UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO SOCIAL DO CONHECIMENTO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL



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Transcrição:

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO SOCIAL DO CONHECIMENTO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL ANA CRISTINA DE MENDONÇA SANTOS O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO COMO INSTRUMENTO DE MUDANÇA ORGANIZACIONAL: limites e possibilidades. SALVADOR 2009

2 ANA CRISTINA DE MENDONÇA SANTOS O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO COMO INSTRUMENTO DE MUDANÇA ORGANIZACIONAL: limites e possibilidades. Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado Profissional Multidisciplinar- PGDR da Universidade Estadual da Bahia- UNEB, para obtenção do Título de Mestre em Políticas Públicas, Gestão Social do Conhecimento e Desenvolvimento Regional. Orientador: Prof. Dr. Laerton Andrade Lima SALVADOR 2009

3 ANA CRISTINA DE MENDONÇA SANTOS O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO COMO INSTRUMENTO DE MUDANÇA ORGANIZACIONAL: limites e possibilidades. Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado Profissional Multidisciplinar- PGDR da Universidade Estadual da Bahia- UNEB, para obtenção do Título de Mestre em Políticas Públicas, Gestão Social do Conhecimento e Desenvolvimento Regional. Salvador, 25 / 09 / 2009 BANCA EXAMINADORA Profº Dr. Laerton Andrade Lima - (Orientador) Doutor em Engenharia (UFSC) Universidade Estadual da Bahia Profª Drª Leliana de Santos Sousa - Doutora em Ciência da Educação Universidade Estadual da Bahia Profª Drª Rosana de Freitas Boullosa - Doutora em Políticas Públicas Universidade Federal da Bahia

4 FICHA CATALOGRÁFICA Biblioteca Central da UNEB Bibliotecária : Jacira Almeida Mendes CRB : 5/592 Santos, Ana Cristina de Mendonça O projeto político pedagógico como instrumento de mudança organizacional : limites e possibilidades / Ana Cristina de Mendonça Santos.- Salvador, 2009. 219 f. : il. Orientador: Laerton Andrade. Dissertação (Mestrado) Universidade do Estado da Bahia. Departamento de Ciências Humanas. Campus I. 2009. Contém referências e anexos. 1. Planejameto educacional. 2. Escolas - Aspectos sociais. 3. Educação. I. Lima, Laerton de Andrade. II.Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Ciências Humanas. Dedico esse trabalho a Deus, meus pais, a meus filhos, minha mãe e irmãos pelo amor, CDD: apoio, 371.207 incentivo e paciência nesse processo de conquista. AGRADECIMENTOS

5 AGRADECIMENTOS Inicialmente, agradeço a Deus pela minha existência, aos meus pais pela criação, e, principalmente, demonstração pelo exemplo, de caráter, generosidade e amor aos filhos. Á minha mãe, Lygia de Mendonça Santos, mulher guerreira, a herança da crença no potencial de cada um, na possibilidade de chegarmos onde quisermos com fé na capacidade de transformação dos sujeitos por meio da educação. Ao meu pai, Gilberto Santos agradeço a alegria de viver, a generosidade e despojamento de bens materiais. O mundo seria mais bonito se o ser fosse mais importante que o ter. Aos irmãos Gilberto Marcos de Mendonça Santos, Claudia Regina de Mendonça Santos, Sergio Luiz de Mendonça Santos e Carlos César de Mendonça Santos, meus companheiros incondicionais, meu amor eterno. Quem tem irmãos como vocês nunca está só. Com vocês aprendo a cada dia o cuidado com o outro, a disposição para participar e colaborar em todos os momentos da vida em família. Aos meus filhos Daiana de Mendonça Amorim, Danilo de Mendonça Amorim e Daniel de Mendonça Loconte, força e inspiração a cada segundo da minha vida. Não existe maior realização e maior desafio do que a maternidade. Agradeço a Deus diariamente por ter me concedido esta graça. Meus filhos representam tudo de belo, inteiro, frágil, forte, sensível e mágico da minha existência, meu porto seguro. Obrigada meus anjinhos pela tolerância e compreensão com a ausência da mãe nas brincadeiras e convívio diário, principalmente pelo perdão amoroso às crises nervosas e histéricas devido à ansiedade e cansaço mental. Agradeço a Wilson Lopes de Amorim e Rocco Ambrogio Loconte por terem feito parte da minha vida, contribuindo e motivando meu crescimento enquanto pessoa e enquanto profissional. Obrigada rapazes! Às minhas amigas, parceiras de todas as horas, cúmplices da terapia-amiga alternando ora como paciente, ora como terapeutas, tornando a caminhada menos árdua: Conceição Sobral (Conça), Alaíde Souza( Lai), Célia Batista (Celinha), Suzana Martins( Suca) e Jeane Amorim( Jeu), o meu amor sincero. Aos colegas da Especialização em Liderança Organizacional, à professora Ivete Araújo, Coordenadora de Educação Infantil e Ensino Fundamental e a colega Olímpia Giordano pelo incentivo, apoio, ajuda e compreensão dispensados no período seletivo do mestrado.

