ESTUDO COMPARATIVO ENTRE TERÇAS DE AÇO CONVENCIONAIS EM VIGAS, EM TRELIÇAS PLANAS E EM TRELIÇAS MULTIPLANARES



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Transcrição:

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE TERÇAS DE AÇO CONVENCIONAIS EM VIGAS, EM TRELIÇAS PLANAS E EM TRELIÇAS MULTIPLANARES Rodrigo Cuberos Vieira Prof. Dr. João Alberto Venegas Requena rocv@hotmail.com requena@fec.unicamp.br Departamento de Estruturas - Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo Universidade Estadual de Campinas UNICAMP Av. Albert Einstein, 951, Cidade Universitária Zeferino Vaz, Caixa Postal 6021, CEP 13083-852, Campinas SP Brasil Afonso Henrique Mascarenhas de Araújo afonso@vmtubes.com.br Vallourec & Mannesmann Tubes V&M do Brasil S. A. Av. Olinto Meireles, 65, Barreiro, CEP 30640-010, Belo Horizonte MG Brasil Resumo. As coberturas metálicas são muito utilizadas em edificações que necessitam de grandes espaços internos livres e possuem um prazo de execução pequeno, como galpões de uso geral, sendo as terças responsáveis por uma parcela considerável do peso total da cobertura. Neste trabalho foi desenvolvido um amplo estudo sobre os diversos tipos de terças metálicas utilizadas em coberturas de médio e grande porte, com vãos de até 40,0 metros, abordando as terças em perfil laminado e formado a frio, e as terças treliçadas em perfis abertos e tubulares. Foram realizados estudos aprofundados sobre o dimensionamento de terças em perfil, com o desenvolvimento de um programa de verificação e dimensionamento para esses tipos de terças. Também foram realizados estudos sobre o dimensionamento de terças treliçadas planas, também conhecidas como joists, que já têm a sua utilização bastante difundida, e de terças treliçadas tubulares multiplanares, cuja utilização ainda é pequena se comparada com os demais tipos de terças. Foram feitas análises comparativas para diversos vãos, possibilitando identificar qual o tipo de terça mais adequado para cada situação estudada. Uma análise dos custos das terças também foi realizada, permitindo verificar a viabilidade da utilização das terças treliçadas tubulares em coberturas metálicas. Palavras Chave: Estruturas metálicas, Terças, Treliças de aço, Perfis tubulares

1 INTRODUÇÃO A utilização das estruturas metálicas na construção civil vem crescendo e se firmando como uma ótima solução para a execução de obras de médio e grande porte, principalmente quando o uso da estrutura requer a existência de grandes áreas livres, sem a presença de muitos pilares internos. O bom comportamento das estruturas metálicas para obras de grandes vãos, se deve a elevada resistência mecânica do aço e a existência de diferentes tipos de perfis, que são apropriados para as mais diversas situações de projeto, além da possibilidade de unir os perfis metálicos formando treliças, cujas barras trabalham sobretudo a tração e compressão, extraindo o máximo da resistência dos perfis e resultando em estruturas leves. Devido a essas vantagens, a cobertura metálica é um tipo de estrutura muito comum de ser executada, o que motivou o desenvolvimento desse projeto. Dentre os elementos componentes de um sistema de cobertura, foram estudadas as terças metálicas, analisando os principais tipos usados nas coberturas metálicas, com o objetivo de buscar as melhores soluções de terças com relação aos vãos a serem cobertos e às cargas atuantes na cobertura. Foram realizadas análises de peso e de custo para diversos tipos de terças. Os resultados finais deste trabalho possibilitam evitar desperdícios de material com a utilização de alternativas que não conduzem as melhores soluções de terças, e reduzir o peso final do sistema de cobertura metálico, aliviando o carregamento atuante sobre o restante da estrutura e sobre a fundação, o que resulta em redução do custo da obra. 2 TIPOS DE TERÇAS ESTUDADOS A utilização de vigas de alma cheia é a solução mais racional para vencer vãos pequenos, devido ao menor trabalho na sua execução e à maior simplicidade na sua manutenção. A medida que o vão aumenta, a utilização de vigas de