A filosofia surgiu no sec VI a.c. (aproximadamente). Pensando na Natureza (físicos) Pensando no Homem;

Documentos relacionados
Fique atento a data da sua avaliação de Filosofia, conferindo com antecedência no portal NIED.

15/03/2016. História da Filosofia Antiga: Aula 2 Prof. Rafael de Lima Oliveira

FILOSOFIA E OS PRÉ-SOCRÁTICOS TERCEIRÃO COLÉGIO DRUMMOND 2017 PROF. DOUGLAS PHILIP

OS FILÓFOFOS PRÉ-SOCRÁTICOS

Tales de Mileto (c a.c.)

OS PRIMEIROS FILÓSOFOS E AS PRIMEIRAS QUESTÕES FILOSÓFICAS. A physis é a Natureza eterna e em constante transformação

As origens da filosofia. Os filósofos pré-socráticos

Processo de compreensão da realidade. Não é lenda Verdade Explicação do misterioso Expressão fundamental do viver humano

A principal forma de organização da sociedade grega durante a Antiguidade é a Polis, cidade-estado que produzia todos os bens necessários à

A Ciência e a Filosofia gregas

FILOSOFIA CURSINHO COLÉGIO DRUMMOND 2017 PROF. DOUGLAS PHILIP

Ar infinito: indeterminado, não tem uma forma clara.

MITO E FILOSOFIA 1 SÉRIE DO ENSINO MÉDIO COLÉGIO DRUMMOND 2017 PROF. DOUGLAS PHILIP

Michelangelo - Capela Sistina

UNIDADE 2. Período Pré-socrático. Cosmológico

FILOSOFIA RECAPITULAÇÃO

SURGIMENTO DA FILOSOFIA: RUPTUARA DO PENSAMENTO MÍTICO PARA O PENSAMENTO FILOSÓFICO CIENTIFICO

INSTITUTO ÁGORA CEZAR CANESSO. O SURGIMENTO DA FILOSOFIA Resenha Crítica

Encontrar explicações naturais para os processos da natureza. Os pré-socráticos são os filósofos da natureza. A pergunta que os orienta é:

MAC DOWELL FILOSOFIA OS PRÉ- SOCRÁTICOS PAZ NA ESCOLA

FILÓSOFOS PRÉ PROF. ANDRÉ TEIXEIRA SOCRÁTICOS

Como surgiram os MITOS?

O SURGIMENTO DA FILOSOFIA Prof. André Teixeira

O SURGIMENTO DA FILOSOFIA E OS PRÉ- SOCRÁTICOS

Pré-socráticos. Colégio Ser! 1º Médio Filosofia Marilia Coltri

Os filósofos pré-socráticos OBJETIVOS DOS PRIMEIROS FILÓSOFOS. Encontrar explicações naturais para os processos da natureza.

OFICINA DA PESQUISA ÉTICA, POLÍTICA E SOCIEDADE

A palavra MITO procede do grego mythos, que é uma palavra ligada ao verbo mythevo, que significa crio uma história imaginária, que se refere a uma

FILOSOFIA Conceito e delimitação

Aula 03 Filosofia 3 Colegial

Conteúdo: Capítulo 01 Cultura: o cosmo humano Filosofia Antiga Filósofos: Tales, Anaxímenes, Pitágoras.

FILOSOFIA, O PRINCIPIO DE TUDO:

CONDIÇÕES HISTÓRICAS QUE CONTRIBUÍRAM PARA O SURGIMENTO DA FILOSOFIA

Heráclito e Parmênides

O Surgimento da filosofia

O SURGIMENTO DA FILOSOFIA Prof. André Teixeira

O conhecimento das civilizações Profª Tathiane Milaré

OS PRÉ-SOCRÁTICOS. Introdução

Exercícios de Revisão 1

AULA 02 HISTÓRIA DA FILOSOFIA ANTIGA I

FILOSOFIA. Professor Ivan Moraes, filósofo e teólogo

RESOLUÇÃO FILOSOFIA SEGUNDA FASE UFU SEGUNDO DIA

UNIDADE 1 - Do Mito à Filosofia

FILOSOFIA. A Filosofia é Grega! A Filosofia na Grécia Antiga TEMA: A ORIGEM DA FILOSOFIA E OS FILÓSOFOS DA NATUREZA 14/06/2016 1ª SÉRIE ENSINO MÉDIO

INSTITUTO MARIA AUXILIADORA

Conteúdo: Capítulo 01 Cultura: o cosmo humano Filosofia Antiga Filósofos: Tales, Anaxímenes, Pitágoras.