6 Aos colegas da SEC-SUPAV, pelo apoio e incentivo irrestrito, especialmente, Enir Bastos Superintendente de Acompanhamento e Avaliação Educacional, Diana Pipolo- Coordenadora de Avaliação, minha chefinha sempre solidária, sempre acolhedora, e aos colegas-amigos Rogério Fonseca, Rita Trindade, Neire Bridi, Índia Clara, Lindinalva Almeida e Fátima Medeiros pela compreensão e generosidade durante todo o período do Mestrado. Agradeço também aos colegas da Superintendência de Educação Básica- SUDEB, Bianca Machado, Célia Batista, Jacqueline Martins, Maria José Xavier, Ana Celeste David e Suzana Martins que contribuíram com o resgate dos Programas e Ações do Governo que subsidiaram a elaboração do PPP nas escolas. Valeu Maria José, seu acervo particular, foi muito importante nesse processo. A Coordenadoria Regional de Itapuã, nas pessoas da Coordenadora Regional Enaide Tavares e colegas, Neide Freitas, Ana Márcia Lima, Lucinda Araújo, Jacqueline Santos e Eli Ana Noberto pelo apoio e incentivo. O afeto de vocês e a compreensão da dificuldade de trabalhar em duas instituições e estudar o mestrado, ajudou muito a amenizar a caminhada. Obrigada pessoal! À Universidade do Estado da Bahia pela qualidade indiscutível da equipe profissional e conseqüentemente, do mestrado oferecido. Um obrigado especial a Ana Maria Damasceno, Secretária do PGDR e ao Assistente Administrativo Carlos Magno que nos acompanharam em todos os momentos ajudando e dando respostas as nossas questões de cunho burocrático, e à Professora Ana Meneses, Coordenadora do Mestrado, sempre atenciosa e disponível as nossas inquietações. Aos professores pelas reflexões proferidas e experiências vastas e variadas, que contribuíram grandemente para as construções em todo o processo: Dr. Milton Júlio Carvalho, Dra. Vanessa Cavalcanti, Dra. Leliana Santos de Sousa, Dr. Alex Cipriano, Dr. Laerton Andrade, Dr. Alfredo da Mata, Dra. Francisca de Paula, Dr.Roque Pereira, Dr. Ângelo Fonseca e demais professores, obrigada pela competência e ensinamentos proferidos. Cursar o Mestrado é uma etapa importante, é um descortinar para o conhecimento científico, um exercício de cognição e metacognição fantástico. Já não sou a mesma de antes. Obrigada, vocês tornaram este processo um momento de crescimento agradável.