alma cheia não representa a solução mais econômica, passando-se a utilizar treliças planas ou multiplanares. Para identificar a partir de qual vão a utilização de treliças é recomendada, foram analisadas terças convencionais em vigas e em treliças, tanto planas quanto multiplanares, para vãos de até 40,0 metros. As terças em vigas mais utilizadas são em perfil laminado ou formado a frio, sendo este último mais empregado atualmente, devido a sua flexibilidade na definição das dimensões da seção do perfil, obtendo-se terças mais leves. As seções transversais estudadas neste trabalho são as mais comumente utilizadas como terças de cobertura, conforme apresentado na Fig. 1, sendo perfis U e I laminados e U e Z simples e enrijecidos formados a frio. Perfil laminado Perfil formado a frio Figura 1 Tipos de terças em viga estudados As terças em treliças planas estão sendo muito utilizadas atualmente, sendo compostas principalmente por perfis abertos, tanto laminados quanto formados a frio. Os perfis mais utilizados para a composição das treliças planas em perfis abertos são a dupla cantoneira laminada e o perfil U formado a frio, conforme a Fig. 2, sendo essas treliças incluídas neste estudo.

Figura 2 Tipos de terças treliçadas planas em perfis abertos estudados A treliça plana também pode ser constituída por perfis tubulares, cuja utilização vem crescendo nos últimos anos. Além da treliça tubular plana, também existe a possibilidade de utilizar um modelo de treliça tubular multiplanar, cuja utilização como terças de cobertura ainda é pequena. Porém, pelo fato de ser uma estrutura espacial, esse modelo de treliça permite vencer grandes vãos sem a necessidade de travamentos laterais, indispensáveis para os demais modelos de terças em vigas e em treliças planas, facilitando a sua montagem na obra. Os tipos de treliças tubulares analisados neste trabalho encontram-se na Fig. 3. Treliça plana Treliça multiplanar Figura 3 Tipos de terças treliçadas tubulares estudados 3 PROGRAMAS UTILIZADOS Para facilitar as análises das terças, foram utilizados três programas distintos, próprios para cada tipo de terça. A utilização desses programas permitiu a investigação de uma grande quantidade de terças, possibilitando encontrar as soluções mais indicadas para cada vão analisado. Todos os programas utilizados estão de acordo com prescrições normativas atuais como o AISC (1994), AISI (2007), Eurocode 3 Part 1-1 (1993) e Eurocode 3 Part 1-3 (1993). 3.1 AutoTerças Para a análise das terças em vigas de perfis laminados ou formados a frio, foi desenvolvido um programa de verificação e dimensionamento desses perfis. Para a

determinação dos esforços resistentes foi empregado o método das larguras efetivas para os perfis formados a frio, com a utilização de processos iterativos. A utilização do programa é simples, bastando o usuário escolher o tipo de aço, o tipo de perfil, fornecer as propriedades do aço, o vão e o número de linhas de corrente da terça, conforme a Fig. 4. É possível escolher o tipo de análise desejada, podendo ser uma verificação ou um dimensionamento. Caso opte pela verificação, as dimensões do perfil devem ser fornecidas, caso contrário as dimensões serão procuradas na lista de perfis do programa, que pode ser alterada manualmente. O usuário pode montar o número de combinações que desejar, fornecendo o valor dos carregamentos e os coeficientes de ponderação. Os carregamentos são considerados distribuídos linearmente ao longo do perfil, e também existe a possibilidade de considerar ou não o peso próprio do perfil, e a inclinação do telhado. Os resultados obtidos são apresentados na tela ou em um relatório, indicando qual o perfil mais leve da lista de perfis que resiste aos esforços solicitantes, no caso de um dimensionamento. Figura 4 Programa AutoTerças 3.2 AutoTruss A análise das terças treliçadas tubulares planas e multiplanares foi feita com a utilização do programa AutoTruss, desenvolvido através do convênio firmado entre a Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo da UNICAMP e a empresa V&M do Brasil S.A,

