de cadeia curta (AGCC), ácidos graxos poli-insaturados (ômega-3), arginina, glutamina, prebióticos e probióticos, possibilitam uma resposta positiva na recuperação dos sintomas, reduzindo assim, os riscos de cirurgias nas Doenças Inflamatórias Intestinais (DII). Palavra Chave: Doenças Inflamatórias Intestinais, Imunomoduladores, Terapia Nutricional. 1.INTRODUÇÃO As doenças Inflamatórias Intestinais (DII), tem seu início tardio antes do diagnóstico e tem sido observadas desde a década de XX. A retocolite ulcerativa (RCU) e a doença de Crohn (DC) são as patologias mais frequentes em estudos. A retocolite ulcerativa é uma doença não contagiosa e ocorre no intestino grosso no processo contínuo, já a doença de Crohn envolve todo trato digestório da boca ao ânus, mas, principalmente atinge o íleo distal e o cólon por vários segmentos. A patologia da DII são multifatoriais, envolvendo fatores genéticos, alimentares, ambientais, luminais e imunológicos (SILVA e MURA, 2014; REIS 2003). Patologias predominantes entre jovens adultos, que apresentam diarreia sanguinolenta e dor em cólica são os principais sintomas recorrentes à Retocolite Ulcerativa. Os sintomas relacionados na doença de Crohn são dores abdominais no quadrante inferior direito, perda de peso e febre. Na fase ativa da doença há um aumento de neutrófilos gerando os abscessos e consequentemente ocasionando o surgimento de fístulas. Diante disso, essas manifestações acarretam problemas das articulações, cutâneas e dermatológicas. (FRANCES et al., 2010; SÉRGIO et al., 2004).
Os portadores de DC e RCU apresentam déficit nutricionais como: baixo peso, anemias, hipoalbuminemia, através da perda de macro e micronutrientes dificultando o tratamento medicamentoso e nutricional do paciente. Assim, a desnutrição evidencia a terapia enteral como tratamento inicial na fase inflamatória da doença, proporciona melhora da mucosa tratando dos déficits nutricionais e dos efeitos dos medicamentos sobre a imunidade. Como segunda via de escolha utilizamos a parenteral nos casos cirúrgicos, que são relacionados a obstrução intestinal, má absorção e fístula. O objetivo do suporte nutricional é minimizar o desenvolvimento inflamatório das doenças através de elementos auxiliares como imunomoduladores antiinflamatórios (CARDOZO e JUNIOR, 2012; REIS, 2003). Diante disso, as Doenças Inflamatórias Intestinais (DII), são prevalentes e os fatores genéticos tem grande relevância em quantidade de pacientes acometidos. O que traz possibilidades para estudos e elaborações na dietoterapia, que contemplam alimentos sem lactose, sem resíduos, com diminuição de lipídios e imunomoduladores como: Ácidos Graxos De Cadeia Curta (AGCC), Ácidos Graxos Poli-insaturados (ômega 3), Arginina, Glutamina, Prebiótico e Probióticos, que proporcionem benefícios e qualidade de vida aos portadores dessas patologias. (FLORA e DICHIT, 2006). A revisão bibliográfica tem como objetivo mostrar a importância da terapia imunomoduladora no tratamento das Doenças Inflamatórias Intestinais (DII) com fo co na Doença de Cronh e Retocolite Ulcerativa (RCU). 2.MATERIAIS E MÉTODOS O presente artigo se trata de uma revisão bibliográfica. Foram utilizadas referências de livros de medicina e de nutrição, artigos e revistas nas plataformas scielo, revista brasileira de nutrição clínica. A revisão da literatura específica está organizada de forma a permitir ao leitor uma noção inicial sobre o tema que trata das Doenças Inflamatórias Intestinais (DII), em específico a Doença de Cronh (DC) e Retocolite Ulcerativa (RC U) evidenciando a terapia nutricional, com ênfase na terapia imunomoduladora. 3.RESULTADOS E DISCUSSÃO A doença de Cronh (DC) e a Retocolite Ulcerativa (RCU) são consideradas doenças atípicas, que utiliza-se frequentemente de meios da saúde. Cerca de 130 indivíduos para cada 100.000 são acometidos pela DC enquanto que na RCU 100 indivíduos são acometidos para cada
