FUNDO DE CATÁSTROFE. Novo fundo de catástrofe para o Seguro Rural deve sair em 2008. Entrevista: Armando Vergílio dos Santos Júnior



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ISSN 0019-0446 [ ANO ano 67 67 ] NÚMERO [ número 302303 SETEMBRO ] [ dezembro 2007 ] [ 2007 ] FUNDO DE CATÁSTROFE Novo fundo de catástrofe para o Seguro Rural deve sair em 2008 Entrevista: Armando Vergílio dos Santos Júnior Prioridade para o microsseguro no Brasil Artigos técnicos

EXPEDIENTE CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO Otávio Ribeiro Damaso (Presidente) Eduardo Hitiro Nakao (Vice-presidente) Otacílio Caldeira Júnior Pedro Wilson Carrano Albuquerque Luiz Tavares Pereira Filho Cesar Jorge Saad DIRETORIA Eduardo Hitiro Nakao (Presidente) Alberto de Almeida Pais (Vice-presidente Executivo) Sergio Caruso Vandro Ferraz da Cruz Manoel Morais de Araujo Francisco Aldenor Alencar Andrade CONSELHO FISCAL Marcio Leão Coelho (Presidente) Alexandre Cairo Rogério Baptista Teixeira Fernandes Antonio Carlos do Nascimento Sanches Lúcio Antônio Marques SEDE Av. Marechal Câmara, 171 - Castelo CEP 20020-901 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil Telefone: (21) 2272-0200 - www.irb-brasilre.com.br GERÊNCIA REGIONAL EM SÃO PAULO R. Manoel da Nóbrega, 1.280-7 andar - Jardim Paulista CEP 04001-004 - São Paulo - SP - Brasil Telefone: (11) 3885-2011 ESCRITÓRIO DE REPRESENTAÇÃO DA SECRETARIA EXECUTIVA EM BRASÍLIA SCN - Edifício Brasília Trade Center, Quadra I - Bloco C - salas 1.601 a 1.606 CEP 70710-902 - Brasília - DF - Brasil Telefone: (61) 3328-9563 SUBSIDIÁRIAS EM NOVA YORK UA Holding Corporation UAIC - United Americas Insurance Company UA Service Corporation, 805 Third Avenue - 14 th floor New York - 10022 - USA Telefone: 1-212-4860700 ESCRITÓRIO DE LONDRES London Branch 25, Lime Street - London EC3M 7HR, United Kingdom Telefone: 44-207-2833638 CONSELHO EDITORIAL Eduardo Hitiro Nakao Vandro Ferraz da Cruz Francisco Aldenor Alencar Andrade Sebastião Furtado Pena Gisele de Lima Castro Campos Renata Rocha Nunes Claudio Roberto Contador Lúcio Antônio Marques COORDENAÇÃO EDITORIAL Inah de Paula Comunicações DIREÇÃO DE ARTE Inah de Paula Comunicações REDAÇÃO Jorge Clapp e Valéria Maciel REVISÃO IRB-Brasil Resseguros S.A. e Inah de Paula Comunicações GRÁFICA Grafitto Gráfica e Editora FOTOS Alexandre Faria DISTRIBUIÇÃO IRB-Brasil Resseguros S.A. Os conceitos emitidos em artigos assinados exprimem apenas as opiniões de seus autores e são de sua exclusiva responsabilidade. Os textos publicados podem ser livremente reproduzidos, desde que citada a fonte. Publicação editada pelo IRB-Brasil Re. Circulação desta edição: 3.000 mil exemplares, distribuídos gratuitamente mediante assinatura.

EDITORIAL Esta edição da Revista do IRB chega ao leitor em um momento especial para o mercado brasileiro. Afinal, já em 2008, começa a vigorar o novo modelo para as operações de resseguro. Além disso, com o crescimento da economia, a recuperação do poder de compra da população, a queda dos índices de desemprego e os novos investimentos em infra-estrutura, surgem diferentes oportunidades de negócios para o seguro e o resseguro. O futuro é promissor, portanto, em curto, médio e longo prazos. A matéria de capa tem como tema central o Fundo de Catástrofe do Seguro Rural. Na reportagem, o secretário adjunto para Reformas Institucionais do Ministério da Fazenda, Otávio Damaso; o gerente de Riscos de Governo do IRB-Brasil Re, Helio Abrantes; e o professor Vitor Osaki, da Universidade de São Paulo (USP), falam sobre o assunto, que ganha relevância com o incremento da demanda por seguros de agrobusiness. Outra matéria importante trata do microsseguro, nome dado às coberturas voltadas para aquelas camadas da população de menor poder aquisitivo. Viabilizar esse tipo de seguro no Brasil é uma das prioridades da Superintendência de Seguros Privados (Susep) para os próximos anos. A novidade é que a autarquia foi convidada pela International Association of Insurance Supervisors (IAIS), entidade que reúne 180 órgãos supervisores do mercado de seguros de todo o mundo, para presidir a importante comissão que estuda as perspectivas do microsseguro no mercado internacional. Esse, aliás, é um dos assuntos tratados, em entrevista exclusiva para a Revista do IRB, pelo superintendente da Susep, Armando Vergílio dos Santos Júnior. Na entrevista, ele fala ainda sobre a regulamentação da abertura do mercado de resseguro e as perspectivas para o IRB-Brasil Re dentro desse novo modelo. A Revista do IRB ouviu também o consultor Paulo Pereira, da Tillinghast Towers Perrin, e o presidente da Chubb do Brasil, Acácio Queiroz, sobre os novos seguros atrelados a produtos financeiros. Na reportagem sobre novas regras de solvência e capital mínimo foram ouvidos o diretor da Susep, Alexandre Penner, consultores de empresas de rating e seguradoras. O leitor encontrará ainda, nesta edição, as tradicionais seções Na Estante, Jurisprudência e Panorama do Mercado, além dos artigos técnicos. Boa leitura! Conselho Editorial R. do IRB, Rio de Janeiro, a. 67, n. 303, p. 1-56, dezembro 2007 3

