EXPLORANDO A RETA NUMÉRICA PARA IDENTIFICAR OBSTÁCULOS EM ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO DE NÚMEROS INTEIROS RELATIVOS

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Transcrição:

EXPLORANDO A RETA NUMÉRICA PARA IDENTIFICAR OBSTÁCULOS EM ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO DE NÚMEROS INTEIROS RELATIVOS Ross Alves do Nascimento PCR ross.n@bol.com.br INTRODUÇÃO O objetivo deste trabalho é apresentar a caracterização dos obstáculos e das dificuldades que os alunos do ensino médio e fundamental apresentam, quando resolvem operações de adição e subtração de números inteiros relativos. O uso de procedimentos errados, por parte dos alunos, nestas operações, é decorrente de obstáculos didáticos e epistemológicos, podendo ser superados quando se trabalha a dificuldade dos alunos em um ambiente em que o conhecimento da reta numérica seja reforçado, eliminando bloqueios que os impedem de avançar na compreensão dos inteiros relativos. Bloqueios estes, que, podem estar sendo gerados por conhecimentos obstáculos, os quais são válidos em uma situação, mas, não são generalizáveis para outras. O estudo do conhecimento obstáculo foi primeiro investigado por Gaston Bachelard onde construiu a própria noção de obstáculo e introduziu está discussão em A Formação do Espírito Científico (BACHELARD, 1985); tal idéia foi posteriormente, incluída na didática da Matemática por Guy Brousseau, no 28 o encontro CIEAEM - Lovain la Neuve (BROUSSEAU, 1976) sendo denominada de obstáculos. Desde 1976, Brousseau apresentou distintas origens aos conhecimentos-obstáculos identificados em didática. (PERRIN-GLORIAN, 1995): Ontogenética que se origina das limitações do indivíduo no momento do seu desenvolvimento; Didática que se origina de uma escolha didática ou de um projeto do sistema educativo. São os obstáculos que podem surgir através de uma estratégia de ensino e que se formam no momento da aprendizagem, surgindo, a partir daí, erros e aprendizagens incompletas. Epistemológica que faz parte do próprio conhecimento e que, segundo Schubring (1998, p. 18), residem na natureza do conhecimento matemático, razão pela qual - segundo Brousseau

2 não podem ser evitados, já que são constitutivos dos respectivos conhecimentos; eles podem ser encontrados e identificados na história dos conceitos (BROUSSEAU, 1983, p. 171, 176 e ss, apud SCHUBRING, 1998, p. 18). Até a 5 a série, os alunos chegam a compreender as operações do tipo: a + b = e a - b = com a > 0 e b > 0 quando tem-se a > b. essas operações, que durante os primeiros ciclos do Ensino Fundamental são trabalhadas com o aluno, vem sofrer modificações a partir do ensino formal dos números inteiros relativos, quando o professor começa a convencê-los da existência de valores menores que zero. Nessa fase do ensino, um dos grandes problemas para a aprendizagem dos números inteiros relativos, o qual vem sendo investigado por pesquisadores em Educação Matemática é a introdução do conceito de número negativo. Várias pesquisas apontam as causas para tais erros cometidos pelos alunos quando realizam adição e de subtração com inteiros relativos. Causas essas que têm origem em conhecimento prévio do aluno, tal como o conflito que ele estabelece entre o significado prático de magnitude ou associação de quantidades com número anterior ao ensino da aritmética e o conceito de número negativo (FISCHBEIM, 1987; HEFENDEHL-HEBEKER, 1991). Segundo Teixeira (1993), o processo de construção do conceito de número inteiro encontra muitas dificuldades. Ela afirma que: A construção do conceito de número inteiro, do ponto de vista matemático, é uma ampliação dos naturais, sendo desta perspectiva necessário demonstrar que as leis do sistema de numeração seguem sendo cumpridas...sabemos que na perspectiva histórica ou da evolução do pensamento matemático, tal ampliação encontrou muitas dificuldades e obstáculos (TEIXEIRA, 1993, p. 62). Nascimento (2002) também coloca que: na 6 a série do Ensino Fundamental, quando se introduz o conceito de número negativo na escola, os professores começam a perceber que os alunos não realizam corretamente operações de adição e de subtração, em determinadas situações. Muitos deles começam a demonstrar algumas dificuldades, tais como: Admitir, a partir de agora, algo menor que zero. Aceitar a representação (-4) visto que sua idéia de número positivo está conectada a cardinalidade de: Como pode existir 4 bolas? Realizar operações do tipo 3-5 = (se, até então, de três não se pode tirar cinco).

