Agravo de Instrumento N.º 0012924-53.2014.8.19.0000 1 Agravo de Instrumento. Ação revisional de locação. Insurgência contra a decisão que fixou os provisórios em valor menor daquele que seria encontrado pelas regras do contrato findo. Renovação compulsória que busca o justo valor de mercado para a locação dos imóveis. Desnecessário explicitar o Juízo, qual indexador utilizado para a fixação dos provisórios, eis que, fixados dentro dos parâmetros estabelecidos no 4º, do art. 72, da Lei nº 8.245/91. Nulidade da decisão afastada. Ausência de risco de danos aos agravantes, posto que, estabelecido o valor definitivo do locativo, tanto um quanto o outro será ressarcido através da adequação ou abatimento no valor dos alugueres vincendos. Art. 69, da Lei de locações. Decisão de depósito judicial, face à discordância das partes em relação ao novo valor do locativo provisório. Contrato de locação que estabelece o vencimento do aluguel no dia 30 (trinta) de cada mês, podendo o respectivo pagamento ser efetuado até o dia 05 (cinco) do mês seguinte. Alteração indevida, através da decisão, que estabeleceu como prazo o dia 10 (dez), quando tal questão não se apresenta como divergência em relação ao contrato renovando. Esta a única alteração a ser efetuada no decisum agravado. Dou parcial provimento ao recurso, nos termos do art. 557, 1º-A, do CPC.
Agravo de Instrumento N.º 0012924-53.2014.8.19.0000 2 Cuida-se de Agravo de Instrumento, com pedido de efeito suspensivo interposto por MARIA LIGIA DOS SANTOS SEABRA LAGE e MARIA ODETTE DOS SANTOS, contra decisão proferida em sede de embargos de declaração a fls. 479, pelo Juízo da 21ª Vara Cível da Capital, que rejeitou o recurso ofertado contra a decisão reproduzida a fls. 465 que, nos autos da ação de renovação de locação proposta por DROGARIAS PACHECO S.A., entre outras providências, fixou o valor do aluguel provisório em R$10.900,00 (dez mil e novecentos reais) para cada uma das lojas, perfazendo um total de R$21.800,00 (vinte e um mil e oitocentos reais). Sustenta que o valor do aluguel que vem sendo pago, no valor de R$11.165,04 (onze mil cento e sessenta e cinco reais e quatro centavos) para cada um dos imóveis, perfazendo o total de R$22.330,08 (vinte e dois mil trezentos e trinta reais e oito centavos), mostra-se mais adequado, enquanto irrisório aquele pleiteado pela autora da renovatória, ora agravada. É o breve relatório. A prova pericial judicial é o meio, em ação revisional, que eficazmente traduz o resultado esperado, e por isso mesmo, o Juízo fixa os alugueis provisórios, a serem recolhidos enquanto se apura o real valor devido na locação, quando aponta razões de apuração técnica de fatos e valores relevantes necessários à fixação do valor definitivo. Sustentam as agravantes a nulidade da sentença, tendo em conta a ausência de fundamentação da decisão que fixou os aluguéis provisórios na ação renovatória, salientando que investiu contra o ato jurídico perfeito, quando alterou a regra contratual para determinar o pagamento através de depósito judicial, enquanto os alugueres vinham sendo pagos diretamente às agravantes ou seu procuradores, bem como, por ter alterado a data do
Agravo de Instrumento N.º 0012924-53.2014.8.19.0000 3 pagamento, anteriormente prevista em contrato para o dia 05 (cinco) de cada mês, enquanto a decisão determinou se procedesse até o dia 10 (dez) de cada mês subsequente. Sabe-se que a renovação compulsória de locação não residencial tem por finalidade, de um lado, dar continuidade ao contrato, e, de outro, estabelecer o justo valor de mercado, como contraprestação para o uso e o gozo do imóvel, de modo e evitar enriquecimento injustificado. Como se sabe, o art. 72, 4º, da Lei do Inquilinato, autoriza a fixação de aluguel provisório a pedido do locador, podendo, tal valor, ser contemporâneo ao início do contrato renovando, sendo, despiciendo, no entanto, explicitar qual indexador fora utilizado na composição do novo valor, como pretendem os agravantes. que fixou os provisórios. apresentado pelos agravantes. Dessa forma, não se vislumbra a alegada nulidade na decisão Por outro prisma, o magistrado não está adstrito ao laudo A fixação do aluguel provisório permite reduzir o descompasso entre o nível de mercado, à época do ajuizamento da ação, e o valor do aluguel, adequando-o à realidade das locações. Cumpre denotar que o valor arbitrado a título de aluguer provisório não excede o teto previsto no 4.º, do art. 72, da Lei 8.245/91. Tem-se então que a fixação de aluguel como efetuada pelo Juízo a quo fixou aluguel provisório dentro do permissivo legal, não havendo qualquer risco de dano irreparável ou de difícil reparação para os Agravantes, uma vez que acaso consigam os interessados encontrar solução para seus pontos de vistas divergentes quanto ao valor locatício, tanto um quanto outro será ressarcido do quanto de direito através de simples adequação ou abatimento no valor dos aluguéis vincendos, nos exatos termos do art. 69, da Lei de locações.