Revista do IRB, Rio de Janeiro, a. 67, n. 303, p. 1-54, dezembro 2007 ISSN 0019-0446 3 5 6 13 15 17 19 23 35 Editorial Carta do Presidente Susep aposta que IRB-Brasil Re terá ainda mais credibilidade com abertura do mercado Entrevista com Armando Vergílio dos Santos Júnior Na Estante Panorama do Mercado Jurisprudência Matéria de Capa Novo fundo de catástrofe para o seguro rural deve sair em 2008 Em Foco Prioridade total para o microsseguro no Brasil Seguros para produtos financeiros despontam como as novas estrelas do mercado Mercado terá prazo maior para adaptação da solvência Artigos Técnicos Aspectos jurídicos da cláusula de depreciação nos contratos de seguros de danos Sergio Ruy Barroso de Mello Gerência de risco: uma visão global Marcelo Castro de Lacerda Teixeira Aquecimento global: impactos no mercado de seguros Dafne Coutinho Santos, Fernanda Arcanjo Valadão e Júlia Baars Favilla Nunes Marquises e sacadas Adilson Luiz Gonçalves 23 27 31 35 38 47 52

CARTA DO PRESIDENTE O ano de 2007 foi de muitas transformações para o mercado brasileiro de seguros e resseguros. Particularmente para o IRB-Brasil Re, a preparação para a operação em ambiente concorrencial tornou-se ainda mais desafiadora, ao longo dos últimos meses. Adequando-se à mudança há algum tempo, foi neste exercício que, de fato, foram iniciados os trabalhos já com o conhecimento dos princípios que norteariam a regulamentação do mercado aberto estabelecido na Lei Complementar nº. 126, de 15.01.2007. O IRB-Brasil Re encerra o ano com crescimento na arrecadação de prêmios em relação ao ano anterior, mesmo considerando a tendência internacional de queda nas taxas de resseguro e a valorização da moeda nacional diante do dólar dos Estados Unidos. Além das transformações internas, como o aperfeiçoamento das práticas de governança corporativa e a demanda por diretrizes de subscrição e gestão de riscos, o IRB-Brasil Re participou ativamente das discussões para a elaboração da minuta de resolução sobre as operações de resseguro, retrocessão e sua intermediação, com respaldo em seu banco de dados das operações de resseguro, com os componentes do mercado brasileiro de seguros e os representantes do Governo. Para o IRB-Brasil Re virá uma nova fase. A abertura, ao facultar a concorrência, criará oportunidades de escolher seus clientes e fazer uma melhor seleção de riscos, tanto pela não obrigatoriedade de aceitá-los, quanto pela faculdade de aceitação parcial dos negócios que lhe são ofertados. A atuação do IRB-Brasil Re terá como foco específico a seleção dos ramos a serem trabalhados e avaliação das melhores técnicas de subscrição de riscos, de forma a tornar suas operações mais compatíveis com a nova realidade de mercado. Na busca por rentabilidade atrativa, sem ignorar a necessidade de assegurar o crescimento sustentado, o IRB-Brasil Re espera contar com o apoio dos acionistas, público e privados, e merecer a preferência dos parceiros de negócios, na continuidade de adoção das práticas modernas de gestão operacional, no aperfeiçoamento da política comercial, com foco no tratamento competitivo a ser dado aos clientes, e, principalmente, na condução dos atos com visibilidade integral no mercado brasileiro de seguros e resseguros resultante do novo marco: a Lei Complementar nº. 126, de 15.01.2007. Eduardo Hitiro Nakao Presidente R. do IRB, Rio de Janeiro, a. 67, n. 303, p. 1-56, dezembro 2007 5

ENTREVISTA Susep aposta que IRB-Brasil Re terá ainda mais credibilidade com abertura do mercado Em um capítulo inédito da história da Superintendência de Seguros Privados (Susep), o atual superintendente, Armando Vergílio dos Santos Júnior, é o primeiro gestor da autarquia que atuou por mais de duas décadas no setor, como corretor de seguros. Em todas as apresentações públicas, desde que assumiu a Superintendência da Susep, Armando Vergílio se autodenomina um homem de mercado e afirma que, em sua gestão, haverá prioridade para a defesa do direito do consumidor, o diálogo aberto com segmentos da sociedade e outros órgãos do Governo Federal. Direto e objetivo, Armando não deixa dúvidas sobre seus planos à frente da autarquia, onde tem a intenção de desenvolver um trabalho que contribua para fomentar o crescimento do mercado. Enfático, ele não descuida do perfil fiscalizador, mas faz questão de deixar claro que a atuação de um órgão regulador não pode ser muito rígida, nem muito liberal, precisa ter a medida exata. Nesse contexto, ele afirma que vai ressaltar a vocação da Susep para orientar e disseminar uma postura preventiva em todo o mercado. Uma das bandeiras de sua gestão é a política de prevenção, com destaque para a adoção do sistema baseado em supervisão de risco. Nesta entrevista exclusiva à Revista do IRB, Armando Vergílio detalha as expectativas do mercado de seguros para 2008, quando entra em vigor a regulamentação da Lei Complementar 126, aprovada em 15 de janeiro de 2007, que dispõe sobre a política de resseguro, retrocessão e sua intermediação, as operações de co-seguro, as contratações de seguro no exterior e as operações em moeda estrangeira do setor securitário e efetiva a abertura do mercado ressegurador brasileiro. Para o superintendente da Susep, não restam dúvidas que o setor de seguros é a bola da vez no cenário econômico nacional. Ele enxerga a abertura do mercado de resseguros como uma grande oportunidade de 6 R. do IRB, Rio de Janeiro, a. 67, n. 303, p. 6-12, dezembro 2007

