RESOLUÇÃO N Vistos, etc,

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1 RESOLUÇÃO N CONSULTA (CTA) N CLASSE 10 - INELEGIBILIDADE Relator: Juiz Rafael de Assis Horn Consulente: Sandra Regina Eccel, Secretária de Estado de Desenvolvimento Regional em Brusque - CONSULTA - SECRETÁRIA DE ESTADO - LEGITIMIDADE - INELEGIBILIDADE - APLICAÇÃO DA LEI COMPLEMENTAR N. 135/ NÃO CONHECIMENTO - QUESTIONAMENTO ABSTRATO - IMPOSSIBILIDADE DE PRONUNCIAMENTO QUANTO À MATÉRIA OBJETO DA CONSULTA, SOB RISCO DE RESOLUÇÃO PRÉVIA DE CASO CONCRETO. - "A resposta a consultas, dado o caráter extraordinário, só é conveniente quando for extreme de dúvidas e não permita imprecisão [Resolução n , de , rei. Juiz Márcio Luiz Fogaça Vicari]. Vistos, etc, R E S O L V E M os Juízes do Tribunal Regional Eleitoral, de Santa Catarina, à unanimidade, em não conhecer da consulta, nos termos do voto do Relator, que fica fazendo parte integrante da decisão. Sala de Sessões do Tribunal Regional Eleitoral. Florianópolis, 17 de agosto de RAFAEL DE ASSIS HORN Relator

2 RELATÓRIO Trata-se de consulta formulada por Sandra Regina Eccel, Secretária de Estado de Desenvolvimento Regional em Brusque, vazada nos seguintes termos: O candidato declarado inelegível por abuso de poder econômico ou político, captação ilícita de sufrágio ou pela prática de conduta vedada aos agentes públicos, praticados no pleito de 2004, com as alterações trazidas pela LC n. 135/2010 (aumento da inelegibilidade de 3 (três) para 8 (oito) anos) poderão ser candidatos na eleição de 2012? Com vista dos autos, a Procuradoria Regional Eleitoral manifesta-se pelo não conhecimento de parte da consulta, por versar sobre caso concreto. Argumenta que "a novel legislação não pode retroagir para alterar o ato jurídico perfeito e a coisa julgada, sob pena de afronta direta ao artigo 5 o, inciso XXXVI, da Constituição da República" e que "os pretendentes às vagas dos cargos que serão disputados nas eleições de 2012 que se enquadrarem nas hipóteses de inelegibilidade previstas na Lei Complementar n. 135/2010 estarão impedidos de participar desse pleito" (fls ). É o relatório. VOTO O SENHOR JUIZ RAFAEL DE ASSIS HORN (Relator): Sr. Presidente, a presente consulta, apesar de preencher o requisito da legitimidade Secretário de Estado e versar sobre matéria de cunho eleitoral formulada em tese, não merece ser conhecida. Com efeito, tenho por recomendável o não conhecimento, em razão dos termos em que a indagação foi formulada. Infere-se que a consulente busca saber se o posicionamento adotado por esta Corte no Acórdão n de , da relatoria da Juíza Cláudia Lambert, o qual se encontra às fls dos autos será aplicado às hipóteses por ela relatada em sua consulta, para as eleições de Naquele caso, decidiuse que "a nova lei, que alterou o prazo de inelegibilidade, não pode retroagir para alterar o ato jurídico perfeito e a coisa julgada, sob pena de afronta ao art. 5 o, inciso XXXVI, da Constituição Federal". Entretanto, o Tribunal Superior Eleitoral já firmou entendimento de que "a causa de inelegibilidade incide sobre a situação do candidato no momento de registro da candidatura" (Consulta n , de , rei. Min. Arnaldo Versjani). Assim, me parece temerário responder a consulta formulada nesses termos, em que cada caso demanda análise específica da situação do candidato, em