100.000. De 50% a 60% dos casos de Cronh, o íleo distal e o cólon são os principais envolvidos, tendo todas as camadas atingidas, de forma transmural e segmentar, de 15% a 25% envolvem o intestino delgado e o cólon. Na Retocolite Ulcerativa é restrito ao intestino grosso e reto de forma contínua. (MAHAN et al, 2012). Depois de vários anos com o agravamento dessas doenças, a função do trato gastrointestinal vai sendo perdida, influenciando na absorção dos nutrientes. E a avaliação deve-se monitorar a perda de peso, que pode ser pelo uso de corticoides levando a retenção de líquidos, assim como, a anemia, falta de vitaminas e minerais (CUPPARI, 2014). Tabela: Fatores Relacionados À Deficiência Nutricional Nas Doenças Inflamatórias Intestinais (DII) Diminuição na ingestão alimentar Anorexia, náuseas e vômitos Dor abdominal e diarreia Comportamento negativista Dietas restritas (iatrogênica) Má absorção Diminuição da área absortiva (doença, ressecções) Supercrescimento Bacteriano Deficiência de sais biliares Aumento das perdas intestinais Enteropatia perdedora de proteína Fístulas: perda de eletrólitos, minerais, traços Sangramento gastrointestinal Interações droga-nutriente Corticoides (cálcio e proteínas) Sufassalazina (folato) Colestiramina (gorduras e vitaminas) Aumento nas necessidades nutricionais Sepse, febre, fístula Aumento do turnover celular Repleção das reservas orgânicas Terapia com esteroides (catabolismo proteico Fonte: Cuppari, 2014. A dieta unida a nutrientes específicos, possibilita uma resposta positiva na recuperação nutricional do paciente, aliviando os sintomas e reduzindo o índice de indicações cirúrgicas no tratamento das Doenças Inflamatórias Intestinais (DII ) (CABRE e DOMENECH, 2012; BEYER, 2010; FLORA e DICHIT, 2006). Em vários estágios da Doença Inflamatória Intestinal (DII), o tratamento nutricional oral, enteral e parenteral é indispensável. Se o paciente obtiver as necessidades calóricas por via oral devidas, a mesma torna-se a via de escolha. No entanto, na incapacidade do paciente alcançar as suas demandas nutricionais diárias, seguindo para a fase de desnutrição, está poderá ser suplementada com fórmulas industrializadas ou incluir a nutrição enteral ou parenteral como meio de escolha, tornando-se importante a terapêutica nutricional (CAMPOS et. al, 2002). Os nutrientes imunomoduladores buscam novas alternativas para o tratamento, atuando na manutenção da flora intestinal e
consequentemente na melhora do estado clínico e nutricional do paciente (SILVA e MURA, 2014). Dentro da terapia nutricional imunomoduladora, que evidencia a Retocolite Ulcerativa (RCU), o Ácido graxo poliinsaturado ômega-3 (eicosapen taenoico e docosahexaenóico), existente no óleo de peixe, não possui efeitos adversos, no entanto apresenta capacidade anti-inflamatória, consequentemente no restabelecimento do microbioma intestinal, na composição tecidual e endoscópica ( CAMPOS et. al, 2002; DICHI e BURINI, 1996). O ácido graxo de cadeia curta (AGCC), é um imunomodulador que atua na Outro nutriente que atua como imunomodulador é a glutamina, a suplementação desse nutriente na Terapia Nutricional Enteral (TNE) acarreta um menor dano ao intestino, menor comprometimento do peso, melhorando assim a atividade da doença. Porém, na doença de Crohn não é recomendada, por liberar óxido nítrico na formação da arginina através da glutamina, o que vai acarretar elevada permeabilidade vascular da barreira intestinal. Segundo Cartwright (2003), os Pré e Probióticos contribuem para a DII por ter ação favorável na mucosa, produz o AGCC, o qual irá minimizar as alergias, conter a diarreia aguda e/ou constipação, prevenindo assim a translocação bacteriana e consequentemente recaídas. Irá prorrogar o período de inatividade tanto em doentes com RCUI como também em DC (KRUIS, FRIC, STOLTE, 2001; GUSLAND et. al, 2000; KRUIS et. al, 1997; MALCHOW, 1997). A Arginina é o componente fundamental das proteínas que são os aminoácidos semiessenciais, ativador potente das células polimorfo nucleares e células T, estas recuperam o resultado imunológico e é fundamental para o equilíbrio, estágios de crescimento e catabolismo (SILVA e MURA, 2014). Conclusão: As Doenças Inflamatórias Intestinais (DII) estão diretamente associadas a vários fatores que contribuem para a modificação da microbiota intestinal, com isso, tem-se mostrado que a terapia imunomoduladora vem exercendo efeitos benéficos à portadores dessas patologias, atuando na manutenção da flora e na diminuição de possíveis tratamentos invasivos. 4.BIBLIOGRAFIA BEYER, P., L. (2010). Tratamento médico nutricional para doenças do trato gastrointestinal inferior. In: Mahan, L., K. e Escott-Stump, S. (Ed.). Alimentos, Nutrição e
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