ENTREVISTA crescimento do setor em todo o país e de oferta de novos serviços, como o microsseguro, que, na sua visão, poderá ser um grande instrumento de inclusão social. Como recém-eleito presidente de uma comissão constituída na Associação Internacional de Supervisores de Seguros (International Association of Insurance Supervisors IAIS) para estudar as perspectivas do microsseguro no mercado internacional, Vergílio afirma que o microsseguro, além de ser uma forma de inserir a população que hoje não tem acesso ao seguro no país, será fundamental para que o setor alcance a tão almejada faixa de 7% do Produto Interno Bruto (PIB). Revista do IRB Qual é a expectativa do mercado com a abertura do mercado ressegurador? Que cenário é esperado para esse mercado diante da abertura? Armando Vergílio A questão da abertura do mercado de resseguros ou a descentralização do mercado de resseguros, como o IRB mesmo gosta de colocar, já era aguardada há muitos anos. O Brasil era um dos poucos países que ainda mantinha essa reserva nesse setor. E isso realmente era algo pleiteado por todo o mercado, pela sociedade civil organizada. E, felizmente, no início de 2007, foi aprovada a Lei Complementar 126. Ou seja, a abertura efetiva do mercado, e é bom que as pessoas entendam isso, não está se dando agora com a proposta de regulamentação complementar. Ela se deu com a promulgação da Lei Complementar 126. Isto é, algumas eventuais críticas ou sugestões à nossa proposta em audiência pública deveriam ser repensadas, porque temos que preservar e observar o disposto na Lei Complementar 126. A Lei Complementar é que traz quais são os conceitos e o que se objetiva com essa abertura. No nosso entendimento, o legislador brasileiro quis, com a abertura do mercado de resseguros, atingir duas questões básicas. A primeira é fomentar o desenvolvimento do mercado de seguros no Brasil, que, comparado a países similares ou em desenvolvimento, ainda é muito pequeno. Então a abertura do mercado de resseguros busca, num primeiro momento, desenvolver o mercado de seguros brasileiro. Num segundo momento, de forma muito evidente, busca criar um mercado de resseguros local. Ou seja, não é um mercado centralizado ou monopolista, é um mercado plural, porém um mercado que não existia antes. Trata-se de um mercado de resseguros local, com vários operadores, para que eles possam ser competitivos. Então o que orientou a Susep na elaboração da proposta colocada em análise, em audiência pública, foram esses dois pilares: desenvolver o mercado de seguros e criar um mercado de resseguros local. A partir de agora, nós vamos ter três tipos de resseguradores: o local, o admitido e o eventual. A nossa expectativa é muito positiva em relação ao número de resseguradores locais que poderão se instalar aqui. Estamos falando de empresas estrangeiras que já estão fazendo a análise e, obviamente, estão aguardando o fechamento da regulamentação proposta para poder realmente decidir sobre sua instalação local. R. do IRB, Rio de Janeiro, a. 67, n. 303, p. 6-12, dezembro 2007 7

ENTREVISTA Várias outras já se manifestaram, afirmando que vão se instalar como admitidas. Ou seja, teremos um mercado ressegurador altamente competitivo, porque já partimos do pressuposto que o IRB-Brasil Re também tem se preparado ao longo dos últimos meses para ser um operador competitivo dentro desse cenário muito promissor para o mercado de seguros. Revista do IRB Nesse cenário, quais são as diferenças entre o ressegurador local, admitido e eventual? A. V O Local é uma empresa que tem que ser constituída no Brasil, dentro das regras que estão sendo propostas, com capital, com reservas, enfim, o que estabelece a Lei Complementar 126. O admitido deverá ter um escritório de representação no Brasil e, seguindo o que preconiza a Lei Complementar 126, deverá constituir algumas garantias no país, inclusive a exigência de uma conta em moeda estrangeira. Isso não é algo novo que a nossa proposta está trazendo, pois já está contido na lei. Está claro que esse tipo de ressegurador deve dar determinadas garantias de suas obrigações feitas aqui no Brasil. Para atuar no país como ressegurador eventual, basta que a empresa tenha um procurador e cadastre-se junto à Susep. Entretanto, foi estabelecida uma classificação de rating, ou seja, não serão todos que serão admitidos como eventuais. Há, por exemplo, uma vedação para resseguradores que tenham a origem de sua operação ou sua base de existência em paraísos fiscais. Mas, de modo geral, as regras vão dar oportunidades a esses três tipos de resseguradores para que eles façam as escolhas que melhor lhes convier. Já temos a afirmação de grandes resseguradores internacionais que realmente estão finalizando os estudos e os preparativos para se constituírem como resseguradores locais. E há alguns outros que já sinalizaram que, neste primeiro momento, têm a intenção de atuar como admitidos, mas que, num segundo momento, pretendem ser resseguradores locais. Revista do IRB O senhor pode nos dar alguns exemplos dessas resseguradoras? A. V Como órgão regulador não nos cabe citar nomes. Revista do IRB Qual será o papel do IRB-Brasil Re neste modelo amplo e competitivo no cenário do resseguro local? A. V Para o IRB-Brasil Re, foi reservado, tanto na lei como na regulamentação, um tratamento específico para que ele possa fazer a transição. Nós temos a certeza e a convicção, devido à administração que o IRB tem tido nos últimos tempos, de que ele está se preparando para ser um ressegurador local competitivo. O IRB-Brasil Re tem credibilidade internacional muito forte e consolidada, o que vai lhe permitir, num primeiro momento, talvez sair na frente de qualquer outro. A empresa tem uma boa estrutura de capital e tem 8 R. do IRB, Rio de Janeiro, a. 67, n. 303, p. 6-12, dezembro 2007

