FATORES INTERVENIENTES QUE INFLUENCIAM PARA O AUMENTO DA OBESIDADE

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Transcrição:

FATORES INTERVENIENTES QUE INFLUENCIAM PARA O AUMENTO DA OBESIDADE RESUMO A obesidade é caracterizada como o acúmulo anormal de gordura que pode representar riscos a saúde. Diversos estudos dentro da literatura voltada à obesidade vêm classificando a mesma como doença multifatorial, isto é, podendo ser desencadeada por diversos fatores envolvendo aspectos biológicos, históricos, ecológicos, políticos, socioeconômicos, psicossociais e culturais. Tivemos como objetivo verificar a relação entre a obesidade, as práticas alimentares e estilo de vida de escolares dos anos finais do ensino fundamental dentro e fora do âmbito escolar. A pesquisa foi realizada na Escola Municipal Pedro Furtado, na cidade de Itamarati de Minas- MG, com alunos regulamente matriculado do 6º ao 9º ano do ensino fundamental. A amostra foi composta por 42 alunos, os quais foram avaliados no estado de sobrepeso e obesidade referentes ao que é indicado pela idade e sexo. De acordo com os resultados encontrados, concluiu-se que o fator que mais contribui para a obesidade é a ingestão incorreta de alimentos, pois o consumo de alimentos ruins é maior que o consumo de alimentos saudáveis. O número de alunos que praticam atividades físicas diariamente é maiores do que os que não praticam, chamando a atenção na relação entre os sexos masculinos (92%) e femininos (55%). Os resultados obtidos neste estudo deixam claro que o sedentarismo não é o principal fator a influenciar o aumento de peso, pois vimos em contrapartida os hábitos alimentares incorretos. Palavras chave: Sobrepeso. Escolares. Estilo de vida. Hábitos alimentares. Área temática: Ciências da Saúde - 252 -

1. Introdução O aumento de peso anormal apresenta-se como um problema agravante nos últimos anos em todo o mundo, tanto para crianças e adolescentes, quanto para os adultos. É definida segundo a Organização Mundial de Saúde (1998), como Doença na qual o excesso de gordura corporal se acumulou a tal ponto que a saúde pode ser afetada, demonstra a preocupação desta entidade com as possíveis consequências do acúmulo de tecido adiposo no organismo (LEÃO et al., 2003). O problema em questão vem crescendo em todo mundo, em todas as classes sociais e inúmeros estudos vêm comprovando seu crescimento de forma acelerada não só nos adultos, mas também em crianças, adolescentes e idosos, passando a ganhar status de epidemia global. A obesidade está associada a inúmeros problemas de saúde e ao risco de doenças crônicas, incluindo problemas cardiovasculares, hipertensão, asma, problemas músculoesquelético e diabetes tipo 2. (LOBSTEIN, et al., 2004, apud PEREIRA e SILVA, 2011). Ela é caracterizada como uma doença multifatorial, isso é, desencadeada por diversos fatores, tais como, genéticos, fisiológicos e metabólico, ou seja, há fatores relacionados ao estilo de vida e hábitos alimentares. Os alimentos ricos em calorias em excesso e a inatividade física, são os principais fatores relacionados ao meio ambiente (OLIVEIRA e FIBERG, 2003). Na população escolar, estudos tem identificados que o nível de prática de atividades físicas dos escolares e a qualidade da ingestão alimentar dentro e fora da escola, e fatores genéticos tem sido as principais causas da obesidade neste público. Logo, a intenção em realizar este estudo com escolares dos anos finais do ensino fundamental partiu do interesse em entender os diversos fatores que influem para que crianças e adolescentes se tornem obesas. Diante do exposto, o objetivo foi verificar a relação entre obesidade, as práticas alimentares e estilo de vida de escolares dentro e fora do âmbito escolar. Entendemos que este tema se configura de suma importância e irá possibilitar o levantamento preliminar de dados sobre a prevalência do sobrepeso em uma parte dos escolares do município de Itamarati- MG, podendo após sua conclusão, tornar-se instrumento para a realização de possíveis propostas em favor da educação física escolar. 2. Metodologia A pesquisa foi realizada em uma escola, na cidade de Itamarati de Minas- MG, com alunos regularmente matriculados no 5º ao 9º ano do ensino fundamental. A amostra foi composta por 42 alunos que foram avaliados o estado nutricional (sobrepeso e obesidade), de acordo com idade e sexo. Para inclusão do aluno n a pesquisa, foi avaliado o seu Índice de Massa Corporal (IMC) e elencados os que apresentavam sobrepeso e obesidade. A amostragem foi aleatória. Foram avaliados 42 estudantes acima do seu peso anormal, aferindo-se: consumo de alimentos, hábitos alimentares e atividade física. O IMC foi à variável dependente utilizada para avaliar e classificar os indivíduos a participarem da pesquisa. Os questionários de práticas alimentares e atividades físicas tiveram como objetivo determinar quais fatores influenciava para os resultados desta pesquisa. Os questionários foram digitados e tabulados em planilhas, utilizando o software Microsoft Excel, que, posteriormente, serviram de base para a geração de gráficos e tabelas. 3. Contextualização Teórica - 253 -