Agravo de Instrumento N.º 0012924-53.2014.8.19.0000 4 Justiça, in verbis: Nesse sentido a jurisprudência da Câmara e deste E. Tribunal de Civil e processual civil. Agravo de instrumento. Ação revisional de locação comercial. Pleito de fixação de aluguel provisório em montante cerca de 470% superior ao atual. Decisão de indeferimento. Inconformismo da autora. Laudo de avaliação e notícias de jornais que não são elementos aptos a formar qualquer juízo de certeza no julgador, sobretudo diante do quantum a ser fixado de alugueis provisórios requerido pela autora. Decisão agravada que não tem o condão de causar prejuízo material à mesma, porquanto, uma vez estabelecido o aluguel provisório, a verba retroagirá à data da citação, ocorrendo o mesmo com a decisão que arbitrar o aluguel definitivo. Artigos 68, inciso II e 69, caput, ambos da Lei nº 8245/91. Precedentes deste Tribunal de Justiça. Agravo de instrumento a que se nega seguimento. (Agravo de Instrumento nº 0062995-30.2012.8.19.0000. REL.DES. LUIZ FERNANDO DE CARVALHO. TERCEIRA CAMARA CIVEL - Julgamento: 14/11/2012). (grifo nosso). *************************************************************************** 0061771-23.2013.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO - 1ª Ementa - DES. CARLOS AZEREDO DE ARAUJO - Julgamento: 17/02/2014 - NONA CAMARA CIVEL - AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO REVISIONAL DE ALUGUEL. DECISÃO QUE FIXA ALUGUEL PROVISÓRIO. INCONFORMISMO. 1. A despeito do laudo particular apresentado pelos Agravados, a decisão combatida ateve-se ao comando do art. 68, II, a, da Lei nº. 8.245/92. 2. A divergência entre valores pretendidos por cada uma das partes deve ser resolvida através de laudo pericial oficial. Inexistência de prejuízo para as partes, à conta de possibilidade de acertamento, futuro, a maior ou a menor nos aluguéis, quando da solução da demanda. Inteligência do art. 69 da Lei de Locações. Precedentes. MANUTENÇÃO DA DECISÃO RECORRIDA, ART. 557 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. *************************************************************************** 0057607-15.2013.8.19.0000 -AGRAVO DE INSTRUMENTO DES. GILBERTO GUARINO - Julgamento: 12/02/2014 - DECIMA QUARTA CAMARA CIVEL - AGRAVO INOMINADO EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE PROCEDIMENTO SUMÁRIO. PEDIDO RENOVATÓRIO DE LOCAÇÃO DE IMÓVEL NÃO RESIDENCIAL. INTERLOCUTÓRIA QUE FIXOU O ALUGUEL PROVISÓRIO EM R$ 13.000,00 (TREZE MIL REAIS). MONOCRÁTICA QUE A MANTEVE. IRRESIGNAÇÃO. AGRAVANTE QUE POSTULA O ARBITRAMENTO DO
