A IMPORTÂNCIA DO MATERIAL BILINGUE PARA FORMAÇÃO DO PROFESSOR Débora Rebeca da Silva Santos 1 Rennan Andrade dos Santos 2 Bárbara Amaral Martins 3 Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - Campus do Pantanal Eixo Temático: Formação de professores na perspectiva inclusiva 1. Introdução O presente artigo visa apresentar um relato de experiência com a produção de materiais pedagógicos bilíngue feito pelos acadêmicos dos cursos de licenciatura do Campus do Pantanal, durante a disciplina Estudo de LIBRAS- Língua Brasileira de Sinais. Torna-se necessário esclarecer, primeiramente, o que defendemos como material pedagógico e como este contribui para o processo ensino-aprendizagem. Segundo BRASIL (2007) materiais e equipamentos didáticos são todo e qualquer recurso utilizado em um procedimento de ensino, visando à estimulação do aluno e a sua aproximação do conteúdo. Nesse sentido, é o material que auxilia a aprendizagem dos alunos, de quaisquer conteúdos, intermediando os processos de ensino-aprendizagem intencionalmente organizados por educadores na escola ou fora, dela auxiliando este em sua prática pedagógica. O Decreto 5.626, de 22 de dezembro de 2005, foi primordial para educação inclusiva dos surdos no ensino regular, pois a partir dele, a Língua Brasileira de Sinais, já reconhecida pela Lei nº 10.435/02, foi regulamentada tornando obrigatória a inclusão do Estudo de Libras como disciplina curricular, sendo de papel fundamental nos cursos de formação de professores. Neste mesmo Decreto, em seu Artigo 5, salienta que a formação de professores para o ensino de Libras deve realizar-se nos cursos de pedagogia, onde a língua portuguesa escrita e 1 Acadêmica do curso de Pedagogia, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Campus do 2 Acadêmico do curso de Pedagogia, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Campus do 3 Mestre e doutoranda em Educação pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Campus de Marília. Docente do curso de Pedagogia, Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, Campus do
Libras viabilizem a formação bilíngue, sendo assim, a disciplina visa preparar o professor para que recebam alunos surdos nas classes comuns. Desse modo, nosso objetivo é pautado em discutir e analisar a importância do material bilíngue na formação de professores para educação inclusiva, percebida a partir da disciplina Estudo de Libras no qual foram confeccionados materiais que promovessem uma conexão entre língua Portuguesa escrita e Libras. Palavras chaves: Formação De Professores, Material Bilíngue, Educação Inclusiva. 2. Desenvolvimento Com intuito de analisar a importância que o material bilíngue tem para a formação do professor, pode-se primeiramente, perceber a importância da língua brasileira de sinais no ensino regular, pois como afirmam Dizeu e Caporali (2005), para o surdo, a libras auxilia no processo educacional, cultural e social desses alunos, sendo assim fundamental para o seu desenvolvimento em plenitude. Portanto, por meio da disciplina Estudos de Libras, tivéssemos a oportunidade de construir materiais pedagógicos que favorecessem a inclusão dos alunos surdos e de sua língua na realidade escolar. Durante a referida disciplina, ministrada pelo professor Mauricio Loubet, foram confeccionados esses materiais bilíngues, de modo que foram construídos jogos pedagógicos com o objetivo de facilitar a aprendizagem do aluno com surdez. Além de proporcionar a aprendizagem do aluno, enriquecem o currículo do futuro profissional da educação, preparando-o para receber e incluir o aluno surdo em classes comuns. Para a prática de confecção dos materiais, dividiu-se a turma do 6 semestre em duplas. Ao decorrer desse processo de construção houve algumas dificuldades, tendo em vista que era a primeira vez que tínhamos essa experiência, porém essas dificuldades foram superadas. Construímos 15 jogos, sendo eles: jogo de memória, jogo da forca, sudoku, quebra cabeça, histórias infantis na língua portuguesa e de sinais. Conforme Damázio (2007), a utilização de recursos é válida para enfrentar as dificuldades na construção do processo educacional do aluno desde a educação infantil até a educação superior, sendo assim, o material bilíngue é um recurso primordial para essa construção. Dessa maneira, cabe ao professor proporcionar recursos que facilitem a inclusão
