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Transcrição:

ACÓRDÃO 7ª TURMA JUSTA CAUSA. DISPARO ACIDENTAL DE ARMA DE FOGO, FERINDO COLEGA. Incabível a reversão da penalidade, diante da gravidade do fato, que decorreu da conduta negligente do Autor. Outrossim, inexistiu dupla punição, pois o Autor não foi suspenso, mas afastado para apuração dos fatos, sendo remunerados os doze dias de afastamento, prazo razoável e que não desconfigura a imediaticidade. Desprovimento do recurso. Recorrente: Recorrido: Relatora: Cleber Luis Felix dos Santos Protege S.A. Giselle Bondim Lopes Ribeiro Trata se de recurso ordinário interposto pelo Autor às fls. 192/204, que se insurge contra sentença da 2ª Vara do Trabalho de Petrópolis, proferida pelo juiz Michael Pinheiro McCloghrie às fls. 188/190, que julgou improcedentes os pedidos formulados. O Autor, inicialmente pleiteando gratuidade de justiça, pretende a reforma da sentença para que sejam julgados procedentes os pedidos de reversão da justa causa e verbas rescisórias decorrentes, multa dos arts. 467 e 477 da CLT, 4690 1

indenização por dano moral e honorários advocatícios. Não efetuado o recolhimento das custas, diante do requerimento de gratuidade de justiça. A Ré apresenta contrarrazões às fls. 208/213, com preliminar de não conhecimento do recurso por deserção e, no mérito, pugnando pelo desprovimento. É o relatório. FUNDAMENTAÇÃO Conhecimento e Gratuidade de justiça Nos termos de fl. 205, o Autor declarou não ter condições econômicas para custear as despesas processuais, sem prejuízo do sustento familiar. Conforme a Constituição Federal, em seu art. 5, inciso LXXIV, assegura se a assistência judiciária aos que comprovam insuficiência de recursos. Não bastasse tal aspecto, nos termos do art. 790, 3, da CLT, basta a mera declaração de pobreza para se admitir a concessão de gratuidade de justiça ou que se constate padrão remuneratório inferior ou igual a dois salários mínimos, podendo o benefício ser concedido, inclusive de ofício. Por fim, o E. Tribunal Superior do Trabalho, através da SDI 1, emitiu a Orientação Jurisprudencial nº 304, considerando suficiente a mera declaração da situação econômica na petição inicial: 4690 2

OJ SDI1 304 HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA. DECLARAÇÃO DE POBREZA. COMPROVAÇÃO (DJ 11.08.2003) Atendidos os requisitos da Lei nº 5.584/70 (art. 14, 2º), para a concessão da assistência judiciária, basta a simples afirmação do declarante ou de seu advogado, na petição inicial, para se considerar configurada a sua situação econômica (art. 4º, 1º, da Lei nº 7.510/86, que deu nova redação à Lei nº 1.060/50). Assim, defere se ao Autor o benefício da gratuidade de justiça. recurso. Estando satisfeitos os pressupostos de admissibilidade, analisa se o Reversão da justa causa Irresigna se o Autor contra a sentença que manteve a justa causa aplicada com amparo nas alíneas e e h do art. 482 da CLT. Noticia o Autor, vigilante, que foi indevidamente dispensado por justa causa, em razão de disparo acidental de arma de fogo enquanto se encontrava em serviço, ocorrido em 17 de agosto 2012, vindo o tiro a atingir o pé esquerdo de outro empregado, imediatamente socorrido. Narra que a arma não se encontrava em perfeito estado de uso, pois o carregador somente permanecia fixo com o auxílio de fita adesiva, fato que teria sido relatado à empresa. Alega, ainda, que foi imediatamente suspenso, sendo incabível a dupla punição e, também, que inexistiu imediaticidade, sendo incorreta a ruptura por justa causa ocorrida em 29/08/2012. 4690 3