A obesidade é uma doença caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, que produz efeitos deletérios à saúde. (WANDERLE; FERREIRA, 2007) As consequências do aumento de gordura corporal são desastrosas, uma vez que, com o aumento da obesidade, várias doenças são também ampliadas, como a hipertensão arterial, o diabetes, as doenças articulares. (COUTO; SOUSA, 2012). O aumento da obesidade está paralelamente relacionado com a diminuição de atividade e com isso o aumento do sedentarismo. Isso decorrente ao estilo de vida da pessoa, modernização e violência. A intervenção dos pais nos hábitos da prática de atividade física na fase infantil tende a manter o gosto por ela até a fase adulta, diminuindo a chances de a criança virar um futuro sedentário. Já foi comprovada uma grande redução calórica através de uma diminuição das brincadeiras com o aumento do tempo assistindo televisão. (PEREIRA et al., 2003). O interesse na prevenção da obesidade infantil se justifica pelo aumento de sua prevalência com permanência na vida adulta, pela potencialidade enquanto fator de risco para as doenças crônico-degenerativas e mais recentemente pelo aparecimento de doenças como o diabetes mellitus tipo 2 em adolescentes obesos, antes predominante em adultos. Além disso, frequentes intervenções em crianças, principalmente antes dos 10 anos de idade ou na adolescência, reduzem mais a severidade da doença do que as mesmas intervenções na idade adulta, por que mudanças na dieta e na atividade física podem ser influenciadas pelos pais e poucas modificações no balanço calórico são necessárias para causar alterações substanciais no grau de obesidade. (LEÃO et al., 2003). 3.1. Sedentarismo A partir da década de 80 a comunidade científica de todo o mundo tem alertado exaustivamente a população sobre a redução dos níveis de atividade física que vêm ocorrendo na sociedade. Esse fenômeno ocorre independentemente do gênero ou raça e tem sido associado às mudanças culturais advindas do progresso tecnológico. Pode-se definir o sedentarismo como ausência de atividade física, sendo ela atleta ou não, que resulta em um gasto calórico diário muito baixo. Modernamente, a atividade física vem sendo estudada no sentido de consolidar um saber científico sobre a saúde coletiva. A vida sedentária é reconhecida, mais fortemente, como sendo importante fator contribuinte na ausência de saúde e morte precoce. A Organização Mundial da Saúde e a Federação Internacional do Esporte estimam que metade da população mundial seja inativa fisicamente. No Brasil, cerca de 60% dos brasileiros não praticam nenhum tipo de atividade física. (TOSCANO; EGYPTO, 2001) O sedentarismo é mais preocupante nas regiões com aumento da urbanização, violência, transporte e espaço público. Com isso, as atividades passaram a ser de acessos tecnológicos, como, jogos eletrônicos, computadores, decorrente de um baixo gasto calórico diário, aumentando assim as chances de adquirir um estado sedentário. Uma criança assiste, hoje, em média, a 27 horas de TV por semana, isso corresponde à sua principal ocupação, só sendo ultrapassada pelas horas de sono. Essas mudanças podem contribuir para o aumento da prevalência de diversas doenças crônicas (COUTO; SOUZA, 2012, apud ALVES, 2003). Nas últimas décadas, as crianças tornaram-se menos ativas, incentivadas pelos avanços tecnológicos. Uma relação positiva entre a inatividade, como o tempo gasto assistindo televisão, e o aumento da obesidade em escolares vem sendo observada. A atividade física, por outro lado, diminui o risco de obesidade, atuando na regulação do balanço energético e preservando ou mantendo a massa magra em detrimento da massa de gordura. O aumento do sedentarismo representa um alerta para os educadores físicos, pois isso significa que cada dia aumenta pessoas que exercitam menos. Cabem os Educadores Físicos e - 254 -