Agravo de Instrumento N.º 0012924-53.2014.8.19.0000 5 LOCATIVO PROVISÓRIO COM BASE EM LAUDO TÉCNICO PARTICULAR. DIVERGÊNCIA ENTRE OS VALORES APONTADOS PELO AUTOR E PELA RÉ. EM COGNIÇÃO SUMÁRIA, É RAZOÁVEL A QUANTIA FIXADA, QUE TANGENCIOU A JUSTA MEDIDA ENTRE AS PRETENSÕES. PRODUÇÃO DA PROVA PERICIAL, QUE ENSEJARÁ O JUSTO DESLINDE DA CONTROVÉRSIA. JURISPRUDÊNCIA DA CORTE. INOMINADO QUE QUE NÃO É FORTE O SUFICIENTE PARA ALICERÇAR A REFORMA DE DECISÃO UNIPESSOAL ISENTA DE ERROR IN JUDICANDO. RECURSO DESPROVIDO. (grifo nosso). *************************************************************************** 0056248-30.2013.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO DES. MONICA DE FARIA SARDAS - Julgamento: 30/01/2014 - VIGESIMA PRIMEIRA CAMARA CIVEL AGRAVO DE INSTRUMENTO. RITO SUMÁRIO. AÇÃO REVISIONAL DE ALUGUEL. LOCAÇÃO COMERCIAL. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. APLICAÇÃO DO ART. 68, INCISO II, DA LEI Nº 8.245/1991. NORMA COGENTE. O MAGISTRADO FIXARÁ, COM BASE NOS ELEMENTOS FORNECIDOS PELAS PARTES, O ALUGUEL PROVISÓRIO QUE SERÁ DEVIDO DESDE A CITAÇÃO. DIVERGÊNCIA ENTRE OS VALORES LOCATÍCIOS APONTADOS PELO AUTOR E PELA RÉ. EM COGNIÇÃO SUMÁRIA, É RAZOÁVEL FIXAR A QUANTIA EM 80% DO VALOR INDICADO PELO LOCADOR, QUE TANGENCIA A JUSTA MEDIDA ENTRE AS PRETENSÕES. PRODUÇÃO DA PROVA PERICIAL IMPRESCINDÍVEL AO DESLINDE DA CONTROVÉRSIA. AUSÊNCIA DE RISCO DE DANO IRREPARÁVEL OU DE DIFÍCIL REPARAÇÃO NOS TERMOS DO ART. 69 DA LEI DE LOCAÇÕES. PROVIMENTO DO RECURSO. Assim, sob esse aspecto, a decisão agravada deve ser mantida, não sendo hipótese de decisão teratológica, contrária ao ordenamento jurídico ou à prova dos autos. Correta a determinação de depósito judicial, tendo em vista, a discordância das partes em relação ao novo valor do locativo provisório, partindo-se da premissa que o novo valor poderá diferir daqueles indicados pelas partes, caso em que, necessário se mostrará acertamento futuro, como visto na jurisprudência acima colacionada.
Agravo de Instrumento N.º 0012924-53.2014.8.19.0000 6 O outro ponto questionado no Agravo de Instrumento, diz respeito à data limite para o pagamento mensal. Com efeito, o contrato de locação, em seu art. 5º, estabelece o vencimento para o dia 30 de cada mês, podendo o respectivo pagamento ser efetuado até o dia 05 (cinco) do mês seguinte, não havendo porque ser modificado o prazo ad quem, pela decisão, ainda mais, quando as partes divergem somente sobre o valor do locativo e do seguro a ser estabelecido. Portanto, este o único ponto do decisum a ser modificado, observado o prazo limite para o pagamento dos alugueres, no dia 05 (cinco) subsequente ao mês vencido da locação. Por tais fundamentos, dou parcial provimento ao recurso, nos termos do art. 557, 1º-A, do CPC, apenas para estabelecer o dia 05 (cinco) do mês subsequente, como o prazo limite para o pagamento do valor da locação. Rio de Janeiro, 19 de março de 2014. MB HELDA LIMA MEIRELES Desembargadora Relatora