7 Aos colegas, amigos, companheiros de Mestrado Alair Silva, Jacqueline Martins, Vanduy Cordeiro, Sandra Sedraz, Sandra Neris, Neire Bride, Meire Checa, Andréia Liger, Virgilio, Conceição Barboza e todos os outros pelo apoio mútuo, pela colaboração constante para seguir em frente sempre. À equipe escolar, principalmente os professores das unidades escolares pesquisadas Escola de Aplicação Anísio Teixeira e Colégio Rotary, que muito enriqueceram esse trabalho e colaboraram na construção dessa história. Um obrigado especial à professora do Rotary Jaqueline Santos sempre atenciosa e colaborativa, preocupada em atender às demandas desta pesquisa, sensibilizando os colegas da importância da contribuição de todos. A todos que de alguma forma colaboraram na execução desta pesquisa. A Dra. Leliana Santos de Sousa, pessoa humana belíssima e professora generosa, acolhendo as dificuldades dos alunos, apontando caminhos, e a Dra. Rosana Boullosa, professora convidada externa, criteriosa e experiente na temática. Ambas colaboraram imensamente com a qualificação deste estudo. Muito obrigada professoras! E especialmente ao professor Dr. Laerton Andrade pela orientação que dispensou durante o processo de pesquisa e construções, incentivando o processo com a sua experiência de vida e profissional. Obrigada professor!

A escola não pode ser pensada como tempo de preparação para a vida. Ela é a própria vida. Dentro deste princípio a escola confronta as situações do cotidiano de modo dialogante e conceitualizador, procurando compreender antes de agir. Refleti sempre sobre sua função social suas dificuldades e potencialidades para que busque evolução permanente. (ALARCÃO, 2001) 8

9 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS AC- Atividade Complementar AVALIE- Avaliação do Ensino Médio no Estado da Bahia DIREC- Diretorias Regionais da Educação na Bahia ENEM- Exame Nacional do Ensino Médio IAT Instituto Anísio Teixeira IDEB- Índice de Desenvolvimento da Educação Básica INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais LDB - Lei de Diretrizes e Bases MEC- Ministério da Educação e Cultura SEC - Secretaria de Educação do Estado da Bahia PPP- Projeto Político Pedagógico PEE- Plano Estadual da Educação PDE- Plano de Desenvolvimento da Escola PNE- Plano Nacional da Educação UNESCO- Organização das Nações unidas para a educação, ciência e cultura.

10 LISTA DE TABELAS DO QUESTIONÁRIO-I ETAPA DA PESQUISA Tabela 1A - Dados de identificação da amostra da pesquisa...124 Tabela 1B - Dados de identificação da amostra da pesquisa...125 Tabela 2- IDEB Brasil, Bahia e Salvador 2005, 2007 e Projeções...125 Tabela 3A - IDEBs observados em 2005, 2007 e Metas para Escola Colégio Estadual de Aplicação Anísio Teixeira...125 Tabela 3B-IDEBs observados em 2005, 2007 e Metas para Colégio Estadual Rotary...126 Tabela 4- Resultados Prova Brasil- 8ª série nas unidades escolares pesquisadas...127 Tabela 5A- Quantitativo de entrevistados...127 Tabela 5B- Quantitativo de entrevistados...128 Tabela 6A-O projeto político pedagógico colabora para o alcance da função social da escola?...128 Tabela 6B- O projeto político pedagógico colabora para o alcance da função social da escola?...128 Tabela 7A- Como?...128 Tabela 7B- Como?...129 Tabela 8A- Participou da elaboração do PPP?...129 Tabela 8B- Participou da elaboração do PPP?...129 Tabela 9A-O PPP altera a organização do trabalho escolar?...130 Tabela 9B-O PPP altera a organização do trabalho escolar?...130 Tabela 10A- O PPP favorece o desenvolvimento das ações administrativas e financeiras da escola? Em que sentido?...130 Tabela 10B- O PPP favorece o desenvolvimento das ações administrativas e financeiras da escola? Em que sentido?...131 Tabela 11A- Que elementos dificultam a manutenção e continuidade do projeto político pedagógico, após a sua implantação?...131 Tabela 11B- Que elementos dificultam a manutenção e continuidade do projeto político pedagógico, após a sua implantação?...131

