Saiu intimado dessa decisão o advogado do consulente, Dr. Diego de Paiva Vasconcelos, nos termos do art. 117 do Regimento Interno deste Tribunal.

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Transcrição:

PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE RONDÔNIA SECRETARIA JUDICIÁRIA E DE GESTÃO DA INFORMAÇÃO COORDENADORIA DE JURISPRUDÊNCIA E DOCUMENTAÇÃO RESOLUÇÃO N. 12 DE 09 DE FEVEREIRO DE 2010 CONSULTA N. 12161.2010.622.0000 CLASSE 10 PROCEDÊNCIA: PORTO VELHO RO RELATOR: JUIZ JOSÉ TORRES FERREIRA CONSULENTE: PARTIDO TRABALHISTA CRISTÃO (PTC) DIRETÓRIO REGIONAL DE RONDÔNIA ADVOGADOS: MARCIO MELO NOGUEIRA E DIEGO DE PAIVA VASCONCELOS EMENTA Consulta eleitoral. Subvenção de verbas públicas. Próximo carnaval. Caso concreto. Não conhecimento. Consulta sobre subvenção de verbas públicas no carnaval a ser realizado, constitui caso concreto a ensejar o seu não conhecimento. Consulta não-conhecida, nos termos do voto do relator. Vistos, relatados e discutidos estes autos, etc. RESOLVEM os membros do Tribunal Regional Eleitoral de Rondônia, nos termos do voto do relator, por maioria, vencido o Juiz Jorge Luiz dos Santos Leal, em nãoconhecer da consulta. Saiu intimado dessa decisão o advogado do consulente, Dr. Diego de Paiva Vasconcelos, nos termos do art. 117 do Regimento Interno deste Tribunal. Porto Velho, 09 de fevereiro de 2010. Des.ª ZELITE ANDRADE CARNEIRO Presidente; Juiz JOSÉ TORRES FERREIRA Relator; Juiz JORGE LUIZ DOS SANTOS LEAL - Voto vencido; HEITOR ALVES SOARES - Procurador Regional Eleitoral Divulgação: Diário da Justiça Eletrônico do TRE/RO n. 34/2010, de 23/02/2010, pág. 05/06. RELATÓRIO O SENHOR JUIZ JOSÉ TORRES FERREIRA: Trata-se de consulta formulada pelo PARTIDO TRABALHISTA CRISTÃO PTC, fls. 02/03, DIRETÓRIO REGIONAL DE RONDÔNIA, que indagou, in litteris: [...] Considerando-se a notória relevância cultural, econômica e social dos festejos carnavalescos, e, ainda, sua também notória insustentabilidade econômico-financeira, fazendo-se necessário o apoio do Poder Público às entidades civis que os promovem, o que tem se reiterado anos a fio; 1

Considerando-se que tal assertiva aplica-se de forma irrestrita, não encontrando limites geográficos, a exemplos de grandes centros, cujos carnavais são eventos mundialmente reconhecidos pela grandeza, tais como Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo, Recife/Olinda, entre outros, desde sempre realizados com o apoio do Poder Público; Considerando-se o disposto no 10, do art. 73, da Lei nº 9.504/97, repetido no art. 50, 9, da Resolução nº 23.191/2010/TSE, assim expresso: 10. No ano em que se realizar eleição, fica proibida a distribuição gratuita de bens, valores ou benefícios por parte da Administração Pública, exceto nos casos de calamidade pública, de estado de emergência ou de programas sociais autorizados em lei e já em execução orçamentária no exercício anterior, casos em que o Ministério Público poderá promover o acompanhamento de sua execução financeira e administrativa. Considerando-se que tal dispositivo tem o nítido intuito de preservar o necessário equilíbrio entre os candidatos, inibindo o abuso do poder de autoridade em prol de um ou de outro, e que sua interpretação não deve impedir o regular funcionamento da Administração Pública, com a realização de seus diversos escopos, direta ou indiretamente; Questiona-se: A celebração, em ano de eleição, de convênio entre órgão da Administração Pública, municipal ou estadual, e entidade civil, com o intuito de repassar verba destinada à realização de desfiles de escolas de samba, blocos e afins, nos mesmos moldes daqueles firmados em anos anteriores, implica infração ao mencionado dispositivo legal? (grifo no original) Pelo caráter de urgência, levantado pelo advogado, os autos foram remetidos ao douto Procurador Regional Eleitoral, fl. 32, que comunicou à Assessoria ao Pleno deste Regional que manifestar-se-ia oralmente em sessão. É o relatório. MANIFESTAÇÃO O SENHOR HEITOR ALVES SOARES (Procurador Regional Eleitoral): Atendendo à solicitação do nobre advogado, Dr. Diego de Paiva Vasconcelos, e do Juiz Relator, José Torres Ferreira, profiro parecer oral, já pedindo escusas porque recebi o processo agora, às 15:00 horas. Parece-me uma questão de fácil compreensão. O partido político, no caso o Partido Trabalhista Cristão - PTC, detém legitimidade para formular a consulta. Os autos, pelo que manuseei, estão instruídos 2

