NOME DO PROJETO Jogos de Amarelinha: Entre o Céu e o Inferno Autora: Oficina Cultural Regional Grande Otelo Sorocaba Outubro a Dezembro, 2010 INTRODUÇÃO: A partir de fragmentos de leitura de A Divina Comédia de Dante Alighieri e de O Jogo da Amarelinha de Julio Cortázar, como ponto de partida, e de outros autores e artistas, e somando diálogos com as diversas ilustrações da obra de Dante Alighieri feitas por diversos artistas plásticos em épocas distintas, buscaremos acompanhar e documentar a linguagem cênica que surgirá a partir das reflexões teóricas e práticas, e que culminará na apresentação de uma Performance Final. OBJETIVO: Apresentar aos artistas-performers participantes novas possibilidades de ações dialógicas, através da constante inspiração que buscaremos na Literatura, Artes Plásticas, Semiótica da Cultura e Mídia. Compor uma leitura semiótica, pelas lentes das várias linguagens da Performance, a partir de fragmentos de textos clássicos e contemporâneos, das Artes Plásticas, do cinema, de notícias da mídia, e, a partir da composição obtida por todo o material estudado, buscar novas possibilidades cênicas. JUSTIFICATIVA: Articular um diálogo artístico e semiótico, rompendo preconceitos ao tratar, num mesmo espaço-tempo cênico, textos talvez distantes da maioria dos participantes e os ecos desses mesmos textos mais antigos presentes no cotidiano, quase banalizados pela mídia. Construir com os participantes uma ambientação teórica e prática que contribua na concretização da apresentação da Performance final
DESENVOLVIMENTO E CRONOGRAMA: Oficina n.1: Apresentação do programa. Introdução de cada participante. Exercícios corporais de aquecimento. Fragmentos do livro O Jogo da Amarelinha de Júlio Cortázar. Oficina n.2: Leitura semiótica de jogos midiáticos: o céu e o inferno de cada dia nos telejornais, nas notícias da internet, nos vídeos do youtube, nos jornais impressos, nos programas de TV. Exercícios de improvisação corporal. Oficina n.3: Tradição e Contemporaneidade: jogos de luz e sombra. Leitura de fragmentos da Divina Comédia de Dante Alighieri. Fragmentos do filme: Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha. Conceitos semióticos de fronteira, de centro e periferia, de sagrado e profano. Exercícios corporais sobre pares binários. Oficina n.4: A questão do sertão e da floresta como metáforas de céu e inferno. A ecologia como estética e ética. Leitura de fragmentos de O Grande Sertão Veredas, de Guimarães Rosa. Exercício prático: o corpo e os sentidos onde o céu e o inferno se localizam no corpo. Oficina n.5: As questões do céu e do inferno refletidas na criação. Os limites da razão. A imaginação e seus vôos. Leitura do conto O Zahir, de Jorge Luís Borges. Exercícios de inspiração sufi. Oficina n.6: A obra A Divina Comédia, de Dante Alighieri, traduzida nas pinturas de Salvador Dali. A tradução como criação. Um passeio pelo céu e pelo inferno de Dante através dos diversos pintores. Exercícios corporais: mimese como eixo. Oficina n.7: Estudo de caso: O Inferno de Dante numa reportagem da mídia (O Estado de São Paulo, 2009). Exercício prático: O corpo e o jogo do consciente e o inconsciente. Oficina n.8: Improvisação em Performance: um patchwork sobre todas as questões trabalhadas anteriormente. Oficina n. 9: Juntando mais pedaços: imagens das oficinas gerando novas imagens. A questão do olhar. Imagem e identidade. Oficina n.10: Preparação da Performance Final: Ensaio Geral. Novas Possibilidades e Experimentação. Feedback final do trabalho.
7. SINOPSE DO PROJETO O tema central proposto neste projeto é a revisão do tema O Inferno de Dante, a partir de várias traduções intersemióticas que aconteceram a partir da obra A Divina Comédia, de Dante Alighieri, desde sua criação, incluindo sua reverberação até hoje. É uma oficina de Performance enquanto Linguagem Cênica, que estará demonstrando aos participantes como se dá a estruturação formal de uma performance, partindo de uma proposta/tema até chegar à concretização final apresentada ao público. É um trabalho rizomático, semiótico, sempre com possibilidades de somar complexidades em seu desenrolar. Trabalharemos incorporando algumas das descobertas que os estudos sobre diversos ilustradores da obra de Dante Alighieri irão certamente semear no início dos trabalhos. Portanto, este projeto é desde seu início poroso, para conscientemente manter vivos os diálogos que nos chegarão pela prática de cada oficina e de todas as reflexões que serão apresentadas. Sorocaba, 20 de abril de 2010.
Jogos de Amarelinha: Entre o Céu e o Inferno Fragmentos recolhidos pelo acaso do livro O Jogo da Amarelinha, de Julio Cortázar, pelos participantes: Já havia muito tempo que Gregorovius renunciara à ilusão de compreender, já sabendo que Adgalle vem passar a primavera comigo. A velha, que se encontrava sentada na imunda portaria, cumprimentou-os compreensivamente, de recorrer às abstrações que, por vezes, agradam muito a Morelli. - Para lhe dizer a verdade, isso tudo pouco me preocupa. Diferente, e, de cada vez, outra coisa: armadilha do tempo para criar as ilusões. Minha querida. De que serve acordar, afinal, quando se está tão bem assim? Cinco ou em seis pedaços do cinzeiro Martini e o ruído da gaveta do armário. Ousadias formais, pelas inovações que introduz na estrutura. Tremendo e chorando. - Frei Luis, por exemplo... Ele? Não é possível que seja unicamente pelo cansaço da repetição, pois é evidente... -C est pas des façons, ça dizia o velho. Empêcher les gens de dormir... Melhor será começar a trabalhar imediatamente, será uma distração.
Jogos de Amarelinha: Entre o Céu e o Inferno Perguntas levantadas ao acaso do livro O Jogo da Amarelinha, de Julio Cortázar, pelos participantes: Para onde? Você reparou como eu fiz bem o laço? E por que razão pensa o senhor que os convoquei? Não é que faça assim tanto frio, mas o fogo é um grande amigo dos artistas, não acha? E nós que não desejamos ser leitores fêmea para que servimos senão para ajudar no que for possível esta destruição? Agora é de propósito que você chama ela de Maga? É o número 4, não é verdade? Etienne preside, o que podemos fazer? Que importância tem isso? Até quando continuará imaginando falsidades? Não mora por aqui nenhum amigo, alguém onde passar a noite? Do sim ao não, quantos haverá? Em que circo trabalha aquela lá?