tendo como autores os engenheiros Tiago Luís Duarte Forti, Gustavo Camargo Longhin, Afonso Henrique Mascarenhas de Araújo e o Prof. Dr. João Alberto Venegas Requena. Mediante o fornecimento de alguns dados de entrada, o programa analisa uma grande quantidade de geometrias de treliças, fornecendo o peso de cada uma delas. Dessa forma, caso os dados de entrada sejam fornecidos corretamente, é apresentado ao usuário uma série de casos, dentre os quais certamente estará ou a solução mais econômica ou soluções muito próximas a mais econômica. Os dados que o usuário deve fornecer são: o vão da treliça, a sua largura de influência, sua altura, o número de intervalos de altura que devem ser analisados, o tamanho de cada intervalo, os limites dos ângulos das diagonais, o tipo e modelo de treliça e as possíveis inclinações das mesmas, conforme a Fig. 5. Nos menus do programa o usuário deve indicar o tipo de aço utilizado, assim como os carregamentos e combinações atuantes na treliça. Para cada altura de treliça analisada, são geradas cinco geometrias diferentes, variando-se o ângulo das diagonais entre os limites superior e inferior. Os pesos de todos os casos são apresentados na tela, e os perfis utilizados podem ser verificados através de uma exportação para o programa AutoCAD. Assim, é gerada uma grande quantidade de casos, sendo possível encontrar qual a melhor geometria para a condição desejada. Figura 5 Programa AutoTruss 3.3 SAP2000 Para a análise das terças treliçadas em perfis abertos foi empregado o programa de análise estrutural SAP2000, cuja utilização já é bastante difundida no mundo todo. Foram seguidos os procedimentos e normas internacionais para a determinação dos esforços resistentes dos perfis laminados e formados a frio. As alturas das treliças foram fixadas com base na recomendação de Wardenier (2001), que menciona que a relação entre a altura e o vão da treliça deve ficar entre 1/10 e 1/16.

4 ANÁLISES DAS TERÇAS A análise das terças exigiu a definição de algumas premissas: - As terças fazem parte de coberturas metálicas de galpões de uso geral com telhados em duas águas; - As coberturas utilizam telhas de aço com uma inclinação de 5% para o telhado; - O aço utilizado possui módulo de elasticidade de 205000 MPa e limite de escoamento de 250 MPa; - Todas as terças são biapoiadas; - A distância entre terças foi fixada em dois metros para todos os tipos analisados, por ser um valor compatível com o vão suportado pela maioria das telhas metálicas existentes no mercado, para os carregamentos utilizados neste estudo; - Foram analisadas terças com vãos de até 40,0 metros; - Valor da aceleração da gravidade igual a 9,81 m/s². 4.1 Definição das ações Os valores das ações permanentes e variáveis adotados neste estudo e apresentados na Tabela 1 correspondem aos valore que normalmente atuam nas coberturas de galpões de uso geral, que apresentam um sistema de iluminação simples e não precisam de isolamento térmico e ar condicionado. Tabela 1 Valores das ações adotadas Ações Permanentes Peso próprio Obtido pelo programa Telha de aço 68,67 N/m² Iluminação simples 19,62 N/m² Contraventamentos 9,81 N/m² Total 98,10 N/m² + Peso Próprio Ações Variáveis Sobrecarga 250,00 N/m² Vento de sucção 650,00 N/m² Vento de pressão 65,00 N/m² As ações de vento foram obtidas para uma velocidade básica de 35,0 m/s, adotando uma altura média de 12,5 metros para a cobertura, terreno plano, localizado em subúrbios, cuja maior dimensão horizontal exceda 50,0 metros, apresentando alto fator de ocupação. Com relação aos coeficientes aerodinâmicos das edificações, foi admitido que devido à presença dos dispositivos para a circulação de ar, como venezianas de aberturas fixas, as estruturas não apresentam abertura dominante a barlavento e a sotavento, pois considerou-se que as venezianas de abertura fixa possuem uma permeabilidade de área equivalente às áreas das aberturas basculantes, como janelas e portões. Assim, os coeficientes de pressão resultantes obtidos foram -1,06 e +0,1, chegando-se nas ações de vento apresentadas na Tabela 1, que foram devidamente combinadas com as demais ações permanentes e variáveis. 4.2 Análises de peso A análise dos pesos das terças em viga foi realizada com a utilização do programa AutoTerças, sendo analisados vãos a cada 2,0 metros. No caso das terças em perfil laminado, a lista de perfis para dimensionamento foi composta pelas seções presentes nos catálogos comerciais. Já para as terças em perfil formado a frio, foram utilizadas seções com dimensões

