FILOSOFIA 11º ano O CONHECIMENTO E A RACIONALIDADE CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA Governo da República Portuguesa
Descrição e interpretação da atividade cognoscitiva 1.1 Estrutura do ato de conhecer 1.2 Análise comparativa de duas teorias explicativas do conhecimento
Questões O que é o conhecimento? Para que serve o conhecimento? Porquê o conhecimento? Para quê o conhecimento? Como podemos conhecer? O que é a fenomenologia? Quais são os elementos constituintes do ato de conhecer? Que relações estabelecem entre si? Quais os tipos de conhecimento?
Exercício Ao longo da sua vida, o homem constrói vários conhecimentos, desde coisas, pessoas, modos de proceder, valores, ideias, opiniões diversas, teorias científicas, entre tantas outras coisas. O modo como estas formas de conhecimento chegam ao ser humano não são todas iguais; isto significa que se podem estabelecer algumas distinções, quer da parte de quem conhece, quer da parte do que é conhecido, ou seja, quer da parte do sujeito, quer da parte do objeto.
Escher 1. Observe a imagem e interprete o que vê. 2. Olhe para fora da janela da sala de aula e descreva o que vê. 3. Coloque algumas questões filosóficas.
Explicação Galeria de Arte resultou da ideia de que teria de ser possível realizar um alargamento em forma circular. No canto inferior direito, vemos a entrada duma galeria, onde há uma exposição de quadros. Se nos voltarmos para a esquerda vemos um jovem em pé, olhando um quadro na parede. Neste quadro ele vê um barco e mais acima à esquerda, algumas casas ao longo dum cais. Se agora olharmos para cima para a direita, este quarteirão de casas continua e, à direita, na parte mais extrema da composição, o nosso olhar desvia-se para descobrir, em baixo, uma casa de esquina, com uma entrada que conduz a uma galeria de arte, onde se mostra uma exposição de quadros... Assim o nosso jovem faz parte do mesmo quadro que está a observar. Toda esta ilusão baseia-se no facto de que Escher criou como estrutura para esta gravura uma rede que marca um alargamento em círculo fechado que não tem nem princípio, nem fim.
A realidade como a vemos O nosso conhecimento depende da maneira como o interpretamos e da maneira como agimos no mundo. O nosso mundo é sempre circunstancial e prefigurado na própria linguagem. A realidade diz-se de diferentes maneiras e apresenta-se em contextos diferentes com significados diferentes, daí termos diferentes discursos sobre a realidade: filosófico, político, religioso, artístico, científico... Cada um deles corresponde a uma interpretação da realidade que pretende ser verdadeira.
Fenomenologia Fenómeno é tudo o que se apresenta à nossa consciência. O fenómeno é absoluto, pois dá-se ao sujeito de modo evidente e imediato. A fenomenologia descreve o conhecimento, pondo em evidência o processo do conhecer, indicando os elementos que intervêm neste processo (sujeito e objeto) e as relações que tais elementos estabelecem entre si. A fenomenologia não estabelece qualquer primado do sujeito ou do objeto. Limita-se a reconhecer a sua mútua necessidade no ato de conhecer.
Problema da possibilidade do conhecimento Pode o sujeito aprender o objeto?
Teorias Dogmatismo É a crença de que podemos obter conhecimentos certos e seguros e que o nosso poder de conhecimento pode abarcar progressivamente toda a realidade.
Teorias Ceticismo É a posição oposta. Na sua versão moderada, consiste em duvidar não só do que seja possível conhecer toda a realidade, mas sobretudo de que seja possível alcançar conhecimentos firmes e seguros, racionalmente justificáveis. Na sua versão radical, nega que seja possível semelhante tipo de conhecimento.
Teorias Criticismo A razão pode alcançar conhecimentos firmes e seguros, embora limitados no âmbito dos objetos empíricos. O conhecimento é conhecimento de um objeto. No entanto, nem sempre o objeto é o mesmo e, consoante esse objeto muda, também muda o tipo de conhecimento.
Tipos de conhecimento - O João sabe andar de Skate. Esta frase descreve um saber-fazer. É o que os filósofos chamam de conhecimento prático.
Tipos de conhecimento O João conhece o presidente da República Esta frase descreve uma entidade, objeto ou lugar. Refere-se a um conhecimento imediato e directo de uma entidade exterior. É o que os filósofos chamam conhecimento por contacto ou conhecimento de objetos.
Tipos de conhecimento O João sabe que D. Afonso Henriques foi o primeiro rei de Portugal. Esta frase descreve um tipo de conhecimento diferente a que os filósofos chamam conhecimento proposicional. O que se diz que o João conhece é uma proposição, isto é, algo que é verdadeiro ou falso. Na verdade, o que esta frase diz é que João sabe que a proposição: D. Afonso Henriques foi o primeiro rei de Portugal, é verdadeira. O conhecimento proposicional é, destes três tipos, o único que interessa aos filósofos.
Problema Quais são as condições necessárias e suficientes para que um sujeito conheça uma proposição?
Crença e verdade Duas condições normalmente aceites para que uma proposição seja considerada um conhecimento: - que ela seja uma crença - que seja verdadeira. Isto é assim, porque quando conhecemos uma proposição acreditamos que ela descreve a realidade tal como é.
No entanto, podemos acreditar em proposições falsas, embora julguemos que são verdadeiras. Neste caso não podemos dizer que temos conhecimento, pois embora possamos acreditar no que não é verdade, não podemos conhecer o que não é a verdade. Se aquilo em que acreditávamos não é a verdade, então não conhecíamos. Julgávamos apenas que conhecíamos.
Não basta ter uma crença para ter um conhecimento. É preciso que essa crença seja verdadeira. S conhece P se e só se 1) S acredita em P 2) P é verdadeira A maior parte dos filósofos pensa que não basta ter uma crença verdadeira para ter conhecimento. O primeiro a expressar esta ideia foi Platão num diálogo chamado Teeteto.
Justificação TEETETO A justificação pode ser de dois tipos: Um argumento para justificar afirmações por intermédio de outras. Algo que pode ser conhecido diretamente, por intermédio dos sentidos. Uma vez então que a justificação é uma das condições necessárias para que haja conhecimento, podemos reformular o esquema: S conhece P se e só se 1) S acredita em P 2) P é verdadeira 3) S tem uma justificação para acreditar em P
Teoria clássica sobre o conhecimento Teoria da Crença Verdadeira Justificada.
Gettier Em 1963, o filósofo americano Edmund L. Gettier publicou um artigo com o título: A crença verdadeira justificada é conhecimento? Nesse artigo apresentou duas experiências mentais (experiências imaginadas que servem para testar teorias quando não é possível testálas por intermédio da experiência) que afirma serem contraexemplos (exemplos que pretendem mostrar que uma afirmação é falsa) à teoria da crença verdadeira justificada.
Gettier Este autor mostra que a teoria da crença verdadeira justificada não descreve adequadamente o conhecimento, uma vez que é possível deduzir proposições verdadeiras de proposições falsas.
Exemplo de Bertrand Russel O relógio da igreja da tua terra é fiável e costumas confiar nele para saber as horas. Esta manhã quando vinhas para a escola, olhaste para o relógio e viste que marcava 8h20m. Em consequência formulaste a crença de que eram 8h20m. O facto do relógio ter sido fiável no passado justifica a tua crença. Contudo, sem que o soubesses, o relógio avariou no dia anterior exatamente quando marcava 8h20m. assim, tens uma crença verdadeira justificada que não é um conhecimento. Problema: Que condições deve uma proposição satisfazer para estar justificada?