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Transcrição:

ADESÃO DOS PORTADORES DE PRESSÃO ARTERIAL ELEVADA AO PLANO DE TRATAMENTO PROPOSTO PELA EQUIPE DO PSF ( PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA ) COSTA, Rosana dos Santos RESUMO O presente trabalho tem como objetivo avaliar a incidência da adesão dos hipertensos ao plano de tratamento orientado pela equipe do PSF da cidade de Jatobá do Piauí. Foram entrevistados 30 pacientes escolhidos aleatoriamente do dia 13 de janeiro a 14 de fevereiro de 2003. As variáveis utilizadas foram: idade, sexo, grau de escolaridade, estrutura familiar e tratamento indicado para a hipertensão. Pelos dados obtidos, observou-se predominância dos pacientes na faixa etária 70 80 anos, sexo feminino, baixo nível de escolaridade, estrutura familiar composta por marido, mulher e filhos, uso regular de medicamento anti-hipertensivo, não seguimento das orientações de alteração no estilo de vida e atribuição a si próprio como causa do não cumprimento do plano de tratamento para esta patologia. Palavras chave: tratamento da hipertensão, variáveis, PSF( Programa de Saúde da Família)

ABSTRACT Thats work has as objective measure the incidence of the hypertension adhesion to the treatment plan guided by PSF(Program Family Health) grup from Jatobá city in the state of Piauí. 30 patients were interviewed,they were chose aleatory, from January 13 to February 14,2003. The used variables were: age, sex, education degree, structures family and suitable treatment for the hypertension. For the obtained data, the patients predominance was observed in the age group 70 80 years, sex feminine, low education level, structures relative composed by husband, woman and children, regular use of medicine anti-hipertensive, no following of the alteration orientations in the lifestyle and attribution to itself as cause of the non fulfillment of the treatment plan for this pathology. Keywords: treatment of the hypertension, variables, PSF (Program Family Health )

ADESÃO DOS PORTADORES DE PRESSÃO ARTERIAL ELEVADA AO PLANO DE TRATAMENTO PROPOSTO PELA EQUIPE DO PSF ( PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA ) COSTA, Rosana dos Santos 1. INTRODUÇÃO As doenças envolvendo o aparelho cardiovascular são responsáveis pelo maior número de mortes no Brasil, cerca de 27,4%, segundo dados do Ministério da Saúde, sendo considerada para muitos autores como a maior de todas as endemias do século XX ( Brasil, 2001 ). O caráter crônico e incapacitante dessas doenças traz um alto risco social ao país pois, para JUNIOR (1999) a maior parte dos óbitos causados por esta patologia ocorre em idade economicamente ativa ( 20 59 anos ), e são responsáveis por 40% das aposentadorias pelo Instituto Nacional de Seguridade social ( INSS ) e são responsáveis também por 14% da totalidade de internações na rede do SUS ( Sistema Único de Saúde ). A hipertensão arterial está entre os principais fatores de risco do surgimento e/ou agravamento das doenças cerebrovasculares como infarto agudo do miocárdio ( IAM ), insuficiência cardíaca congestiva ( ICC ), acidente vascular cerebral ( AVC ), edema agudo de pulmão ( EAP ), insuficiência Renal ( IR ), tem uma prevalência estimada em cerca de 20% da população adulta ( maior ou igual a 20 anos),( BRASIL, 2001 ).

1.1. Conceito A hipertensão arterial sistêmica é uma doença de alta prevalência e com repercussões significativas na morbimortalidade cardiovascular, caracterizada por níveis de pressão arterial ( PA ) elevados ( JULLIAN, 2000 ). De acordo com o III Concenso Brasileiro de Hipertensão Arterial ( HÁ ) é considerado hipertenso o indivíduo que possuir níveis de pressão arterial igual ou maior de 140/90 mmhg em pelo menos duas aferições realizadas em momentos diferentes, de preferência quando o paciente estiver calmo e em repouso. 1.2. Classificação que segue: O III Concenso Brasileiro de Hipertensão Arterial classifica a HÁ segundo o quadro CLASSIFICAÇÃO DIAGNÓSTICA DA HIPERTENSÃO ARTERIAL EM MAIORES DE 18 ANOS Pressão Arterial Sistólica Pressão Arterial Diastólica Classificação PAS ( mmhg ) PAD mmhg ) <130 < 85 Normal 130-139 85-89 Normal limítrofe 140-159 90-99 Hipertensão leve ( estágio 1 ) 160-179 100-109 Hipertensão moderada ( estágio 2 ) 180 110 Hipertensão grave ( estágio 3 ) 140 < 90 Hipertensão sistólica