padronizadas, além de perfis com dimensões maiores para serem utilizados em vãos grandes. Optou-se por definir seções adicionais com dimensões diferentes para os perfis formados a frio, pois esse tipo de perfil permite liberdade ao projetista, diferentemente dos perfis laminados. O espaçamento das linhas de corrente foi definido de forma a se obter o perfil mais leve possível com uma distância entre 2,0 e 2,7 metros, que são valores usuais para espaçamento de linhas de corrente. A massa das linhas de corrente foi adicionada a taxa final das terças, sendo adotadas barras redondas de 9,5 mm de diâmetro. Em alguns casos as análises foram encerradas antes de atingir o vão máximo de 40,0 metros, pois não foram encontrados perfis que respeitem os estados limites último e de serviço na lista de perfis laminados ou formados a frio. Para as terças treliçadas, foi adotada a treliça do tipo Warren, por apresentar melhores resultados e menor número de ligações que outros tipos, como a Pratt, Howe e Warren com montantes. O ângulo de inclinação das diagonais utilizado ficou entre 30º e 70º, e a distância entre nós dos banzos variou em torno de 2,0 metros. No caso das treliças planas, tanto em perfis tubulares quanto em perfis abertos, considerou-se que todos os nós estão impedidos de se deslocarem fora do plano da treliça, ou seja, existem linhas de corrente travando todos os nós, e essa massa foi somada a taxa final das terças. Já no caso das treliças tubulares multiplanares não foi adicionado nenhum peso, já que não existem linhas de corrente travando a treliça lateralmente. As treliças tubulares foram analisadas segundo o programa AutoTruss, com vão variando a cada 4,0 metros, e utilizando-se os perfis do Catálogo Técnico de Tubos Estruturais de Seção Circular, Quadrada e Retangular (2000), da V&M do Brasil. Já para as treliças em perfis abertos foi empregado o programa SAP2000, também com variação de vão a cada 4,0 metros, e com a utilização de perfis em dupla cantoneira laminada disponíveis nos catálogos comerciais e os mesmos perfis U formados a frio padronizados utilizados pelo programa AutoTerças. No caso das treliças tubulares, tanto as barras dos banzos quanto das diagonais são em perfis tubulares circulares. O mesmo ocorre para as treliças em dupla cantoneira laminada e em perfil U formado a frio. Os resultados das analises comparativas de peso para todos os tipos de terças estudados podem ser encontrados na Fig. 6. É possível notar que as terças em perfil laminado apresentam taxas muito elevadas, ou seja, não são boas alternativas com relação ao peso. Já dentre as terças em perfil formado a frio, as soluções mais leves são os perfis U e Z enrijecidos, apresentando valores muito próximos. Comparando as taxas dos modelos de terças treliçadas, percebe-se que para vãos inferiores a 16 metros, as melhores soluções, em termos de peso, são a treliça tubular plana e a treliça em perfil U formado a frio. Para vãos superiores, a treliça tubular plana passa a se isolar como a alternativa mais leve, seguida pela treliça tubular multiplanar. Já a treliça em dupla cantoneira laminada é a que apresenta as maiores taxas. Pela comparação de todos os tipos de terças e levando em consideração somente o fator peso, para vãos inferiores a 8,0 metros, a melhor alternativa é a terça em perfil U enrijecido formado a frio. Para vãos superiores a 8,0 metros, as terças treliçadas apresentam taxas inferiores às das terças em perfil, sendo que para vãos entre 12,0 e 16,0 metros as terças treliçadas tubular plana e em perfil U formado a frio apresentam os menores pesos. Já acima de 20 metros a treliça tubular plana é a mais recomendada.