Filosofia. 1. A origem da filosofia. 2. O mito. 3. Do mito ao logos

Fundadores da Ciência no Mundo Demócrito Sócrates Ptolomeu. Alvaro Davi Stangue de Lara Gilberto Aparecido Galvão 1

INTRODUÇÃO À FILOSOFIA

27/04/2018. Ação de fazer nascer, formação, produção. Natureza íntima e própria de um ser. Natureza como força criadora das coisas.

O NASCIMENTO DA FILOSOFIA

Corpo: a fronteira com o mundo VOLUME 1 - CAPÍTULO 2

MATÉRIA DA DISCIPLINA ÉTICA E CIDADANIA APLICADA AO DIREITO I

Docente: Prof. Marcos Paulo. Curso: Proficiência em Filosofia, licenciatura plena. Discente: Marcos Flávio Couto Ferreira. Matrícula:

A criação da filosofia está ligada ao pensamento racional. Discutir, pensar e refletir para descobrir respostas relacionadas à vida.

AULA DE FILOSOFIA. Prof. Alexandre Cardoso

Nascido em Estagira - Macedônia ( a.c.). Principal representante do período sistemático.

Uma das características desse período é que a prática e a teoria não andavam juntas.

OS FILÓSOFOS DA NATUREZA

Bem vindo à Filosofia. Prof. Alexandre Cardoso

MITO E RAZÃO. A passagem do mito à Filosofia

Pré Socráticos- Sócrates - Sofistas

INSTITUTO MARIA AUXILIADORA

Cidade e Pensamento. Pólis e Cosmos. Curso de Filosofia. Prof. Marcos

O MUNDO VISÕES DO MUNDO ATRAVÉS DA HISTÓRIA

Título: Os filósofos pré-socráticos: Uma re-leitura crítica Tema: Argumentações críticas; filosofia Autor: Silvério da Costa Oliveira.

Ensino de Astronomia

DATA: VALOR: 20 PONTOS NOTA: ASSUNTO: TRABALHO DE RECUPERAÇÃO FINAL NOME COMPLETO:

Leucipo de Mileto e Demócrito de Abdera. Pércio Augusto Mardini Farias

A Física na Grécia Antiga Primeira Parte: Os Pré-Socráticos. Antônio Roque USP Ribeirão Preto

AULA FILOSOFIA. O realismo aristotélico

Aristóteles. Os primeiros passos da ciência. Tradução do trabalho de: André Ross. Professeur de mathématiques Cégep de Lévis-Lauzon

Aristóteles. (384 a.c 347 a.c)

O CAMPO DOS NÚMEROS REAIS. Capítulos IV, V e VI do livro Conceitos fundamentais da Matemática Bento de Jesus Caraça

Pré-socráticos. a) Os pensadores pré-socráticos explicavam os fenômenos e as

QUESTIONÁRIO DE FILOSOFIA ENSINO MÉDIO - 2º ANO A FILOSOFIA DA GRÉCIA CLÁSSICA AO HELENISMO

Por quê e para quê estudar Filosofia?

O CONHECIMENTO NA TERRA SÃO SOMBRAS PLATÃO (C A.C.)

FILOSOFIA 3º ANO FEVEREIRO/2013 FILÓSOFOS PRÉ-SOCRÁTICOS

HISTÓRIA DA FILOSOFIA

Filosofia Geral. Prof. Alexandre Nonato

3ª Filosofia Antiga (Pensadores antigos)

Tópicos Especiais em Física

Trabalho sobre: René Descartes Apresentado dia 03/03/2015, na A;R;B;L;S : Pitágoras nº 28 Or:.Londrina PR., para Aumento de Sal:.