Fonte: BRASIL,2001 ( isolada ) No entanto, vale ressaltar que a pressão arterial ideal é a condição em que o indivíduo apresenta o menor risco cardiovascular, PAS < 120 mmhg e PAD < 80 mmhg (NOBRE, 1996). Manter os níveis tensionais dentro de valores considerados normais é de suma importância para uma vida de boa qualidade, afirmação esta que é confirmada por JUNIOR(1999) quando mostra que pessoas com PAD de 105mmHg apresentam risco relativo dez vezes maior para AVC e 5 vezes maior para doença coronariana comparado àqueles com PAD de 76 mmhg. JUNIOR (1999) cita uma pesquisa de Stamler e cols em que correlacionaram o risco de mortalidade de acordo com o nível de PAS e PAD e concluíram que a PAS com menor taxa de óbito estava abaixo de 120mmHg e que o risco de óbito devido a doença coronariana apresentou melhor correlação com a PAS do que com a PAD. Já para o risco de morte secundária por AVC o mesmo estudo mostrou que tanto a PAS quanto a PAD consideradas separadamente influenciam diretamente nesta morbimortalidade. Para este autor pequenas reduções na ordem de 5 6 mmhg para PAD e de 10 12mmHg para a PAS associam-se à diminuição de 38% do risco de AVC e de 16% do risco de doença coronariana. Para JUNIOR(1999) a redução da Pressão Arterial para níveis ao redor 120/75 é útil na prevenção da AVC, na preservação da função renal e na prevenção e redução da velocidade de progressão da ICC. 1.3. Fatores Etiológicos Segundo JULIAN(2000) a causa responsável pela hipertensão pode ser identificada em cerca de 5% dos casos.

Este autor define hipertensão primária ou essencial ou idiopática sempre que não for possível identificar um dos fatores causais e hipertensão secundária quando o aumento de pressão pode ser atribuído a um determinado fator. Dentre as causas da hipertensão secundária para o mesmo autor, encontram-se : - as nefropatias, tais como glomerulonefrite, pielonefrite, rim policístico, tumor renal e estenose da artéria renal; - endocrinopatias, como aldosteronismo primário, síndrome de Cushing e feocromocitoma; - coarctação da aorta; - certos medicamentos e alimentos, inclusive contraceptivos orais, ACTH e corticosteróides. No grupo de hipertensão primária ou idiopática já ficou demonstrado que não existe uma única causa e que a hipertensão é devida a ação de numerosos fatores, dentre os quais pode-se citar: - Fatores genéticos a influência dos fatores hereditários é inquestionável. JULIAN (2000) relata que a hipertensão é muito mais freqüente entre os familiares dos pacientes hipertensos do que nas famílias dos indivíduos normotensos. - Fatores alimentares existe uma forte relação entre o excesso de peso e a hipertensão. Nos indivíduos muito obesos, a perda de peso é seguida por queda da Pressão Arterial. JUNIOR (1999) refere que a associação entre obesidade e doença cardiovascular (DCV ) mostra-se mais forte e mais freqüente na presença da obesidade que predomina no abdome e na parte superior do corpo ( obesidade andróide ) que na obesidade em que o excesso de adiposidade se acumula principalmente nas regiões femural e glútea. Este autor cita pesquisa de Hans e cols em que demonstraram que a medida da circunferência de cintura acima de 94 cm no homem ou acima de 80 cm na mulher se associa a uma prevalência dos fatores de risco para DCV 1,5 a 2 vezes quando comparada ao restante da população e que para cada quilograma de peso ganho a PAS eleva-se em média 1mmHg. Ao avaliar a interferência dos fatores alimentares na pressão arterial, JULIAN (2000) relata que a restrição acentuada do consumo de sal exerce ação protetora contra a hipertensão e o elevado consumo de potássio ( K ) parece ser um fator de proteção. Ainda para o autor