ENTREVISTA Muitos resseguradores têm demonstrado o interesse de fazer do Brasil a sua plataforma de atuação em outros países da América do Sul e da América Latina. Quem sabe o IRB não possa internacionalizar a sua atuação? 180 dias previstos pela lei para se adaptar a esta nova regulamentação, que vai entrar em vigor a partir de janeiro. Ele tem todas as condições, todos os ingredientes, para que possa crescer, partindo desse pressuposto de ter no Brasil e é isso que está se buscando uma plataforma de resseguradores para operar não só no Brasil, mas quem sabe na América Latina. Muitos resseguradores têm demonstrado o interesse de fazer do Brasil a sua plataforma de atuação em outros países da América do Sul e da América Latina. Quem sabe o IRB não possa internacionalizar a sua atuação? Dentro desse cenário, em que a previsão é haver crescimento de 100% nos próximos quatro anos, acredito que o IRB-Brasil Re tem um momento de oportunidade muito grande de se desenvolver e se consolidar como grande ressegurador internacional. O mercado de seguros do Brasil confia muito na firme e forte atuação do IRB, que continua sendo imprescindível e preponderante. Revista do IRB O senhor é o primeiro superintendente da Susep que representa o setor. Atuou como corretor durante muito tempo e se orgulha muito disso. Para os corretores, o que esta abertura do mercado de resseguros vai propiciar? A. V É um mercado novo, que até então não existia. É também um momento de muita oportunidade para os corretores poderem se adaptar e se tornarem ainda corretores de resseguros. Obviamente haverá uma competição muito grande, porque a Susep já foi procurada por vários brokers, que estão atentos a esse momento de mudança, enxergando uma oportunidade para aqui se instalarem. Acho que os corretores de seguros precisam se informar e buscar se contextualizar sobre essa nova realidade de mercado, porque, com certeza, várias situações vão mudar impulsionadas pela abertura do resseguro. Teremos um mercado muito mais competitivo, novos produtos, uma realidade distinta. Em um cenário no qual o próprio segurador cedente vai estabelecer parcerias com resseguradores distintos, e o corretor vai ter que acompanhar passo a passo. Revista do IRB O Brasil é um mercado que ainda precisa de muito impulso com relação à cultura sobre consumo de seguro. Nesse sentido, que ações a Susep pretende desenvolver nos próximos anos para dar, cada vez mais, informação a quem está contratando um seguro? Que ações preventivas e educacionais, com o objetivo de estimular a cultura de seguros e formar o consumidor de seguros no Brasil, a Susep pretende colocar em prática nos próximos anos? A.V Disseminar informações sobre o mercado e criar condições para o desenvolvimento de uma cultura de seguros é uma responsabilidade da Susep e de todo o mercado. E a Susep vem estimulando o mercado a estabelecer ações que tenham o objetivo de aperfeiçoar o nível de informações, como melhorias na prática de governança corporativa das empresas, com o estabelecimento de ouvidorias. Praticamente todas as empresas R. do IRB, Rio de Janeiro, a. 67, n. 303, p. 6-12, dezembro 2007 9

ENTREVISTA Disseminar informações sobre o mercado e criar condições para o desenvolvimento de uma cultura de seguros é uma responsabilidade da Susep e de todo o mercado seguradoras têm hoje uma ouvidoria. Mas a Susep pretende ir além. Estamos adotando o modelo de supervisão baseada em risco (SBR), isso significa uma mudança. Estamos ainda alterando a visão do órgão regulador em relação a sua atuação. Entendemos que essa atuação deva ser não só uma atuação, digamos, repressiva. Acredito que o órgão regulador possa ter uma atuação não só pró-ativa, mas orientadora e preventiva. Isso tudo vai ao encontro das necessidades do consumidor, que, diga-se de passagem, está cada vez mais consciente, ciente e bem informado em relação a seus direitos. Isso demanda mais atenção do mercado. Nós queremos que a Susep adote uma postura de órgão fomentador do mercado. Que ela tenha seu lado supervisor e fiscalizador reforçado, no sentido de trazer tranqüilidade para o consumidor, mas que também possa ter uma possível atuação como órgão fomentador do desenvolvimento e crescimento do setor. Obviamente a atuação toda da Susep é focada na defesa dos interesses do consumidor. Nesse aspecto, temos alguns projetos que serão desenvolvidos para 2008 e que visam a dar mais transparência, aumentar o grau de informação e, principalmente, melhorar o nível de atendimento junto ao consumidor segurado. Para isso, é necessário que empreendamos algumas ações que estão sendo planejadas, como tornar a Susep mais conhecida pela sociedade. Trabalhar para que a autarquia tenha uma capilaridade maior e que possa cumprir seu papel de levar informação a todo o mercado, porque é a partir dessa confiança do consumidor que teremos um ponto de sustentação para o crescimento. Revista do IRB Como está sendo desenvolvido esse modelo de supervisão baseada em risco? A. V Isso já está em curso. Se você observar as próprias regras de capital que estão vigorando, elas atendem a uma política de supervisão baseada em risco, dentro do que preceitua o Basiléia 2. Esse é o modelo adotado. Nós estamos buscando subsídios em outros mercados. 10 R. do IRB, Rio de Janeiro, a. 67, n. 303, p. 6-12, dezembro 2007