3 especial porque o precedente invocado pela consulente constituiu orientação adotada por este Tribunal antes mesmo do pronunciamento do Supremo Tribunal Federal sobre a incidência da Lei Complementar n. 135/2010, a qual, à época, recém implementada, dava origem às primeiras discussões sobre seu alcance nas Cortes Eleitorais. Porém, como bem consignado no parecer ministerial, em decisão proferida em 26 de maio próximo passado, o Tribunal Superior Eleitoral decidiu que: [...] 2. A inelegibilidade não constitui pena, mas sim requisito a ser aferido pela Justiça Eleitoral no momento do pedido de registro de candidatura, razão pela qual a ela não se aplicam os princípios constitucionais atinentes à eficácia da lei penal no tempo. Precedentes [...]. [RO n SP, rei. Min. Aldir Passarinho]. Ademais, a matéria segue sendo objeto de análise das Cortes Eleitorais, que podem, inclusive, rever seu entendimento até as próximas eleições. No julgamento da Consulta n , o TSE assim respondeu: [...] A LC n. 135/10, que alterou as causas de inelegibilidade, se aplica aos processos em tramitação iniciados, ou mesmo já encerrados, antes de sua entrada em vigor, nos quais tenha sido imposta qualquer condenação a que se rerefere a nova lei. [...] No terceiro questionamento, pergunta-se: "Lei eleitoral que alterar as causas de inelegibilidade e o período de duração da perda dos direitos políticos, aplica-se aos processos em tramitação, já julgados e em grau de recurso, com decisão onde se adotou punição com base na regra legal então vigente?" [.,.] Ressalvando que não se está diante de perda de direitos políticos, nem de punição, respondo a pergunta afirmativamente [...]. O Supremo Tribunal Federal, por sua vez, registou que: Apesar das decisões proferidas por esta Corte no julgamento dos Recursos Extraordinários n.s /DF (caso Joaquim Roriz) e /Pa (caso Jader Barbalho), essas questões constitucionais ainda serão objeto de apreciação do Plenário da Corte. Ressalte-se, inclusive, inclusive, que o STF dividiu a discussão das questões relacionadas à LC 135/2010, levando em conta os temas versados em cada alínea do art. 1 o da LC 64/90 [...] [Ag. Reg. na Medida Cautelar na Ação Cautelar 2.816/SP, de , rei. Min. Gilmar Mendes]. Dessa forma, em razão do caráter ainda dinâmico da jurisprudência acerca da matéria consultada, recomendável o seu não conhecimento para efeito de evitar que esta Corte se vincule a determinado posicionamento sem atentar à especificidade do caso em concreto e, principalmente, com o escopo de evitar uma resposta que possa induzir em erro terceiros interessados (partidos, candidatos).

4 Nesse sentido já se pronunciou esta Corte, verbis: - CONSULTA - PRESIDENTE DE DIRETÓRIO ESTADUAL DE PARTIDO POLÍTICO - LEGITIMIDADE - CONHECIMENTO - PROPAGANDA VIA CELULAR - TORPEDO - TERMOS AMPLOS - FORMULAÇÃO QUE PERMITE DIVERSAS INTERPRETAÇÕES - IMPOSSIBILIDADE DE SE AFERIR TODAS AS CONSEQÜÊNCIAS PRÁTICAS DA SITUAÇÃO HIPOTÉTICA VERSADA NA QUESTÃO - ATUAÇÃO EXCEPCIONAL DA JUSTIÇA ELEITORAL QUE IMPÕE PRUDÊNCIA E CUIDADOS REDOBRADOS - NÃO-CONHECI MENTO DA CONSULTA. A função consultiva da Justiça Eleitoral é singular, no sistema jurisdicional brasileiro. Por isso mesmo, seu exercício há de se ater a essa mesma excepcionalidade, não se prestando a responder consulta em que haja risco de resolução prévia e oblíqua a caso concreto. Por essa mesma razão, a resposta a consultas, dado o caráter extraordinário, só é conveniente quando for extreme de dúvidas e não permita imprecisão. Na espécie, a consulta abre possibilidade a interpretações as mais diversas, não sendo oportuno seja respondida, por comportar termos muito amplos. Precedentes deste Tribunal [Resolução n , de , rei. Juiz Márcio Luiz Fogaça Vicari, destaque não consta no original]. Com essas considerações, não conheço da consulta. É como voto. 4

5 Fl. TRESC Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina EXTRATO DE ATA CONSULTA N CONSULTA INELEGIBILIDADE RELATOR: JUIZ RAFAEL DE ASSIS HORN CONSULENTE(S): SANDRA REGINA ECCEL, SECRETÁRIA DE ESTADO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL EM BRUSQUE ADVOGADO(S): VALDEMIRO ADAUTO DE SOUZA PRESIDENTE DA SESSÃO: JUIZ SÉRGIO TORRES PALADINO PROCURADOR REGIONAL ELEITORAL: CLAUDIO DUTRA FONTELLA Decisão: à unanimidade, não conhecer da consulta, nos termos do voto do Relator. Presidiu o julgamento o Juiz Irineu João da Silva, em razão da ausência circunstancial do Juiz Sérgio Torres Paladino. Presentes os Juízes Rafael de Assis Horn, Oscar Juvêncio Borges Neto, Ivorí Luis da Silva Scheffer, Nelson Maia Peixoto e Gerson Cherem II. PROCESSO JULGADO NA SESSÃO DE RESOLUÇÃO N ASSINADA NA SESSÃO DE