11 Tabela 12A-O PPP fortalece a autonomia escolar?de que maneira?...132 Tabela 12B- O PPP fortalece a autonomia escolar?de que maneira?...132 Tabela 13A- Como os compromissos efetivados coletivamente modificam o conjunto das ações docentes executadas o interior da escola e, conseqüentemente, geram resultados que expressam melhoria da qualidade do ensino?...133 Tabela 13B- Como os compromissos efetivados coletivamente modificam o conjunto das ações docentes executadas o interior da escola e, conseqüentemente, geram resultados que expressam melhoria da qualidade do ensino?...133 Tabela 14A-O PPP contribui para a gestão do conhecimento na escola? De que maneira?..134 Tabela 14B- O PPP contribui para a gestão do conhecimento na escola? De que maneira?.134 Tabela 15A- O PPP contribui para a ampliação da relação da equipe escolar? Justifique...135 Tabela 15B-O PPP contribui para a ampliação da relação da equipe escolar? Justifique...135 Tabela 16A - O PPP favorece interações da família e a equipe escolar? Justifique...135 Tabela 16B - O PPP favorece interações da família e a equipe escolar? Justifique...136 Tabela 17A-A participação de todos os professores, funcionários, pais e alunos na elaboração do PPP altera a sua efetividade no cotidiano escolar, de que forma?...136 Tabela 17B - A participação de todos os professores, funcionários, pais e alunos na elaboração do PPP alteram a sua efetividade no cotidiano escolar, de que forma?...136 Tabela 18A - Você utiliza o PPP no decorrer do ano para subsidiar o desenvolvimento das suas atribuições? Quando?...137 Tabela 18B- Você utiliza o PPP no decorrer do ano para subsidiar o desenvolvimento das suas atribuições? Quando?...137 Tabela 19A- A SEC orienta ou acompanha a elaboração do PPP na escola?...138 Tabela 19B- A SEC orienta ou acompanha a elaboração do PPP na escola?...138 Tabela 20A - Qual a importância da participação da SEC no processo de elaboração do PPP?...138 Tabela 20B - Qual a importância da participação da SEC no processo de elaboração do PPP?...139 Tabela 21 - Ações desenvolvidas pela SEC e pela própria U E, para efetivar a implantação do PPP...139

12 LISTA DE FIGURAS- DINÃMICA DE GRUPO COM OS DOCENTES II ETAPA DA PESQUISA Fig. 1 Ambiente escolar... 141 Fig. 2 Ambiente escolar: interação dos alunos... 141 Dinâmica de grupos baseada no teatro do oprimido na escola Estadual de Aplicação Anísio Teixeira Fig. 3 Escola Estadual de Aplicação Anísio Teixeira... 142 Fig. 4 Apresentando a dinâmica de grupo... 143 Fig. 5 Professores realizando a atividade... 143 Fig. 6 Professores concluindo a atividade... 144 Fig. 7 Desenho de Alan, professor de Biologia... 144 Fig. 8 Desenho de Ana, professora de artes visuais... 145 Fig. 9 Desenho de Maria, professora de educação física....146 Fig. 10 Desenho de Eliana professora de português e inglês... 148 Fig. 11 Desenho de Izabel, professora de língua portuguesa....148 Fig. 12 Desenho de Sandra, professora de língua portuguesa... 149 Fig. 13 Desenho de Nelson, professor de geografia... 150 Fig. 14 Desenho de Luiza professora de história.....150 Fig. 15 Desenho de Alba professora de matemática.....152 Dinâmica de grupos baseada no teatro do oprimido no Colégio Estadual Rotary Fig. 16 e 17 - Colégio Rotary... 156 Fig. 18 Dialogando com os docentes... 157 Fig. 19 Professores realizando a atividade... 158 Fig. 20 Acompanhando a realização da atividade... 158 Fig. 21 Conversando sobre o desenho da professora... 159 Fig. 22 Desenho de Marcela, professora de história... 159 Fig. 23 Desenho de Sandra, professora de língua portuguesa... 160 Fig. 24 Desenho de João, professor de física... 160

