DOCUMENTO FINAL. Seminário Técnico. Frutas Nativas do Rio Grande do Sul: manejo, beneficiamento e comercialização

Documentos relacionados
PORTARIA INTERMINISTERIAL MDA e MDS e MMA Nº 239 DE 21 DE JULHO DE 2009

REUNIÃO TÉCNICA Agricultura familiar: Desenvolvimento Tecnológico. Altair Toledo Machado

PLANO SAFRA AMAZÔNIA

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária

Rede de Pesquisa, Inovação, Tecnologia, Serviços e Desenvolvimento Sustentável. em Microbacias Hidrográficas

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL CONDRAF

Barra do Turvo, 06 de Março de Processo de Seleção

Demandas do setor florestal familiar e comunitário levantadas durante o Seminário Manejar e apresentadas ao grupo de transição do futuro governo do

Estado da Arte dos Sistemas Agroflorestais em Minas Gerais e a construção de parâmetros para a sua regulamentação na restauração de Áreas Protegidas

Necessidades e Oportunidades de Investimentos no Agronegócio: da Pesquisa ao Consumo. Como chegar ao campo os avanços da ciência e da tecnologia

II Seminário Governança de Terras e Desenvolvimento Econômico Cases Unidade Aracruz

Componentes do Programa e papel dos principais participantes em apoio aos municípios

Políticas públicas, subsídios e financiamento para a ampliação da agricultura orgânica

Uma estratégia de redução do desmatamento na Amazônia

Programa Conservação e produção rural sustentável: uma parceria para a vida" no Nordeste de Minas Gerais

Seminário Políticas Públicas para Agroecologia na ALC RED PPAL

I D A M EXTENSÃO RURAL NO AMAZONAS ATER PARA AGRICULTURA FAMILIAR E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NO ESTADO DO AMAZONAS

The Nature Conservancy. Mercado Potencial de Espécies Florestais Nativas no Espírito Santo. Vanessa Jó Girão Especialista em Conservação

Especificidades da soberania alimentar na Amazônia e o papel da pesquisa

LOCALIZAÇÃO DO ESTADO NO BRASIL

Relatório de Atividades.

III ENCONTRO ESTADUAL DE AGROECOLOGIA E II FESTA ESTADUAL DAS SEMENTES CARTA POLÍTICA E AGENDA DE LUTAS

Espaços de Participação Social

PROPOSTAS BASICAS PARA O PROGRAMA DE GOVERNO DO PSOL, EM ABERTO À SOCIEDADE RORAIMENSE PARA SUA COMPLETA ELABORAÇÃO!

25º Edital de Convocação Programa de Paisagens Produtivas Ecossociais- PPP-ECOS

A experiência brasileira de construção de políticas em favor da agroecologia

Metodologia para apoio a restauração nos Programas de Regularização Ambiental. Rubens Benini Novembro 2018

IV Semana de Engenharia Florestal. Estratégia de Relacionamento Fibria

Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional para as Políticas Públicas

ARRANJOS PÚBLICOS. Sistema Público de Agricultura. Novembro de 2012

LEI Nº , DE 16 DE JUNHO DE 2009.

DESENVOLVIMENTO DE NÚCLEO DE DISSEMINAÇÃO DE CONHECIMENTOS E TECNOLOGIAS DE BASE AGROECOLÓGICA

COMERCIALIZAÇÃO NO ÂMBITO DA ECONOMIA SOLIDARIA

Sumário. Prefácio, xi

Quem somos Nossas Lutas

Proposta de Minuta de Decreto

COPA ORGÂNICA E SUSTENTÁVEL Copa 2014 Brasil

SECRETARIA ESTADUAL DE DESENVOLVIMENTO RURAL, PESCA E COOPERATIVISMO. Políticas para o Fortalecimento da Agricultura Familiar e Desenvolvimento Rural

O que é a essa rede?