desse aluno no ensino regular, por isso, reforçamos novamente a importância do aprendizado a respeito da confecção de tais recursos durante a formação do professor. Portanto, percebemos que a utilização destes materiais ou recursos se torna fundamental na prática do professor, como afirma Silva; Geordini; e Menotti (s/d, p. 5-6) [...] os professores, no processo de organização das aprendizagens para os alunos são mediadores de sinais, de símbolos, de códigos, por isso, os materiais didáticos seriam os portadores de códigos ou ainda os facilitadores dos códigos a serem apropriados pelos alunos. (SILVA; GEORDINI; E MENOTTI, s/d, p. 5-6). No que se refere ao ensino regular, é necessário que esses materiais estejam presentes nas salas de Atendimento Educacional Especializado, que dentre as suas várias funções, promove por meio do material bilíngue, um aprendizado que favorece a compreensão do conteúdo estudado, como também maior apropriação de sua própria língua. Esse Atendimento Educacional Especializado se assemelha as salas de recursos multifuncionais, tendo em vista que essas salas também necessitam de alguém especializado para poder atender os alunos com alguma deficiência, onde nesse espaço o professor busca fazer relação com o conteúdo que se passa em sala de aula regular, facilitando a aprendizagem, assim como Damázio (2007) nos diz que: O planejamento do Atendimento Educacional Especializado em Libras é feito pelo professor especializado, juntamente com os professores de turma comum e os professores de Língua Portuguesa, pois o conteúdo deste trabalho é semelhante ao desenvolvido na sala de aula comum. (DAMAZIO, 2007, p. 27) Diante disso, apontamos que esses materiais não podem ficar restrito às salas de recursos multifuncionais, é preciso que haja um conhecimento por parte dos professores, mas de além de somente conhecer, ser capaz de usar esse material dentro da sala de aula, só assim a inclusão ocorrerá verdadeiramente. 3. Considerações finais Diante do exposto, percebe-se que o trabalho com a confecção de materiais bilíngues trouxe contribuições significativas a nossa formação como futuros educadores, além disso, ampliou a compreensão limitada que tínhamos acerca desse assunto. Salientamos que os materiais bilíngues não podem ficar restritos somente a sala de recursos multifuncionais,
assim se evidencia que conhecer e construir esses materiais é de fundamental importância para formação dos professores, e também para inclusão dos alunos surdos no contexto do ensino regular. Além disso, através de nossas experiências nos estágios e práticas durante o curso, ficou clara a ausência de materiais dessa natureza dentro dos ambientes educacionais. Se observarmos a prática escolar, vamos perceber que os materiais pedagógicos fazem parte do trabalho do professor na sua prática docente cotidiana, nessa direção constatamos que o material bilíngue não tem espaço dentro do contexto escolar. Isso é preocupante, visto que mesmo em salas que não há surdos, é importante a utilização desses materiais tendo em vista a familiarização das crianças com essa língua, o que facilitará um possível contato do mesmo com surdos. Com isso, é de extrema importância ao profissional aprender a confeccionar e utilizar de forma inclusiva e pedagógica esses materiais, pois o mesmo traz contribuições tanto para a prática pedagógica do educador como também para o aprendizado do aluno de forma geral. Nesse sentido, destacamos que muito pouco tempo foi destinado para pensar sobre os materiais bilíngues, sobre seu uso, sua importância e resultados no desenvolvimento e aprendizagem das crianças, isso exige do educador uma pesquisa e reflexão constante de sua prática em sala. Assim, desejamos que nosso trabalho desencadeie mudanças nas práticas pedagógicas dos professores, fazendo com que os mesmos vejam sob uma nova ótica o assunto.
Referências DAMÁZIO, Mirlene Ferreira Macedo. Atendimento Educacional Especializado: Pessoa com Surdez. São Paulo: MEC/SEESP, 2007. DIZEU, Liliane Correia Toscano de Brito.; CAPORALI, Sueli Aparecida. A língua de sinais constituindo o surdo como sujeito. Educação e Sociedade, Campinas, v. 26, n. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/es/v26n91/a14v2691.pdf. Acesso em: 01 abril 2016. SILVA, Evellyn Ledur da.; GIORDANI, Estela Maris.; MENOTTI, Camila Ribeiro. As tendências pedagógicas e a utilização dos materiais didáticos no processo de ensino e aprendizagem, Santa Maria s/d. Disponível em: http://www.histedbr.fe.unicamp.br/acer_histedbr/seminario/seminario8/_files/qmp2rpp.pdf. Acesso em: 01 abril 2016.