ORIGEM: PRT 16ª REGIÃO ÓRGÃO OFICIANTE: DR. MARCOS ANTONIO DE SOUZA ROSA INTERESSADO 1: MARGUSA MARANHÃO GUSA S/A INTERESSADO 2: ASSUNTO: Meio Ambiente do Trabalho Degradante (01.35.) ACOMPANHAMENTO DE TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA. SIDERÚRGICA EM FACE DOS FORNECEDORES DE CARVÃO VEGETAL. MEIO AMBIENTE DO TRABALHO. Embora o Órgão oficiante afirme o comprometimento da empresa com as cláusulas firmadas do TAC, não restou demonstrado o seu cumprimento. Ademais, à parte o instrumento firmado, os autos relatam irregularidades que ultrapassariam os seus termos. Necessário, portanto, o retorno dos autos à origem para o monitoramento do TAC referido, e consequente investigação sobre o seu cumprimento e sobre a ocorrência de fraudes à legislação trabalhista. I - RELATÓRIO O Órgão oficiante arquivou o presente feito em razão das mudanças ocorridas na relação de trabalho entre a denunciada e os produtores de carvão, 1
decorrentes do Termo de Ajustamento de Conduta firmado em 1999 e em razão de o Tribunal Regional do Trabalho local reconhecer a legalidade da terceirização da produção do carvão vegetal, bem como pelo fato de os fatos investigados se limitarem ao Estado do Maranhão. É, em síntese, o relatório. II VOTO O presente feito foi instaurado para acompanhar o Termo de Ajustamento de Conduta firmado, entre outras, pela empresa investigada, voltado à adequação do trabalho desenvolvido nas carvoarias do Estado do Maranhão, envolvendo empresas siderúrgicas, empreiteiros e fornecedores do produto (fls. 02/13). O processo foi posteriormente apensado a outro ICP, com o mesmo objeto, instaurado em face da remessa à Regional pela Vara do Trabalho de São João dos Patos de peças processuais de Reclamação Trabalhista sobre a ilegalidade da terceirização da produção de carvão vegetal pela ora investigada. Informa o Órgão oficiante que referido ICP foi instaurado para se obter elementos necessários à denúncia do TAC firmado no ano de 1999 entre o Ministério Público do Trabalho e as Companhias Siderúrgicas localizadas no Estado do Maranhão e, posteriormente, o ajuizamento de Ação Civil Pública para se buscar a formação do vínculo empregatício entre a 2
MARGUSA GERDAU e os trabalhadores que laboram na produção de carvão vegetal, ou seja, a proibição da terceirização reputada ilegal. Após averiguações, o Órgão oficiante entendeu que, pelas informações constantes dos autos, o presente envolve apenas produtores de carvão vegetal localizados no Estado do Maranhão, haja vista listagem apresentada ao Parquet pela empresa (fls. 321/322). Por outro lado, aduz em sua promoção de arquivamento que o Termo de Ajustamento de Conduta firmado em 1999 trouxe significativas mudanças na relação de trabalho daqueles que laboram na produção de carvão vegetal, tanto assim que as compromissárias se viram obrigadas a... mecanizar completamente o carregamento de veículos com o carvão vegetal, atividade considerada mais crítica em todo o processo (fl. 326). O entendimento exposto demonstra a pertinência do Termo de Ajustamento de Conduta referido e, com isso, a necessidade do seu monitoramento, ainda mais que, considerando o tempo decorrido, torna-se imperioso verificar a evolução da situação, com averiguação quanto à realidade da relação atualmente mantida pela empresa com os fornecedores de carvão. verbis: Observe-se o entendimento do Órgão oficiante sobre esta relação,...seria ilógico denunciar o TAC e ajuizar Ação Civil Pública no Estado do Maranhão, pois esta estaria fadada ao insucesso, uma vez que a jurisprudência do TRT da 16ª. Região é no sentido de que não há ilegalidade na terceirização do [sic] produção do carvão vegetal (fl. 326). 3
Todavia, com relação ao TAC, torna-se necessário o monitoramento dos seus termos, de forma a que se cumpram as normas de segurança e medicina do trabalho e, em decorrência, seja preservado o meio ambiente do trabalho de cada um dos produtores de carvão, se é que, de fato, não se configura, no caso, relação de trabalho com vínculo empregatício. De outro lado, observo que, em que pese o monitoramento em questão e a jurisprudência do Tribunal Regional do Trabalho local quanto ao não reconhecimento de vínculo empregatício, não são estes fatores impeditivos para que se investigue eventual ocorrência de fraude à legislação do trabalho perpetrada pela ora investigada. Isto, aliás, é decorrência natural do monitoramento referido. E, considerando-se as premissas pertinentes a cada caso, pode-se estar diante de uma relação que escape dos contornos delineados no TAC em questão, podendo, inclusive, a investigação resultar na sua denúncia. Nessas condições, não conheço da promoção de arquivamento, haja vista a necessidade de monitoramento do TAC. III CONCLUSÃO Isto posto, voto no sentido do não conhecimento da promoção de arquivamento, haja vista a necessidade de monitoramento do Termo de Ajustamento de Conduta firmado em 1999, devolvendo-se os autos à origem para 4
os fins devidos. Brasília, 18 de abril de 2011. Eliane Araque dos Santos Relatora 5