Portugalglobal. Miguel Frasquilho Presidente da AICEP A nossa ambição é captar investimento e reforçar a presença empresarial portuguesa no mundo 6



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Transcrição:

Portugalglobal Pense global pense Portugal Miguel Frasquilho Presidente da AICEP A nossa ambição é captar investimento e reforçar a presença empresarial portuguesa no mundo 6 Destaque CPLP Mercados estratégicos em português 12 Junho 2014 // www.portugalglobal.pt Empresas H.O Wines e Maeil 40

Junho 2014 // www.portugalglobal.pt sumário Entrevista // 6 A resiliência e o dinamismo dos empresários portugueses ao nível das exportações e do investimento são destacados pelo Presidente da AICEP na sua primeira entrevista à Portugalglobal. Miguel Frasquilho realça o papel da AICEP no apoio às empresas nacionais, contribuindo, dessa forma, para estimular o crescimento duradouro da economia e a criação de emprego. Destaque // 12 Internacionalização das Economias dos países lusófonos (CPLP) foi o tema da Conferência que a AICEP organizou no inicio de Junho, reunindo em Lisboa altos responsáveis de Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. A cooperação e as oportunidades de negócio entre os vários países lusófonos, incluindo naturalmente Portugal, estiveram no centro do debate, onde não foram esquecidos o papel da lusofonia e a importância da língua portuguesa no mundo. Mercados // 20 As economias de Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste foram alvo de estudos elaborados pelos bancos Caixa Geral de Depósitos, Espírito Santo Research (BES), Millennium bcp e Banco BIC propositadamente para a conferência Internacionalização das Economias, cujas conclusões aqui damos a conhecer. Empresas // 40 H.O.WINES: paixão por vinhos de qualidade. MAEIL: crescimento sustentado. Análise de risco por país COSEC // 44 Veja também a tabela classificativa de países. Estatísticas // 47 Investimento directo e comércio externo. AICEP Rede Externa // 50 Bookmarks // 52

EDITORIAL Revista Portugalglobal Av. 5 de Outubro, 101 1050-051 Lisboa Tel.: +351 217 909 500 Fax: +351 217 909 578 Propriedade aicep Portugal Global Rua Júlio Dinis, 748, 9º Dto 4050-012 Porto Tel.: +351 226 055 300 Fax: +351 226 055 399 NIFiscal 506 320 120 Conselho de Administração Miguel Frasquilho (Presidente), José Vital Morgado, Luís Castro Henriques, Pedro Ortigão Correia, Pedro Pessoa e Costa (Vogais). Directora Ana de Carvalho ana.carvalho@portugalglobal.pt Portugal estratégico Redacção Cristina Cardoso cristina.cardoso@portugalglobal.pt Vitor Quelhas vitor.quelhas@portugalglobal.pt Colaboram neste número Armindo Rios, Direcção Grandes Empresas da AICEP, Direcção de Informação da AICEP, Direcção Internacional da COSEC, Direcção PME da AICEP, João Proença, Miguel Frasquilho. Fotografia e ilustração Fotolia, Rodrigo Marques. Publicidade Cristina Valente Almeida cristina.valente@portugalglobal.pt Secretariado Cristina Santos cristina.santos@portugalglobal.pt Projecto gráfico aicep Portugal Global Paginação e programação Rodrigo Marques rodrigo.marques@portugalglobal.pt ERC: Registo nº 125362 As opiniões expressas nos artigos publicados são da responsabilidade dos seus autores e não necessariamente da revista Portugalglobal ou da aicep Portugal Global. A aceitação de publicidade pela revista Portugalglobal não implica qualquer compromisso por parte desta com os produtos/serviços visados. Nesta edição encontra o leitor dois temas fortes. O primeiro, é a entrevista de Miguel Frasquilho, Presidente da AICEP, que traça uma panorâmica da missão da Agência e das grandes linhas de força da sua actuação. O segundo, diz respeito ao universo cultural e empresarial dos países lusófonos, integrados na CPLP, que constituem uma importante plataforma para a presença empresarial portuguesa no mundo. Tanto a propósito da entrevista, como das relações bilaterais de Portugal no âmbito da CPLP, é de realçar o papel da AICEP, com a sua rede externa que se articula de forma eficaz com a rede consular e com o corpo diplomático, nunca sendo demais enfatizar a sua importância estratégica no apoio às empresas, na exportação, na internacionalização, e na captação de investimento estrangeiro. Portugal é hoje um país mais exportador e com maior capacidade de atrair investimento estrangeiro, tendo reforçado não só a sua presença empresarial no mundo, como conseguiu demonstrar as oportunidades e as condições cada vez mais atractivas que a economia portuguesa oferece ao investimento. O caminho da exportação e da internacionalização, percepcionado como uma necessidade vital pelas empresas, que souberam inovar e reinventar-se, é hoje um percurso decisivo que contribui para o ritmo de crescimento das exportações e para a afirmação global dos bens e serviços portugueses nos mercados. O Destaque desta edição demonstra a importância estratégica da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) suscitada pela recente Conferência A Internacionalização das Economias organizada pela AI- CEP, com o patrocínio institucional da UCCLA não só para Portugal, como também para os restantes países que a constituem e que nela se movem como plataforma potenciadora de identidade, cultura e negócios. É pois aqui analisada a importância da língua portuguesa, da lusofonia e dos países lusófonos, vistos na óptica do desenvolvimento, da internacionalização e dos sectores de oportunidade nas áreas da cooperação, do comércio e do investimento, bem como do relacionamento económico de cada um deles com Portugal. ANA DE CARVALHO Directora da revista Portugalglobal 4 // Junho 2014 // Portugalglobal