Não prosperam os argumentos do Autor. Conforme apurado na instrução, era vedado aos vigilantes, salvo em caso de necessidade, o manuseio de armas de fogo no interior das cabines, local onde se encontravam o Autor e a vítima no momento do disparo, conforme declararam o Autor, sua testemunha e o representante da Ré. Acrescente se que havia ainda a orientação de manuseio da arma somente em uma caixa de areia, localizada próxima à cabine e que não havia permissão para que dois vigilantes ficassem, ao mesmo tempo, dentro das cabines: Transcrevem se os depoimentos: 1.que o disparo acidental atingiu o colega de trabalho Adilio; 6. que dividia com o Adilio as funções de fornecer o armamento e o colete para os vigilantes 7. que um dia o Adilio entrega as armas e o colete enquanto que o reclamante ficava dentro da cabine blindada, com monitores, observando a base; 8. que no outro dia trocavam de posição; 9.que no dia 17/08 o Adilio entrou na cabine, e como estava trabalhando há pouco tempo, perguntou ao reclamante sobre reciclagem e se a pistola que o depoente portava era manuseado como 38 10.que o depoente e o Adilio tiveram curso de manuseio de armas; 11. que o Adilio tinha se posicionado em uma cadeira atrás do reclamante; 12.que melhora esclarecendo não era uma cadeira, mas um cofre onde ele se assentou; 13.que o reclamante girou sua cadeira, tirou o carregador da pistola, e deu dois golpes de segurança, ou seja, puxava a retaguarda no cano 4690 4

da arma, para saber se tinha munição; 14. que a arma estava posicionada em ângulo de 45º para o solo; 15. que o 'cão' da arma voltou sozinho e houve o disparo, atingindo o colega Adilio porque estava com a perna esticada; 16. que não entendeu nada porque tinha dado os dois golpes de segurança; 17.que a cabine era em formato de L e deve ter 2 metros quadrados; 18.que a pistola estava com um durex no carregador porque a peça do carregador que segura a munição estava soltando; 19.que a trava de segurança que fica do lado esquerdo da arma também estava quebrada; 20.que poderiam entrar na cabine o reclamante e o colega Adilio; 21.que na empresa tem um espaço fora da cabine conhecido como caixa ou banco de areia para manuseio de armamento; 22. que não é permitido manuseio de armas na cabine/guarita; 23. que manuseou a arma dentro da cabine porque naquele momento não poderia deixar o local; 24.que em momento nenhum pode deixar a cabine/guarita sozinho; 25. que no livro de ocorrências constou que precisava de um carregador e a pistola estava em mal uso; 30. que no local de trabalho do reclamante apenas tem duas pistolas 380; 31.que os demais vigilantes utilizavam revólver 38... (fls. 185/185v depoimento pessoal do Autor sic)....2. que a empresa tem por diretriz que no corpo da guarda somente deve ficar um colaborador, e no momento do acidente os dois colaboradores estavam no local; 3. que tem um caixa de areia para manuseio do armamento... (fls. 185V/186 depoimento pessoal da Ré). 4690 5

Assim relatou a vítima e testemunha do Autor perante o juízo: 1. que no dia em que ocorreu o acidente era a vez do reclamante ficar na guarita; 2. só que na guarita ficam as coisas pessoais e por isso entrou na guarita; 3. que nume desse momentos observou que o coldre estava meio solto; 4. que avisou o reclamante para prestar atenção; 5. que o depoente observou e disse que estava normal; 6. que começaram conversaram sobre segurança e o curso de transporte de valores; 7. que nisso o reclamante levantou de sua cadeira e retirou a arma do coldre; 8. que o reclamante retirou a arma do coldre para explicar o funcionamento da pistola que era diferente do revólver 38, já que era mais antigo; 9. que o depoente já manuseou pistola e trabalhava com essa arma; 10.que com isso tirou a atenção do reclamante e passou a fazer outras coisas; 11. que estava sentado e ouviu disparo; 12. que no primeiro momento nada sentiu; 13.que a pergunta do depoente ao reclamante foi sobre o curso de transporte de valores, pois antes só tinha trabalhado com vigilância patrimonial; 14. que o reclamante retirou a arma do coldre não foi para ensinar, pois isso o depoente já sabia, mas foi apenas para falar sobre o funcionamento da arma; 15. que a arma parecia estar em perfeito estado, mas o carregador estava com uma fita, tipo durex; 4690 6

