TRIBUNAL DE JUSTIÇA ÓRGÃO ESPECIAL MANDADO DE SEGURANÇA Nº 0020439-76.2013.8.19.0000 Impetrantes: AMARILDO CÂMARA PATROCÍNIO, MARCÍLIO FONTES DA COSTA e JORGE DOS SANTOS MESQUITA Impetrado: EXMO SR SECRETÁRIO DE ESTADO DE DEFESA CIVIL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO DECISÃO MANDADO DE SEGURANÇA. Promoção de bombeiros militares, com alegada violação de critérios legais. Inicial que, originariamente, dirigia o pleito mandamental ao Governador do Estado e ao Secretário de Estado de Defesa Civil. Emenda dos impetrantes para excluir o Governador. A competência do Órgão Especial para processar e julgar ação de segurança se estabelece tão somente em presença, como autoridade coatora, do Governador (Constituição Estadual, art. 161, IV, e, 1). Excluído este, e permanecendo como autoridade coatora apenas Secretário de Estado, a competência é de Câmara Cível (Regimento Interno, art. 6º, I, b ). Declínio da competência, com remessa à livre distribuição para uma das Câmaras Cíveis do Tribunal de Justiça. Os impetrantes querem, em síntese, que o Órgão Especial reveja, em sede mandamental, atos de promoção na carreira de bombeiros militares, que alegam editados com violação de critérios legais. Dirigiram a impetração, originalmente, ao Governador do Estado e ao Secretário de Estado de Defesa Civil. Seguiu-se pedido de emenda à inicial, em que requereram a exclusão do Governador do Estado (fls. 107-108). Deferida, como defiro, a exclusão do Governador do Estado, deve a demanda mandamental prosseguir tão somente em face do Secretário de Estado e, então, falece competência ao Órgão Especial para processar e julgar a ação de segurança. É que a competência do Órgão Especial se estabelece em face da presença do Governador do Estado como autoridade coatora, a teor do art. 161, IV, alínea e, item 1, da Constituição Estadual
de 1989. Passando a autoridade autora somente o Secretário de Estado, a competência desloca-se para Câmara Cível, nos termos do art. 6º, I, alínea b, do Regimento Interno deste Tribunal. Averbe-se o precedente, verbis: MANDADO DE SEGURANÇA Nº 0028789-58.2010.8.19.0000 Impetrante: SUZANA RODRIGUES DA SILVA Impetrado: EXMO SR GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Relatora: DES. ELISABETE FILIZZOLA DECISÃO MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PARA SOLDADO DA POLÍCIA MILITAR. TENENTE CORONEL DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. AUTORIDADE COATORA. INCOMPETÊNCIA DO ÓRGÃO ESPECIAL. DECLÍNIO DA COMPETÊNCIA. O mandado de segurança deve ser impetrado contra a autoridade pública que detém, na ordem hierárquica, poder de decisão e competência para praticar o ato administrativo atacado. Embora a impetrante aponte como impetrado ora o Estado do Rio de Janeiro, ora o Tenente Coronel da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, o mandamus foi autuado tendo como impetrado o Exmo. Sr. Governador do Estado do Rio de Janeiro, o que ensejou a sua distribuição ao Egrégio Órgão Especial. Emendada a inicial a impetrante indicou como autoridade coatora o Tenente Coronel da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. A competência do Órgão Especial para processamento e julgamento de Mandado de Segurança não abarca os atos praticados pela autoridade coatora indicada pela impetrante, conforme se observa pelo artigo 3º, I, e do Regimento Interno deste Eg. Tribunal de Justiça. Declínio da competência, de ofício, na forma do art. 113 do CPC, para uma das Varas de Fazenda Pública, conforme disposto no art. 97, I, b do Código de Organização e Divisão Judiciárias do Estado do Rio de Janeiro. DECLÍNIO DE COMPETÊNCIA. Trata-se de Mandado de Segurança impetrado por SUZANA RODRIGUES DA SILVA contra ato supostamente praticado pelo ILMO. SR. TENENTE CORONEL DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, que, no concurso para Soldado da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, considerou a impetrante inapta na fase de pesquisa social e documental, impedindo a convocação para a última fase do certame, consistente no Curso de Formação na Academia de Polícia, em que pese a sua aprovação nas provas de conhecimento, exame antropométrico, avaliação psicológica, exame médico,
físico. Aduz que a sua inadmissão se deu por residir em local inadequado, por ter sido agredida em frente a sua residência e, ainda, em razão de denúncia sem fundamento. Requer o deferimento de liminar para que a autoridade coatora inclua o nome da impetrante entre os chamados para a próxima fase do concurso e, ao fim, seja julgado integralmente procedente o pedido assegurando a impetrante o direito de continuar participando do concurso público. Decisão a fls. 62, deferindo a gratuidade de justiça e determinando a Emenda da Inicial para o apontamento da autoridade coatora. Emenda da Inicial a fls. 63, esclarecendo que a autoridade coatora é o Tenente Coronel da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. É o relatório. A impetrante se inscreveu, no ano de 2009, em concurso público, candidatando-se a vaga no cargo de Soldado da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, tendo sido aprovada na prova de conhecimento, exame antropométrico, avaliação psicológica, exame médico e físico, sendo, porém, na fase de pesquisa social e documental, considerada inapta por motivos que discorda. Como se sabe, o mandado de segurança deve ser impetrado contra a autoridade pública que detém, na ordem hierárquica, poder de decisão e competência para praticar o ato administrativo atacado. Embora a impetrante tenha, inicialmente, ora apontado o Estado do Rio de Janeiro, ora o Ilmo. Sr. Tenente Coronel da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro como impetrados, instada a emendar a inicial para esclarecer a autoridade coatora, deixou certo que se tratava do Ilmo. Sr. Tenente Coronel da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. A competência do Órgão Especial para processamento e julgamento de Mandado de Segurança não abarca os atos praticados pela autoridade coatora indicada pela impetrante, como se observa pelo artigo 3º, I, e do Regimento Interno deste Eg. Tribunal de Justiça, que segue ipsis litteris: Art.3º - Compete ao Órgão Especial: I processar e julgar, originariamente: e) os mandados de segurança e habeas data, quando impetrados contra atos do Governador, da Assembléia Legislativa, sua Mesa e seu Presidente, do próprio Tribunal ou de seu Presidente e Vices-Presidentes, do Corregedor-Geral de Justiça, da Seção Criminal, do Conselho de Magistratura, do Tribunal de Contas e do Conselho de Contas dos Municípios, e os mandados de segurança contra os atos da Câmaras Cíveis, bem como dos respectivos Presidentes ou Desembargadores. Assim, patente a incompetência deste Órgão Especial para apreciar a matéria aduzida nos autos, que, de ofício, reconheço na forma do art. 113 e 2º do Código de Processo Civil.
