PROCESSO TRT/SP Nº 00558.2006.084.02.00-1 9ª Turma RECURSO ORDINÁRIO ORIGEM: 84ª Vara do Trabalho de São Paulo RECORRENTE: RENATA AMARAL FERNANDES DAS SILVA RECORRIDO: ASSOCIAÇÃO DOS SERVIDORES DA REITORIA DA UNESP Adoto o relatório da r. sentença de fs. 142/145, que julgou a ação improcedente. Embargos de declaração (fs. 149), julgou improcedente. Recorre ordinariamente a reclamante (razões fs. 151/165), alega preliminarmente negativa de prestação jurisdicional, e insurge-se contra a improcedência das diferenças de horas extras, reflexos das horas extras, diferenças de adicional noturno; que faz jus ao pagamento da integração do vale transporte e refeição. Requer a procedência da ação Recurso tempestivo (f. 151). Contra-razões da reclamada (fs. 170/180). É o relatório. VOTO: Conheço do apelo, eis que presentes os pressupostos de admissibilidade. a) Questão prévia de nulidade da r. sentença por negativa de prestação jurisdicional
O inconformismo da reclamante não merece prosperar. A r. sentença de origem (fs. 142/145), complementada pela r. decisão de embargos declaratórios (f. 149), foi proferida em consonância com o disposto no inciso IX do art.93 da Constituição Federal de 1988, e com os artigos 165 e 458 do Código de Processo Civil, aplicado subsidiariamente (art.769 da CLT), no âmbito desta justiça especializada. Ademais, o juiz não estará obrigado a rebater todos os argumentos oferecidos pelas partes, sendo suficiente que a decisão seja proferida de forma fundamentada e de acordo com os elementos existentes nos autos. E foi o que ocorreu in casu. avante. Rejeito, pois, a preliminar em foco, e sigo b) Dispensa Com efeito, consoante documento de nº 04, f. 19, firmado pela recorrente, demonstra que a rescisão contratual operou-se aos 22.12.2003. Ademais, ao sentir deste Relator, há de ser mantida a r. sentença de origem. Na hipótese, o onus probandi era da autora que ora apela, conforme arts. 769 e 818 da CLT, bem como 333 do CPC. Como se vê na audiência realizada no dia 17.03.2007(vide fs. 62/65) prova oral alguma foi produzida pela litigante em tal senso. Mantenho, pois, a r. sentença neste particular e sigo adiante. c) Horas extras e reflexos
Alega o autora que trabalhava de segunda a sexta-feira das 08:00 às 19:00 horas, com intervalo de trinta minuto, prorrogando, em média dois dias na semana até às 22:00 horas, e que em junho ocorria eventos, e trabalhava nestes eventos das 8:30 às 20:00 horas, bem como na semana do evento trabalhava todos os dias até ás 20:00 horas, e por ocasião natal trabalhava nos mesmos horários. Ao sentir deste julgador, pós exame dos autos ora focalizados pelo Egrégio TRT paulistano, há de ser mantida in totum a r. decisão proferida em razão dos fundamentos (CF, art. 93, IX) que abaixo sequencialmente alinhavo, a saber: Nesta temática primeira cabe mantença, nos exatos moldes em que a tese recursal esbarra no fato de que a trabalhadora não cumpriu o onus probandi respectivo (CLT, art. 818 e CPC, art.333), como se vê da prova oral (vide ata do dia 17.03.2007, fs. 62/65) que se apresentou confusa e divergente na questão relativa a jornada praticada pelo reclamante. Como vê dos depoimentos, as testemunha da autora ora recorrente ouvidas não trabalharam com a mesma, as afirmações decorriam sempre de suposições, que achavam que a autora prorrogava a jornada, bem como via a autora trabalhando em eventos. Por outro lado, as testemunhas da reclamada disseram que a autora nunca trabalhou além da jornada contratual. Como se vê, as declarações das testemunhas são diferentes e não podem servir, exclusivamente, como meio de convicção a este juízo. Nestes casos, cabe ao magistrado buscar outros elementos de convicção a fim de dirimir a controvérsia, já que não se pode dar prevalência a um depoimento em detrimento do outro, uma vez que todas as testemunhas estavam compromissadas.
Saliente-se que entre os depoimentos das testemunhas deve haver certa coerência e uniformidade, sob pena de ser descaracterizado como meio de convicção do juízo. Na hipótese dos autos ante a divergência nos depoimentos, já que a prova testemunhal foi contraditória, não poderá servir como meio de deslinde da demanda. Ademais, o inconformismo da recorrente não encontra respaldo no conjunto probatório produzido. A recorrente não logrou comprovar as assertivas da peça inicial, bem como não produziu nenhuma prova no sentido do laboral extraordinário. O mesmo podendo ser dito no tocante ao intervalo para refeição e descanso. Mantenho a r. decisão a quo, por seus próprios fundamentos. d) Dano moral Na etiologia da responsabilidade civil estão presentes três elementos ditos essenciais na doutrina subjetivista: a ofensa a uma norma preexistente ou erro de conduta, um dano e o nexo de causalidade entre uma e outro. A reclamante ora recorrente não logrou mesmo êxito em comprovar a prática de qualquer ato ilícito por parte da reclamada, notadamente se consideramos que tal prova lhe incumbia a teor da regra descrita art. 818 da CLT, combinado com o subsidiário (art. 769 da CLT) art. 333 do CPC. Assim, irretocável a r.decisão de origem que indeferiu o pedido de indenização por danos morais.
e) Vale refeição e refeição Com efeito, o fornecimento de valetransporte não se trata de salário in natura, por expressa previsão do artigo 458, 02º, inciso III da CLT. Ressalte-se que o item III, do 2º, do art. 458, da CLT dispõe que os valores pagos pelo empregador para o deslocamento do empregado ao trabalho e vice versa não são considerados como salário. No tocante à alimentação, compulsando os recibos salariais juntados aos autos, documento nº 13, demonstram que o empregado também custeava uma parcela do seu valor, desconfigurando a natureza salarial do benefício. No mais, inexiste nos comprovação qualquer fraude à legislação trabalhista, indevido, portanto, a pretensão aos reflexos. Rejeito, pois o apelo, em ambos os aspectos guerreados pela reclamante. Ante o exposto, ACORDAM os Magistrados da 9ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região em: conhecer do apelo e REJEITAR as preliminares arguidas; no mérito, NEGAR PROVIMENTO para manter a r. sentença de 1º grau pelos seus próprios e jurídicos fundamentos. RICARDO VERTA LUDUVICE Juiz Relator