19. que é norma da empresa sempre uma pessoa fica na cabine e a outra do lado de fora, sendo que poderia trocar, por exemplo, indo ao banheiro; 20. que a caixa de areia fica em frente da guarita; 21.que ao ser indagado o motivo de o reclamante não ter ido a caixa de areia antes de mostrar a arma para o depoente, respondeu que o reclamante é que pode dizer isso; 25. que quando era vigilante patrimonial trabalhava com revólver calibre 38... (fls. 186/186v testemunha do Autor sic)....3. que uma pessoa apenas pode ficar na guarita; 5. que não pode ser manuseada arma dentro da guarita, só em local apropriado; 6. que o reclamante e sua testemunha fizeram curso de reciclagem... (fl. 186V testemunha da Ré). Extrai se da prova oral, portanto, que o Autor estava ciente de que não era permitido manusear armas no interior da cabine e que havia local apropriado para tanto. Ainda que a arma não estivesse em condições ideais de uso, mais cuidado deveria observar o Autor. As medidas adotadas visam à segurança e, portanto, devem ser atentamente observadas. A falta de cautela, no caso em apreço, mesmo que se considere o histórico do Autor, o tempo em que prestava serviços para a Ré (5 anos), pode ocasionar consequências graves (como ocorreu no caso em que um colega recebeu um tiro, felizmente não fatal), por se tratar de manuseio de arma de fogo. Portanto, considerando o cargo ocupado pelo Autor, de vigilante, as normas 4690 7

devem ser observadas com rigor, a fim de evitar danos à vida ou à integridade física dos próprios empregados. Outrossim, não obstante algumas inconsistências e incoerências nos depoimentos e mesmo que se considere, exemplificativamente, que a vítima realmente perguntou sobre o manuseio da pistola que estava com o Autor, pois terminou por admitir que só trabalhou com revólver calibre 38 (itens 13 e 25), a falta de cautela e a indisciplina do Autor são inaceitáveis, na medida em que o Autor manuseava arma de fogo, que requer atenção redobrada, pois um simples descuido pode ser fatal. Desta forma, tratando se de uso de pistola, tem se que a atitude negligente do Autor, decorrente da não observância das normas de segurança, reveste se de gravidade suficiente para ensejar a aplicação da pena máxima, dispensando a graduação das medidas disciplinares. Ademais, conforme demonstrado à fl. 65 (TRCT), o Autor não foi duplamente punido, uma vez que inexistiu a alegada suspensão, mas somente o afastamento para melhor apuração dos fatos, tanto que os dias correspondentes foram remunerados. Observe se que o tempo despendido para a apuração interna não desconfigura a imediaticidade da medida, pois o fato ocorreu no dia 17/08/2012 (fl. 20, Registro de Ocorrência) e a dispensa deu se em 29/08/2012 (fl. 18), sendo o interregno de 12 dias razoável para apuração. Reitere se, por fim, que a gravidade da conduta do Autor justifica a ausência de graduação e a aplicação automática da justa causa, corretamente amparada nas 4690 8

alíneas e e h do art. 482 da CLT. Desta forma, nega se provimento. Dano moral Mantida a justa causa e inexistindo qualquer outro fato alegado que ampare o pedido de dano moral, nega se provimento. Multa dos arts. 467 e 477 da CLT Prejudicado, diante da negativa de reversão da justa causa. Honorários advocatícios Prejudicado, frente à sucumbência do Autor. DISPOSITIVO Ante o acima exposto, conhece se o recurso e, no mérito, concede se parcial provimento para deferir gratuidade de justiça ao Autor. Mantêm se os valores estabelecidos para custas e condenação, por ainda adequados, deles dispensando se o Autor. ACORDAM os Desembargadores da 7ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, por unanimidade, conhecer o recurso e, no mérito, conceder lhe parcial provimento para deferir gratuidade de justiça ao Autor. Mantêm 4690 9

se os valores estabelecidos para custas e condenação, por ainda adequados, deles dispensando se o Autor. Rio de Janeiro, 2 de outubro de 2013. Giselle Bondim Lopes Ribeiro Relatora 4690 10