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Transcrição:

MATERIAL PARA SEMANA DE REVISÃO LITERATURA 1. (Unicamp 2016) Leia o soneto abaixo, de Luís de Camões: Cá nesta Babilônia, donde mana matéria a quanto mal o mundo cria; cá donde o puro Amor não tem valia, que a Mãe, que manda mais, tudo profana; cá, onde o mal se afina e o bem se dana, e pode mais que a honra a tirania; cá, onde a errada e cega Monarquia cuida que um nome vão a desengana; cá, neste labirinto, onde a nobreza, com esforço e saber pedindo vão às portas da cobiça e da vileza; cá neste escuro caos de confusão, cumprindo o curso estou da natureza. Vê se me esquecerei de ti, Sião! (Disponível em http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000164.pdf. Acessado em 08/09/2015.) a) Uma oposição espacial configura o tema e o significado desse poema de Camões. Identifique essa oposição, indicando o seu significado para o conjunto dos versos. b) Identifique nos tercetos duas expressões que contemplam a noção de desconcerto, fundamental para a compreensão do tema do soneto e da lírica camoniana. a) O eu lírico manifesta a sensação de exílio das terras do Sião, local sagrado e associado ao Bem que já habitou e a Babilônia, local em que se encontra no momento e onde impera o caos, a cobiça e a tirania. b) A anáfora, constituída pela repetição do advérbio cá, enfatiza os aspectos negativos do plano material (Babilônia) em oposição às lembranças do mundo racional, o plano inteligível (Sião) tão desejado pelo eu lírico e, por extensão, pelos artistas do Renascimento: cá neste escuro caos de confusão,/ cumprindo o curso estou da natureza./vê se me esquecerei de ti, Sião! Síntese: a) As expressões-chave deste item são oposição espacial e significado. A resposta está no texto, nos nomes Babilônia e Sião e no conhecimento

sobre o sentido que esses nomes têm na cultura cristã. Ou seja, é preciso ler o enunciado, reconhecer a oposição entre os nomes das duas cidades e qual o sentido isso tem para o mundo cristão, para apreender o sentido geral do poema. Trata-se, portanto, de uma questão de interpretação de um texto a partir de conhecimentos sobre o contexto histórico e cultural em que ele foi elaborado. b) Neste item, espera-se que o leitor perceba que a oposição entre o termo que se repete cá, que remete a Babilônia e o lugar idealizado Sião. A oposição de que trata o enunciado e que se manifesta nessas duas palavras é a que a dialética platônica, em voga durante o Classicismo e na lírica camoniana preconiza entre o plano do ideal e o plano do real-sensível. Ou seja, trata-se de uma questão de interpretação do texto a partir do conhecimento das características da poesia lírica de Camões. 2. (Imed 2015) Leia o texto abaixo, de Gregório de Matos Guerra: A INSTABILIDADE DAS COUSAS DO MUNDO Nasce o Sol, e não dura mais que um dia, Depois da Luz se segue a noite escura, Em tristes sombras morre a formosura, Em contínuas tristezas a alegria. Porém se acaba o Sol, por que nascia? Se formosa a Luz é, por que não dura? Como a beleza assim se transfigura? Como o gosto da pena assim se fia? Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza, Na formosura não se dê constância, E na alegria sinta-se tristeza. Começa o mundo enfim pela ignorância, E tem qualquer dos bens por natureza A firmeza somente na inconstância. Considere as seguintes assertivas a partir do texto: I. Tal soneto é característico do período barroco brasileiro, momento em que o homem do século XVII está divido entre os valores antropocêntricos do Renascimento e as amarras do pensamento medieval restituído pela Contrarreforma. II. O soneto revela o dualismo que envolve o homem barroco, marcado por incertezas e inconstâncias. III. O soneto apresenta a preocupação do poeta com a efemeridade da vida e das coisas. Quais estão corretas?