35,00 30,00 25,00 20,00 15,00 10,00 5,00 0,00 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 Vão (m) U Formado a Frio Ue Formado a Frio Z Formado a Frio Ze Formado a Frio U Laminado I Laminado Treliça Tubular Plana Treliça Tubular Multiplanar Treliça Dupla Cantoneira Treliça Perfil U Taxa (kg/m²) Figura 6 Taxas das terças 4.3 Análises de custo O custo total de uma terça não leva em conta somente o valor econômico dos perfis utilizados, mas também a dificuldade e o tempo de fabricação e montagem da cobertura na obra. Assim, foram definidos três custos intermediários que compõem o custo total da terça: custo do material, custo de fabricação e custo de montagem.

O custo do material corresponde ao preço dos perfis utilizados em cada terça. Sua análise é importante para diferenciar as terças compostas por perfis laminados e formados a frio, que possuem um custo diferente para uma mesma quantidade de aço utilizada. Além disso, dentre os perfis laminados, os tubulares também possuem um custo diferenciado, tendo uma grande influência no custo total das terças treliçadas tubulares. O custo de fabricação para as terças em perfil agrega as etapas de tratamento e pintura dos perfis, cortes para obtenção dos comprimentos necessários e execução de furos para fixação na obra e passagem das linhas de corrente. Já para as terças em treliça, além da pintura, corte e furação, também é computada a etapa de ligação dos perfis para a obtenção da treliça, podendo ser utilizadas soldas, parafusos e chapas de ligações. Esse custo apresenta valores muito diferentes entre terças em perfil e treliçadas. Por fim, o custo de montagem abrange as etapas de içamento e fixação das terças na cobertura, já no local da obra, incluindo a colocação das linhas de corrente, quando necessário. O principal fator que influencia no custo de montagem é a mão de obra utilizada para a fixação das terças. Os valores dos custos foram fornecidos por uma grande e conceituada empresa do ramo de estruturas metálicas para construção civil, sendo, portanto, valores confiáveis e realistas aos praticados comercialmente. Para tornar a análise de custos mais viável, foram estudados quatro vãos distintos: 8,0, 12,0, 20,0 e 32,0 metros, cujos custos intermediários encontram-se na Fig. 7. Custo (R$/m²) Custo (R$/m²) Custo do Material 100,00 80,00 60,00 40,00 20,00 0,00 4 8 12 16 20 24 28 32 Vão (m) Custo de Montagem 70,00 60,00 50,00 40,00 30,00 20,00 10,00 0,00 4 8 12 16 20 24 28 32 Vão (m) Custo (R$/m²) Custo (R$/m²) Custo de Fabricação 60,00 50,00 40,00 30,00 20,00 10,00 0,00 4 8 12 16 20 24 28 32 Vão (m) Custo Total 200,00 160,00 120,00 80,00 40,00 0,00 4 8 12 16 20 24 28 32 Vão (m) Perfil Formado a Frio Perfil Laminado Treliça Tubular Plana Treliça Tubular Multiplanar Treliça Dupla Cantoneira Treliça Perfil U Figura 7 Custos intermediários Como os valores dos custos para esses quatro vãos foram fornecidos em R$/kg, foi possível extrapolá-los para todos os vãos estudados na análise de peso. Para tanto, foi feita uma média dos pesos dos quatro vãos, da seguinte maneira: para vãos inferiores a 8,0 metros ou superiores a 32,0 metros, foi utilizado o valor desses próprios custos limites, enquanto que para vãos localizados entre dois vãos cujos custos são conhecidos, foi utilizada a média de seus valores. Assim, pôde-se obter os custos apresentados na Fig. 8.