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ENTREVISTA MIGUEL FRASQUILHO - PRESIDENTE DA AICEP EXPORTAÇÕES E INVESTIMENTO SÃO FUNDAMENTAIS PARA O CRESCIMENTO DA ECONOMIA E DO EMPREGO 6 Promover o crescimento duradouro da economia e, consequentemente, o emprego é o desafio que se coloca ao novo Presidente da AICEP, para quem as exportações e o investimento são peças fundamentais para se atingir esse desígnio nacional. Miguel Frasquilho realça, em entrevista, a resiliência e o dinamismo dos empresários que, numa conjuntura económica muito difícil, souberam enfrentar as adversidades e aumentar a sua presença no mundo, através da qualidade dos seus produtos e dos seus recursos humanos. À AICEP cabe apoiar as empresas nacionais nos seus processos de internacionalização, disponibilizando o seu know-how técnico e o conhecimento dos mercados onde a Agência está presente. A reforma do regime de IRC e a reforma do sistema judicial, a par do novo quadro comunitário Portugal 2020, irão contribuir para aumentar a competitividade das empresas e para estimular a captação de investimento externo gerador de riqueza e emprego, considera o Presidente da AICEP. // Junho 14 // Portugalglobal

ENTREVISTA Tendo recentemente assumido a presidência da AICEP, que estratégia defende para o seu mandato? O grande desafio da AICEP passa por contribuir para o crescimento duradouro da economia de forma sustentável para a promoção do emprego. E isso só será possível pela capacidade que teremos de captar investimento e, de forma integrada, tornar as nossas empresas cada vez mais globais. Portugal é hoje um país mais exportador e com maior capacidade de atrair investimento estrangeiro. Contudo, é essencial aprofundar o esforço que tem sido desenvolvido, bem como superar novos desafios e identificar novas oportunidades. Esse caminho passa pela conjugação destes dois vectores: investimento e exportações. Este é o nosso desígnio, é a nossa ambição: reforçar a presença empresarial portuguesa no mundo e mostrar ao mundo as oportunidades e condições cada vez mais atractivas que a economia portuguesa oferece. Temos que olhar para o mundo e tornar prático o lema da AICEP: fazer de Portugal um país verdadeiramente global. Temos que avaliar, planear e implementar uma presença da AI- CEP no mundo devidamente estruturada e capaz de responder ao novo mapa económico. Precisamos de uma estratégia de médio/longo prazo e adaptada a esta nova realidade económica em que os mercados asiáticos, por exemplo, ganham cada vez mais relevância no mercado económico mundial. Como analisa o comportamento e a evolução recente das exportações de bens e serviços portugueses e quais as perspectivas para este ano? A internacionalização é, factualmente, o motor que tem vindo a suportar o crescimento económico do país e as exportações atingiram já um recorde de mais de 40 por cento do PIB em 2013. Assim todos os empresários mantenham o querer, a resiliência e o dinamismo demonstrado até aqui, considero que nos poderemos aproximar do registo de países europeus comparáveis como a Áustria, Bélgica, Dinamarca, Eslováquia, Holanda, Irlanda ou República Checa, entre outros. E como é que se atingem esses resultados? Aproveitando as oportunidades que os vários mercados económicos oferecem e, acima de tudo, aproveitando a capacidade das empresas portuguesas em vencer em todo o mundo. Através da qualidade dos seus produtos e dos seus recursos humanos. E, claro, com o apoio imprescindível da AICEP. As perspectivas para este ano continuam a ser positivas. Tenho a expectativa que chegaremos ao final do ano com um ritmo de crescimento das exportações muito positivo. Tendo presente a difícil conjuntura económica do país nos últimos anos, como avalia o desempenho dos empresários portugueses e o seu contributo para esta evolução das exportações? Os nossos empresários foram os primeiros a perceber a necessidade de se reinventarem, se podemos assim dizer, tendo em conta a conjuntura económica europeia e portuguesa. Foram os primeiros a arregaçar as mangas e a olhar para a crise que atravessámos como uma oportunidade. Olharam para o mundo e perceberam que a solução estava na internacionalização. E, hoje, os que seguiram o caminho das exportações, bem como os que iniciam agora esse caminho, apresentam taxas de sucesso muito apreciáveis. Hoje, os empresários portugueses são reconhecidos mundialmente pela sua capacidade empreendedora e pela qualidade dos serviços que prestam, colocando Portugal no mundo como um país credível, confiável e inovador nos mais variados sectores. Em resumo, diria que o conhecimento, o contacto com a realidade económica de cada país, o compromisso e a qualidade dos produtos e serviços portugueses serão factores que contribuíram para o crescimento das nossas exportações. Que apoio pode a AICEP prestar às empresas, nomeadamente às PME, no actual quadro económico? Que papel deve a Agência desempenhar na promoção da exportação dos bens e serviços nacionais? O know-how técnico que as equipas da AICEP têm em termos de conhecimento do mercado e da oferta portuguesa, e as várias acções que possibilitam a maior penetração e presença de produtos e serviços portugueses no mundo, contribuem para que as empresas portuguesas encontrem na AICEP um parceiro único para entrarem nos mais diversos mercados. São milhares as acções que a AICEP desenvolve por todo o mundo, colocando as nossas empresas em contacto com a realidade Temos que olhar para o mundo e tornar prático o lema da AICEP: fazer de Portugal um país verdadeiramente global. económica de cada país e em contacto com parceiros internacionais que potenciam a presença portuguesa nos quatro cantos do mundo. A AICEP presta serviços de suporte e aconselhamento sobre a melhor forma de abordar os mercados externos, identifica oportunidades de negócios internacionais e acompanha o desenvolvimento de processos de internacionalização das empresas portuguesas. Temos programas de formação para as empresas, como o programa formexport constituído por oito módulos: Primeiros Passos para Exportar, Market Tools, Marketing Internacional, Elevator Pitch, Logística, Balanced Scorecard, Trade Finance e Horizonte 2020 e COSME - Programas Europeus de Apoio às empresas; temos 14 Lojas da Exportação espalhadas pelo país onde as empresas poderão encontrar informação e esclarecimentos técnicos sobre produtos e serviços de suporte à estratégia de abordagem aos mercados internacionais; temos em vigor o programa ABC Mercados que consiste em sessões de sensibilização sobre mercados, com a intervenção de representantes da nossa Rede Externa ou a presença de gestores de mercado da AICEP, partilhando a sua experiência empresarial no mercado. E agora, a partir de final de Setembro iremos realizar um road-show nacional durante um ano, a começar em Leiria, Portugalglobal // Junho 14 // 7