estudiosos na prescrição de exercícios, alavancarem sua promoção através de estudos de qualidade para seja uma ferramenta eficaz na diminuição desse problema agravante na população (GUALANO e TINUCCI, 2011). 3.2. Práticas alimentares No Brasil, tem sido detectada a progressão da transição nutricional, caracterizada pela redução na prevalência dos déficits nutricionais e ocorrência mais expressiva de sobrepeso e obesidade não só na população adulta, mas também em crianças e adolescentes. Essas causas estão relacionadas ao estilo de vida e aos hábitos alimentares. Confirmando essas teorias, verifica-se que a obesidade é mais frequente em regiões mais desenvolvidas do País (Sul e Sudeste), pelas mudanças de hábitos associadas a esse processo (TRICHES; GIUGLIANI, 2005). A obesidade está ligada aos hábitos alimentares não só com a quantidade calórica nutricional, mas também com a qualidade dos alimentos na dieta. Além disso, os padrões alimentares também mudaram devido ao estilo de vida, explicando o aumento de crianças com a obesidade com o aumento do consumo de alimentos industrializados e pouco consumo em alimentos nutritivos e com baixo teor calórico (TRICHES; GIUGLIANI, 2005). No plano alimentar, deve-se levar em consideração os hábitos alimentares dos indivíduos, suas condições socioeconômicas e o acesso aos alimentos. Porém, as mudanças esperadas não são fáceis de serem realizadas, pois envolvem valores arraigados na cultura, nas tradições regionais e no espaço social - alimentar do homem. Diversos autores chamam a atenção para o fato de que a alimentação não se limita a um ato que satisfaz necessidades biológicas: mais do que isso, ela representa valores sociais e culturais, envoltos em aspectos simbólicos que materializam a tradição na forma de ritos e tabus. A visão antropológica da alimentação também se faz necessária quando o tema é abordado pela Saúde Pública. Esse diálogo tem proporcionado vários enfoques, como os da antropologia e da alimentação, que enriquece a compreensão da forma como aspectos sociais e culturais relacionados a hábitos alimentares condicionam o comportamento dos indivíduos de determinada sociedade (SANTOS; ARAÚJO, 2011). Para adquirir hábitos alimentares mais saudáveis, acredita-se que seja importante para as pessoas entenderem um pouco de nutrição e os alimentos. Em alguns estudos não encontrarão diferencia no conhecimento nutricional em crianças e adolescentes com obesidade. Já em outro estudo utilizando estratégia nutricional na intervenção da obesidade em escolares, mostraram melhoras no conhecimento nutricional e atitudes perante o assunto, podendo influenciar o meio em que vive. Entretanto, o conhecimento parece não ser suficiente para mudar a prática alimentar levando a modificações no IMC. (TRICHES; GIUGLIANI, 2005). Em busca de novas estratégias de combate à obesidade, a educação nutricional vem sendo abordada como novo binômio a ser seguido educação/nutrição, além do já elencado renda/nutrição. As crianças têm poucos conhecimentos em nutrição e hábitos alimentares, evidenciando que as escolas, os pais e a mídia têm veiculado mensagens insuficientes e ineficazes de hábitos alimentares mais saudáveis. A relação entre conhecimentos em nutrição e estado nutricional sugere que outros fatores, como falta de ambiente favorável na praticidade das intenções de melhorar a qualidade da dieta, são fundamentais para modificar o estado nutricional ou prevenir a obesidade. As intervenções, portanto, devem ir muito além de apenas promover conhecimentos nutricionais. São necessárias ações integradas que visem à saúde das crianças, envolvendo famílias, escolas, comunidades e indústria alimentícia, além de um sistema de saúde que priorize a prevenção de doenças. Novos estudos que investiguem com profundidade os determinantes dos desvios nutricionais nas comunidades e que testem - 255 -