Neste sentido, arestos deste Órgão Especial: MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO PARA SOLDADO DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. AUTORIDADE IMPETRADA. SECRETARIO DE SEGURANÇA PÚBLICA. ATO PRATICADO POR ÓRGÃO QUE INTEGRA A ADMINISTRAÇÃO ESTADUAL. ILEGITIMIDADE PASSIVA. EXTINÇÃO SEM MÉRITO. O Secretario de Segurança Pública. Pelo que se depreende do documento juntado aos autos às fls. 27/40 (Edital do concurso), o Comandante Geral da Polícia Militar é o responsável pelo concurso ao qual se submeteu o impetrante, devendo o mesmo ser considerado a autoridade coatora e, portanto, legítima para responder o mandamus. Indeferimento da inicial, com fundamento no art. 10, da Lei nº 12.016/09. EXTINÇÃO DO PROCESSO, SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, NA FORMA DO ART. 267, VI, DO CPC. (Mandado de Segurança 0034347-45.2009.8.19.0000 (2009.004.01207), Des. Cherubin Helcias Schwartz, julgado em 02/12/2009, Décima Segunda Câmara Cível). MANDADO DE SEGURANÇA - CONCURSO PÚBLICO POLÍCIA MILITAR - ILEGITIMIDADE PASSIVA DO SECRETÁRIO DE ESTADO DE SEGURANÇA PÚBLICA REDISTRIBUIÇÃO DO FEITO A UMA DAS VARAS DA FAZENDA PÚBLICA. Mandado de Segurança impetrado por candidato em concurso público para a Polícia Militar e excluído do certame na fase de investigação social. Impetração dirigida contra o Secretário de Estado de Segurança Pública e também contra o Comandante Geral da Polícia Militar. Ilegitimidade passiva do primeiro impetrado, que não contribuiu para a edição do ato acoimado de ilegal. No mandado de segurança, tanto a doutrina como a jurisprudência estão pacificados no sentido de que a autoridade coatora é aquela que ordena a prática do ato ou se omite em praticá-lo; a autoridade superior que o recomenda ou baixa normas não detém legitimidade para figurar no pólo passivo da impetração. Extinção do processo sem resolução do mérito com relação ao Secretário de Estado de Segurança Pública e envio do feito à livre distribuição perante os juízos fazendários da comarca da Capital. (Mandado de Segurança 0030476-70.2010.8.19.0000, Des. Maria Henriqueta Lobo, julgado em 01/07/2010, Sétima Câmara Cível). PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. AUTORIDADE COATORA ERRONEAMENTE INDICADA. ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSUM. TEORIA DA ENCAMPAÇÃO. INAPLICABILIDADE. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. I - Concurso realizado no âmbito das Secretarias Municipais de Administração e de Educação, o que afasta a responsabilidade do Chefe do Executivo, portanto as autoridades responsáveis pela nomeação e posse dos candidatos são os respectivos Secretários; II - Sendo competente, no presente caso, o Secretário Municipal de Administração e a Secretária Municipal de Educação, não tem
competência originária este Tribunal, devendo se observar o disposto no art. 86, I, "b" do CODJERJ, deslocando-se a competência para as Varas de Fazenda Pública; III - Não há como se adotar a teoria da encampação, uma vez que a equivocada indicação da autoridade coatora implicou a incompetência absoluta desta Câmara para julgamento do feito; IV - Extinção do processo sem resolução do mérito em vista do reconhecimento da ilegitimidade passiva ad causam com fulcro no artigo 267, VI, do Código de Processo Civil. Mandado de Segurança 0034105-86.2009.8.19.0000 (2009.004.01320), Des. Ademir Pimentel, julgado em 12/03/2010, Décima Terceira Câmara Cível). Diante dos argumentos acima expostos, declino da competência, de ofício, para que os autos sejam encaminhados para uma das Varas de Fazenda Pública, conforme disposto no art. 97, I, b do Código de Organização e Divisão Judiciárias do Estado do Rio de Janeiro. Eis os motivos de declinar da competência do Órgão Especial para uma das Câmaras Cíveis deste Tribunal, a que se redistribuirá a demanda. Rio de Janeiro, 11 de junho de 2013. Des. Jessé Torres Relator