Estrutura de gestão do Risco de Mercado no BNDES. 1. Introdução



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Transcrição:

1 Estrutura de gestão do Risco de Mercado no BNDES 1. Introdução A Gestão de Riscos de Mercado é a atividade por meio da qual uma instituição financeira administra os riscos resultantes de variações nas cotações de mercado decorrentes de variação das cotações de moeda estrangeira, das taxas de juros, dos preços das ações e dos preços de mercadorias (commodities). No BNDES 1, as atividades de mensuração, monitoramento e controle dos limites de exposição a risco de mercado são realizados pela Área de Gestão de Riscos, em unidade especificamente voltada para gestão dos Riscos de Mercado e de Liquidez. A gestão de risco de mercado monitora os riscos de todas as operações do BNDES de modo a garantir a sua adequação em níveis consistentes com o padrão de risco desejável a ser assumido. O controle gerencial do risco de mercado do BNDES está em sintonia com as melhores práticas de gestão e segue às normas estabelecidas pelo Banco Central do Brasil, comuns ao Sistema Financeiro Nacional. 2. Política A Política Corporativa de Gestão de Risco de Mercado do BNDES define o conjunto de princípios, diretrizes, estratégias, metodologias, limites e responsabilidades aplicáveis no controle permanente dos processos internos do BNDES, a fim de garantir o adequado gerenciamento dos riscos, conforme a complexidade dos negócios. 1 Sempre que se fizer menção à BNDES, Diretoria, Comitê de Auditoria e Conselho de Administração, entenda-se que o que estiver estabelecido se estende, também, a todas as subsidiárias do BNDES.

2 A referida política encontra-se em consonância com a Resolução n.º 3.464/07 do Conselho Monetário Nacional, e com a Resolução n.º 1.981/2010, do BNDES, que estabelece os critérios para a classificação dos instrumentos financeiros na carteira de negociação. O BNDES considera que sua tesouraria é uma atividade intermediária do uso final de recursos de longo prazo, em consonância com sua missão de Banco de Desenvolvimento, e não uma finalidade em si. Neste sentido, a Instituição não realiza em sua tesouraria operações com produtos financeiros com objetivo de auferir resultados positivos em transações de curtíssimo prazo (day trade). As rotinas das operações de tesouraria estão voltadas exclusivamente à gestão do fluxo de caixa e administração das posições proprietárias, em cumprimento à Política Financeira do BNDES. 3. Estratégias A unidade responsável pela gestão de risco de mercado propõe e gerencia limites operacionais de exposição ao risco de mercado; avalia os riscos provenientes da estruturação de novos produtos; e realiza simulações de condições extremas de mercado (testes de estresse), cujos resultados devem ser considerados ao estabelecer ou rever políticas e limites para a adequação de capital. 4. Responsabilidades na Estrutura de Gerenciamento do Risco de Mercado O Diretor 1 é o responsável pelas atividades de gestão de riscos e de controles internos do Sistema BNDES e por manter a Diretoria e o Conselho de Administração informados sobre a implementação e a gestão de riscos na Instituição. A Diretoria do BNDES deve aprovar as ações voltadas ao aperfeiçoamento da estrutura de gerenciamento de risco de mercado, bem como prover os recursos adequados ao cumprimento de suas finalidades de identificar, avaliar, monitorar e controlar os riscos associados a cada instituição individualmente e ao conglomerado financeiro.

3 O Comitê de Gestão de Riscos (CGR) do BNDES é composto pelo Presidente, Vice- Presidente e demais Diretores do BNDES. O CGR é responsável, dentre outras atribuições: por recomendar os limites de exposição ao risco de mercado, para posterior aprovação pela Diretoria; aprovar as metodologias adotadas para mensuração do risco de mercado; e avaliar os relatórios de mensuração de risco. O Conselho de Administração deve aprovar, no mínimo anualmente, as informações divulgadas quanto à estrutura de gerenciamento do risco de mercado e a Política Corporativa de Gestão do Risco de Mercado. A Área de Gestão de Riscos do BNDES tem, dentre outras, a responsabilidade de informar ao Comitê de Gestão de Riscos (CGR) a respeito da evolução do capital regulamentar para fazer face ao risco de mercado, produzir relatórios gerenciais e monitorar mapas de ativos e passivos. 5. Identificação e Avaliação do Risco O controle do risco de mercado é feito com base na segregação, por fator de risco, das posições em instrumentos financeiros. As técnicas de gerenciamento de riscos variam conforme a classificação dos instrumentos financeiros em carteira de negociação ou de não negociação. Os critérios de classificação das carteiras, bem como os instrumentos para controle de risco de mercado são apresentados a seguir: a) Carteira de Negociação: Consiste em todas as operações com instrumentos financeiros, inclusive derivativos, detidas com a intenção de negociação ativa e frequente ou destinadas a hedge de outros elementos da carteira de negociação, e que não estejam sujeitas à limitação da sua negociabilidade. As operações detidas com intenção de negociação são aquelas destinadas à (i) revenda; (ii) obtenção de benefício dos movimentos de preços, efetivos ou esperados; ou (iii) realização de arbitragem. b) Carteira de não Negociação: Consiste em todas as operações com instrumentos financeiros não classificados na Carteira de Negociação.