estratégias de controle da obesidade são necessários para impedir o avanço desta epidemia. (TRICHES; GIUGLIANI, 2005). 1. RESULTADOS Tabela 1: Características dos escolares obesos e com sobrepeso quanto a prática de atividade física e frequência alimentar de alimentos saudáveis e prejudiciais. % Prática de Atividade Física Ativos fisicamente 75,0 Inativos fisicamente 25,0 Prática de atividade física por sexo Feminino 55,0 Masculino 92,0 Frequência Alimentar Alimento/Grupo - Saudáveis 46,0 Alimento/Grupo Prejudiciais 54,0 Verifica-se que a maioria dos estudantes (75%) fazem atividades físicas diárias, sendo que os homens apresentam comportamento mais ativo que as mulheres. No intuito de mostrar a diferença entre a uma frequencia alimentar boa e ruim (figura 1 e 2), comparando em quantidade e qualidade, se destacando como fator predominante para o aumento de peso foi a qualidade dos alimentos, pois comparando em quantidade, o grupo dos alimentos bons teve maior quantidade nas frenquências alimentares comparando com o grupo dos alimentos ruins. Figura 1 - Frequência Alimentar - Alimentos saudáveis Fonte: Dados da pesquisa. - 256 -

Figura 2 - Frequência Alimentar - Alimentos prejudiciais se baseando no número de vezes e freqüência ao longo do dia. Fonte: Dados da pesquisa. 2. DISCUSSÃO Em um estudo feito por Maitino (2000), mostra a falta de participação da Educação Física (EF) Escolar e sua possível estratégia no controle da atividade física dos alunos relacionando a Educação Física voltada para a saúde como meio de combate ao sedentarismo. Discutiu-se, também, o conteúdo e procedimentos metodológicos da atividade física relacionada à saúde, durante as aulas de EF, além de procedimentos que favoreçam a adoção de estilo de vida saudável, com aderência na fase adulta. Com base em outro estudo de Maitino (2001), onde avaliou o nível de sedentarismo de escolares do 5º a 8º série composto de ambos os sexos, os resultados atribuíram os maiores valores ao sexo feminino comparado ao sexo masculino. Este presente estudo se relaciona com de Maitino (2001), visto que alguns resultados obtidos pelo estudo se relacionam com esse e outros dentro do assunto. Outro estudo que teve resultados relacionados a este foi Silva e Malina (2003), mostra a predominância do sobrepeso em meninas comparado com os meninos. Estes resultados sugerem que medidas educativo-preventivas direcionadas para estilo de vida mais comprometido com a saúde poderiam ser discutidas no âmbito escolar. A adoção de um estilo de vida saudável na infância previne que se torne um adolescente com obesidade (NÓBREGA, 1998, apud PIERINE, et al., 2006). A semelhança entre os resultados do presente estudo com outros realizados e citados acima, serviu como parâmetro de discussão e análise deste estudo. Neste sentido, acreditamos que futuramente, o mesmo também contribuirá como fonte de informações acerca do problema. 6. CONCLUSÃO Ao analisarmos os resultados obtidos na presente pesquisa, podemos perceber que o fator que mais contribui para o excesso de peso é a alimentação, pois o consumo de alimentos ruins é maior que o consumo de alimentos saudáveis e os números de alunos que praticam atividades físicas diariamente são muito maiores que os que não praticam, chamando também - 257 -