ENTREVISTA dirigido às PME, onde a AICEP apresentará o retrato, as oportunidades e possíveis parceiros nos mais variados sectores. No fundo, o nosso foco é contribuir para que as empresas portuguesas façam acontecer, concretizem. Colocando as nossas empresas em contacto com as administrações públicas dos vários países e com os possíveis parceiros empresariais. Dada a pequena dimensão do mercado doméstico, considera que as empresas portuguesas estão condenadas à internacionalização? Condenadas não. Mas a internacionalização é sem dúvida a grande oportunidade de sucesso para as nossas empresas. Para o crescimento das empresas portuguesas. Precisamente por sermos uma economia pequena, isso foi entendido pelos empresários portugueses que se abriram ao mundo. Hoje, Portugal é uma economia cada vez mais exportadora e ancorada em exemplos de sucesso. Quais são, na sua opinião, as maiores dificuldades/ ameaças à internacionalização das empresas portuguesas? Nesta área, como pode a AICEP ajudar os empresários portugueses? Muitas vezes as empresas portuguesas não têm um conhecimento profundo dos mercados onde querem apostar. É fundamental ter noção da legislação local, das questões fiscais, das condições laborais, das características políticas e sociais de cada país. E a AICEP é o parceiro fundamental para ajudar as empresas a terem uma informação pormenorizada de cada mercado. A AICEP conhece ao pormenor o mercado externo e pode facultar informação dos mais diversos sectores. E temos uma rede externa constituída por 44 repreentações em 38 países do mundo que tem o conhecimento real das oportunidades, das dificuldades e que tentam resolver diariamente, da melhor forma possível, os problemas que possam surgir. Como poderão as empresas portuguesas ser mais competitivas internacionalmente? Hoje as empresas portuguesas já são bastante competitivas. Temos um tecido empresarial cada vez mais dinâmico, com empresários muito determinados e confiantes, empresas muito qualificadas e com uma enorme vontade de mostrar ao mundo do que são capazes. Cada vez mais os nossos empresários procuram mercados com crescimentos económicos dinâmicos, onde possam colocar os seus produtos. É nesse sentido que a AICEP tem vindo a trabalhar, como é ilustrativo o crescimento das exportações portuguesas de Bens e Serviços que ascenderam a 16.137 milhões de euros no 1º trimestre de 2014, que representa um aumento de 3,1 por cento face ao período homólogo de 2013. Hoje Portugal é um país com sectores proeminentes com potencial de desenvolvimento (Automóvel; Aeronáutica; TIC; Saúde, Farmacêutica e Ciências da Vida; Agricultura, Pescas e Agro-indústria; Petroquímica e Química; Exploração mineira; Têxteis, Vestuário, Calçado e Moda; Materiais de Construção; Floresta, pasta de papel e papel; Moldes; Fabricação de produtos metálicos; Energias renováveis; Turismo; Business Services). Este retrato é bem elucidativo das potencialidades que as empresas portuguesas têm para vencer em qualquer ponto do mundo. O caminho da competitividade passa por aqui. Este é claramente o momento certo para confiar no nosso tecido empresarial, ao qual a AICEP se associa na identificação de oportunidades para fazer crescer as nossas empresas e tornar Portugal cada vez mais global. Que mercados destacaria como sendo prioritários para a internacionalização das empresas portuguesas? Mais importante que apontar mercados prioritários, é fundamental começar por analisar as oportunidades que a economia mundial pode oferecer às empresas portuguesas e perceber o impacto que a crise europeia teve a nível mundial. É hoje claro que as economias ocidentais foram muito afectadas nos últimos quatro anos. Mais a Europa que os Estados Unidos. E os mercados emergentes foram muito menos afectados. E é preciso que as empresas tenham esta realidade Tenho a expectativa que chegaremos ao final do ano com um ritmo de crescimento das exportações muito positivo. presente. Hoje encontramos duas grandes áreas de dinamismo: a Ásia (quer o Extremo Oriente, quer o Médio Oriente e, nomeadamente, as economias do Golfo) e a América do Sul. Falo de países como o Chile, o Peru, a Colômbia, o México ou o Panamá. Mas também a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos ou o Qatar; a China, a Indonésia ou o Japão. O Japão, em particular, é um mercado maduro ao qual Portugal não tem dado a atenção que pode e deve dar. Numa óptica de diversificação dos mercados de destino das nossas exportações, que lugar ocupam o continente africano e os países latino-americanos? Aqui destacaria dois factores que nos tornam diferenciadores no mundo: a língua portuguesa e a posição geoestratégica de Portugal. Estes dois factores contribuem muito para a captação de investimento mas são claramente oportunidades paras as nossas empresas também se expandirem. São mais de 250 milhões os habitantes do nosso planeta que utilizam a língua portuguesa como forma de comunicar não só na sua família e no seu país. Utilizam-na também no seu dia-adia nas empresas, nos negócios, no estabelecimento de relações comerciais com parceiros de outros países. São mais de 250 milhões de pessoas que representam um mercado de consumo muito relevante e que, em conjunto com as mais de um milhão de empresas, detêm um PIB superior a 2,5 biliões de dólares, ou cerca de 4 por cento do produto gerado a nível mundial. Quanto ao posicionamento geoestratégico de Portugal, somos hoje uma economia europeia com acesso privilegiado a mercados africanos e latino-americanos relevantes um acesso que é baseado na nossa posição geoestratégica, na 8 // Junho 14 // Portugalglobal