existem provas sugestivas de que o grande consumo de lípides saturados tende a aumentar a PA e o consumo de grandes quantidades de álcool tem sido identificado como fator de risco para hipertensão, da mesma forma que o tabagismo. Em relação aos efeitos nocivos do tabagismo, muitos deles difundidos pela mídia, JUNIOR ( 1999 ) destaca que a inalação da fumaça dos cigarros provoca efeitos hemodinâmicos relacionados com a ativação do Sistema Nervoso simpático ( SNS ) e, dentre estas manifestações encontram-se : taquicardia, elevação da PA, do débito cardíaco, do consumo de oxigênio pelo miocárdio e vasoconstrição periférica. Para o mesmo autor a relação entre tabagismo e hipertensão arterial ainda não está completamente elucidada e que o consumo de cigarros eleva agudamente a PA e o pulso, e isto se deve, provavelmente, pela elevação das catecolaminas circulantes. - Atividade física a atividade física para JULIAN ( 2000) é um item capaz de reduzir a PA e sugere que a falta de atividade pode desempenhar certo papel na etiologia da hipertensão. JUNIOR (1999) define sedentarismo como o nível de atividade física menor que o necessário para a manutenção de uma boa saúde e mostra em seus estudos que uma pessoa ativa apresenta um risco 36% menor de morte por doença da artéria coronária que indivíduos sedentários, e esse risco será tanto menor quanto maior for a atividade física praticada. Este autor destaca, dentre os efeitos do treinamento físico, o aumento da capacidade de transporte de oxigênio coronariano devido ao aumento do tamanho dos vasos, aumento da capacidade aeróbia da musculatura esquelética e um crescimento da parede ventricular ( hipertrofia excêntrica ) a qual é acompanhada do aumento da contratilidade cardíaca e do volume diastólico final o que provoca um aumento da volume sistólico e, para manter um débito cardíaco eficaz ocorre a redução da freqüência cardíaca, ou seja, o exercício físico torna o coração mais eficiente. - Escolaridade/Sexo/Raça JUNIOR (1999) menciona pesquisa de Duncan realizada em Porto Alegre sobre a prevalência de hipertensão arterial de acordo com o nível de escolaridade a qual mostrou que 29% dos pesquisados eram analfabetos do sexo masculino e 31% analfabetos do sexo feminino e 9% tanto masculino quanto feminino tinham o ensino

secundário/superior. A mesma pesquisa realizada por Funchs mostrou que 21,1% da população estudada eram analfabetos contra 7,2% que tinham o ensino superior. Quanto ao sexo os estudos demonstram uma tendência de prevalência mais altas para homens, fato este confirmado por JUNIOR(1999) que cita uma pesquisa de Rose na qual a pesquisadora demonstrou que o risco de eventos cardiovasculares correlacionados à PAS aumenta com a idade e, em cada faixa etária, há um aumento entre o primeiro e o quinto quintil da PAS. O autor continua referindo que a prevalência da hipertensão arterial no Brasil difere de acordo com as regiões geográficas onde a do Nordeste varia de 7,2% a 40,3%; a do Sudeste de 5,04% a 37,9%; a do Sul, de 1,28 a 27,1% e a do Centro Oeste, de 6,3 a 16,75%. Em todos os estudos, notou-se, segundo o autor, elevação da PA com a idade em ambos os sexos e que a prevalência é menor no sexo feminino até a idade de 55 anos, e que após essa idade, ocorre um aumento significativo da hipertensão em mulheres. Os estudos brasileiros que incluíram a análise da raça, detectaram sempre maiores prevalência entre negros, porém com razões de prevalência negros/brancos menores que as encontradas em estudos americanos. As razões negros/brancos nos estudos brasileiros predominaram entre 1,5 e 1,7 ( JUNIOR,1999). Os estudos que incluíram a análise de outros fatores associados à hipertensão mostraram o maior consumo de álcool, ocupações do setor terciário da economia, migração, uso de anticoncepcionais orais e classe social baixa como fatores causais desta patologia. 1.4. Tratamento Um dos principais objetivos no tratamento da hipertensão é incentivar o indivíduo a fazer mudanças no seu estilo de vida pois, segundo dados do Ministério da Saúde o estilo de vida é responsável por 54% do risco de morte por cardiopatia, 50% do risco de morte por AVC e 51% de risco de morte de forma em geral. As orientações iniciais segundo o Ministério da Saúde(2001) deve-se voltar para os cuidados alimentares onde as equipes de saúde devem discutir com o paciente um plano alimentar de acordo com a sua idade, sexo, estado metabólico, situação biológica, atividade