CMRV Panorama Amapaense

COPA ORGÂNICA E SUSTENTÁVEL Copa 2014 Brasil

Estratégias para a Gestão dos Resíduos Orgânicos no Brasil

4 Núcleos de Trabalho. 26 Colaboradores. Entidade civil sem fins lucrativos de caráter socioambiental, fundada em 1996, sediada na cidade de São Paulo

SEMINÁRIO DESENVOLVIMENTO GLOBAL ATRAVÉS DA TRANSFORMAÇÃO ECÔNOMICA E CRIAÇÃO DE EMPREGOS

SOCIOLOGIA E EXTENSÃO RURAL

CONSTRUÇÃO DE MERCADOS SUSTENTÁVEIS

Prefeitura Municipal de São Benedito publica:

MANEJO FLORESTAL COMUNITÁRIO E FAMILIAR

PLANO SETORIAL DE TEATRO. DOCUMENTO BASE: Secretaria de Políticas Culturais - SPC Fundação Nacional de Artes FUNARTE Câmaras Setoriais de Teatro

Manual para Elaboração dos Planos Municipais para a Mata Atlântica

O que é o Desafio Conexsus 2018?

Alimentação e Nutrição na 5ª CNSAN. Encontro com Referências Nacionais de Alimentação e Nutrição Junho 2015

A Importância para o Desenvolvimento Nacional da Participação das PYMES nas Compras Públicas. Santo Domingo República Dominicana 27 de Abril de 2015

CEADEC 16 anos de história e de luta

Eixo norteador 2. A função social da ciência, ecologia de saberes e outras experiências de produção compartilhada de conhecimento

25º Seminário Regional de Agrobiodiversidade

Agricultura familiar, orgânica e agroecológica. Semana do Meio Ambiente

Ampliar e fortalecer as iniciativas de Segurança Alimentar e Economia Solidária, assegurando o direito de todos ao acesso regular e permanente a

POLÍTICAS PÚBLICAS E ASPECTOS LEGAIS. Danilo Prudêncio Silva

SECRETARIA DE ESTADO DE DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO (SEDA) INOVAÇÕES NA AGRICULTURA URBANA MARCO LEGAL E AÇÕES NO ESTADO DE MINAS GERAIS

POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL (PNATER)

Ambiente de Gerenciamento do PRONAF e Programas de Crédito Fundiário

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO RURAL PDR 2020

Proposta de Programa Latino-americano e Caribenho de Educação Ambiental no marco do Desenvolvimento Sustentável. Resumo Executivo

"Educação do Campo para os Povos do Campo: uma experiência voltada às populações rurais do Sudeste do Pará Antonio Cardoso Diretor Geral

RESUMO DO RELATORIO FINAL DA 1 a.cnsa CONFERENCIA NACIONAL DE SAUDE AMBIENTAL do Estado do Paraná.

Programa de Aquisição de Alimentos - PAA

ESTADO DO MARANHÃO ASSEMBLEIA LEGISLATIVA INSTALADA EM 16 DE FEVEREIRO DE 1835 DIRETORIA LEGISLATIVA LEI Nº , DE 21 DE DEZEMBRO DE 2018.

Cadernos de Agroecologia ISSN Vol 7, No. 2, Dez

PRÊMIO JULIANA SANTILLI AGROBIODIVERSIDADE Edição 2017 PRÊMIO JULIANA SANTILLI - AGROBIODIVERSIDADE

A construção da Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica.

Mosaico Mantiqueira. Clarismundo Benfica. São Paulo, Maio de 2009

Alegre. Câmara Municipal. de Porto PROC. N. 2497/05 P.L.L. N. 118/05 EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS

O Desenvolvimento da Agricultura e Política Rural

Agricultura Familiar e Desenvolvimento Sustentável

POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO DO AGRONEGÓCIO E APOIO AS EMPRESAS/INSTITUIÇÕES ASSOCIADAS

Delegacia Federal de Desenvolvimento Agrário - DFDA-ES. Políticas Estruturantes da SEAD: DAP, Crédito e ATER. Eng. Agrônomo Max Ribas

Visão Nacional. Sistema Nacional de CT&I em Biodiversidade

AGROECOLOGIA TECNÓLOGO Oferta por meio do SiSU 2º semestre

EDITAL II ISPN - DCD/MMA SELEÇÃO DE PARTICIPANTES - CAATINGA

ATER e SETOR PÚBLICO no BRASIL

Breve Histórico Projeto Litoral Sustentável

Instituto Fábrica de Florestas

LEI COMPLEMENTAR nº 873, de 12 de Maio de (Publicada no DOE Nº 86, de 12/05/2016)