ENTREVISTA qualidade do nosso sistema científico e universitário, das nossas infra-estruturas de telecomunicações e logística, numa ampla gama de fornecedores e empresas de referência e, é claro, nos laços históricos e culturais existentes com vários destes países, que são países de língua oficial portuguesa. Cada vez mais os nossos empresários procuram mercados com crescimentos económicos dinâmicos onde possam colocar os seus produtos. cursos humanos no nosso país. Mais recentemente, a relação entre a EDP e a China Three Gorges é uma indiscutível parceria de referência. E poderíamos também mencionar as conhecidas joint-ventures entre a REN e a State Grid, e entre a Caixa Seguros e a Fosun. Ou a recentemente assinada em Xangai, entre a Sonae Sierra e a CITIC Capital, entre outras. No que respeita ao comércio externo entre os dois países, também podemos constatar que muito se desenvolveu nos A China começa a tornar-se um parceiro económico relevante de Portugal, seja em matéria de exportações, seja de investimento directo. Que balanço faz da recente missão que efectuou à China? A China é hoje um parceiro económico incontornável e inquestionável. Mas esta relação não é uma história assim tão recente. Ao longo dos últimos 10 anos, as nossas relações com a China e, mais concretamente, ao nível do investimento, são relações de sucesso. Para citar apenas alguns, a Huawei, uma empresa que está presente em Portugal há 10 anos, e que duplicou a receita resultante da sua actividade global em 5 anos, é um bom exemplo de crescimento e continua a recrutar reúltimos anos. As exportações chinesas para Portugal têm registado uma taxa média de crescimento anual de 7 por cento desde 2009. E as exportações portuguesas para a China têm vindo a aumentar a um ritmo ainda mais intenso (média anual de 41 por cento). Em conjunto, o comércio de Portugal com a China ascendeu a cerca de 2 mil milhões de euros em 2013. No entanto, há ainda uma enorme margem de progressão entre os dois países e as suas empresas, em ambas as vertentes. E foi neste quadro de oportunidades que recentemente o Sr. Presidente da República esteve na China, numa missão em que eu tive a oportunidade de participar. Para se ter uma ideia da relevância que a China dá a Portugal, este ano apenas dois chefes de Estado foram convidados para visitar a China. Um deles foi o Sr. Presidente da República Portuguesa. A AICEP tem celebrado diversos acordos com várias instituições chinesas, como os recentemente assinados com o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) e com a China Council for the Promotion of International Trade (CCPIT). Nesta visita foi possível constatar que Portugal e China estão muito comprometidos com a promoção das relações bilaterais económicas entre os nossos dois países. E existe confiança mútua, o que representa um bem precioso nesta matéria. O investimento é outra das importantes áreas de actuação da Agência. Que aspectos apontaria como fundamentais para aumentar a captação de fluxos de investimento para Portugal, nomeadamente em termos de legislação? E quais os sectores que deverão ser alvo de maior promoção neste sentido? Nós queremos que quem invista em Portugal cumpra essencialmente dois objectivos: criação de emprego e aumentar a competitividade da nossa economia. Assim, não fechamos Portugalglobal // Junho 14 // 9

ENTREVISTA a porta a nenhum sector que apresente um projecto competitivo que crie emprego. Temos hoje em vigor em Portugal uma reforma da tributação directa sobre as empresas, isto é, do regime de IRC, que deve ficar completa até 2018, e com a qual se prevê que o país ofereça um dos mais competitivos regimes de IRC da União Europeia, não só ao nível da taxa (que se prevê possa atingir 17 por cento em 2018, face aos actuais 31,5 por cento), mas ao nível de várias outras vertentes do O novo quadro comunitário Portugal 2020 está muito vocacionado para a aposta na competitividade e internacionalização das empresas. imposto. Ao mesmo tempo, Portugal convergiu para a média da OCDE no que concerne à flexibilidade do mercado de trabalho; e a economia portuguesa é hoje a sétima menos restritiva da UE-28 no que diz respeito à Regulação do Mercado de Produtos. Foi também iniciada uma reforma do sistema judicial que fará com que a nossa justiça seja mais célere e mais confiável no futuro pelos investidores. Têm sido dados passos importantes na desburocratização das Administrações Públicas, como prova o facto de os dados comparáveis do Banco Mundial revelarem que, em média, abrir uma empresa em Portugal demora cerca de dois dias e meio, sendo que apenas é necessário um procedimento para se registar uma propriedade. Em suma, Portugal é hoje um país mais competitivo, mais sustentável e mais integrado na economia global. Portugal é um país que oferece um sistema científico e universitário de qualidade, redes de infra-estruturas de telecomunicações e logística de topo, e uma ampla gama de fornecedores e empresas de referência. E há mais alguns factores que me parecem relevantes como: os apoios financeiros: a economia portuguesa tem hoje ao dispor das empresas um empréstimo sem juros até 7 anos, com período de carência de 3 anos; Conversão do empréstimo em subvenção, mediante o cumprimento dos objectivos contratuais, até 75 por cento do incentivo financeiro; os incentivos fiscais: crédito fiscal às empresas até 20 por cento do investimento; Isenção de impostos locais; Isenção de imposto do selo; Incentivos fiscais em I&D (SIFIDE II); as bolsas de formação: algumas despesas de formação são elegíveis para uma taxa base; aumento de 10 por cento para fora da região de Lisboa e para trabalhadores desfavorecidos; e, na criação de emprego, os incentivos salariais: subvenção de até 20 por cento dos custos salariais decorrentes da criação de emprego; isenção até 36 meses ou redução até 50 por cento das contribuições sociais na contratação de pessoas à procura do primeiro emprego e desempregados. Quais são as prioridades para o novo quadro comunitário de apoio às empresas? O que podem esperar as PME portuguesas? Os fundos europeus são um instrumento essencial para incentivar e transformar o crescimento da economia, muito em particular nas exportações cumprindo o desígnio nacional que Portugal abraçou: estimular o crescimento económico de forma sustentável para a promoção do emprego. Pelo que tenho conhecimento o novo quadro comunitário Portugal 2020 está muito vocacionado para a aposta na competitividade e a internacionalização das empresas, concentrando mais de 40 por cento das verbas neste domínio e alterando o paradigma do quadro anterior que era muito focado em infraestruturas. O quadro de programação Portugal 2020 está assente em quatro eixos temáticos essenciais: competitividade e internacionalização, capital humano, inclusão social e emprego e sustentabilidade e eficiência no uso dos recursos. Que balanço gostaria de poder fazer, daqui a um ano, sobre a actuação e os resultados conseguidos pela AICEP? Hoje estamos todos comprometidos em aumentar a competitividade e estimular o crescimento económico de forma sustentável para a promoção do emprego. Este é o desígnio nacional ao qual a AICEP também está comprometida e, portanto, espero que daqui a um ano a AICEP possa ter contribuído para este desígnio com mais exportações e mais investimento. BREVE PERFIL Miguel Frasquilho, 48 anos, é Mestre em Teoria Económica (Universidade Nova de Lisboa) e Licenciado em Economia (Universidade Católica Portuguesa). O Presidente da AICEP foi Deputado à Assembleia da República pelo PSD, Vice-Presidente do Grupo Parlamentar e Vice-Presidente da Comissão Parlamentar de Acompanhamento das Medidas do Programa de Assistência Financeira a Portugal. No Parlamento, participou também na Comissão de Reforma do IRC, cujos trabalhos decorreram entre Janeiro e Julho de 2013. Do seu percurso profissional fazem parte o cargo de Secretário de Estado do Tesouro e das Finanças no XV Governo Constitucional, bem como o de Director-Coordenador do Departamento Espírito Santo Research. Foi ainda docente de diversas disciplinas de Economia e Métodos Quantitativos na Universidade Católica Portuguesa e na Universidade Nova de Lisboa. Miguel Frasquilho é autor do livro As Raízes do Mal, a Troika e o Futuro (2013) e co-autor dos Livros Portugal Europeu? (2001), Produtividade e Crescimento em Portugal (2002), 4R Quarta República (2007), As Farpas da Quarta (2009), e Portugal e o Futuro Homenagem a Ernâni Lopes (2011). 10 // Junho 14 // Portugalglobal