200,00 180,00 160,00 140,00 120,00 100,00 80,00 60,00 40,00 20,00 0,00 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40 Vão (m) U Chapa Dobrada Ue Chapa Dobrada Z Chapa Dobrada Ze Chapa Dobrada U Laminado I Laminado Treliça Tubular Plana Treliça Tubular Multiplanar Treliça Dupla Cantoneira Treliça Perfil U Custo (R$/m²) Figura 8 Custos das terças O comportamento das curvas dos custos das terças em perfil é semelhante ao comportamento das curvas dos seus pesos, apresentados na Fig. 6, ou seja, as terças em perfil laminado apresentam um custo mais elevado que as terças em perfil formado a frio, e dentre estas últimas, os perfis U e Z enrijecidos são as soluções de menores custos. Dentre as terças treliçadas, as tubulares multiplanares demonstraram ser as de custo mais elevado. As tubulares planas são a melhor solução, com relação ao custo, para vãos superiores a 28,0 metros, porém, entre 20,0 e 28,0 metros ela apresenta valores próximos aos das treliças

em perfil U formado a frio e em dupla cantoneira laminada. Esta última apresenta um desempenho bem melhor em relação ao custo do que em relação ao peso, demonstrando ser uma boa alternativa a ser considerada. Já para vãos inferiores a 20,0 metros, as treliças de menor custo são as compostas por perfis U formados a frio. Assim, pode-se notar que o custo tem uma influência muito grande nas terças treliçadas, devendo ser levado em conta na escolha do melhor tipo de terça. A comparação entre os custos de todos os tipos de terças demonstra que para vãos inferiores a 16,0 metros as terças em perfil U e Z enrijecidos formados a frio são as mais econômicas, com uma ligeira vantagem para a primeira. Entre 16,0 e 20,0 metros esses mesmos dois tipos de terças em perfil apresentam custos muito próximos aos das terças treliçadas tubular plana, em dupla cantoneira laminada e em perfil U formado a frio, sendo que esta última apresenta valores um pouco menores que as demais. Entre os vãos de 20,0 e 28,0 metros a treliça em perfil U formado a frio é o modelo mais barato, enquanto que para vãos superiores a 32,0 metros a terça de menor custo é a treliça tubular plana. Comparando os resultados apresentados nas Fig. 6 e 8, nota-se que o custo tem uma grande influência na escolha do melhor tipo de terça, influenciando principalmente as terças treliçadas, já que o vão limite a partir do qual as terças treliçadas são mais vantajosas que as terças em perfil, é maior com relação ao custo do que com relação ao peso. Pela análise dos resultados da Fig. 7 é possível identificar que o principal responsável pelo maior custo das treliças é o seu custo de fabricação, já que nos demais custos intermediários, de uma maneira geral, as terças mais pesadas são mais caras. Esse maior custo de fabricação das treliças quando comparadas com as terças em perfil é justificado pelo fato de que a confecção de uma treliça é mais trabalhosa do que a pintura e tratamento de um perfil. Porém, comparando-se os custos de fabricação de todos os modelos de treliças, nota-se que a treliça tubular multiplanar possui um custo muito elevado. Isso se deve a maior dificuldade na fabricação das treliças tubulares multiplanares, que apresentam ligações mais complexas de serem executadas, e em um número maior que nas treliças planas. Essa dificuldade, aliada ao maior tempo necessário para a confecção da treliça, provocam um aumento no seu custo de fabricação. Além disso, as ligações entre perfis tubulares são mais caras que as ligações entre perfis em dupla cantoneira ou U, como pode ser observado pelo maior custo de fabricação da treliça tubular plana quando comparada com as treliças em perfis abertos, mesmo nas situações de grandes vãos, nas quais a treliça tubular apresenta um peso menor. 4.4 Comparações de peso e custo Os resultados obtidos com este estudo permitem investigar quais são os melhores modelos de terças para cada vão analisado, definindo os vãos limites para suas utilizações, para as cargas comumente aplicadas em galpões de uso geral. Na Tabela 2 são apresentadas as terças mais leves e de menor custo encontradas pelas análises desenvolvidas neste trabalho. Para vãos inferiores a 8,0 metros, a terça ideal é em perfil U enrijecido formado a frio, já que ela apresenta menor peso e custo. Porém, pelos resultados apresentados anteriormente, foi possível notar que o perfil Z enrijecido formado a frio apresenta pesos e custos muito próximos aos do perfil U enrijecido. Além disso, os perfis Z simples e enrijecidos têm uma grande vantagem no seu armazenamento e transporte, já que eles podem ser encaixados uns sobre os outros, economizando espaço físico e permitindo o transporte de uma quantidade muito maior de perfis dentro de um mesmo caminhão, quando comparados com os perfis U simples e enrijecidos. Por essas vantagens, o perfil Z enrijecido também pode ser uma boa alternativa para vãos inferiores a 8,0 metros.