LISTA DE CONTEÚDOS TESTE DE RECUPERAÇÃO/2017 1ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO VALOR 10,0 PESO 4 PRODUÇÃO DE PARÁGRAFOS DISSERTATIVO ARGUMENTATIVO

Porto Alegre-RS 2009

física e astronomia aristotélica

FORMAÇÃO DE ESTRELAS. JOSÉ WILLIAMS VILAS-BOAS Divisão de Astrofísica

Curso TURMA: 2101 e 2102 DATA: Teste: Prova: Trabalho: Formativo: Média:

Roteiro de estudos 1º trimestre. História-Geografia-Sociologia-Filosofia. Orientação de estudos

ARISTÓTELES ( )

A ORIGEM DA FILOSOFIA

BURNET, J. A aurora da filosofia grega. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2006 (adaptado).

Estrutura Atômica EVOLUÇÃO DOS MODELOS ATÔMICOS. Professor Guilherme Alves

Educação Matemática MATEMÁTICA LICENCIATURA. Professora Andréa Cardoso

O GRANDE RACIONALISMO: RENÉ DESCARTES ( )

Top 5 de Filosofia: Questões Enem

FILOSOFIA - PRÉ-SOFISTAS

Anaxímenes FILÓSOFOS PRÉ-SOCRÁTICOS

Transcrição:

MITO: Uma das formas, entre outras, que o homem usa para explicar o mundo, a origem das coisas e o sentido da existência. Assim, fortalece as regras sociais, ou seja: justifica a cultura. O mito revelado (por deuses ou seres especiais) é apresentado à comunidade como algo inquestionável, sagrado. Também é caracterizado por sua formação ser eterna, sem princípio. Para os gregos da antiguidade, no início de sua cultura, a única forma de compreensão do mundo era através de mitos. Na sociedade de então, punia-se as pessoas que não se comportavam segundo o que os mitos orientavam (segundo os deuses). A Filosofia surge por um processo de reflexão e contestação desta postura. FILOSOFIA (sentidos de aplicação): i) Sinônimo de pensar; ii) Designa uma forma de vida (sábia); iii) Sentido próprio, reflexão sobre a realidade e conceitos. A filosofia surgiu no sec VI a.c. (aproximadamente). Pensando na Natureza (físicos) Pensando no Homem; Com isto há um rompimento na forma de pensar, de agir segundo os Deuses. Crítica a cultura posta. O Mito objetiva a manutenção do poder local. Com a expansão grega, são descobertas novas terras. Outras crenças são incorporadas, ou seja, os gregos expandem seu território e conhecem novos domínios com outros mitos, outras formas de poder. Tales: Tales caminhava em todas as direções do conhecimento, da geometria aprendida inicialmente no Egito, por ele transmitida para os gregos, ao uso do relógio solar para dimensionar o tempo; da percepção das diferentes estações do ano, aos estudos sobre a alma humana. Foi também o pioneiro na compreensão do eclipse solar, chegando a prever um destes fenômenos. Tales de Mileto percebia a constante mudança das coisas, que se convertiam umas nas outras. Sendo assim, ele concluía que tudo partia de um princípio basilar, conhecido também como arché. Negava a aparência múltipla das coisas. Para ele não havia múltiplas, várias coisas, haveria algo, um Princípio fundamental (arche ou arqué): água o que o tornava um físico Natural. Pregava a unicidade do mundo, tudo é uma única coisa: água.