DESTAQUE - MERCADOS CPLP AS ECONOMIAS DO MUNDO LUSÓFONO A matriz deste destaque sobre a lusofonia e os países e mercados da CPLP teve origem na Conferência Internacionalização das Economias, organizada e promovida pela AICEP, que decorreu em Lisboa, nos dias 3 e 4 de Junho, reunindo, numa dinâmica de debate e encontro, empresas e organizações dos países lusófonos, bem como representantes dos respectivos governos e corpos diplomáticos. Para além de textos sobre a importância da CPLP, bem como sobre o vasto âmbito da lusofonia e a importância da língua portuguesa no mundo, foram ainda incluídas sínteses de seis estudos apresentados durante a Conferência sobre as economias e relações bilaterais lusófonas, tendo como principais actores Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, tendo-se reservado Portugal, como país e mercado, e pai da lusofonia, não só ao papel de promotor do evento, mas também de dinamizador do universo CPLP, cuja importância estratégica, no mundo global, é cada vez mais reconhecida por todos. 12 // Junho 14 // Portugalglobal

DESTAQUE CPLP UM ESPAÇO ESTRATÉGICO PARA PORTUGAL POR JOÃO PROENÇA, ASSESSOR DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DA AICEP Um dos vectores estratégicos para o futuro do nosso país passa pela capacidade de saber utilizar na sua plenitude as potencialidades do mundo lusófono. Unem-nos aos vários países de língua portuguesa laços históricos, políticos, económicos, sociais e culturais. Portugal soube compreender esta dimensão e por isso esteve na primeira linha da criação da CPLP. A língua é, sem dúvida, um instrumento fundamental de aproximação entre os povos, e é por isso um meio privilegiado que permite aprofundar relacionamentos bilaterais em áreas diversas. Passaram 15 anos. Hoje, o Brasil, Angola e Moçambique surgem como países e economias emergentes, com crescimentos acelerados e robustos do PIB. E Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau e Timor-Leste, por sua vez, são países com graus de desenvolvimento diferentes e assentes em potencialidades diversas, é certo, mas todos têm um ponto em comum: continuam a manter relações de profunda amizade com Portugal. As nossas relações comerciais e de investimento têm crescido a um ritmo muito superior à média e a internacionalização da economia portuguesa tem passado, em larga medida, por este espaço lusófono. Na realidade, a nossa cooperação política, económica, social e cultural está na primeira linha das nossas prioridades. Por outro lado, muitos empresários, trabalhadores e quadros portugueses deslocam-se para estes países, onde vêem grandes perspectivas de futuro. E aumenta também o investimento em Portugal deles proveniente. Assim, a Comunidade CPLP tem no nosso país um papel fundamental em termos de cidadania, trabalho e criação de riqueza. Não deve surpreender, pois, que a recente Conferência sobre Internacionalização das Economias no Espaço Lusófono, promovida pela AICEP, tenha trazido a Portugal mais de 200 empresas e que Hoje, o Brasil, Angola e Moçambique surgem como países e economias emergentes, com crescimentos acelerados e robustos do PIB. E Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau e Timor-Leste, por sua vez, são países com graus de desenvolvimento diferentes e assentes em potencialidades diversas, é certo, mas todos têm um ponto em comum: continuam a manter relações de profunda amizade com Portugal. tenha interessado, pelos negócios no espaço lusófono, mais de 600 empresas portuguesas, maioritariamente PME. Nesta Conferência promoveram-se contactos bilaterais e os Bancos patrocinadores apresentaram estudos sobre a realidade e as potencialidades de cada país. A Conferência contou ainda com o inte- resse de organizações diversas associações empresariais, universidades, cidades e outras entidades e associações. A participação de membros do Governo, dos Embaixadores, do Secretário Executivo da CPLP e de representantes de várias entidades dos países CPLP permitiu um debate ao mais alto nível e o aprofundar das relações, sobretudo na área económica. O Presidente da AICEP apresentou linhas de orientação para o futuro que permitirão aprofundar esta relação. Destaco a chamada de atenção para a importância do português como uma das línguas mais importantes do mundo, com interesse crescente a nível internacional; para o crescimento das relações comerciais, nos últimos anos, nas mais diversas áreas e com grande potencial de crescimento; em como surgem oportunidades de investimento em novas áreas, nomeadamente originadas pelo aumento dos recursos naturais conhecidos. De realçar a intervenção da AICEP, cada vez maior, no aprofundamento dessas relações, pois muito resta por fazer, como foi geralmente reconhecido. No futuro, há que ter bem presente o papel que Portugal poderá desempenhar como ligação à União Europeia, espaço regional que é o maior importador e exportador a nível mundial, e a capacidade relevada pelas nossas empresas, hoje presentes em todos os países CPLP, onde investem capital português e oferecem Portugalglobal // Junho 14 // 13

