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Transcrição:

Marcelo Bicudo A partir dessa aula, começaremos a ver as características dos diversos tipos, bem como suas partes constituintes e sua classificação. (Marcelo Bicudo) 1

Na aula passada, encerramos a parte histórica a respeito do desenvolvimento da linguagem verbal e do surgimento da tipografia. A partir dessa aula, começaremos a ver as características dos diversos tipos, bem como suas partes constituintes e sua classificação. É de extrema importância conhecermos ao menos as partes que formam um caractere, pois é a partir de suas características básicas que se classifica uma tipografia. Por sua vez, o conhecimento da classificação tipográfica é de extrema importância, pois a partir disso começaremos a entender como escolher um tipo gráfico e como combinar mais de uma tipografia. Tanto a classificação dos tipos quanto suas partes constituintes possuem extensa bibliografia. Por isso mesmo, encontraremos em livros nomes e classificações diferentes. Ou seja, o mais importante não é decorar os nomes das partes constituintes de um tipo, mas sim perceber em que esses tipos se diferenciam. Por exemplo, perceber que um tipo humanist possui um stress inclinado na letra O e que um tipo moderno possui um stress vertical. Assim, poderemos compreender a evolução da impressão, da história e da estética tipográfica, até o surgimento da tipografia contemporânea. Perceberemos que a evolução do desenho tipográfico é bastante suave em tempos mais antigos e que hoje em dia as transformações são bem mais agudas. Sem dúvida, influenciadas pelo poder de edição de softwares específicos para a criação de fontes, bem como o poder do próprio computador. Os tipos mais antigos, como Garamond, Bodoni e Caslon também sofreram com a chamada Revolução dos Tipos, inciada a partir da digitalização das fontes. Seus desenhos foram atualizados, objetivando uma perfeição das formas. Ao compararmos fontes com o mesmo nome, mas produzidos por type foundrys diferentes, perceberemos também algumas mudanças de desenho. Isso quer dizer que muitas vezes não basta sabermos que utilizamos uma fonte garamond em um trabalho, mas também precisaremos saber quem foi sua type foundry. Conhecer as características tipográficas é ferramenta bastante útil na hora de realizarmos uma peça qualquer de design. A perfeição formal, bem como a combinação de diversos elementos através de uma estética pretendida é uma das características de uma boa peça de design, por isso mesmo dificilmente conseguiremos trabalhar bem em um plano visual dois tipos humanist, por exemplo. Ou mesmo um tipo humanist e um tipo moderno. Os dois são serifados e possuem características semelhantes, mas que não são as mesmas e, por conta disso, será introduzido um ruído na peça de design. O cuidado na escolha da tipografia é fundamental. Vamos então aos elementos constituintes de uma tipografia: 2

3

Apresentação da análise dos caracteres Ápice Ponto máximo, onde se encontram duas linhas. Topo do A, do M, ou ponta de baixo do M. Braço Linha horizontal ou para cima não presa entre duas outras linhas. Ex.: E, K e L. Ascendente Em caixa-baixa. Parte do tipo que supera a altura X para cima. Ex.: b, d ou k. Linha de base Linha onde a altura do X repousa. Onde as letras retas se apóiam. Corpo Altura do tipo. Geralmente, medido em pontos (1pt=0.351mm). Concavidade Linha que define as formas ovais. Ex. b, p ou O. Concavidade contrária Espaços brancos definidos pelas curvas fechadas. Conexão da serifa (pé) Curva que liga a serifa a haste diagonal. Suporta o peso do tipo. Altura das maiúsculas Altura da caixa-alta. Da linha de base até o topo do caractere. Haste horizontal Presente no A, H, f ou t. Descendente Caixa-baixa. Parte do tipo que supera a altura X para baixo. Ex.: p ou g. Orelha Pequena projeção. Geralmente, ligada a curvas, mas que também pode estar ligada às hastes. Ex.: g ou r. 4