O vão de 12,0 metros apresenta a treliça tubular plana como a solução mais leve e a terça em perfil U enrijecido formado a frio como a de menor custo. Nesse caso, a escolha do melhor tipo de terça pode depender de outros fatores, como disponibilidade dos perfis para confecção das terças, tempo de fabricação das mesmas e preferência do fabricante e empresa executora da obra por um tipo de terça com a qual estejam mais familiarizados em trabalhar. Uma alternativa para essa situação seria a utilização da treliça em perfil U formado a frio, que apresenta um peso muito próximo ao da treliça tubular plana, e um custo consideravelmente menor. Além disso, terças mais leves resultam em uma economia no restante da estrutura e nas fundações, devido à redução da carga aplicada em toda a edificação. Tabela 2 Melhores modelos de terças Vão (m) Com Relação ao Peso Com Relação ao Custo 4 Perfil U Enrijecido Formado a Frio Perfil U Enrijecido Formado a Frio 8 Perfil U Enrijecido Formado a Frio Perfil U Enrijecido Formado a Frio 12 Treliça Tubular Plana Perfil U Enrijecido Formado a Frio 16 Treliça em Perfil U Formado a Frio Treliça em Perfil U Formado a Frio 20 Treliça Tubular Plana Treliça em Perfil U Formado a Frio 24 Treliça Tubular Plana Treliça em Perfil U Formado a Frio 28 Treliça Tubular Plana Treliça em Perfil U Formado a Frio 32 Treliça Tubular Plana Treliça Tubular Plana 36 Treliça Tubular Plana Treliça Tubular Plana 40 Treliça Tubular Plana Treliça Tubular Plana Para vãos superiores a 16,0 metros, as terças treliçadas são mais leves e apresentam menores custos que as terças em perfil, sendo que para 16,0 metros recomenda-se a utilização da treliça em perfil U formado a frio, e em vãos superiores a 32,0 metros, a melhor alternativa a ser adotada é a treliça tubular plana. Nos vãos entre 20,0 e 28,0 metros, as treliças tubulares planas apresentam um peso de 11% a 15% menor que as treliças em perfil U formado a frio, que são de 2% a 7% mais baratas. Nesse caso, pode-se dar preferência para o modelo mais leve, já que a diferença no custo é muito baixa, e a escolha de terças de menor peso pode gerar economia no restante da estrutura. Com relação as terças treliçadas tubulares multiplanares, pôde-se notar um bom desempenho com relação ao peso, principalmente para vãos superiores a 20,0 metros, sendo o segundo modelo de terça mais leve, não muito distante da treliça tubular plana. Porém, ao observar as comparações de custo, nota-se que essa é a treliça mais cara, apresentando um custo inferior que dos perfis formados a frio apenas para vãos acima de 28,0 metros, dificultando a sua aplicação. O fator principal que contribui para o encarecimento das treliças tubulares multiplanares é o seu elevado custo de fabricação, conforme apresentado na Fig. 7. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS As análises de peso demonstraram que para vãos inferiores a 8,0 metros as terças em perfil U e Z enrijecidos formados a frio são as que apresentam as menores taxas. A partir dos 12,0 metros, as treliças apresentam melhor desempenho, sendo que a treliça tubular multiplanar demonstrou ser uma boa alternativa com relação ao peso, ficando muito próxima da treliça tubular plana. Já nas análises de custo, as terças em perfil apresentaram um desempenho muito semelhante ao encontrado nas análises de peso, diferentemente do que foi observado nas terças treliçadas, onde os custos demonstraram ter uma grande influência na escolha da melhor solução. Como foram analisados três custos intermediários, foi possível notar que os maiores custos das treliças são referentes à fabricação das mesmas, principalmente para as