DESTAQUE produtos e serviços diversificados e de qualidade. E há que ter claramente presente o papel de empresas com capital de países lusófonos em Portugal, com grande capacidade de crescimento. Ainda nesta óptica de relações com os países da CPLP, são de enfatizar as potencialidades do nosso sistema de Ensino Superior e Ciência, que está a explorar novos caminhos de cooperação e a crescente presença de quadros portugueses no estrangeiro, muitos deles com grande experiência internacional, bem como o reforço do intercâmbio em curso. Discute-se hoje, e tal estará presente na Cimeira de Julho da CPLP, em Díli, o futuro desta organização. É uma discus- Na área económica têm sido dados passos para ultrapassar barreiras que dificultam as trocas comerciais e os investimentos, de carácter técnico, administrativo, aduaneiro e outras. Mas a experiência ensina-nos, mesmo a nível da União Europeia, que as mesmas continuarão sempre a existir, mesmo que a um nível mais mitigado. Há hoje também experiências extremamente ricas de parcerias económicas, com a criação de empresas de capitais mistos, que demonstraram uma grande capacidade de crescimento. Nas áreas dos bens de consumo e investimento, do turismo, dos serviços, da agricultura e pescas, das infra-estruturas, do sector financeiro e em tantas outras, o nosso LUSOFONIA UM UNIVERSO DE OPORTUNIDADES NUMA LÍNGUA COMUM POR ARMINDO RIOS, DIRECTOR DO ESCRITÓRIO DA AICEP EM CABO VERDE são muito importante para todos nós. Estarão certamente em cima da mesa tópicos fundamentais como o papel da língua, a potenciação da utilização conjunta de certos recursos, nomeadamente na área energética e dos oceanos, a ultrapassagem dos obstáculos à internacionalização das economias, particularmente na área CPLP, com crescente dimensão política, social e cultural. Cada país tem a sua estratégia de desenvolvimento no curto e no médio prazo, e interesses próprios a defender, e as suas parcerias, a nível internacional, são necessariamente diversificadas. Mas todos teremos a ganhar se soubermos utilizar na sua plenitude a língua comum, o conhecimento mútuo das capacidades e das potencialidades de cada país e as relações entre os nossos povos. 14 // Junho 14 // Portugalglobal país tem empresas, produtos e conhecimento, recursos humanos e de investimento, que lhe permitem um reforço ainda maior e mais acelerado das relações económicas e sociais. Há que aprofundar os laços bi e multilaterais, assentes nos princípios do respeito, igualdade e solidariedade, em que é fundamental o papel das empresas, comunidade de empresários, trabalhadores e quadros. Mas também há que ter sempre presente as boas relações entre os nossos povos e o papel da sociedade civil. É sempre de destacar o papel fundamental das nossas Embaixadas e dos Serviços da AICEP nelas integradas, cuja cooperação na realização da Conferência sobre Internacionalização das Economias importa salientar e agradecer. A lusofonia é uma comunidade de países alicerçada em séculos de laços históricos e na partilha de uma língua falada por mais de 250 milhões de pessoas, encontrando-se inserida em diversos espaços regionais, como sejam a UE, CEDEAO, SADC, MERCOSUL e ASEAN. Com milhões de quilómetros quadrados de mar, pois todos os países lusófonos são costeiros, e com economias em diferentes patamares, umas em crescimento, outras emergentes, sendo o seu tecido empresarial constituído maioritariamente por micro, pequenas e médias empresas, e por amplos sectores informais. Ao contrário dos habituais espaços regionais contíguos, esta comunidade está espalhada pelo globo, o que no entanto não impede a sua coesão e a sua viabilidade em termos económicos.

DESTAQUE Apesar desta dispersão geográfica, a evolução rápida das TIC, o transporte marítimo cada vez mais célere e com centenas de contentores por navio, bem como o transporte aéreo com redes cada vez mais densas e ágeis, fazem com que a circulação de matériasprimas, produtos, serviços e pessoas deixe de ser uma limitação e passe a ser um simples elemento de gestão dos processos produtivos e comerciais. No conjunto desta comunidade alargada, constituída por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, existe petróleo e gás em abundância, terra e água para produção de alimentos, mar para produção pesqueira e investigação, instituições reputadas de inovação e ciência (algumas bem classificadas em rankings mundiais), florestas para protecção do ambiente e energias renováveis em expansão, centros de tecnologias de informação e comunicação ligados a redes universitárias, bem como centros de excelência na saúde, educação e governação. Neste contexto, e no sentido de explorar o potencial destes recursos de forma integrada, torna-se necessário acelerar a troca de informação, desenvolver conhecimentos e competências e colocar os centros de investigação das universidades, e não só, a trabalhar com as empresas para deste modo melhorar a sua produtividade, qualidade e inovação, e acelerar a sua internacionalização. A integração financeira, no sentido de facilitar os negócios no âmbito da comunidade dos países lusófonos, é também outro objectivo a alcançar. A internacionalização das empresas Como áreas a explorar no futuro, serão de privilegiar o Mar, a Energia e a qualificação dos Recursos Humanos, pilares fundamentais nos quais poderão assentar no futuro todas as políticas de integração e desenvolvimento no universo lusófono. cerias, embora em patamares diferentes no caso de Portugal e Brasil. Quanto às empresas angolanas, também já existem nestas sinais claros de aposta neste processo de internacionalização, como demonstra o investimento angolano em Portugal e Cabo Verde. Paulatinamente as empresas dos restantes países lusó- A abordagem integrada destes mercados, numa óptica de interesse estratégico por parte das empresas de cada país, já levou à criação de significativas parfonos deverão iniciar esta estratégia de negócios internacionais. Como explorar na prática o interesse e a natural apetência por estes mercados, utilizando o conhecimento disponível? Existe informação sobre os mesmos na AICEP, nos relatórios específicos do Banco de Portugal e de outros bancos que estão instalados nesses países, cuja legislação é em muitos casos semelhante e se encontra acessível (www. legis-palop.org). Além disso, a RTP África, a RDP África e outros meios de comunicação permitem um actualizado conhecimento político, económico e social da realidade lusófona, muito superior, por exemplo, ao que podemos dispor sobre a Indonésia, o Uruguai ou o Gana. Por outro lado, existem comunidades de cidadãos de países lusófonos instaladas noutros espaços da lusofonia: caboverdianos em Portugal, brasileiros em Angola, portugueses em todos, ou seja, uma presença plural que contribui para produzir e disponibilizar conhecimento, informação actualizada e recursos técnicos a que podem aceder as empresas que vão chegando aos mercados. O acesso aos mercados O sucesso da entrada nos mercados lusófonos dependerá obviamente das características da empresa e dos seus Portugalglobal // Junho 14 // 15