13 Fig. 25 Desenho de Rogério, professor de história... 161 Fig. 26 Desenho de Márcio, professor de educação física... 161 Fig. 27 Realizando a dinâmica de grupo... 162 Fig. 28 Professoras desenhando... 163 Fig. 29 Desenho de Lúcia professora de artes... 163 Fig. 30 Desenho de Ivana, professora de educação física... 164 Fig. 31 Desenho de Zuleide professora de biologia... 164 Fig. 32 Desenho de Ana, professora de Sociologia... 165 Fig. 33 Apresentando a Dinâmica de grupo... 166 Fig. 34 Realizando a atividade... 166 Fig. 35 Desenho de Amélia, professora de Sociologia... 167 Fig. 36 Desenho de Alzira professora de Geografia... 167

14 LISTA DE TABELAS DA DINÂMICA DE GRUPO COM OS DOCENTES-II ETAPA DA PESQUISA Síntese dos Dados da Dinâmica de grupo Escola A - Escola de Aplicação Anísio Teixeira Tabela 01- Identificação Escola A... 153 Tabela 02 - Quantitativo de professores que responderam a atividade solicitada segundo o Gênero......153 Tabela 03 - Tempo de serviço na unidade escolar... 154 Tabela 04 - Participação na elaboração ou revisão do PPP... 154 Tabela 05 - Foi realizado diagnóstico para elaboração do PPP na unidade escolar?... 155 Tabela 06 - É membro do colegiado escolar?... 156 Síntese dos dados da Dinâmica de grupo Escola B - Colégio Rotary Tabela 07 - Identificação da Escola B... 168 Tabela 08 - Quantitativo de professores que responderam a atividade solicitada segundo o Gênero... 168 Tabela 09 - Tempo de serviço na unidade escolar... 169 Tabela 10 - Participação na elaboração ou revisão do PPP....169 Tabela 11 - Foi realizado diagnóstico para elaboração do PPP na unidade escolar?... 169 Tabela 12 - E membro do colegiado escolar... 170

15 RESUMO Esta investigação científica buscou responder por que apesar da marcante necessidade de planificação do processo educativo, instrumentos de planejamento coletivo como o Planejamento Político Pedagógico (PPP) não conseguem se consolidar no interior escolar? Tem-se como pressuposto que o convívio social demanda de cada sujeito atitudes, habilidades e competências que o instrumentalizem para agir e intervir neste convívio de forma satisfatória, tanto para ele como para a sociedade. Para favorecer a educação da população, as instituições sociais precisam organizar-se atendendo as especificidades de cada grupo social, contextualizado no tempo histórico social vivido. Cumprir com esta tarefa constitui-se num grande desafio para as instituições escolares, pois a complexidade das relações sociais e os acontecimentos decorrentes da ordem social, exigem respostas das mais diversas, às vezes até contraditórias e confusas, exigindo atenção e planificação cuidadosa do processo educativo. Mais, quais são os entraves que inviabilizam a efetividade do PPP? Para responder a estas questões, foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre o tema, investigando os conceitos, princípios, limites e possibilidades do PPP como instrumento de organização escolar. Em seguida uma pesquisa de campo de base qualitativa, utilizando-se como procedimento o estudo de caso em duas escolas públicas estaduais, e realizadas entrevistas e dinâmicas envolvendo o segmento professor. No decorrer da pesquisa, elegeu-se o grupo de professores como universo amostral dos atores que participam do processo, como sendo o mais significativo dentro dos limites da pesquisa. Esta escolha se deriva da percepção de que este importante grupo encontra-se à margem tanto do processo de formulação, quanto de implementação do PPP. Como resultado, a pesquisa constatou a necessidade de revisão da própria cultura organizacional da escola para que instrumentos de construção coletiva possam ser viabilizados no seu interior. A forma como as unidades escolares organizam os seus espaços e tempos escolares se revela como um dos principais entraves para a efetivação do PPP, por impedir o encontro, o diálogo e consequentemente a elaboração e implementação de propostas coletivas no espaço escolar. Em síntese, pode-se afirmar, pela investigação realizada, que não é o PPP que propicia a mudança e organização da instituição escolar, ao contrário, é a organização escolar e os mecanismos de participação e cultura organizacional construídos que garantem, ou não, a elaboração de propostas coletivas, a exemplo do PPP. Palavras chave. Função Social da Escola. Mudança. Projeto político-pedagógico.(ppp)