a) Apenas I. b) Apenas III. c) Apenas I e II. d) Apenas II e III. e) I, II e III. [E] O soneto A instabilidade das cousas do mundo apresenta características do estilo Barroco, vinculado ao período da Contrarreforma (séc. XVII). Os temas refletem os conflitos dualistas entre o terreno e o celestial, o homem (antropocentrismo) e Deus (teocentrismo), o pecado e o perdão, a religiosidade medieval e o paganismo presente no período renascentista. As sucessivas interrogações revelam as incertezas do homem barroco frente ao seu período, a preocupação com a efemeridade da vida e a transitoriedade com que tudo se sucede. O paradoxo final revela a tentativa de conciliação dos elementos opostos: a inconstância é a Síntese: Para responder corretamente esta questão é preciso ter o conhecimento das características da poesia barroca, do contexto histórico e social e dos aspectos filosóficos e ideológicos predominantes no período para conseguir identificar, no soneto, tais conteúdos. 3. (Uern 2015) Os gêneros literários são empregados com finalidade estética. Leia os textos a seguir. Busque Amor novas artes, novo engenho, Para matar-me, e novas esquivanças; Que não pode tirar-me as esperanças, Que mal me tirará o que eu não tenho. (Camões, L. V. de. Sonetos. Lisboa: Livraria Clássica Editora. 1961. Fragmento.) Porém já cinco sóis eram passados Que dali nos partíramos, cortando Os mares nunca doutrem navegados, Prosperamente os ventos assoprando, Quando uma noite, estando descuidados Na cortadora proa vigiando, Uma nuvem, que os ares escurece, Sobre nossas cabeças aparece. (Camões, L. V. Os Lusíadas. Abril Cultural, 1979. São Paulo. Fragmento.)

Assinale a alternativa que apresenta, respectivamente, a classificação dos textos. a) Épico e lírico. b) Lírico e épico. c) Lírico e dramático. d) Dramático e épico. [B] Lírico é o gênero de poesia em que o poeta expõe suas emoções e sentimentos. Exemplo desse gênero é o primeiro texto, cujo tema é o amor. O épico pode ser definido como um gênero constituído de longo poema acerca de assunto grandioso e heroico. Os Lusíadas, de Camões, é considerado o grande épico da Língua Portuguesa e canta os atos heroicos dos portugueses, durante as grandes navegações marítimas no século XV. Síntese: Para responder corretamente esta questão é preciso identificar nos textos as características dos gêneros literários. Uma das maneiras é ler os textos e identificar os gêneros, a partir do conhecimento prévio dos gêneros; outra é, antes mesmo de ler, reconhecer os gêneros a partir das legendas que dizem sonetos e Os lusíadas. 4. (Ufsm 2015) Em 2014, o jesuíta José de Anchieta foi canonizado pelo Papa Francisco I, tornando-se o terceiro santo brasileiro. Muito embora tenha nascido nas Ilhas Canárias, Anchieta ficou conhecido como o Apóstolo do Brasil, legando-nos importantes textos, os quais dão a tônica da função da literatura no início do período colonial brasileiro. Entre seus poemas, destaca-se A Santa Inês. No poema, nota-se o emprego figurativo e religioso do mais básico dos alimentos da época: o pão. A Santa Inês Na Vinda de sua Imagem Cordeirinha linda, Como folga o povo Porque vossa vinda Lhe dá lume novo! [ ] Também padeirinha Sois de nosso povo, Pois, com vossa vinda, Lhe dais trigo novo. Não é de 1 Alentejo Este vosso trigo, Mas Jesus amigo

E vosso desejo. [.] O pão que amassastes Dentro em vosso peito, É o amor perfeito Com que a Deus amastes. Deste vos fartastes, Deste dais ao povo, Porque deixe o velho Pelo trigo novo. [ ] Glossário 1 Alentejo: região de Portugal. Composto de versos de sílabas métricas, A Santa Inês celebra a chegada da imagem da santa a um povoado. Para homenageá-la, o eu lírico chama-lhe de padeirinha, pois traria um trigo novo para alimentar o povo: o exemplo do amor a Cristo. Esse uso figurativo da linguagem caracteriza uma. Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas. a) seis metonímia b) cinco metáfora c) seis antonomásia d) cinco prosopopeia e) seis analogia [B] A escansão dos versos indica emprego de redondilha menor: 1 2 3 4 5 Cor dei ri nha lin (da), 1 2 3 4 5 Co mo fol ga o po (vo) 1 2 3 4 5 Por que vos sa vin (da)