Escola Jônica: Anaximandro de Mileto - discípulo de Tales (611-546 a.c.): Filósofo e matemático, foi o primeiro grego a fazer mapas astronômicos, a inventar os mapas geográficos e escrever tratados sobre geografia, astronomia e cosmologia, que perduraram por vários séculos. Concordava com Tales que deveria haver um princípio único para todas as coisas. Entretanto acreditava que este princípio não poderia ter uma origem física, se não, não teria como explicar a multiplicidade. Deveria ser algo indeterminado, ilimitado o que chamou de Apeiron ( ἄπειρον). Descreveu o mundo como um conflito entre os opostos. Acreditava na evolução das espécies (mesmo que com uma teoria rudimentar). Sua arche, portanto, é o indeterminado (Ápeiron). Anaxímenes de Mileto: Anaxímenes também fez parte da Escola Jônica. Foi o primeiro a afirmar que a luz da Lua é proveniente do Sol. Foi discípulo de Anaximandro e como este, também afirmou ser uma só a natureza ou princípio (arché) por trás de todas as coisas. No entanto, mesmo que ele acreditasse ser este princípio ilimitado, não o pensou ser indefinido como Anaximandro. Anaxímenes acreditava ser o AR o princípio que originava todas as coisas no universo. Conforme seu pensamento, por um processo de condensação, o AR se transformava em objetos líquidos e sólidos (pedras, metais, terra, água e etc.). E por outro processo, a rarefação, o AR se transformava em gases, ventos, oxigênio e fogo. O filósofo também pensou ser a alma feita de ar, observando que o vivente respira (refrigera o corpo) enquanto que o morto não o faz. Por isso, até hoje temos o costume de dizer saúde a quem espirra. É que para os seguidores de Anaxímenes, o espirro é como se a alma tivesse saindo do corpo e desejar saúde é um modo de orar, de pedir aos deuses para que ela retorne ao corpo, restabelecendo a harmonia do ser. E mesmo não tendo consciência disso, herdamos o costume, como também herdamos muito do pensamento grego em nossa cultura ocidental. Identificado com a alma, o ar anima não só o corpo do homem, mas o mundo todo. Anaxímenes usou as suas observações e o raciocínio para providenciar as causas de outros fenômenos naturais. Terremotos, dizia, eram o resultado da falta de umidade, que causa que a terra sofra fraturas de tão seca que está, ou por excesso de umidade, que também causa fratura pelo excesso de água. Em ambos os casos, a terra torna-se fraca pelas fraturas e os montes colapsam, causando terremotos. Os relâmpagos são causados por uma separação violenta, desta vez de nuvens pelo vento, causando uma iluminação brilhante semelhante a fogo. O arco-íris, é formado quando ar densamente comprimido é tocado pelos raios do sol. Estes exemplos mostram como Anaxímenes, como os outros milésios, procuravam uma visão mais completa da natureza, procurando unificar causas para diversos eventos que ocorressem, em vez de tratar cada um por si ou atribuindo as causas a deuses ou a uma natureza personificada.

Heráclito: Tudo está em movimento. O mundo é um eterno devir (vir a ser, o que está vindo, novo). Tudo se transforma o tempo todo. O cosmos, ou seja, o mundo que conhecemos, é um só. Tudo nasce do fogo (arché) e, de novo, é pelo fogo consumido, em períodos determinados, em ciclos que se repetem pela eternidade. Para Heráclito, o fogo, quando condensado, se umidifica e, com mais consistência, tornase água; e esta, solidificando-se, transforma-se em terra; e, a partir daí, nascem todas as coisas do mundo. Este é o caminho que Heráclito define como sendo "para baixo". Derretendo-se a terra, obtém-se água. Água transforma-se em vapor, tal como vemos na evaporação do mar. E, rarefazendo-se, o vapor transforma-se novamente em fogo. E este é o caminho "para cima". Pitágoras de Samos Para Pitágoras, o mundo tinha as mesmas regras matemáticas dos números pois eles simbolizavam a harmonia. Essa harmonia ou ordem eles perceberam analisando os astros do céu e a natureza. Para eles o cosmos é organizado através de uma ordem matemática e a prova disso são os movimentos perfeitos das estrelas, as mudanças de estações e a alternância entre o dia e a noite. Assim como a oposição entre o dia (claro) e a noite (escura), existem diversas oposições no mundo, o que concilia a oposição entre essas coisas é o princípio da harmonia e o princípio da harmonia é regido pelos números. Assim, Pitágoras julgava que haveria uma espécie de algo indeterminado, ou seja concordava com o Apeiron (de Anaximandro), mas afirmava que a existência das coisas se dava por uma limitação harmônica que surgia através do número. Desta oposição Apeiron x limite, ou seja deste dualismo surgem as coisas do mundo. Pitágoras foi quem criou a palavra "Filósofo" e "Matemática". Existem ainda outros representantes da escola Itálica, como: Filolau de Crotona e Arquitas de Tarento. Parmênides 530 a.c. Eleia (atual Novi Velia - Itália) c. 460 a.c. Parmênides é considerado o fundador da escola Eleática. Parmênides foi o mais influente dos filósofos que vieram antes de Platão. Em sua doutrina se destacam o monismo e o imobilismo. Ele propôs que tudo o que existe é eterno, imutável, indestrutível, indivisível e, portanto, imóvel. Parmênides considera que o pensamento humano pode atingir o conhecimento verdadeiro e a compreensão das coisas. A compreensão do que é uma coisa, o ser em si, só é feita por meio da razão, ou seja, pela mente. O que é percebido pelos sentidos, ou seja, pelas sensações é enganoso e falso, e pertence ao domínio do não-ser. Portanto a filosofia de Parmênides é uma oposição direta ao mobilismo (devir) defendido por Heráclito de Éfeso, para quem "tudo passa, nada permanece". Seu pensamento influenciou a chamada "teoria das formas", de Platão.