16 SUMMARY This research sought to answer that despite the striking need for educational planning process, planning tools such as collective Policy Planning Education Program (PPEP) can not be consolidated in side of the school? It is based on the assumption that social life demands of each individual attitudes, skills and competencies to retool the act and intervene in living satisfactorily, both for itself and for society. To promote the education of the population, social institutions must be organized given the peculiarities of each social group, contextualized social history at the time lived. Comply with this task has become a major challenge for educational institutions because of the complexity of social relations and the events arising from the social order, demand answers from various, sometimes contradictory and confusing, requiring careful attention and planning of the educational process. Further, what are the barriers that impede the effectiveness of the PPP? To answer these questions we conducted a survey of literature on the subject, investigating the concepts, principles, limits and possibilities of PPP as an instrument of school organization. Then a field of qualitative basis, using the procedure as a case study in two public schools, interviews and dynamic segment involving the teacher. During the search he was elected the group of teachers as the sampling universe of the actors involved in the process, as the most significant within the limits of research. This choice derives from the perception that this important group is outside both the process of formulation, the implementation of PPP. As a result the survey found a need for revision of the organizational culture of the school to which instruments of a collective may be possible within its interior. The way that schools organize their space and time school is revealed as a major constraint to the realization of the PPP, by preventing the encounter, dialogue and consequently the development and implementation of the collective in school. In summary, it can be said for the investigation, which is the PPP that provides change and organization of the school, by contrast, is a school organization and participation mechanisms and organizational culture built to ensure whether or not the development of collective proposals like the PPP. Keywords. Social function of school. Social transformation. Political project - Pedagógico.(PPP)

17 SUMÁRIO INTRODUÇÃO... 20 1 O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO: uma questão de participação....33 1.1 Questões introdutórias: breve análise do contexto educacional brasileiro...33 1.2 Projeto Político Pedagógico - PPP : definindo conceitos...47 1.3 Participação: elemento essencial para o processo democrático de construção do PPP. 55 1.4 Realidade educacional: como as unidades escolares operacionalizam o planejamento escolar....60 1.5 Autonomia escolar: interseção para efetivação do PPP....61 1.6 Bases históricas do planejamento escolar...63 1.7 PPP: instrumento de transformação ou reprodução?...65 2 AS POSSIBILIDADES E OS LIMITES DO PPP NO CONTEXTO ESCOLAR...69 2.1 PPP: como instrumento de gestão democrática...69 2.2 O papel do profissional de educação para efetivação do PPP como instrumento de gestão democrática...73 2.3 PPP como instrumento de gestão do conhecimento...75 2.3.1 A gestão da aprendizagem: um caminho a perseguir....79 2.4 Limites de efetivação do PPP nas unidades escolares...85 2.5 Programas de governos que orientam a implementação do PPP nas unidades escolares....98 2.6 Entraves na efetivação dos documentos orientadores nas unidades escolares...102 3 METODOLOGIA: um percurso em duas etapas....109 3.1 Contextualizando metodologia de pesquisa....109 3.2 A opção metodológica do presente estudo....111 4 ESTUDO DE CASO: COLEGIO ROTARY E A ESCOLA DE APLICAÇAO INSTITUTO ANISIO TEIXEIRA...120 4.1 Caracterizando as unidades escolares...120 4.2 Primeiras impressões: inicio da pesquisa de campo...123 4.3 Análise de dados dos questionários...128 4.4 2 ETAPA DA PESQUISA DE CAMPO: dialogando com os docentes....145 4.4.1 Síntese dos Dados da Dinâmica de grupo...159 4.4.2 Síntese dos dados colégio Rotary...175 4.5 Entrevistas aos docentes da Escola Estadual de Aplicação Anísio Teixeira e Colégio Rotary....180 4.6 Análise do projeto político-pedagógico Escola de Aplicação Anísio Teixeira...188 4.7 Análise do PPP da Escola Rotary...192 4.8 Matriz de análise da pesquisa de campo...195