atenção na relação entre os gêneros masculinos e femininos, onde 92% dos meninos e 55% das meninas praticam atividades físicas. Os resultados obtidos no presente estudo deixam claro que o sedentarismo não é o principal fator que influencia o sobrepeso e sim os hábitos alimentares incorretos. Visto que a obesidade se dá por diversos fatores, conclui-se também que a falta de conhecimento dos responsáveis, a negligencia a fatores importantes para ajudar na resolução do problema, tornam-se agravantes na resolução do problema. Dialogar com a pessoa afetada pelo sobrepeso e a compreensão das dificuldades reais que envolvem a situação, por sua vez, são fatores que contribuem para a adesão a programas de tratamento, orientação e de prática de atividades físicas. Entendemos que cabe ao professor de Educação física no âmbito da educação física escolar, atender aos fatores citados acima, estabelecendo um vínculo de confiança, acolhendo e orientando seus alunos para hábitos de vida saudáveis, favorecendo assim a melhoria da qualidade de vida de forma a minimizar a problemática da questão obesidade. Portando, a parceria entre escola e professor de educação física, é vista como de grande valor, pois os mesmos devem proporcionar programas de incentivo a prática de exercícios físicos e hábitos alimentares. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COUTO, A. C. P; SOUZA, G. S. Educação Física: atenção á saúde da criança e do adolescente. Belo Horizonte: UFMG, 2012. GIUGLIANO, R; CARNEIRO, E. C.. Fatores associados à obesidade em escolares. Jornal de Pediatria. Taguatinha, p. 17-22. maio 2004. GUALANO, B; TINUCCI, T. Sedentarismo, exercício físico e doenças crônicas. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 25, n. 8, p.37-43, dez. 2011. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/s1807-55092011000500005>. Acesso em: 13 set. 2014. LEÃO, L. S.C. S et al. Prevalência de Obesidade em Escolares de Salvador, Bahia. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, São Paulo, v. 47, n. 2, p.151-157, abr. 2003. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/s0004-27302003000200007>. Acesso em: 28 set. 2014. MARTINS, G. A. Manual para elaboração de monografias e dissertações. 2. Ed. São Paulo: Atlas, 2000. MAITINO, E. M. Interfaces da educação física escolar com a saúde. Revista Mineira de Educação Física, Viçosa, v. 9, n. 2, ano IX, p. 96-114, 2001. OLIVEIRA, C. L.FISBERG, M. Obesidade na infância e adolescência: uma verdadeira epidemia. Arq Bras Endocrinol Metab. 2003, vol.47, n.2, pp. 107-108. ISSN 0004-2730. http://dx.doi.org/10.1590/s0004-27302003000200001. PEREIRA, C. M; SILVA, A. L. Obesidade e Estilos de Vida Saudáveis: Questões Relevantes para a Intervenção. Psic., Saúde & Doenças, Lisboa, v. 12, n.2, 2011.Disponívelem<http://www.scielo.gpeari.mctes.pt/scielo.php?script=sci_arttext &pid=s1645-00862011000200001&lng=pt&nrm=iso>. 15 out. 2014. MAITINO, E. M. Saúde na educação física Escolar. Revista Mimesis: Ciências Humanas, Bauru, v. 21, n. 1, p. 73-84, 2000. PEREIRA, L. O. et al. Obesidade: Hábitos Nutricionais, Sedentarismo e Resistência à Insulina. Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabolismo, São Paulo, v. 47, n. 2, p.11-127, abr. 2003. PIERINE, D. T. et al. Composição corporal, atividade física e consumo alimentar de alunos do ensino fundamental e médio. Motriz, Rio Claro, v. 12, n. 2, p.113-124, mai/ago. 2006. - 258 -

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