Ao contrário da maioria dos filósofos anteriores, que divulgaram seus pensamentos em prosa, Parmênides era um poeta e escreveu sua grande obra, "Da Natureza", em versos hexâmetros (arranjo de sílabas que dão musicalidade ao verso) semelhantes aos de Homero. Além disso, ele atribuiu suas ideias a uma revelação divina. Fornece as bases para o que seria o Princípio de Não Contradição (princípio básico da lógica aferido por Aristóteles). Em outras palavras, se eu afirmar uma coisa, como está chovendo, não posso afirmar o seu oposto, como não está chovendo no mesmo momento e sob o mesmo aspecto, se não estarei entrando em contradição. Então afirmar está chovendo e não está chovendo agora ali no pátio da escola é contraditório, ou as frases estão em oposição de sentido. Parmênides ainda irá se perguntar: Como um ser pode se transformar em tantos outros (multiplicidade)? Sua resposta aponta para o seguinte caminho: O que é, não pode deixar de ser. O ser é, o não ser, não é. (ontologia) Agora tente descrever alguma coisa que não existe. Impossível. Como é impossível falar de algo que não é, ou falar do não ser, vamos perceber que só o ser permite conhecimento. Bem, se só o ser permite ciência, que deve ser buscada pela razão (caminho da verdade alétheia desvelamento/descoberta), nossos sentidos nos oferecem uma ilusão da qual extraímos uma opinião (caminho da opinião - doxa) e esta nos leva ao engano, portanto deve ser desprezada. Segundo os sentidos, o mundo estaria em constante transformação. Mas o filósofo afirma que a essência do ser permanece, nunca muda. Tudo é uno, contínuo, imutável, único, eterno, imóvel, indestrutível, indivisível e pleno. A multiplicidade é uma ilusão. Observe, então, que para Parmênides, tudo é fixo em oposição a Heráclito, que afirma que tudo muda.

Zenão de Eleia (510 450) Tudo é fixo. Aquiles e a Tartaruga Aquiles nunca pode alcançar a tartaruga, porque na altura em que atinge o ponto donde a tartaruga partiu, ela ter-se-á deslocado para outro ponto; na altura em que alcança esse segundo ponto, ela ter-se-á deslocado de novo; e assim sucessivamente, ad infinitum. (Kirk e Raven, 1979, p. 301-302) Deste modo, numa corrida, o perseguidor nunca poderia atingir o perseguido, mesmo que fosse mais rápido que este. A teoria do espaço que está aqui implícita é a que o supõe infinitamente divisível. O problema de Aquiles e a Tartaruga O problema da seta Um objeto está em repouso quando ocupa um lugar igual às suas próprias dimensões. Uma seta em voo ocupa, em qualquer momento dado, um espaço igual às suas próprias dimensões. Por conseguinte, uma seta em voo está em repouso. (Kirk e Raven, 1979, p. 302) O objetivo deste argumento é provar que a seta voadora está em repouso, resultado de se admitir a hipótese de que o tempo é composto de momentos; vários momentos em repouso não resultam em movimento. Como do repouso não surge o movimento, o movimento não existe. Problema do estádio É impossível atravessar o estádio; porque, antes de se atingir a meta, deve primeiro alcançar-se o ponto intermédio da distância a percorrer; antes de atingir esse ponto, deve atingirse o ponto que está a meio caminho desse ponto; e assim ad infinitum. (Kirk e Raven, 1979, p. 300-301) Por outras palavras, se admitirmos que o espaço é infinitamente divisível e que, portanto, qualquer distância finita contém um número infinito de pontos, chegamos à conclusão de que é impossível alcançar o fim de uma série infinita num tempo finito.