Municípios são essenciais para a conservação da Mata Atlântica

Biodiversidade e Mudanças Climáticas na Mata Atlântica. Iniciativa Internacional de Proteção ao Clima (IKI/BMU)

Manifesto da II Semana do Extrativismo da Terra do Meio

Profa. Dra. Najla Veloso Consultora Internacional da FAO para fortalecimento de Programas de Alimentação Escolar Sustentáveis na ALC

Programa de Aquisição de Alimentos PAA

PLANO DE TRABALHO 2011

LACERDA, Liliane. IASB,

AGRICULTURA SUSTENTÁVEL: INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE

RELATÓRIO ANUAL SOBRE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA

Relatório das Atividades

1 - PROGRAMA Conjunto de projetos de caráter orgânico-institucional, com clareza de diretrizes e voltado a um objetivo comum.

PLANO DE TRABALHO 2019

Mesa Redonda: POLÍTICAS PARA SUSTENTABILIDADE NAS UNIVERSIDADES

TERMO DE REFERÊNCIA Nº 01/ CONTRATAÇÃO DE MONITOR EXTENSIONISTA, NO ÂMBITO DO PROJETO CTA/MDA

Pauta. Os compromissos AMAGGI e o Potencializa; Investigação apreciativa: ciclo do projeto. Resultados Rede e Agenda. Avaliação e Monitoramento

Transcrição:

DOCUMENTO FINAL Seminário Técnico Frutas Nativas do Rio Grande do Sul: manejo, beneficiamento e comercialização No dia 06 de dezembro de 2010 ocorreu o Seminário Frutas Nativas do RS: manejo, beneficiamento e comercialização, no auditório da Faculdade de Economia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em Porto Alegre. O encontro contou com a participação de 95 pessoas, entre agricultores, técnicos representantes de órgãos governamentais e não governamentais, pesquisadores, estudantes de graduação e de pós-graduação, indígenas e demais interessados no tema. O evento foi promovido pelo Núcleo de Estudos em Desenvolvimento Rural Sustentável e Mata Atlântica (DESMA/PGDR), o Grupo de Apoio à Reforma Agrária (GARRA), Grupo Uvaia de Agroecologia e Grupo Viveiros Comunitários (GVC), todos ligados à UFRGS, com apoio do Departamento de Florestas e Áreas Protegidas da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (DEFAP-SEMA). O objetivo do seminário foi discutir o papel estratégico do uso das frutas nativas relacionado à conservação da biodiversidade, segurança alimentar, inclusão social e geração de renda para agricultores familiares e populações locais. Considera-se que o uso sustentável das frutas nativas, cuja diversidade biológica totaliza mais de 180 espécies só no RS, e de seus produtos, tem um papel vital do ponto de vista ecológico, social e econômico no Estado do Rio Grande do Sul. Diversas iniciativas para discussão deste tema têm sido realizadas nos últimos anos por grupos de produtores e entidades ligadas à agroecologia. A necessidade de convergência e articulação destas ações para a busca de soluções práticas aos diversos problemas enfrentados por quem trabalha com frutas nativas, e justamente a sistematização destes principais entraves ao desenvolvimento da atividade, motivaram a realização deste seminário. O encontro de pessoas e entidades envolvidas nos mais diferentes aspectos da cadeia produtiva das frutas nativas representa um importante passo para o avanço do processo, de forma coesa e mais objetiva. Outro aspecto motivador do seminário relaciona-se à contradição entre o papel estratégico que assumem as frutas do ponto de vista da conservação e promoção da agrobiodiversidade, no Estado e no País, e o atual quadro desanimador de ausência

