TROVADORISMO
TROVADORISMO O século XII legou-nos uma poesia de intenso lirismo que concebia o amor como um culto, quase uma religião, que servia de endeusar a mulher e idealizála. Refletindo o momento histórico da época (feudalismo), o trovador (o poeta) considerava a mulher como um ser superior a quem ele devia servir, honrar e homenagear, comportando-se em relação à sua dona tal como se comportava o vassalo em relação ao senhor feudal.
CONTEXTO HISTÓRICO A hierarquia da sociedade feudal era formada por três estamentos: Clero extremamente rico e possuidor de grandes extensões territoriais, competia orar pela sociedade, exercendo grande influência política junto à nobreza e dividindo a governança. Nobreza possuidor de grandes extensões de terra e eram a autoridade absoluta em seus domínios, só prestando obediência ao rei e ao clero. Povo pagavam tributos e estavam impedidos de deixar a propriedade.
PIRÂMIDE FEUDAL
SOCIEDADE FEUDAL
DOMÍNIO SENHORAIS
DOMÍNIOS SENHORAIS
RELAÇÕES FEUDO- VASSÁLICAS
TROVADORISMO É o período literário que reúne basicamente os poemas feitos pelos trovadores para serem cantados em feiras, festas e nos castelos durante os últimos séculos da Idade Média.
TROVADORISMO Os historiadores costumam limitar o Trovadorismo entre os anos de 1189 (ou 1198?) e 1385. Mais importante que essas datas convencionais é saber que o Trovadorismo corresponde à primeira fase da história portuguesa ao período da formação de Portugal como reino independente.
Cantiga da Ribeirinha No mundo nom me sei parelha mentre me for como me vai, ca ja moiro por vós e ai! mia senhor branca e vermelha, queredes que vos retraia quando vos eu vi em saia. Mao dia me levantei que vos entom nom vi fea! E, mia senhor, des aquelha me foi a mi mui mal di ai! E vós, filha de Dom Paai Moniz, e bem vos semelha d aver eu por vós guarvaia, pois eu, mia senhor, d alfaia nunca de vós ouve nem ei valia d ua correa. Pai Soares de Taveirós
Os cancioneiros Só tardiamente (a partir do final do século XIII) as cantigas foram copiadas em manuscritos chamados cancioneiros. Três desses livros chegaram até nós. Cancioneiro da Ajuda Cancioneiro da Vaticana Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa
Os autores Os autores das cantigas são chamados trovadores. Eram pessoas cultas, nobres ou monges, contando-se entre eles alguns reis, como D. Sancho I, D. Afonso X, de Castela, e D. Dinis.
Os intérpretes As cantigas compostas pelos trovadores eram musicadas e interpretadas pelo jogral (ator mímico ou simplesmente compositor), pelo segrel (trovador profissional ou fidalgo decaído) e pelo menestrel (músico ligado a corte), artistas agregados às cortes ou perambulavam pelas cidades e feiras. Muitas vezes o jogral também compunha cantigas.
Dom Dinis
Características das cantigas Tradição oral e coletiva Poesia cantada e acompanhada por instrumentos musicais colecionada em cancioneiros Autores trovadores Intérpretes: jograis, segréis e menestréis Gêneros: lírico e satírico
CANTIGAS TROVADORESCAS O dialeto galaico-português era a língua utilizada pelos trovadores, que através dela nos legaram dois tipos de cantiga: Lírico-amorosa: cantiga de amor e cantiga de amigo; Satírica: cantiga de escárnio e cantiga de maldizer.
Características das cantigas trovadorescas CANTIGA DE AMOR 1. O trovador assume o eu-lírico masculino: é o homem quem fala. CANTIGA DE AMIGO 1. O trovador assume o eu-lírico feminino: é a donzela quem fala.
Características das cantigas trovadorescas CANTIGA DE AMOR 2. A mulher é o ser superior, pertence a uma categoria social mais elevada que a do trovador. CANTIGA DE AMIGO 2. A mulher, campesina ou urbana, é de nível social baixo.
Características das cantigas trovadorescas CANTIGA DE AMOR 3. Expressa a coita (dor, sofrimento) amorosa do trovador, por amar uma mulher inacessível, que não corresponde e a quem rende vassalagem amorosa. CANTIGA DE AMIGO 3. Expressa o sentimento de quem sofre por sentir saudade do amigo (namorado) que foi combater com os mouros invasores.
Características das cantigas trovadorescas CANTIGA DE AMOR 4. O ambiente, culto e refinado, retrata a vida na corte CANTIGA DE AMIGO 4. O ambiente é rural ou familiar.
Características das cantigas trovadorescas CANTIGA DE AMOR 5. É de origem provençal (de Provença, região do sul da França). CANTIGA DE AMIGO 5. Teve origem em território galaicoportuguês.
Características das cantigas trovadorescas CANTIGA DE ESCÁRNIO 1. Cantiga de caráter satírico, em que o ataque se processa indiretamente, por intermédio da ironia e do sarcasmo. CANTIGA DE MALDIZER 1. Cantiga de caráter satírico, em que o ataque se processa diretamente.
Características das cantigas trovadorescas CANTIGA DE ESCÁRNIO 2. Criticava pessoas, costumes e acontecimentos, sem revelar o nome da pessoa ou pessoas visadas. CANTIGA DE MALDIZER 2. Criticava pessoas, costumes ou acontecimentos, citando o nome da pessoa ou pessoas visadas.
Cantiga de amigo Ondas do mar de Vigo acaso vistes meu amigo? Queira Deus que ele venha cedo! Ondas do mar agitado, acaso vistes meu amado? Queira Deus que ele venha cedo! Acaso vistes meu amigo aquele por quem suspiro? Queira Deus que ele venha cedo! Acaso vistes meu amado, por quem tenho grande cuidado (preocupado)? Queira Deus que ele venha cedo! Martim Codax
Canção de amor Quero à moda provençal fazer agora um cantar de amor, e quererei muito aí louvar minha senhora a quem honra nem formosura não faltam nem bondade; e mais vos direi sobre ela: Deus a fez tão cheia de qualidades que ela mais que todas do mundo. D. Dinis
Cantiga de escánio Sobre vós, senhora, eu quero dizer verdade e não já sobre o amor que tenho por vós: senhora, bem maior é vossa estupidez do que a de quantas outras conheço no mundo tanto na feiúra quanto na maldade não vos vence hoje senão a filha de um rei Eu não vos amo nem me perderei de saudade por vós, quando não vos vir. Pero Larouco
Cantiga de maldizer Trovas não fazeis como provença! Mas como Bernado o de Bonaval. O vosso trovar não é natural! Ai de vós, com ele e o demo aprendestes, Em trovardes mal vejo eu o sinal Das loucas idéias em que empreendestes. Por isso D. Pero em Vila-Real Fatal foi a hora em que tanto bebeste. D. Afonso X, o Sábio