DESTAQUE produtos ou serviços, mas também do conhecimento, experiência e agilidade que esta adquira na abordagem do mercado em matéria de circuitos de distribuição, direitos de importação, transportes e logística, regras de circulação internacional de pessoas, tipos de sociedade que são favorecidas pela legislação, custos de contexto, impostos, benefícios fiscais e as regras de circulação de capitais. A facilidade do contacto através da língua comum, a utilização da rede da diáspora e a cooperação entre instituições dos vários países (administração, universidades, geminações de cidades) permitem sem dúvida uma tomada de decisão em tempo útil sobre o tipo de acesso, as parcerias a desenvolver e o ritmo de internacionalização da empresa. Aqui é importante referir que a maioria dos países lusófonos beneficia de financiamentos de instituições financeiras multilaterais (UE, Banco Mundial, Banco Africano para o Desenvolvimento) e bilaterais (Instituto Camões, MCA, Luxdevelopment, USAID), o que dá origem a concursos públicos que permitem aceder ao mercado com risco reduzido. Em matéria de risco, este terá de ser medido analisando as formas de pagamento, os seguros existentes, os câmbios e a informação da COSEC e dos bancos sobre a realidade dos negócios e a evolução recente da economia de um dado país e as suas perspectivas de crescimento e estabilidade. A diversidade nesta matéria é a regra, pelo que a convergência qualitativa de um conjunto vasto de informações é, a priori, essencial para reduzir os riscos. É de considerar que a disponibilidade de divisas é um problema sistémico de vários países lusófonos, situação que no entanto tem melhorado substancialmente nos últimos anos graças ao investimento na exploração dos recursos naturais (minerais e energéticos) disponíveis na maioria desses mercados. Também os riscos legais e regulatórios diminuem na medida em que a governação de cada país se torne mais previsível, o que genericamente tem vindo a acontecer. 16 // Junho 14 // Portugalglobal Competitividade e concorrência Os negócios no espaço lusófono têm nas marcas, nos métodos de promoção e na política de preços os seus elementos essenciais. É de referir que existem marcas que circulam nos países da lusofonia e que neles são reconhecidas, por vezes, durante gerações, como é o caso da Sumol+Compal, Super Bock, Laurentina, Azeite Galo, Casal Garcia, Unitel, Maçarico, Cuca, Água das Pedras, Sagres, TAP, entre outras. Assim, é oportuno sublinhar que os modelos de promoção estão estreitamente ligados à cultura e formas de viver de cada país, as quais devem ser do conhecimento dos empresários que investem no espaço lusófono. Contudo, é preciso que seja levado em conta o facto de ainda existirem no mundo da lusofonia milhões de excluídos pela pobreza e que, portanto, para esses cidadãos com menos recursos o factor preço é crucial. Mas, por outro lado, já existem, em número crescente, milhões de jovens pertencentes a camadas da população com mais recursos, com apetência para produtos de marca com qualidade e inovação, bem como uma classe média em ascensão para quem o rácio qualidade-preço é o elemento decisivo para a compra. Na óptica da estratégia de sucesso do negócio, é de ter em conta o facto de que em alguns mercados da lusofonia o elemento comum é a informalidade de muitos negócios, o que constitui um factor de concorrência potencialmente desleal para o investimento dos restantes empresários, além de contribuir para a diminuição da base fiscal das respectivas economias, penalizar a vulnerabilidade dos orçamentos de Estado, e não reduzindo a dependência da ajuda pública ao desenvolvimento. Vários governos lusófonos estão, no entanto, a criar condições para formalizar gradualmente os negócios informais, mas essas políticas só poderão ter sucesso a médio prazo e dependem da criação de emprego e da valorização dos recursos humanos. Neste âmbito, o papel das organizações da sociedade civil é claramente relevante. Estas desempenham e desempenharão um papel essencial no reforço das parcerias e dos princípios de actuação comuns, os quais conduzirão à criação de massa crítica para desenvolver projectos e para fazer chegar aos cidadãos a motivação e o dinamismo necessários para promover o empreendedorismo e a criação de riqueza a todos os níveis. Neste sentido, o papel da UCCLA, da Confederação Empresarial da CPLP e da União de Bancos, Seguradoras e Instituições Financeiras da CPLP, constituem algumas das boas práticas e casos de sucesso que devem ser enfatizados. Como áreas a explorar no futuro, serão de privilegiar o Mar, a Energia e a qualificação dos Recursos Humanos, pilares fundamentais nos quais poderão assentar no futuro todas as políticas de integração e desenvolvimento no universo lusófono.

DESTAQUE PORTUGUÊS NO MUNDO FACTOR DE IDENTIDADE, CULTURA E NEGÓCIOS MINHA PÁTRIA É A LÍNGUA PORTUGUESA FERNANDO PESSOA Falado por 244 milhões de pessoas em todo o mundo, o português é a sexta língua mais falada no planeta, a sexta do mundo mais utilizada nos negócios, sendo a quinta mais usada na Internet - depois do chinês (mandarim), hindi, espanhol, inglês e bengali - tendo sido adoptado por oito países como língua oficial, o que fez dele uma das poucas línguas universais do século XXI. É também a língua mais falada no hemisfério sul e só no Brasil os falantes de português ultrapassam os 200 milhões. Os países da lusofonia representam um vasto universo de falantes do português que abrange todos os continentes, constituindo uma realidade detentora de uma enorme diversidade e riqueza em matéria de culturas e de produções culturais. Dada a enorme dispersão da emigração portuguesa, e actualmente da brasileira, não é difícil encontrar um falante de português em qualquer parte do mundo, mesmo nas geografias mais remotas. Por outro lado, a língua, como elemento unificador, tem a vários níveis um forte impacto nas economias, nomea- damente na promoção da globalização empresarial, na potenciação das trocas comerciais, no desenvolvimento das relações políticas e sociais, bem como no intercâmbio de ideias e no fluxo de pessoas. A identidade cultural entre os falantes de língua portuguesa recebeu o nome de Lusofonia. De acordo com o Observatório da Língua Portuguesa, o idioma português é falado nos cinco continentes, o português é a língua oficial de oito países: Angola (19,8 milhões de habitantes), Brasil (201 milhões), Cabo Verde (496 mil), Guiné-Bissau (1,5 milhões), Moçambique (23,3 milhões), Portugal (10,6 milhões), São Tomé e Príncipe (165 mil) e Timor-Leste (1,1 milhões). Contudo, só nos casos de Portugal e do Brasil é contabilizada toda a população como falante de português. Em Timor- Leste apenas 20 por cento dos habitantes fala português, enquanto na Guiné- Bissau são 57 por cento, em Moçambique (60 por cento), em Angola (70 por cento), em Cabo Verde (87 por cento) e em São Tomé e Príncipe (91 por cento), revelam os dados do Observatório. Portugalglobal // Junho 14 // 17