física, doenças intercorrentes, hábitos sócio culturais, situação econômica e disponibilidade dos alimentos em sua região. Deve-se incentivar o consumo de fibras alimentares ( frutas, verduras, leguminosas, cereais integrais ), evitar alimentos ricos em gordura saturada e colesterol, reduzir o consumo diário de sal para 6 gr ( o que corresponde a 1 colher de chá rasa), aumentar a ingestão de potássio e evitar frituras em geral. O paciente deve ser orientado a manter o peso adequado e como deve proceder para conseguir isso. As bebidas alcoólicas e o tabagismo devem ser condenados e a atividade física regular deve ser incentivada e acompanhada. Os pacientes que necessitam fazer uso de medicamento anti-hipertensivo devem ser avaliados rigorosamente e a prescrição feita segundo critério médico. Todos os pacientes devem ser acompanhados mensalmente pela equipe de saúde envolvida na sua assistência para que seja diagnosticado e tratado precocemente qualquer fator de risco de agravamento do seu quadro clínico. 1.5. Justificativa A equipe da Programa de Saúde da Família da cidade de Jatobá do Piauí ( PSF ) realiza mensalmente reunião com o grupo de hipertensos da micro-área 01 ( classificação padronizada pelo Ministério da Saúde no que se refere à divisão da área de atuação de uma equipe do PSF ). Nesta oportunidade são realizadas orientações de como eles devem proceder para manter seus níveis de pressão arterial dentro de um valor aceitável. Observa-se, durante a mensuração das pressões, que uma parcela dos pacientes mantém os valores das pressões estáveis e outra apresenta grande oscilação. De acordo com esta observação e imbuidos do desejo de colaborar para o estabelecimento de uma vida com boa qualidade, uma vez que os níveis pressóricos elevados podem causar sérias conseqüências e seqüelas, levando muitas vezes à morte, resolveu-se estudar o motivo dessas oscilações baseadas na adesão dos hipertensos ao plano de tratamento orientado pela equipe de saúde que o assiste.

II. PROPOSIÇÃO Esta pesquisa tem o objetivo de avaliar a incidência de adesão dos hipertensos ao plano de tratamento orientado pela equipe do PSF baseado nas seguintes variáveis: 1. idade 2. sexo 3. grau de escolaridade 4. estrutura familiar 5. tratamento indicado para a hipertensão III. MATERIAL E MÉTODO Esta pesquisa foi realizada no município de Jatobá do Piauí, na micro-área 01 da equipe do PSF ( classificação segundo determinação do Ministério da Saúde para implantação do PSF ), no período de 13 de janeiro a 14 de fevereiro de 2003. A amostra foi de 30 pacientes escolhidos de forma aleatória dentro de um universo de 65 hipertensos já diagnosticados e que fazem parte do programa de hipertensão acompanhados pela equipe supra-citada. O trabalho seguiu as normas de Vancouver.