3 Identificar, na ordenação dos números negativos (-2 como maior que -5). Se aparentemente a representação simbólica do valor cinco sempre lhe foi indicada como maior que a representação simbólica do valor dois. Realizar operações do tipo: 2 - (-5) = e - 3 - (-7) = onde o sinal de - é apresentado com dois significados (subtração e indicação de número negativo). Identificar o valor zero não como ausência, mas, como resultado da operação de dois valores opostos ou como um valor que representa a separação numérica dos positivos e dos negativos representados na reta. Nascimento (2002, p. 29). MÉTODO Participaram deste estudo 4 (quatro) alunos, sendo 2 (dois) da 7 a série do Ensino Fundamental e 2 (dois) 1 º ano do Ensino Médio, selecionados após a aplicação de um pré-teste. Os alunos selecionados foram aqueles que demonstraram dificuldades relacionadas aos obstáculos que geralmente são apresentados neste tipo de operação. Tentou-se, com a escolha dos alunos, mapear todos os obstáculos citados na literatura. O experimento foi realizado através de pré-teste, de uma seqüência de atividades e de pós-teste. Tanto o pré-teste quanto o pós-teste foram compostos de questões de adição e de subtração com números inteiros relativos. a) As questões foram organizadas de forma a contemplar todas as situações que na literatura aponta-se como dificuldades por parte dos alunos, originadas de conhecimentos obstáculos. Os alunos selecionados submeteram-se a uma familiarização de 2h/a no ambiente computacional, antes de participarem da pesquisa, de modo que estivessem aptos ao uso do programa utilizado na pesquisa. A seqüência de atividades foi aplicada em três encontros de 1 hora, com cada aluno, em um trabalho Individual. O modelo trabalhado no computador, apresentava, na tela, uma reta numérica e o problema que deveria ser resolvido (deslocar a tartaruga para algum ponto selecionado), utilizando os comandos AVANCE (indicando ir para frente) ou VOLTE (indicando ir para trás), necessários à solução dos problemas (fig. 1).

4 Os problemas trabalhados com os alunos eram apresentados como o modelo a seguir: 1) Quero chegar ao ponto +9, utilizando um só comando. Como devo proceder sabendo que o cursor (carro) parte do ponto zero? RESULTADOS Os resultados mostraram que: Modelo aritmético 0 + = 9 A proposta de se utilizar a reta numérica, em um ambiente computacional, provocou nos sujeitos uma melhor compreensão das operações. O ambiente computacional permitiu aos sujeitos a reflexão das respostas que atribuíam aos problemas, servindo-lhes como suporte de representação dos valores e operações, quando estavam usando, tanto o computador quanto a estratégia no ambiente de papel e lápis. Foi observado que os sujeitos ao resolver os problemas usando lápis e papel, buscavam um suporte para chegar a solução dos problemas trabalhados, tendo sempre as regras escolares como o único suporte, sem saber, muitas vezes, associá-las corretamente a cada questão trabalhada. Após se familiarizarem com a representação da reta numérica, utilizada para resolver os problemas no computador, começaram a fazer referência a ela quando utilizavam lápis e papel.

5 CONCLUSÃO Em nossa análise, A reta numérica dinâmica permitiu aos sujeitos refletirem sobre as respostas atribuídas a cada problema no papel e lápis. Para eles, os problemas trabalhados no computador ficaram mais fáceis, tanto no sentido de compreensão quanto no processo de resolução. O recurso da reta numérica proporcionou-lhes um suporte mais estruturado para representar sua análise do problema. Com o uso do papel e lápis, tinham apenas a referência das regras que lhes foram ensinadas para dar solução aos problemas, e que lhes causavam confusão. Foi observado que, após trabalharem com a reta numérica dinâmica, os sujeitos utilizavam tal suporte, mentalmente, para a realização das operações no lápis e papel. Observou-se que a dificuldade dos sujeitos, apresentadas no pré-teste, com relação à compreensão do sinal de menos como inversão sofreu modificações durante a aplicação das seqüências de atividades. Os sujeitos passaram a acertar mais as questões com inversão, utilizando lápis e papel. Os problemas, por exemplo, A - (- B) = ou -A - (-B) =, considerados difíceis, observados nos índices de erro no pré-teste, foram bem aceitos no ambiente computacional da reta numérica dinâmica, proporcionando aos sujeitos uma freqüência maior de acertos dessas questões no ambiente do papel e lápis. Um estudo mais detalhado dessa observação pode sugerir uma proposta para o ensino de subtração de inteiros relativos. Os resultados apontam para a necessidade de se investigar uma seqüência didática para as operações de adição e de subtração de inteiros relativos, com auxílio da reta numérica. PALAVRAS CHAVE: Obstáculos, Números inteiros relativos,

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BACHELARD, G. O novo espírito científico. 2ª ed. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1985. BROUSSEAU, G. Theory of Didactical Situations in Mathematics: didactiques des mathématiquas, 1970-1990 / by Guy Brousseau; edited and translated by Nicolas Balacheff... (et al.). Published by Kluwer academic Publishers, 1997.. La problématique et l enseignement des mathematiques. Meeting of the CIEAEM, lonvain da neuve, reproduced in les obstacles épistemologiques et les problèmes en mathématiques. Recherches en Didactique des Mathématiques, 4(2), 1976. p. 164-198. FISCHBEIN, E. Intuition in Science and Mathematics: An Educationl Approach (D. Reidel Publishing Co., Dordrecht), 1987. p. 97-102. HEFENDEHL-HEBEKER, L, Negative numbers: Obstacles in Their evolution Fron Intuitive to Intellectual Constructs. For the Learning of Mathematics, 11(1), 1991. p. 26-32. NASCIMENTO, R. A. Um Estudo Sobre Obstáculos em Adição e Subtração de Números Inteiros Relativos: Explorando a reta numérica dinâmica.. Recife: Universidade Federal de Pernambuco, Tese de Mestrado apresentada ao Departamento de Educação, 2002. SCHUBRING, G. Desenvolvimento histórico do conceito e do processo de aprendizagem, a partir de recentes concepções matemático-didáticas (erro, obstáculos, transposição). Zetetiké. Revista do Círculo de Estudo, Memória e Pesquisa em Educação Matemática. vol. 6, nº 10. Campinas/SP, jul/dez, 1998. TEIXEIRA, L. R. M. Aprendizagem Operatória de números inteiros: obstáculos e dificuldades. Revista Pró-Posições, vol. 4, nº 1[10], UNICAMP. Março, 1993.