1 2 3 4 5 Lhe dá lu me no (vo)! A figura de linguagem empregada é a metáfora, uma vez que ocorre aproximação implícita: o trigo novo para alimentar o povo é o amor a Cristo; a padeirinha é quem faz tal transformação, o que corresponde a Santa Inês ser um exemplo de religiosidade. Síntese: Esta questão avalia o conhecimento sobre elementos formadores da linguagem poética, referentes à forma (métrica) e ao conteúdo (metáfora). Ou seja, é preciso fazer a contagem das sílabas poéticas (escansão) e identificar a figura de linguagem. Conteúdos, respectivamente, das frentes de Literatura e de Interpretação de texto. 5. (Enem PPL 2014) Sermão da Sexagésima Nunca na Igreja de Deus houve tantas pregações, nem tantos pregadores como hoje. Pois se tanto se semeia a palavra de Deus, como é tão pouco o fruto? Não há um homem que em um sermão entre em si e se resolva, não há um moço que se arrependa, não há um velho que se desengane. Que é isto? Assim como Deus não é hoje menos onipotente, assim a sua palavra não é hoje menos poderosa do que dantes era. Pois se a palavra de Deus é tão poderosa; se a palavra de Deus tem hoje tantos pregadores, por que não vemos hoje nenhum fruto da palavra de Deus? Esta, tão grande e tão importante dúvida, será a matéria do sermão. Quero começar pregandome a mim. A mim será, e também a vós; a mim, para aprender a pregar; a vós, que aprendais a ouvir. VIEIRA, A. Sermões Escolhidos, v. 2. São Paulo: Edameris, 1965. No Sermão da sexagésima, padre Antônio Vieira questiona a eficácia das pregações. Para tanto, apresenta como estratégia discursiva sucessivas interrogações, as quais têm por objetivo principal a) provocar a necessidade e o interesse dos fiéis sobre o conteúdo que será abordado no sermão. b) conduzir o interlocutor à sua própria reflexão sobre os temas abordados nas pregações. c) apresentar questionamentos para os quais a Igreja não possui respostas. d) inserir argumentos à tese defendida pelo pregador sobre a eficácia das pregações. e) questionar a importância das pregações feitas pela Igreja durante os sermões.

[A] O enunciado refere-se à estratégia discursiva das perguntas retóricas para provocar a necessidade e o interesse dos fiéis sobre o conteúdo que será abordado no sermão. Este excerto pertence ao início do sermão, trata-se de uma introdução, sendo assim, as perguntas retóricas têm a função de provocar o interesse pelo assunto que será abordado na missa. Síntese: A questão é bastante delicada por causa da sua elaboração propriamente dita, isto é, de alguma maneira, todas as alternativas estão corretas. As perguntas retóricas faziam parte do gênero literário em questão - do sermão e também servia para conduzir o interlocutor à sua própria reflexão, conforme alternativa [B]. Por outro lado, também podia apresentar questionamentos para os quais a igreja não possui resposta, conforme a alternativa [C]; posteriormente servirá para inserir argumentos e também para questionar a importância das pregações durante os sermões, conforme alternativa [D]. No entanto, o enunciado parafraseia o texto quando diz que o Padre Vieira questiona a eficácia das pregações em uma referência à primeira pergunta do sermão, cujo objetivo é despertar o interesse do público. 6. (Enem 2ª aplicação 2010) Texto I XLI Ouvia: Que não podia odiar E nem temer Porque tu eras eu. E como seria Odiar a mim mesma E a mim mesma temer. Texto II Transforma-se o amador na cousa amada Transforma-se o amador na cousa amada, por virtude do muito imaginar; não tenho, logo, mais que desejar, pois em mim tenho a parte desejada. HILST, H. Cantares. São Paulo: Globo, 2004 (fragmento). Camões. Sonetos. Disponível em: http://www.jornaldepoesia.jor.br. Acesso em: 03 set. 2010 (fragmento). Nesses fragmentos de poemas de Hilda Hilst e de Camões, a temática comum é a) o outro transformado no próprio eu lírico, o que se realiza por meio de uma espécie de fusão de dois seres em um só.

b) a fusão do outro com o eu lírico, havendo, nos versos de Hilda Hilst, a afirmação do eu lírico de que odeia a si mesmo. c) o outro que se confunde com o eu lírico, verificando-se, porém, nos versos de Camões, certa resistência do ser amado. d) a dissociação entre o outro e o eu lírico, porque o ódio ou o amor se produzem no imaginário, sem a realização concreta. e) o outro que se associa ao eu lírico, sendo tratados, nos Textos I e II, respectivamente, o ódio o amor. [A] Ambos os poemas refletem conceitos do platonismo amoroso. Em Cantares de Hilda Hilst, o eu lírico afirma não poder odiar nem temer o outro, já que o outro é o ser em que ele mesmo se transformou em virtude da idealização amorosa ( Porque tu eras eu ). Camões também compartilha da ideia de que o amor torna os amantes inseparáveis, fazendo-os voltar à antiga condição de ser uno e perfeito ( por virtude do muito imaginar (...) em mim tenho a parte desejada ). Síntese: Para responder corretamente esta questão é preciso ler os dois textos e perceber que em ambos, com palavras diferentes o tema em comum é a fusão entre dois seres.