seguir : Para a coleta de dados foi utilizado um questionário, cujo modelo é apresentado a QUESTIONÁRIO 01- Idade:-------------- 02- Sexo: masculino ( ) feminino ( ) 03- Grau de escolaridade: ( ) analfabeto ( ) ensino fundamental incompleto ( ) ensino fundamental completo ( ) ensino médio incompleto ( ) ensino médio completo 04- Estrutura Familiar: ( ) família composta por marido e mulher ( ) família composta por marido, mulher e filhos ( ) família composta apenas pelo homem ( ) família composta apenas pela mulher 05- Qual o tratamento indicado para HA: ( ) medicamentoso ( ) não medicamentoso 06- Se medicamentoso, você toma rigorosamente sua medicação conforme orientado? ( ) Sim ( ) Não

07- Você segue as orientações que são dadas em relação a mudanças no seu estilo de vida para o melhor controle de sua pressão arterial ( Ex. atividade física regular, redução do peso, cuidados alimentares, etc. )? ( ) Sim ( ) Não 08- O que você acha que falta para que as orientações recebidas para o tratamento da hipertensão sejam cumpridas de forma satisfatória? IV. RESULTADO E DISCUSSÃO TABELA I Distribuição por número e porcentagem dos casos pesquisados segundo a faixa etária. Faixa Etária Número Porcentagem 30 40 02 6,66 40 50 02 6,66 50 60 03 10 60 70 08 26,67 70 80 10 33,34 80 e mais 05 16,67 TOTAL 30 100,00 Fonte: Pesquisa de campo

Percebe-se que 86,08% dos hipertensos pesquisados tem mais de 50 anos de idade, prevalecendo a faixa etária de 70 a 80 anos, o que está de acordo com os dados encontrados na literatura. TABELA II Distribuição por número e porcentagem dos casos pesquisados segundo sexo. Sexo Número Porcentagem Masculino 12 40 Feminino 18 60 TOTAL 30 100,00 Fonte: Pesquisa de Campo O Sexo feminino teve uma maior prevalência no grupo estudado. A literatura mostra um maior número de hipertensos do sexo masculino até a idade de mais ou menos 55 anos onde o número de casos entre homens e mulheres se igualam.

De acordo com o citado os dados encontrados seguem a literatura por mostrar uma diferença pequena na prevalência de HA segundo o sexo uma vez que, segundo a tabela I, a maioria dos casos apresentam uma idade superior a 50 anos. TABELA III Distribuição por número e porcentagem dos casos pesquisados segundo grau de escolaridade. Grau de escolaridade Número Porcentagem Analfabeto 14 46,67 Ensino Fundamental 16 53,33 Incompleto Ensino Fundamental - - Completo Ens. Médio incompleto - - Ens. Médio completo - - TOTAL 30 100,00 Fonte: Pesquisa de Campo

A tabela acima mostra que nenhum dos hipertensos pesquisados concluiu o Ensino Fundamental e 46,67% são analfabetos, fato este que está de acordo com as pesquisas realizadas as quais mostram a ligação entre hipertensão e nível de escolaridade baixo. TABELA IV Distribuição por número e porcentagem dos casos pesquisados segundo a estrutura familiar. Estrutura Familiar Número Porcentagem Família composta por 04 13,33 marido/ mulher Família composta por 23 76,67 marido/ mulher/ filhos Família composta pelo 03 10 homem Família composta pela - - mulher TOTAL 30 100,00

Fonte: Pesquisa de Campo Observa-se que 76,67% dos hipertensos pesquisados possui uma estrutura familiar composta por marido, mulher e filhos e 10% apenas pelo homem. Alguns estudos referem que a família composta só pelo homem, este apresenta uma maior dificuldade, em comparação com a mulher, em cuidar de sua saúde, principalmente no que se relaciona aos cuidados alimentares, e que os filhos podem prejudicar a adesão da família a restrições dietéticas, principalmente se estes forem adolescentes. TABELA V Distribuição por número e porcentagem dos casos pesquisados segundo o tratamento indicado para controle da HA. Tipo de Tratamento Número Porcentagem Medicamentoso 29 96,67 Não medicamentoso 01 3,33 TOTAL 30 100,00 Fonte: Pesquisa de Campo