treliças tubulares multiplanares. Com isso, na análise de custo, as terças treliçadas levam desvantagem para vãos inferiores a 16,0 metros, superando os perfis nos demais vãos. Entre os vãos de 16,0 e 28,0 metros, a treliça plana em perfil U formado a frio apresentou os menores custos, e para vãos superiores a treliça mais econômica é a tubular plana. Realizando as comparações entre peso e custo, pode-se dizer que para vãos inferiores a 8,0 metros recomenda-se a utilização das terças em perfil U ou Z enrijecidos formados a frio. Para vãos superiores a 16,0 metros, recomenda-se a utilização das terças treliçadas, sendo que acima de 32,0 metros, a melhor solução é a treliça tubular plana. Para os vãos onde a melhor solução com relação ao peso é diferente da melhor solução com relação ao custo, devem-se observar outros fatores, recomendando-se dar preferência para as soluções mais leves. O estudo desenvolvido demonstrou que as terças treliçadas tubulares multiplanares apresentam um bom potencial para utilização como terças, com relação ao seu peso, já que para vãos superiores a 20,0 metros ela é o segundo tipo de terça mais leve, com valores ligeiramente superiores aos da treliça tubular plana. Porém, a análise de custo demonstrou que a sua fabricação ainda é cara, devido a grande quantidade e a complexidade de suas ligações. Outro fator que eleva o seu custo é o fato de ser uma treliça pouco comum de ser fabricada, aumentando o seu tempo de planejamento e produção. Como propostas de trabalhos e estudos futuros visando a diminuição do custo de fabricação das treliças tubulares multiplanares, estão o desenvolvimento de ligações mais simples e fáceis de serem executadas, e a padronização no sistema de fabricação dessas treliças. Dessa maneira tem-se um ganho de tempo e conseqüente redução no custo total da treliça, tornando-a uma solução mais viável economicamente. Agradecimentos Gostaríamos de agradecer a Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo FEC da Universidade Estadual de Campinas Unicamp, pelo auxilio nas análises computacionais, e a empresa Vallourec & Mannesmann Tubes (V&M do Brasil), pelo apoio financeiro e incentivo no desenvolvimento do trabalho, que faz parte da dissertação de mestrado de Vieira. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMERICAN INSTITUTE OF STEEL CONSTRUCTION Load & Resistance Factor Design. Vol. 1&2. 2.ed. AISC, 1994. AMERICAN IRON AND STEEL INSTITUTE North American Specification for the Design of Cold-Formed Steel Structural Members. AISI Standard. AISI S100-2007. EUROCODE 3 Design of Steel Structures. Part 1-1: General Rules and Rules for Buildings. EN 1993-1-1:2005. EUROCODE 3 Design of Steel Structures. Part 1-3: General Rules Suplementary Rules for Cold-Formed Members and Sheeting. EN 1993-1-3:2004. SAP2000 Structural Analysis Program. Versão 11.0.8. Computers and Structures Inc. Informações: www.csiberkeley.com. V&M DO BRASIL Informações Técnicas: Tubos Estruturais de Seção Circular, Quadrada e Retangular. Belo Horizonte, 2000. WARDENIER, J. Hollow Sections in Structural Applications. Holanda, 2001.