CONSIDERAÇÕES FINAIS...188 REFERENCIAIS... ANEXOS... 18

19 INTRODUÇÃO Uma aranha executa operações semelhantes as do tecelão, e a abelha supera mais de um arquiteto ao construir sua colméia. Mas o que distingue o pior arquiteto da melhor abelha é que ele figura na mente sua construção antes de transformá-la em realidade. No fim do processo de trabalho aparece um resultado que já existia antes idealmente na imaginação do trabalhador. Ele não transforma apenas o material sobre o qual opera, ele imprime ao material o projeto que tinha conscientemente em mira, o qual constitui a lei determinante do seu modo e ao qual tem de subordinar sua vontade. MARX 1980 Este estudo investiga o projeto político pedagógico (PPP) escolar como um instrumento de gestão democrática que contribui para a organização coletiva da escola e conseqüentemente para o êxito de suas finalidades educativas. Parte-se da premissa de que o projeto político pedagógico constitui-se um importante instrumento de organização e direcionamento das ações educativas, fortalecendo a autonomia e gestão democrática escolar, via ação coletiva. O foco da pesquisa é avaliar os limites do projeto político-pedagógico e suas contribuições para a organização e gestão escolar, e o problema que se buscou responder foi: Quais fatores interferem no sucesso do PPP, segundo os docentes das Escolas Públicas Estaduais? O objetivo geral nesta pesquisa foi identificar os fatores que interferem na efetivação do projeto político pedagógico em duas escolas públicas estaduais: a) Colégio Rotary e b) Escola de Aplicação Anísio Teixeira, na ótica de seus docentes. Neste percurso, buscou-se conceituar o projeto político pedagógico identificando seus princípios, caracterização e as bases legais que fundamentam sua elaboração; investigar os limites e possibilidades do projeto político pedagógico como instrumento de mudança organizacional, estabelecendo um estudo de caso com as Escolas de Aplicação e o Rotary e, finalmente, apontar alguns caminhos que possam contribuir para ampliar a discussão desta temática. A relevância da temática insere-se na necessidade de reorganização do sistema educacional atual para atender as demandas da sociedade, onde o avanço científico e tecnológico e as mudanças no sistema produtivo exigem do sistema educacional transformações que atingem os setores administrativo e pedagógico da escola, sendo também uma exigência legal, já que foi instituída pela Lei de Diretrizes e Bases 9394/96, ao definir como obrigatória a elaboração do PPP em todas as unidades escolares. Assim, nos últimos 10 anos todos os sistemas educacionais centraram esforços no sentido de redimensionar seus processos com vistas a