DESTAQUE Também o português é considerado como um dos dez idiomas estrangeiros mais importantes nos próximos 20 anos no Reino Unido, segundo um estudo do instituto British Council. Os autores do estudo Languages for the Future (Línguas para o Futuro), de 2014, destacam a utilização do português como língua de trabalho da União Europeia (UE) e em outros organismos internacionais, como a Organização dos Estados Ibero-americanos, União Africana, Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral e a União das Nações sul-americanas, mas também o facto de a língua portuguesa ser o quinto idioma mais utilizado na Internet. Segundo o ranking da norte-americana Bloomberg, incluído num estudo intitulado Línguas Estrangeiras Mais Usadas em Negócios, que analisou 25 línguas de todo o mundo (excluindo o inglês), entre as línguas mais faladas nos negócios em primeiro lugar ficou o mandarim, a língua oficial da China, que é falado por 845 milhões de pessoas, é a segunda língua do mundo mais utilizada no meio empresarial, depois do inglês. Logo a seguir ficou o francês, que é falado por 68 milhões de pessoas em 27 países, e o árabe, seguindo-se o espanhol, que é falado em 20 países e 18 // Junho 14 // Portugalglobal utilizada por cerca de 153 milhões de utilizadores na Internet. Neste ranking da Bloomberg, o português, que é utilizado em oito países como língua oficial permanente, alcançou o sexto lugar, tendo uma dimensão na web que chega a alcançar os 82 milhões de utilizadores. O português, como outros idiomas universais modernos, atingiu e fixou-se inicialmente em vários lugares do mundo pela via da regionalização do espaço mundial que teve origem na expansão mercantilista e colonial que vários países europeus iniciaram a partir do século XV. No caso da expansão portuguesa no mundo, e da respectiva língua, que se iniciou na mesma época, esta teve por base rotas marítimas de cunho estratégico (já que as rotas continentais lhe estavam vedadas) que se estenderam do continente africano ao oriente (demanda de que fez parte o caminho marítimo para a Índia), e do continente europeu às Américas, movimento de expansão pelo mundo ou Descobertas através das qual os portugueses fundaram comunidades em diferentes continentes tendo como língua unificadora o português. Assim, a língua portuguesa foi levada para os quatro cantos do mundo a partir do século XV, com a expansão comercial e a colonização por via marítima. Hoje, o idioma de Camões é a língua oficial em oito países: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, além de territórios autónomos, como é o caso de Macau, na China, e regiões as quais tiveram grande influência portuguesa, como Zanzibar e Tanzânia, em África; Malaca na Malásia e a chamada Índia Portuguesa formada por Goa, Damão, Ilha de Angediva, Simbor, Gogolá, Diu, Dadrá e Nagar-Aveli, na Ásia. O Brasil é o mais importante país lusófono, com uma população que ultrapassa já os 200 milhões de habitantes (segundo estimativas do Economist Intelligence Unit) e, em África, o português é a língua oficial e a primeira língua materna de cinco países (Angola, Cabo Verde, Guiné- Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe), sendo que Angola e Moçambique exercem papel de grande importância no contexto africano e mundial. Na Europa, Portugal é um país com relevância quer pela sua História quer pela sua actual participação nos assuntos europeus, bem como pelos laços que mantém com os seus ex-territórios ultramarinos, detendo, apesar da sua dispersão global, uma total homogeneidade linguística. Na realidade a presença da língua portuguesa na Europa não se restringe a Portugal, uma vez que por motivo da intensa emigração em décadas passadas, foram constituídas importantes comunidades portuguesas que participam actualmente da vida económica, social, cultural e política de inúmeros países europeus, tais como França, Suíça, Luxemburgo, Alemanha, entre outros. Assim, as comunidades portuguesas cerca de 4,9 milhões de portugueses emigrantes e luso-descendentes espalhados no mundo fazem com que a língua portuguesa e a presença de comunidades portuguesas no mundo constituam importantes activos ao dispor do tecido empresarial português, conferindo-lhe vantagens comparativas e competitivas muito relevantes quando se trata da abordagem aos mercados.

AICEP INFORMAÇÃO ESPECIALIZADA ONLINE Portugalnews Promova a sua empresa junto de 19 mil destinatários em Portugal e nos mercados externos. NewsRoom Para uma divulgação em mercados internacionais, conta com a newsletter semanal em língua inglesa e/ou francesa. Fique a par da actividade da Agência no país e no exterior, conheça os casos de sucesso de empresas portuguesas e os artigos de especialidade económica. Esteja sempre informado com o clipping diário da imprensa nacional e estrangeira. Subscreva as nossas newsletters. Registe-se!

DESTAQUE - MERCADOS MERCADOS DE OPORTUNIDADE Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, um conjunto de países lusófonos vistos na óptica do desenvolvimento, da internacionalização e dos sectores de oportunidade nas áreas da cooperação, do comércio e do investimento, bem como do relacionamento económico de cada um deles com Portugal, numa breve análise efectuada a partir dos estudos elaborados pelos bancos Caixa Geral de Depósitos, Espírito Santo Research (BES), Millennium bcp e Banco BIC no âmbito da conferência Internacionalização das Economias. 20 // Junho 14 // Portugalglobal