adequadamente, com cópia do estatuto, e a consulta formulada por autoridade competente, nos termos do Código Eleitoral. Há, portanto, legitimidade da autoridade consulente. No entanto, parece-me que a consulta, da maneira como formulada, não pode ser conhecida. Embora colocada, mais ou menos, em termos abstratos, a mesma se presta, exatamente, a tutelar uma situação concreta, que seria o financiamento do carnaval feito pelas escolas de samba e por blocos carnavalescos do Estado. O objeto da indagação diz o seguinte: [...] A celebração, em ano de eleição, de convênio entre órgão da Administração Pública, municipal ou estadual, e entidade civil, com o intuito de repassar verba destinada à realização de desfiles de escolas de samba, blocos e afins, nos mesmos moldes daqueles firmados em anos anteriores, implica infração ao mencionado no dispositivo legal? A própria formulação do quesito deixa entender que tem um nítido caráter de responder a uma situação concreta, o que é expressamente vedado, tanto pela jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral, quanto dos Tribunais Regionais Eleitorais. Desta forma, entendo que, neste caso, a consulta não deve ser conhecida, por se tratar de caso concreto. Superada a questão, e já adentrando ao mérito, diz o 10 do artigo 73 da Lei n. 9.504/97: Art. 73. [...] 10. No ano em que se realizar eleição, fica proibida a distribuição gratuita de bens, valores ou benefícios por parte da Administração Pública, exceto nos casos de calamidade pública, de estado de emergência ou de programas sociais autorizados em lei e já em execução orçamentária no exercício anterior, casos em que o Ministério Público poderá promover o acompanhamento de sua execução financeira e administrativa. (Incluído pela Lei nº 11.300, de 2006) Com a devida vênia, parece-me, que a hipótese formulada na consulta não se enquadra dentro desses parâmetros de exceção, previstos na Lei n. 9.504/97 e, também, a própria formulação da consulta deixa claro, retornando à questão, se tratar de uma situação concreta, que vai se prestar, exatamente, a autorizar um repasse de recursos de natureza pública para essas entidades. Portanto, Senhora Presidente, manifestando-me oralmente, pela urgência que me foi solicitada pela parte, com a devida vênia de eventuais equívocos, entendo que não é o caso de se conhecer desta consulta, por se tratar de caso concreto. No entanto, se esta Corte entender pelo seu conhecimento, tenho que o repasse de valores, bens ou benefícios, em ano de eleição, fica vedado pela administração pública, exatamente porque não está se tratando daquelas ressalvas prevista na Lei n. 9.504/97. É o parecer. 3