20 consolidar um modelo de educação que responda ao contexto social e econômico atual. O PPP representa uma das possibilidades de planejamento coletivo e participativo das finalidades educacionais, podendo contribuir para o direcionamento das mudanças desejadas em educação. Para atender a essas exigências, é necessário que seja efetivado um modelo de educação que instrumentalize o cidadão para o convívio social em todos os setores, habilitando o sujeito para agir e intervir nos grupos sociais a que pertence. Nesse sentido, cabe iniciar um diálogo sobre o conceito de educação: Freire (1991) nos diz que... a educação tem caráter permanente. Não há seres educados e não educados, estamos todos nos educando. Existem graus de educação, mas estes não são absolutos. Freire defende que a educação está relacionada ao contexto social, influenciando e sendo influenciada no processo histórico-social. Para Saviani (2000), educar é, (...) formar cidadãos e homens livres, através de práticas sociais globais, contextualizadas tanto com o momento histórico social, quanto com as necessidades, objetivos e interesses destes indivíduos. Isto resultará em autonomia, criticidade e participação social ativa e efetiva. (SAVIANI, 2000, p.36.) Na visão de ambos os autores, a educação não tem uma fórmula pronta a seguir. É um processo construído, sentido e direcionado a cada passo, a cada necessidade vivida, a cada vivência de grupo específico. Serve, portanto, ao momento histórico na qual está inserida, podendo representar uma ação transformadora alterando o statuo quo, instrumentalizando a população para lutar e diminuir as desigualdades sociais, ou reprodutora, mantendo o modelo dominante, que exclui e descrimina aqueles que estão fora do modelo social vigente. Na concepção transformadora, na qual se fundamenta esta pesquisa, a educação é um processo de construção onde a comunidade educativa atua sobre o desenvolvimento do indivíduo e este influencia no seu próprio desenvolvimento. Neste modelo de educação considera-se o educando nos seus aspectos físicos, intelectuais, sociais, e afetivos, conscientizando-o das suas possibilidades e limitações para que possa compreender e atuar no mundo que o cerca, contribuindo para o desenvolvimento social e das pessoas.

21 A educação está classificada em formal, não formal e informal. A educação formal é aquela desenvolvida nas escolas com conteúdos previamente demarcados, com objetivos e metas definidas, a priori, por profissionais da educação: Compreende o sistema educativo institucionalizado cronologicamente graduado e hierarquicamente estruturado Depende de uma diretriz educacional centralizada como currículo. Inclui instituições de educação infantil até as Universidades. (cf. CINE 1997, UNESCO). A informal é o processo pelo qual os indivíduos aprendem no interior da socialização - na família, bairro, clube, amigos etc. Neste processo adquire valores, princípios e normas própria da cultura do grupo social no qual está inserido, espontaneamente. Recebida no decurso do quotidiano pelos media, leituras, contactos com grupos sociais, atividades de tempos livres. A não intencionalidade é sempre informal, mas nem toda a educação informal é não intencional (ex: educação familiar). (cf. CINE 1997, UNESCO). A educação não-formal é aquela que se aprende no convívio social, com os amigos e com os pares, através da organização da sociedade civil para compartilhar experiências em espaços e ações coletivos cotidianas. Abrange atividades e técnicas que operam na realidade educacional, com metodologias alternativas, sem obedecerem a diretrizes tituladas pelo Ministério da Educação. Toda a atividade educacional organizada, sistemática, executada fora do quadro do sistema formal para oferecer tipos selecionados de ensino a determinados grupos da população. Objetivos explícitos de formação ou de instrução, que não estão diretamente dirigidos à provisão de graus próprios do sistema educativo regular. (cf. CINE 1997, UNESCO). À instituição escolar cabe a responsabilidade pela educação formal, cuja função direcionase na organização de seus processos educativos de forma a atender as necessidades de cada sociedade histórica, ou seja, possibilitar o acesso aos conhecimentos produzidos historicamente pela humanidade, assegurando a aquisição de competências, habilidades e atitudes específicas e necessárias ao exercício da cidadania. Sendo formal o processo educativo desenvolvido no interior escolar, possui caráter sistemático e seqüencial, e no caso específico da educação pública, deve seguir as orientações e procedimentos ditados pelos órgãos competentes. Portanto, é função do poder público garantir e fortalecer políticas públicas indispensáveis ao bom funcionamento e à construção da identidade da escola. (Plano Estadual de Educação da Bahia, 2006, p.17).