ENTREVISTA Não há um modelo específico, mas estamos fazendo análises no âmbito das modernas práticas adotadas por países cujos mercados estão desenvolvidos e consolidados. Nesse caminho, temos tido uma interação muito grande com a IAIS, adotando realmente as orientações emanadas pela entidade. Revista do IRB O senhor foi indicado recentemente para presidir uma comissão constituída na Associação Internacional de Supervisores de Seguros (International Association of Insurance Supervisors IAIS) com o objetivo de estudar as perspectivas do microsseguro no mercado internacional. Como o senhor vê a adoção do microsseguro no Brasil? A. V O microsseguro é algo novo. Temos que pensá-lo de forma bastante diferenciada. Temos que ter regras, ao mesmo tempo, mais simples e mais claras. Temos que ter um produto de baixo custo e que realmente seja interessante, importante e que corresponda às necessidades desse consumidor. Temos a possibilidade de fazer do microsseguro um importante instrumento de inclusão social no Brasil. Isso é o pressuposto principal. Para isso, é necessário que tenhamos uma regulamentação específica, que possa permitir a inclusão das classes C, D e E nesse mercado. E aí empreenderemos as ações, nós, Governo e mercado, para que se criem os instrumentos necessários ao estabelecimento do mercado de microsseguros. Isso passa por várias análises, como distribuição, alterações na legislação tributária etc. Realmente, a minha designação como presidente dessa comissão no âmbito da IAIS foi muito importante. Acredito que exista uma possibilidade muito forte de outro brasileiro ser escolhido num outro comitê da Fundação Instituto de Desenvolvimento Empresarial Social (Fides) para tratar de microsseguro. Acredito que o presidente da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi), Antonio Cássio dos Santos, reúna todas as condições. Ele tem sido um fiel defensor da implementação desse modelo no Brasil. Caso isso ocorra, vamos ter uma atuação sinérgica no sentido de trazer esse assunto para a ordem do dia. Acredito que isso deva ocorrer em 2008, até porque, se queremos fazer com que o mercado alcance o patamar tão desejado de 6% a 7% do Produto Interno Bruto (PIB), é necessário que se aumente a base de consumo, é necessário que se faça a inserção dessas pessoas, que hoje estão completamente excluídas desse setor. Mas, para isso, é necessário ter produtos adequados, regras claras, distribuição adequada. Enfim, esse conjunto de ações que vamos analisar e estudar, buscando o diálogo franco com o mercado e setores do Governo, que tem muito interesse, porque, repito, é uma ferramenta de inclusão social muito importante para o Brasil. Acredito que vamos poder implementar o microsseguro e outros tipos de seguros, como o seguro popular de automóvel, num curto espaço de tempo. Revista do IRB Como funcionaria o modelo de seguro popular de automóvel? A. V Há uma frota muito grande em circulação no país composta por veículos com mais de 8 ou 10 anos de fabricação. O atual modelo em vigor no mercado se torna inviável aos donos dessa frota pelo conjunto de coberturas e exigências contratuais, acabando por excluir ou impossibilitar do ponto de vista financeiro a sua aquisição por grande parte dos proprietários desses veículos. Temos que ter uma adequação de normas. Isso passa, inclusive, pela análise da utilização de peças usadas, sempre certificadas. É preciso haver alteração da legislação, é necessário haver entendimento diferenciado do ponto de vista fiscal e tributário. Quem sabe, a isenção do IOF para que se possa viabilizar. Outras questões devem ser analisadas, como aprimoramento no combate à fraude. Há ainda outra questão que merece ser analisada com muita parcimônia pelo mercado, a questão dos desmanches, salvados etc. Tudo passa pela cultura, porque é a camada da população que talvez mais precise do seguro. Um carro de 12, 13 anos é o grande patrimônio da vida dos componentes dessa camada. R. do IRB, Rio de Janeiro, a. 67, n. 303, p. 6-12, dezembro 2007 11

ENTREVISTA Acho que regra não tem que ser nem muito rígida, nem liberal, ela tem que ser na medida Revista do IRB Diante de tantas mudanças previstas para os próximos anos no mercado de seguros nacional, como está a especialização da mão-de-obra do mercado? O senhor avalia que o surgimento de cursos de terceiro grau e pós-graduação referentes ao mercado de seguros tem sido suficiente? A. V Educação nunca é suficiente, principalmente num país como o Brasil, em que os problemas são de cunho educacional. Há muito para ser feito. Mas, nesse aspecto, confio muito na atuação da Escola Nacional de Seguros, a Funenseg, que tem realmente prestado um importante serviço nos últimos anos, e que agora, com o reconhecimento do Ministério da Educação como entidade de ensino superior, pode, neste momento tão importante, ser a grande formadora de mão-de-obra qualificada para um mercado cada vez mais exigente. E acho que a Funenseg, por ser uma entidade que congrega todos os players do mercado (são mantenedores da Funenseg os seguradores, os corretores, a Susep, o próprio IRB), vai realmente poder horizontalizar um pouco mais suas ações, ter mais presença em alguns estados onde se faz necessário, como São Paulo. E, principalmente, fazer convênios e parcerias com outras entidades que têm interesse e vêm demonstrando disposição para agir, porque é um mercado muito promissor e que desperta muito interesse. Ouvi uma palestra do ex-presidente do Federal Reserve dos EUA, Alan Greenspan, em que ele anunciava o Brasil como a bola da vez no mercado econômico internacional. E acho que o mercado de seguros é a bola da vez na economia do Brasil. Revista do IRB Com o destaque do Brasil no cenário internacional, as regras de governança corporativa serão tão rígidas como em outros países? Qual é a expectativa da Susep? A. V Acho que regra não tem que ser nem muito rígida, nem liberal, ela tem que ser na medida. Nesse aspecto, é óbvio que faremos uma atualização e modernização de alguns marcos regulatórios, no sentido até mesmo de dar garantia jurídica, nesse cenário de que estamos falando, para o investidor. É necessário que isso seja pensado. É preciso que possamos realmente fazer a atualização desses marcos regulatórios em consonância com a atualização internacional. 12 R. do IRB, Rio de Janeiro, a. 67, n. 303, p. 6-12, dezembro 2007

NA ESTANTE ESTUDOS DE RISCO E SEGURO NO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO Autores: Vitor Augusto Ozaki, Pedro Carvalho de Mello e Humberto Francisco Silva Spolador - Ed. Funenseg - 78 págs. O livro é fruto de pesquisa realizada a partir do acervo da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz ESALQ/USP, na qual foram identificados teses e trabalhos realizados nos últimos anos sobre os temas: risco, seguros, derivativos e instrumentos financeiros no agronegócio. O livro aborda assuntos como a conjuntura macroeconômica brasileira; a evolução do agronegócio e da infra-estrutura no país e seus impactos no meio ambiente; o mercado de seguro agrícola; e a importância da pesquisa acadêmica para o crescimento do setor de seguros, além de trazer um detalhado conjunto de trabalhos realizados na ESALQ, relevantes para o mercado segurador. O IMPACTO DAS CATÁSTROFES CLIMÁTICAS NA SOLVÊNCIA DAS SEGURADORAS Autor: René Hernande Vieira Lopes - Ed. Funenseg - 160 págs. O livro investiga a questão das mudanças climáticas e do aquecimento global, a incidência desses acontecimentos e suas conseqüências para o mercado de seguros. A obra traz ainda definições e conceitos sobre o tempo, clima, condições atmosféricas, efeito estufa e ciclos climáticos naturais, além das características de fenômenos como El Niño, La Niña, tornados e furacões. O trabalho destaca também a importância da modelização dos riscos climáticos para as seguradoras e resseguradoras. R. do IRB, Rio de Janeiro, a. 67, n. 303, p. 13-14, dezembro 2007 13