de políticas públicas que viabilizem estas atividades. De acordo com o proposto no seminário, a estratégia utilizada para a conservação da agrobiodiversidade deve ser focada na sua circulação, e esta vem sendo desestimulada de diversas formas, levando, muitas vezes, ao abandono de algumas práticas por parte dos agricultores. Portanto, sugere-se que as já existentes políticas voltadas à agricultura familiar e a conservação ambiental possam ser articuladas através de políticas como as de viabilização do manejo, beneficiamento e comercialização das frutas nativas. Apesar da demanda crescente por esses produtos, sua importância para o resgate cultural no contexto de populações locais e seu enorme potencial ecológico e econômico compatível com os sistemas agroecológicos, o tema apresenta um conjunto de lacunas que vão desde a área científica até a extensão, abrangendo também a legislação e os incentivos econômicos para atividades relacionadas. Considerando estes aspectos, os participantes do seminário avaliaram as dificuldades ligadas ao assunto, visando contribuir para o avanço do uso sustentável da agrobiodiversidade nativa. Como conclusão geral do seminário foi ressaltado o compromisso com a sustentabilidade. Nesse contexto, salientou-se a atenção aos preceitos da agroecologia em cada etapa da cadeia produtiva das plantas nativas (manejo, beneficiamento e comercialização). Também destacou-se o fato de que os agricultores familiares e os povos e comunidades tradicionais estão intimamente relacionados a todo este processo, cujos conhecimentos associados à biodiversidade devem ser protegidos e assegurados por políticas públicas afirmativas e de garantia de direitos sociais e culturais. Uma forma de proteger os produtos da agrobiodiversidade, incluindo as frutas nativas, seria fortalecer qualidades relacionadas à tradição, à cultura e ao sabor, associadas também ao modo familiar de produção. Assim, a valorização e o reconhecimento destas características por parte dos consumidores se fazem fundamentais. A viabilidade legal para cada etapa do processo, envolvendo esses produtos, é outro aspecto elementar. Verificou-se excesso de burocracia e desestímulo para a atividade de uso sustentável das frutas nativas e de seus produtos. Neste sentido, o tema e os atores sociais envolvidos no processo necessitam de uma atenção especial por parte dos governos e pelo conjunto de normas e leis, de forma a mudar este quadro atual. Caso contrário, o uso das frutas nativas pode ficar circunscrito à clandestinidade, perdendo seu potencial ecológico, de geração de renda e inclusão social.

A fim de garantir a proposição e execução de políticas públicas voltadas para essa temática, como encaminhamento do seminário propôs-se a articulação de um grupo de trabalho (GT) interinstitucional envolvendo as instituições competentes, em intercâmbio com a sociedade. Será estabelecida uma agenda de metas e ações prioritárias que, dentre outros objetivos, contemple identificar os itens de maior dificuldade quanto às legislações e apontar propostas de adequações. Alguns aspectos norteadores para este trabalho já puderam ser levantados no decorrer do seminário por grupos de discussão e plenária. Como proposições aos gestores públicos, foram sistematizadas em três tópicos, sendo estes o manejo, o beneficiamento e a comercialização, como seguem: I. Manejo - Incentivo governamental ao desenvolvimento de programas de pesquisa com frutas nativas e seus produtos, enfatizando a participação dos agricultores e assegurando os benefícios para sociedade como um todo. - Programas de esclarecimento e assistência técnica quanto às possibilidades de uso e manejo sustentável de Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente, previstas no Código Florestal Federal (4.771/1965), no que se refere a interesse social relacionado a práticas agroflorestais, incluindo atividades com frutíferas nativas, conforme o Parágrafo 3o do Art. 16 da Medida Provisória 2.166-67/2001, Art. 11 da Resolução do Conama 369/2006 e Parágrafo 5 do Art. 5 da Resolução do Conama 429/2011. - Estímulo e valorização de práticas de manejo com base nos preceitos agroecológicos, tendo em vista a produção de frutas nativas: a) fomento a implementação de sistemas agroflorestais diversificados; b) estímulo à práticas que contribuam para a manutenção e a recuperação da variabilidade genética das espécies, tais como o incentivo a atividades viveiristas com espécies nativas; c) criação de marcos legais que viabilizem a sustentabilidade na condução das atividades de manejo de espécies nativas; c) reconhecimento e valorização do conhecimento científico e tradicional no que ambos possam acrescentar ao uso e conservação das frutas nativas; d) gestão compartilhada de cadeias produtivas