A ESCOLA PLURALISTA (Séc. V): A Escola Pluralista é a última das escolas em que os filósofos buscam arché, segundo a História da Filosofia Antiga. Fizeram parte dela: Empédocles, nascido em Agrigento; Anaxágoras, de Clazomene; Leucipo, da cidade de Mileto, e Demócrito, de Abdera. Empédocles e Demócrito influenciaram as ciências de todos os tempos, principalmente a Química, a Medicina e a Física. A expressão pluralista dá-se pelo fato deles defenderem a combinação de vários elementos naturais como arché, elemento original de tudo aquilo que existe. EMPÉDOCLES Empédocles, nascido no século V a.c. (490-430 a.c.), usando um discurso mitológico, assim escreveu: Houve primeiro das quatro raízes de todas as coisas: Zeus brilhante [símbolo do fogo], Hera vivificante [terra], Aidoneus [água] e Nestis [ar], que deixa correr de suas lágrimas fonte terrena. Em outras palavras, tudo o que existe teria surgido da combinação do fogo com a água e da terra com o ar. Ou seja, as diferentes coisas (a multiplicidade) existe porque baseia-se em 4 elementos (ou raízes): quente, úmido, seco e frio (ou ainda, fogo, água, terra e ar). As coisas são o resultado da mistura desses elementos em quantidades diferentes. Para ele, o amor constrói, une. A discórdia destrói, desune. O mundo é uma constante e interminável batalha entre o Amor e ódio. Então, aquilo que os sentidos me informam só faz sentido se a razão for usada. DEMÓCRITO Para Demócrito (460-370 a.c.), o mais conhecido de todos, o fundamento da vida reside nos átomos, elemento que ele, sem ter um microscópio, assim definiu: Estas coisas são tão pequenas que escapam aos sentidos. Têm as formas, figuras e grandezas mais variadas. [...] São agitadas e transportadas no vazio por causa da sua dessemelhança e outras diferenças específicas. Estes átomos são fixos, imutáveis, entretanto, o movimento constante destes explica a mudança, através de choques, determinando a redistribuição dos átomos em outras coisas. ANAXÁGORAS Conforme Anaxágoras (499-428 a.c.), cada coisa surge quando vários elementos se juntam, e desaparecem quando esses se separam. Ele pensava que as coisas ou seres eram compostos com qualidades semelhantes que, ao serem divididas ao infinito, se repetiam em cada porção. A esses elementos-qualidades, que associadas geram o ser, Anaxágoras chamou de Noûs (espírito, pensamento, inteligência). O Noûs é o princípio ou arché de todas as coisas. É ele que fornece as leis do pensamento que se sobrepõe aos sentidos para conhecer e governar o universo. É preciso entender que o pensamento está nas coisas também, não é algo separado delas. Tudo tem causa e essa é sempre natural, física, ainda que o espírito aqui seja concebido materialmente. Por exemplo: em um fio de cabelo, por menor que seja a partícula que o divide, nela contém todos os elementos do universo. Tudo está em tudo, afirmou Anaxágoras. E com isso, o Noûs é a matéria, a substância que causa tanto a agregação quanto a separação dos elementos que constituem os seres.

Por seu pensamento inovador, Anaxágoras foi acusado de impiedade (não crer nos deuses) e condenado à morte, mas conseguiu fugir antes de ser pego. Os deuses eram descartáveis, segundo o filósofo, justamente porque o essencial para que cada coisa existisse já estava contido no Noûs.