O SENHOR JUIZ JOSÉ TORRES FERREIRA (Relator): A doutrina e a jurisprudência não permitem o conhecimento de consulta sobre caso concreto. De acordo com a doutrina de Marcos Ramayana, Direito Eleitoral, 5ª Edição, Rio de Janeiro, Editora Impetus, 2006, p. 590: As consultas são encaminhadas aos presidentes dos Tribunais, e não sendo matéria afeta às decisões da presidência, vice-presidência ou corregedoria, devem ser distribuídas a um relator. Nos ensina o eminente jurista Torquato Jardim que as consultas atendem à celeridade eleitoral e à redução de conflitos, sem antecipação de julgamento ou supressão de grau de jurisdição. Nesta linha, de forma regimental, não se admite a sustentação oral nos pedidos de consultas, além da possibilidade de não conhecimento por decisão liminar do relator, quando for formulada por parte ilegítima ou versar sobre caso concreto. Na hipótese dos autos, a consulta foi formulada legitimamente por partido político, sobre matéria eleitoral, porém sobre subvenção de verbas públicas no carnaval a ser realizado nos próximos dias. A respeito os seguintes arestos do TSE: CONSULTA. FIDELIDADE PARTIDÁRIA. RESOLUÇÃO- TSE Nº 22.610/2007. JUSTA CAUSA. FILIADO. REPERCUSSÃO. PARTIDO POLÍTICO. ÂMBITO. 1. Não configura hipótese de cancelamento de filiação partidária o simples ajuizamento de pedido com vistas ao reconhecimento de justa causa para desfiliação partidária futura, nos termos do art. 1º, 3º, da Resolução-TSE nº 22.610/2007. 2. Não se conhece de consulta quando a formulação admitir ressalvas e interpretações casuísticas ou versar sobre matéria interna corporis de partido político. 3. Resposta negativa ao questionamento de letra b e demais itens não conhecidos. (Resolução n. 23035 Consulta n. 1678 Brasília/DF - 7/4/2009. Rel. Ministro Marcelo Henriques Ribeiro de Oliveira. Publicado no Diário da Justiça Eletrônico de 21/5/2009, p. 28). CONSULTA. DEPUTADO FEDERAL. DECRETAÇÃO DE PERDA DE MANDATO ELETIVO. LEGITIMIDADE AD CAUSAM DE SUPLENTE. LITISCONSORTE PASSIVO NECESSÁRIO. NÃO-CONHECIMENTO. Não se conhece de consulta, quando certos pontos se assentam em pressupostos de fato, que dependem do exame concreto de cada uma das situações objeto da indagação (Consulta nº 1.445, Rel. Min. Arnaldo Versiani, DJ de 21.12.2007). (Resolução n. 22990 Consulta n. 1617 Brasília/DF - 18/12/2008. Rel. 4

Ministro Felix Fischer. Publicado no Diário da Justiça Eletrônico de 20/2/2009, p. 45). Nesse contexto, quando indaga o consulente se o convênio, entre poder público e carnavalescos, pode ser firmado nos moldes dos anos anteriores, traz consigo necessidade de dados concretos, o que não se admite para consulta em tese. Como ensina a jurisprudência citada, não se conhece de consulta em que a formulação admita ressalvas e interpretações casuísticas. Assim, não conheço da consulta. É como voto. (VENCIDO) O SENHOR JUIZ JORGE LUIZ DOS SANTOS LEAL: Tudo o que disse o eminente Juiz Relator, em relação à consulta, de esta ter um caráter de resposta imediata, ou para um fato que vai acontecer no final de semana ou na semana que vem, absolutamente correto, coerente. Não há dúvida disso. Entretanto, indago se não é necessário ou se não seria o momento de se conhecer e responder a essa consulta, porque, de agora em diante, a cada dois anos, teremos situação idêntica. Não seria o momento de se decidir, de uma vez, o que vai valer neste carnaval e daqui a dois anos também? Por isso que, para mim, é possível que essa consulta seja conhecida e respondida, já que esse fato se repetirá a cada dois anos. Com esse entendimento, peço vênia ao eminente relator para votar no sentido do conhecimento da consulta. voto do relator. O SENHOR JUIZ FRANCISCO REGINALDO JOCA: Acompanho o relator. O SENHOR JUIZ PAULO ROGÉRIO JOSÉ: Acompanho o voto do O SENHOR JUIZ ÉLCIO ARRUDA: Acompanho o voto do relator. O SENHOR DESEMBARGADOR ROWILSON TEIXEIRA: 5

Acompanho o voto do relator. A SENHORA DESEMBARGADORA ZELITE ANDRADE CARNEIRO (Presidente): Acompanho o voto do relator. EXTRATO DA ATA (9ª SESSÃO ORDINÁRIA) Consulta n. 121-61.2010.6.22.0000 Classe 10. Procedência: Porto Velho RO. Relator: Juiz José Torres Ferreira. Consulente: Partido Trabalhista Cristão (PTC) Diretório Regional de Rondônia (Adv.: Marcio Melo Nogueira e Diego de Paiva Vasconcelos). Decisão: Consulta não conhecida, por maioria, nos termos do voto do relator, vencido o Juiz Jorge Luiz dos Santos Leal. Saiu intimado dessa decisão o advogado do consulente, Dr. Diego de Paiva Vasconcelos, nos termos do art. 117 do Regimento Interno deste Tribunal. Presidência da Senhora Desembargadora Zelite Andrade Carneiro. Presentes o Desembargador Rowilson Teixeira; os Senhores Juízes José Torres Ferreira, Jorge Luiz dos Santos Leal, Francisco Reginaldo Joca, Paulo Rogério José, Élcio Arruda e o Dr. Heitor Alves Soares, Procurador Regional Eleitoral. Sessão do dia 9/2/2010. 6