NA ESTANTE MARKETING DE SEGUROS DE VIDA E SAÚDE Terceira Edição Autores: Sharon B. Allen, Mary C. Bickley, Dennis W. Goodwin, Jennifer W. Herrod e Patsy Leeuwenburg - Ed. Funenseg - 532 págs. O marketing do seguro de vida e saúde passou por significativas mudanças na última década. Embora o livro mantenha as informações básicas e sólidas sobre o marketing encontradas nas edições anteriores, a atual edição passou por uma revisão substancial em algumas áreas distribuição e marketing de relacionamento com clientes em particular para refletir as práticas atuais do setor. O livro texto faz parte do Programa de Formação LOMA (Life Office Management Association, Inc.) em português PFLP. CADERNO DE EXERCÍCIOS PARA O CURSO PFLP 320 MARKETING DE SEGUROS DE VIDA E SAÚDE Autores: Jo Ann S. Appleton, Donna L. Dorris e Melanie R. Green - Ed. Funenseg - 218 págs. O Caderno de Exercícios foi elaborado pelo LOMA para complementar o livro Marketing de Seguros de Vida e Saúde, Terceira Edição. O Caderno inclui exercícios de exame, um simulado completo e um apêndice contendo as respostas para todas as questões apresentadas. O objetivo, de acordo com os autores, é que, ao ser utilizado em conjunto com os textos, o Caderno de Exercícios ajude a dominar o material do curso. Seleção de obras disponíveis na Biblioteca de Seguros Rodrigo Médicis pertencentes ao acervo da empresa. A Biblioteca está aberta para consulta diariamente das 9 às 17 horas, na Avenida Marechal Câmara, nº 171 - térreo, Castelo, RJ. Informações pelos telefones (21) 2272-0631 e (21) 2272-0655, pelo e-mail cobib@irb-brasilre.com.br ou pelo site www.irb-brasilre.com.br 14 R. do IRB, Rio de Janeiro, a. 67, n. 303, p. 13-14, dezembro 2007

PANORAMA DO MERCADO AIDA lança II Concurso de Monografia Jurídica A Associação Internacional de Direito do Seguro - AIDA Brasil - lançou, em outubro último, o II Concurso de Monografia Jurídica de Direito do Seguro e Previdência, com apoio da Escola Nacional de Seguros - Funenseg. O objetivo é promover o estudo e a pesquisa na área de direito do seguro, premiando os dois melhores trabalhos em duas categorias: acadêmicos e profissionais. Os vencedores do concurso serão conhecidos durante o II Congresso Brasileiro de Direito de Seguros e Previdência, que ocorrerá nos dias 13 e 14 de março de 2008, na Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro - EMERJ. Para acadêmicos o tema será O Contrato de Seguro no Direito Brasileiro Contemporâneo: aspectos essenciais. Já para a categoria profissionais os temas são os mesmos do I congresso. Informações no site: www.aida.org.br. Temas - Categoria Profissionais: 1. Reflexo das decisões liminares em seguro saúde; 2. A eticidade nas relações entre segurados e seguradoras; 3. A responsabilidade civil e o contrato de seguro; 4. O canal de distribuição de seguros e a responsabilidade civil do corretor e do agente de seguros; Sinistros suspeitos de fraudes Em 2006, houve suspeita de fraudes em 7,6% dos sinistros e a comprovação foi feita em 16% dos sinistros suspeitos. Isso é o que revela o 4 o Ciclo do Sistema de Quantificação da Fraude - SQF - estudo da Federação Nacional das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização - Fenaseg - que apresenta os indicadores de fraude do mercado segurador brasileiro. O montante de sinistros levados em consideração para a pesquisa, em 2006, foi de R$ 15 bilhões. Dessa forma, os sinistros com suspeita de fraude somaram R$ 1,13 bilhão. Já os sinistros com fraude comprovada registraram o montante de R$ 180 milhões. Os ramos que apresentaram maior percentual de suspeita de fraude foram os de Transportes (14,7%), Automóvel (9,7%) e Vida (8,1%). O 4 o Ciclo do SQF compilou informações de 2002 a 2006, abrangendo todos os ramos, com exceção de Saúde e Previdência Complementar Aberta. A participação do mercado em 2006, medida pelo prêmio ganho nos ramos e períodos pesquisados, atingiu 92% e as respostas consideradas alcançaram 81%. 5. Questões tributárias em previdência privada; 6. Cláusulas limitativas e restritivas de direitos no contrato de seguro; 7. A nova sistemática do processo de execução e a sua relação com o seguro; 8. A formação e a execução do contrato de resseguro e a importância dos usos e costumes internacionais. R. do IRB, Rio de Janeiro, a. 67, n. 303, p. 15-16, dezembro 2007 15