Perna Haste diagonal para baixo. Ex.: R e K. Link (ligadura) Conexão de formas. Quando um g possui uma concavidade contrária e um looping. Looping Parte do g. Aparece abaixo da linha de base e é fechada. Serifa Linha que passa através de uma haste, braço ou perna. Espinha Curva principal do S ou s. Espora Projeção que às vezes sai do b ou G. Haste principal Principal vertical ou diagonal de uma letra. Ex.: L, B, V, A. Stress Inclinação a partir da variação entre as partes grossas e finas de uma letra. Cauda Parecido com uma perna, mas abaixo da linha de base. Ex.: Q. 5

Descrição e classificação dos tipos A descrição e a classificação dos tipos é um assunto que continua em intenso debate e ainda sem muita concordância. Principalmente hoje em dia, com a explosão dos tipos a partir do meio digital. Entretanto, apesar das diversidades de opinião, procuraremos aqui classificar os tipos da maneira mais completa possível. Fazer isso ajuda na construção de tipos gráficos, à medida em que começamos a perceber como os tipos são formados e o porquê disso. Para a classificação, as diferentes nomenclaturas encontradas em diversas bibliografias dificultam o processo, mas por outro lado, criam gaps para a criação e variação de tipos. Por exemplo: redesenhos recentes de fontes tradicionais também provocam confusão quanto a sua classificação. Uma simples variação na altura x pode mudar a fonte de categoria. Fica difícil também dizermos quando uma fonte possui serifa ou não, como é o caso da fonte Óptima, ou Copperplate Gothic. De qualquer maneira, continuam existindo as categorias de fontes. Essa separação geralmente provém da evolução dos tipos ao longo da história. Entretanto, a variante histórica não é suficiente, pois não explica, por exemplo, como uma fonte contemporânea como a Times New Roman pode ser classificada como um tipo Garalde. A classificação mais tradicional, de Maximilien Vox de 1950, aposta na variante história, enquanto aqui nós adicionamos a essa classificação algumas subdivisões e algumas inserções de tipos em alguns grupos tipográficos. Saber como classificar os tipos ajuda na detecção de alguma tipografia que nos interessa e ajuda na análise de alguns padrões que se repetem ou diferem-se da evolução das formas, apontando algumas possibilidades de intervenções e até mesmo redesenhos. Assim, em uma classificação histórica, dada por Vox, podemos separar nove grandes grupos tipográficos. Humanist, Garalde, Transicional, Didone, Serifa Quadrada, Lineares, Grafadas, Script e Gráficas. Abaixo, mostramos as principais características das fontes e sua classificação, bem como sugerimos o nome de algumas fontes que melhor representam essas classificações. 6

Old Style Humanista Sua inspiração vem do tipo romano, principalmente do estudo do trabalho de Nicolas Jenson (1420-80), um pintor francês que viveu em Veneza. Opõe-se a letra Gótica de Gutenberg e tem barras inclinadas, devido à pena que era usada para ser desenhada. Vários revivals dessa fonte foram produzidos, desde 1897 com a experiência da American Type Founders até a Horley Old Style produzida pela Monotype em 1925. - O ângulo de stress, que pode ser notado no O. - Caracteres arredondados e largos. - Barra inclinada no e e na orelha do r. - Pequeno contraste entre as partes grossas e finas das letras. 7

Garalde Possui características similares às humanistas, principalmente devido à técnica com que eram produzidas. Os primeiros modelos desse grupo surgem a partir do trabalho de Aldus Manutius (1450-1515) e do trabalho de Francesco Griffo. Esses tipos também tornaram-se muito conhecidos graças ao trabalho de Claude Garamond (1500-1561). Existem diversos tipos contemporâneos, como a Times New Roman, que baseiam suas características nos tipos antigos Garalde. Formam com as humanistas os tipos Old Style. - Chamados de Old Style. - Barra horizontal no e. - Nos outros aspectos divide características com o grupo Humanist. - Contraste um pouco maior entre partes finas e grossas que o Humanist. - Times New Roman de 1932 pode ser considerada uma renovação desse modelo. 8