sustentáveis através do fortalecimento de redes de cooperação envolvendo comunidades, poder público, universidades e organizações não governamentais. - Adequação da legislação ambiental à realidade dos agricultores familiares, povos e comunidades tradicionais, por meio da adoção de normas e procedimentos especiais que assegurem a estes grupos o acesso administrativo facilitado, gratuito e simplificado, bem como análise prioritária de seus pedidos, conforme previsto na Lei 11.428/2006 (Lei da Mata Atlântica) e Decreto 6.660/2008 (Decreto que define utilização e proteção da Mata Atlântica). - Elaboração e implementação de campanhas e outras formas facilitadas e educativas de comunicação e difusão da legislação ambiental - em seus aspectos de coleta, manejo, cadastramento e licenciamento - fortalecendo a interlocução entre os órgãos ambientais e a sociedade, como forma de tornar seus procedimentos mais acessíveis. Sugere-se a diversificação de estratégias de comunicação pelos órgãos competentes, tais como: a) elaboração de cartilhas e outros materiais educativos e orientadores; b) inclusão de seus procedimentos em sítios eletrônicos institucionais; c) proposição de palestras e seminários locais; d) elaboração e divulgação de matérias em revistas especializadas; e) realização de cursos para a melhor qualificação e capacitação de municípios, sindicatos rurais, órgãos regulamentadores e de extensão no que diz respeito à implementação da legislação, entre outros. II. Beneficiamento: - Adequação da legislação sanitária às características da agricultura familiar, dos povos e comunidades tradicionais, respeitando e valorizando formas de saberes e fazeres locais e garantindo a segurança, qualidade e diversidade dos produtos oriundos das frutas nativas. - Proposição de políticas públicas de beneficiamento das frutas nativas, incluindo a facilitação para o registro dos produtos junto aos órgãos regulamentadores, linhas de crédito e estímulo ao desenvolvimento de tecnologias apropriadas para cada espécie de fruta. - Aperfeiçoamento da legislação e regulamentação mais facilitada para a construção de agroindústrias abrangendo a adequação do prédio, dos equipamentos e das medidas sanitárias.

- Fomento e fortalecimento de pequenas agroindústrias ligadas a estes produtos, por meio da criação de canais institucionais que assistam a estas iniciativas. -Fortalecimento das garantias trabalhistas e previdenciárias (em especial a aposentadoria) aos pequenos agricultores, povos e comunidades tradicionais, e demais trabalhadores, que lidam com o beneficiamento das frutas nativas e de outros recursos sustentáveis da biodiversidade. - Fomento ao diálogo entre os técnicos que atuam nas sanções relativas ao beneficiamento e que por vezes apresentam posições contraditórias acerca da mesma questão, sendo necessário um maior entendimento da legislação por todos. III. Comercialização - Normatização da legislação já existente, respeitando a ampla diversidade de produtos oriundos das frutas nativas e o contexto sociocultural de cada um deles. - Garantia de acesso a políticas públicas de comercialização para agricultores familiares, povos e populações tradicionais, a fim de facilitar a circulação das frutas e de seus produtos através de canais e mercados institucionais. Destacam-se aqui alguns programas que podem/devem estar associados: Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF), Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM), Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). - Fortalecimento da integração entre a esfera estadual e federal no âmbito do Plano Nacional de Promoção das Cadeias de Produtos da Sociobiodiversidade (MDA, MMA, MDS e CONAB), desenvolvendo ações conjuntas para promoção de cadeias de produtos da sociobiodiversidade do RS, tendo em vista a agregação de valor e consolidação de mercados sustentáveis. - Fortalecimento das feiras agroecológicas e demais espaços de comercialização e sensibilização em relação aos alimentos da agrobiodiversidade, como espaços de promoção da Economia Solidária, da transformação social e da educação alimentar e ambiental, articulando redes e integrando demandas. - Promoção de políticas públicas em todos os âmbitos (federal, estaduais e municipais) para o aproveitamento integral das frutas nativas, garantindo também a conservação das sementes, objetivando, prioritariamente, a produção, a comercialização e o plantio de mudas em sistemas agroecológicos.

- Viabilização de licença simplificada e facilitação do acesso ao cadastro florestal (DEFAP-SEMA) para o funcionamento de pequenos viveiros que objetivam a produção e comercialização de mudas nativas em pequena escala, promovendo, assim, práticas de viveirismo adequadas à realidade da agricultura familiar e dos povos e comunidades tradicionais.