PANORAMA DO MERCADO PANORAMA DO MERCADO Projeto sobre Pólo Internacional de Seguros e Resseguros no Rio de Janeiro vira lei O governador Sérgio Cabral sancionou, no dia 15 de outubro de 2007, a Lei de nº. 5.107. De acordo com a norma, estarão sob os efeitos da sanção as seguradoras e resseguradoras, corretoras de seguros e resseguros, e empresas que contêm, em seu objeto social, auditoria, estatísticas atuariais, regulação de sinistros ou administração de riscos em seguros e resseguros. A nova lei estabelece ainda que caberá ao Poder Executivo propor incentivos às empresas do setor e regulamentar essa lei, por meio de normas complementares para seu cumprimento. Presidente do Lloyd s of London visita Brasil Rosane Bekierman Lorde Peter Levene, presidente do Lloyd s of London O presidente do Lloyd s of London, Lorde Peter Levene, visitou o Brasil de 15 a 18 de outubro de 2007. Foi recebido por autoridades no Rio de Janeiro, como o governador Sérgio Cabral, e participou de programações em São Paulo, incluindo audiência com o Ministro da Fazenda, Guido Mantega. O presidente do principal mercado de seguros e resseguros no mundo veio conhecer as oportunidades, com a abertura do resseguro, e avaliar a possibilidade de o Lloyd s of London se estabelecer no País. No Brasil, a atuação do Lloyd s of London atualmente se faz por meio de participação no programa de property que o IRB-Brasil Re mantém com mercado internacional e em negócios facultativos, envolvendo as diferentes áreas de negócios. Peter Levene encontrou-se ainda com seguradores e resseguradores. Proferiu palestra na Escola Nacional de Seguros, revelando as três tendências que devem moldar o futuro do mercado global: os desafios da globalização, as oportunidades inéditas para o Brasil, e a necessidade de que o mercado aja com muita disciplina, para administrar o ciclo e ter um mercado vigoroso no futuro. Atualmente o Lloyd s congrega 67 sindicatos e 42 agentes administrativos, e oferece capacidade de subscrição, em negócios de seguro e resseguro, em cifra superior a US$ 30 bilhões. O mercado de resseguro responde por 35% dos prêmios do Lloyd s. 16 R. do IRB, Rio de Janeiro, a. 67, n. 303, p. 15-16, dezembro 2007

SEGURO DE VIDA INDIVIDUAL. DOENÇA PREE- XISTENTE. NEGATIVA DE COBERTURA. PRINCÍ- PIO DA BOA-FÉ. Uma vez demonstrado pela prova documental e testemunhal que a segurada era portadora de moléstia gravíssima, - câncer uterino, há pouco extirpado -, quando da contratação do seguro, e tendo tal fato omitido ao preencher o cartão-proposta, justificada se mostra a recusa da seguradora ao pagamento da indenização perseguida. A omissão falsa ou a omissão intencional são inadmissíveis no contrato de seguro porque afastam o próprio risco, a álea, que é elemento essencial desse contrato. Exegese do 1.444 do CC de 1916. Litigância de má-fé. JURISPRUDÊNCIA (STJ REsp, Unânime da 3ª T., publ. em 04.06.2007 REsp 929991/RJ Rel. Min. Castro Filho) Consulta à Jurisprudência STJ AÇÃO DE COBRANÇA. SEGURO DE VIDA E ACI- DENTES PESSOAIS. HOMOLOGAÇÃO DE ACOR- DO. QUITAÇÃO COMPLETA. COISA JULGADA. Quem, transigindo, passa quitação total à seguradora, não pode, mais tarde, deduzir novo pedido de indenização pelo agravamento da lesão em torno da qual se efetivou a transigência. Não cabe recurso especial para interpretação de cláusula contratual (Súmula 5). (TJ-RS Ac. Unânime da 6ª Câmara Cív., publ. em 08.10.2007 Ap. Cív. 70015735038 Rel. Des. Osvaldo Stefanello) (STJ REsp, Unânime da 3ª T., publ. em 14.05.2007 REsp 796727/SP Rel. Min. Humberto Gomes de Barros) Consulta à Jurisprudência TJ-RS CIVIL. SEGURO. DANOS MORAIS. CLÁUSULA AUTÔNOMA. AUSÊNCIA DE CONTRATAÇÃO. COBERTURA. INEXISTÊNCIA. INDENIZAÇÃO. DESCABIMENTO. DIVERGÊNCIA JURISPRUDEN- CIAL NÃO CONFIGURADA. A previsão contratual de cobertura dos danos pessoais abrange os danos morais tão-somente se estes não forem objeto de exclusão expressa ou não figurarem como objeto de cláusula contratual independente. Se o contrato de seguro consignou, em cláusulas distintas e autônomas, os danos material, corpóreo e moral, e o segurado optou por não contratar a cobertura para este último, não pode exigir o seu pagamento pela seguradora. Ausente a similitude fática entre as hipóteses trazidas a confronto, não há falar em dissenso pretoriano. Consulta à Jurisprudência STJ CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. JUS- TIÇAS DO TRABALHO E ESTADUAL. AÇÃO DE COBRANÇA DE INDENIZAÇÃO SECURITÁRIA CUMULADA COM REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS DECORRENTES DO INADIMPLEMENTO DE SEGURO DE VIDA E ACIDENTES PESSOAIS. ART. 114, VI, DA CF. EMENDA CONSTITUCIONAL 45/2004. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL. Compete à Justiça comum estadual processar e julgar as ações de cobrança de indenização securitária cumulada com reparação moral decorrente de descumprimento contratual de seguro de vida em grupo e acidentes pessoais. R. do IRB, Rio de Janeiro, a. 67, n. 303, p. 17-18, dezembro 2007 17

JURISPRUDÊNCIA (STJ CC., Unânime da 2ª Seç., publ. em 20.08.2007 CC 81285/SP Rel. Min. Humberto Gomes de Barros) Consulta à Jurisprudência STJ AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. SEGURO. CONTRATAÇÃO EM DUPLICIDADE. DECLARAÇÃO FALSA. FRAUDE VERIFICADA PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. VIOLAÇÃO DO ART. 1437 DO CCB/1916. REFORMA. INCIDÊN- CIA DO ENUNCIADO Nº 7 DA SÚMULA DESTA CORTE. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. A pretendida reforma do aresto a quo, no qual restou consignado que a conduta da empresa lotérica, ao firmar dois contratos de seguro, a fim de garantir o valor total da mesma coisa, resultou em fraude, implica a incursão no acervo fático-probatório dos autos, encontrando óbice no Verbete Sumular nº 7, do Superior Tribunal de Justiça. RECURSO ESPECIAL. CONTRATO DE SEGURO. TRANSPORTADORA. CLÁUSULA LIMITATIVA DE RISCO. POSSIBILIDADE. ACÓRDÃO. FUNDA- MENTO NÃO IMPUGNADO. SÚMULA 283/STF. É possível, em contrato de adesão, cláusula limitativa de risco, em texto expresso e de fácil verificação. Artigos 54, 4º, do Código de Defesa do Consumidor e 1.460 do Código Civil anterior. Restando ausente impugnação ao fundamento do acórdão recorrido, incide, por analogia, o enunciado 283 da Súmula do Supremo Tribunal Federal. (STJ REsp, Por Maioria da 3ª T., publ. em 01.10.2007 REsp 763648/PR Rel. Min. Castro Filho) Consulta à Jurisprudência STJ (STJ AgRg., Unânime da 4ª T., publ. em 06.08.2007 AgRg 299504/RJ Rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa) Consulta à Jurisprudência STJ 18 R. do IRB, Rio de Janeiro, a. 67, n. 303, p. 17-18, dezembro 2007