4 5.1 Gerenciamento do Risco A mensuração e o controle do risco de mercado são realizados separadamente para as carteiras de negociação e bancária. Para apuração do risco da Carteira de Negociação são utilizadas as metodologias definidas pelo Banco Central do Brasil (VaR regulamentar, Escada de Maturidade, dentre outras Ver Glossário). No caso da carteira de não negociação são desenvolvidas metodologias internas para controle gerencial. No caso da parcela de capital associado ao risco de juros na Carteira bancária (Rban), a metodologia da receita líquida de juros (Net Interest Income NII), para o período de 1 ano, sendo os testes de estresse os definidos pelo Banco Central do Brasil. 5.2 Sistemas de Gestão do Risco Encontra-se em curso à implantação de um sistema integrado de gestão de risco de mercado e liquidez, capaz de: medir, monitorar, controlar a exposição ao risco de mercado, tanto para as operações incluídas na carteira de negociação quanto para as demais posições, assim como gerar relatórios tempestivos para a Diretoria da Instituição. O sistema deverá entrar em operação a partir de 2011. Atualmente, o BNDES monitora seus riscos através do uso de diversos sistemas corporativos, sem prejuízo do cumprimento dos normativos emitidos pelo Banco Central. 6 Comunicação Objetivando a disseminação da cultura de gerenciamento de riscos e da transparência de suas atividades, a Área de Gestão de Riscos disponibilizou na intranet do BNDES: notas técnicas detalhando processos e aspectos metodológicos relativos às atividades do departamento, relatórios mensais e trimestrais de acompanhamento da evolução do risco de mercado, planilhas com as estatísticas calculadas e o relatório anual de risco de mercado.

5 Glossário: As técnicas de mensuração utilizadas para monitorar o risco de mercado no BNDES são descritas a seguir: a) Valor em Risco ( Value at Risk ): é uma estimativa baseada em estatística de perdas que podem ser ocasionadas à carteira por mudanças nas condições do mercado. Ele expressa o valor máximo que o Banco pode perder, levando-se em conta um determinado nível de confiança. Logo, é possível que as perdas reais sejam maiores do que a estimativa baseada em VaR. Este modelo pressupõe um período de manutenção das posições (holding period), além da manutenção da distribuição de retornos por fator de risco, calculada com base em histórico recente. O VaR é, em geral, utilizado para a mensuração de risco das operações financeiras da carteira de negociação. No Brasil, o Banco Central adota um VaR regulatório para mensurar a parcela de capital necessária para fazer frente ao risco de taxas de juros prefixadas. b) Escada de Maturidade (Maturity Ladder): é uma métrica de mensuração de risco que consiste em dividir os prazos dos fluxos financeiros em uma série de vértices, agrupadas em zonas de maturidade. Esses vértices e zonas são assim selecionados para que sejam apuradas diferenças de sensibilidade e volatilidade das taxas perante as diferentes maturidades. A Maturity Ladder no Brasil é utilizada para mensurar o risco de mercado das operações financeiras da carteira de negociação sujeitas à variação das taxas dos cupons de moedas estrangeiras, cupons de índices de preços e cupons de taxas de juros. c) Net Interest Income: é uma medida de risco que consiste na apuração da possibilidade de perdas na receita líquida de juros da instituição. Para tanto, constrói-se um GAP para a carteira bancária do BNDES (carteira de crédito, debêntures, bem como aos títulos públicos em carteira). A análise de GAP mensura a exposição a risco de taxa de juros da carteira bancária calculando a diferença entre as posições ativas e passivas por fator de risco (incluindo

6 as posições compradas e vendidas constantes em contas de compensação) e aplicando um choque diferenciado a cada um dos hiatos (GAPs). No modelo construído pelo BNDES para apurar a Rban (risco de juros da carteira bancária) utiliza-se a metodologia NII, com período de reprecificação dentro do horizonte de 1 ano. O choque considera a variação não esperada de cada indexador, aplicada sobre os GAPs. O resultado agregado representa a perda não esperada para o Banco com o risco de juros.