A tabela demonstra que 96,67% dos pacientes pesquisados fazem uso de medicamento anti-hipertensivos. TABELA VI Distribuição por número e porcentagem dos casos estudados segundo a ingestão rigorosa do medicamento para hipertensão, conforme orientado pela equipe do PSF, no grupo que faz tratamento medicamentoso. Uso do medicamento Número Porcentagem corretamente Sim 24 82,80 Não 05 17,20 TOTAL 29 100,00

Fonte: Pesquisa de Campo Observa-se que, segundo a tabela, 82,8% dos entrevistados afirmam ingerir regularmente o medicamento prescrito e 17, 20% assumem não ingeri-lo de forma adequada e os motivos relatados informalmente para isto são o esquecimento, falta de dinheiro para adquirir o medicamento quando não disponível na farmácia do Posto de Saúde. TABELA VIII Distribuição por número e porcentagem dos casos pesquisados segundo o cumprimento orientações de alteração no estilo de vida para controle da hipertensão. das Cumprimento das Número Porcentagem Orientações Sim 13 43,34 Não 17 56,66 TOTAL 30 100,00 Fonte: Pesquisa de Campo

A tabela mostra que 56,66 % dos pesquisados não seguem de forma satisfatória as orientações de alteração no estilo de vida para controle do quadro hipertensivo. Pelo o pesquisado na literatura percebe-se que é um fato bastante grave uma vez que o sedentarismo, a obesidade, a falta de cuidados alimentares, tabagismo e alcoolismo interferem diretamente nos níveis prenóricos podendo causar grandes danos cardiovasculares. TABELA VIII Distribuição por número e porcentagem dos casos pesquisados segundo a opinião dos pacientes sobre o que falta para que eles sigam as orientações recebidas para controle da hipertensão. Opinião dos Hipertensos Número Porcentagem Não falta nada, eu cumpro todas as orientações 12 40 Só falta eu cumprir a minha parte 13 43,35 Estou velha e não consigo seguir as orientações 01 3,33 Sou descansado comigo mesmo 01 3,33

Falta o grupo se juntar e fazer caminhadas juntos 01 3,33 Sou muito teimoso 01 3,33 Falta eu Ter saúde para seguir as orientações 01 3,33 Fonte: Pesquisa de Campo TOTAL 30 100,00 Os dados acima demonstram que a maioria dos entrevistados atribui o seu próprio comportamento como motivo do não cumprimento das orientações propostas pela equipe do PSF. V. CONCLUSÃO Pelos dados apresentados pode-se concluir que: Faixa Etária: maior prevalências de hipertensos de 70 80 anos; Sexo: predominância do sexo feminino; Grau de Escolaridade: a maioria possui o ensino médio incompleto; Estrutura Familiar: a grande maioria das famílias são compostas por marido, mulher e filhos; Tipo de Tratamento: a grande maioria dos pesquisados usam medicamento antihipertensivos e a maior parte destes referem ingerí-lo conforme orientação recebida pelo PSF; Cumprimento das Orientações de mudança no estilo de vida para controle da Hipertensão: o número maior de pesquisados referem não seguir todas as orientações recebidas para o controle da PA:

Opinião dos hipertensos: a maioria admite que a falha é deles próprios em não seguir as orientações recebidas para o controle de suas pressões arterial. VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Brasil. Ministério da Saúde. Plano de reorganização da atenção à hipertensão arterial e ao diabetes Mellitus. Manual de hipertensão arterial e diabetes mellitus. Brasília. Editora Ms. 2001.102p 2. JULIAN, Desmond G. Cardiologia. 6ª ed São Paulo: Santos Editora Ltda 2000. 404 p. 3. JUNIOR, Décio Mion. Risco Cardiovascular Global. São Paulo: Lemos Editorial 1999. 185 p 4. NOBRE, Fernando.et. Al II Concenso Brasileiro para o Tratamento da Hipertensão Arterial. IN: Jornal Brasileiro de Medicina. Nº 06, vol 70, junho de 1996, p 18-46