MATÉRIA DE CAPA NOVO FUNDO DE CATÁSTROFE PARA O SEGURO RURAL DEVE SAIR EM 2008 Sinal verde para o seguro rural no Brasil. Depois da criação do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural em 2003, o governo estuda agora um novo modelo para o Fundo de Catástrofe Rural, que substituirá o Fundo de Estabilidade do Seguro Rural (FESR). O projeto, desenhado em conjunto com a iniciativa privada, já está pronto. Passou pelos Ministérios da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento. Agora caberá ao Planalto enviá-lo ao Congresso. Caso tudo corra bem, o projeto pode ser aprovado em 2008 e, provavelmente, ainda em 2009 o novo fundo será implementado, acredita o secretário adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda e Presidente do Conselho de Administração do IRB-Brasil Re, Otávio Ribeiro Damaso. Damaso esteve diretamente envolvido no desenho do novo fundo, que ele define como uma Parceria Público-Privada (PPP). À mesa de negociações, além do governo, tiveram assento representantes de seguradoras, resseguradoras, produtores e acadêmicos. O objetivo foi discutir sugestões para um novo modelo que atendesse aos atores desse segmento. Além disso, o governo realizou um minucioso estudo de modelos em países onde esse instrumento é desenvolvido de maneira eficaz, como, por exemplo, Espanha e Estados Unidos. Otávio Ribeiro Damaso Ao final de quase dois anos, o resultado foi um programa que, na visão de Damaso, poderá ser mais um importante instrumento dentro da política governamental de incentivar o seguro rural no país. A proposta é no sentido de que as seguradoras se organizem para constituir uma companhia, sem fins lucrativos, com objetivo de oferecer proteção de catástrofe. A empresa terá recursos das companhias participantes e também obterá subvenção econômica do governo. Serão dois tipos de aporte de recursos: um anual, para a operação, e um suplementar, cujo montante ainda não foi definido, para o caso de uma catástrofe. Essa garantia será dada pelo Tesouro Nacional, sob a forma de títulos que serão depositados em uma instituição financeira federal. Estamos colocando uma garantia adicional e, dessa forma, sinalizamos às companhias que elas podem crescer, diz o secretário, sem citar números. R. do IRB, Rio de Janeiro, a. 67, n. 303, p. 19-22, dezembro 2007 19

MATÉRIA DE CAPA A expectativa é de que, com a criação do novo fundo, a operação em seguro rural se torne mais atrativa para as seguradoras, que poderão atuar em locais onde o clima é mais instável. Atualmente, apenas seis seguradoras operam nesse segmento no país: Aliança do Brasil, AGF Brasil Seguros, Mapfre Seguros, Nobre Seguros, Seguradora Brasileira Rural e UBF Garantia & Seguros. Recentemente a Porto Seguro anunciou sua volta ao segmento. Se tivermos dez seguradoras operando em seguro rural já será um bom número. O custo administrativo dessa operação é maior. É preciso, por exemplo, a ida ao campo, a especialização. Ao contrário de produtos como o automóvel, em que é possível fazer a cotação por telefone, no seguro rural não há uniformização, avalia o secretário. Agilidade no pagamento das indenizações é o principal problema apresentado pelo fundo vigente Lição de casa O FESR foi criado pelo decreto-lei nº 73, de 21.11.66, com o objetivo de manter e garantir o equilíbrio das operações agrícolas no país, bem como atender à cobertura suplementar dos riscos de catástrofe, inerentes à atividade rural. No entanto, com o passar dos anos, os diversos entraves para a sua utilização acabaram por desestimular a operação das seguradoras do mercado nesse segmento. Agilidade no pagamento das indenizações é, na opinião dos especialistas, o principal problema apresentado pelo fundo vigente. Atualmente, seguradoras e o IRB-Brasil Re recuperam do FESR a parcela de seus prejuízos, quando a sinistralidade se situa entre 100% e 150% ou é superior a 250%. Já a faixa que vai de 150% a 250% pode ser amparada por um contrato de resseguro, uma vez que não é coberta pelo FESR. Hélio Abrantes Mas, por ser um fundo atrelado à dotação orçamentária do governo, o repasse dos recursos às seguradoras, no caso de um evento catastrófico, acaba se transformando em um processo muitas vezes demorado. Esse é um problema crônico porque ele está amarrado ao orçamento do governo. Quando é necessária a solicitação de um crédito especial, por exemplo, é preciso que o pedido tramite no Congresso Nacional. O processo de pagamento pode levar até seis meses, conta o gerente de Seguros de Governo (Seguro Rural e de Crédito à Exportação) do IRB-Brasil Re, Hélio Abrantes. A partir daí o efeito é de uma grande bola de neve que acaba afetando a cadeia produtiva agrícola. Quando a seguradora não tem recursos não pode pagar a cobertura. Se o produtor não recebe a indenização, não pode quitar sua dívida com o banco. Por não ter quitado a dívida com o banco, não conseguirá um novo financiamento, pois está devendo, explica Abrantes. 20 R. do IRB, Rio de Janeiro, a. 67, n. 303, p. 19-22, dezembro 2007