Transicional Possuem características transicionais entre os tipos Old Style e os tipos Modernos. São mais esguias que os tipos Old Style e possuem maior contraste entre partes finas e grossas. Ficaram conhecidas a partir do trabalho do tipógrafo John Baskerville (1706-75) e Pierre Fournier (1712-68). - Do Old Style para o Modern (século 18). - Stress pouco inclinado ou reto. - Mais contraste. - Serifas inclinadas e com curvas. 9

Didone Conhecidos também como tipos modernos, possuem alto contraste entre partes finas e grossas. Tem como principal referência os tipos desenvolvidos por Giambattista Bodoni (1740-1813) e por Firmin Didot. O tipo moderno nasce do desenvolvimento tipográfico, com a melhoria da impressão, possibilitando o trabalho com hastes bem finas. - Contraste máximo. - Serifa da caixa-baixa é horizontal. - Stress vertical. - Revisão dos primeiros tipos de Didot por Bodoni. 10

New transitional Serif (1900) Esse grupo cobre as fontes que possuem serifa complexa e híbrida, que não se encaixam em nenhuma característica passada. Surgem a partir da impressão em larga escala, que necessita serifas mais pesadas e que não borrassem em papel de baixa qualidade. - Serifa complexa e híbrida. - Tenta resolver os problemas que as serifas finas dos tipos Didone tinham na impressão em grande escala. - Stress vertical. - Ascendentes pequenas. - Serifas pesadas. - Leitura máxima em condições ruins de impressão. 11

Serifa Quadrada Agrega aquelas fontes que possuem serifas quadradas e pesadas, muitas vezes sem conexão entre as hastes e as serifas. Clarendon (lançada em 1845) provavelmente é o tipo mais conhecido desse grupo, pois foi muito utilizada em anúncios (1938), devido ao seu forte impacto visual. Houve revivals dessas fontes, com a criação da Memphis (1929) e da Serifa, esta última desenhada por Adrian frutiger em 1967, versão com serifas da Univers. - Serifa pesada e quadrada, sem conexão. - Usada tanto para textos corridos quanto para displays - Claredon (1845). - Serifa de Adrian frutiger de 1965 é uma versão da Univers com serifa. 12

Lineares A - Grotescas As primeiras fontes grotescas podem ser encontradas em catálogos do início do século XIX. No início existiam apenas em caixa-alta, ligadas ao seu uso em displays. Surgem principalmente quando as grandes cidades mundiais presenciam a explosão do uso do automóvel e do comércio. Fontes com alta legibilidade em velocidade e fáceis de serem reproduzidas. As curvas das fontes ainda mostram a dificuldade de gravação dos primeiros moldes feitos em madeira. - Sans Serif. - As primeiras que datam por volta de 1800 possuíam apenas caixa-alta para grandes letreiros. - 1900 surgem para os displays pintados. - Contraste pequeno. - Curvas sem refinamento. - Franklin Gothic continua uma das mais populares no meio editorial e publicitário, pois possuem curvas um pouco mais suaves do que a News Gothic. 13

Linear B - Neo-Grotescas Possuem contraste menos marcado que as lineares do tipo A. Possuem características mais bem desenhadas do que as anteriores, possuindo inclusive correções ópticas, como é o caso da Univers, desenhada por Adrian Frutiger. Ficaram conhecidas como os tipos suíços. - Menos contraste que a Grotesque. - Isso significa que as letras são mais desenhadas e menos sujeitas à técnica de impressão. - As aberturas, como por exemplo, no C, são mais abertas que na Grotesque. - Principal diferença pode ser percebida no estilo do g. - Difundidas pela escola suíça de design. 14

Linear C Geométricas Como o próprio nome diz, são construídas a partir de formas geométricas. Suas hastes possuem espessura constante e dificilmente encontramos correções visuais. Está muito ligada ao movimento modernista no mundo e no Brasil. Possui nos designers Paul Renner (Futura) e Herb Lubalin (Avant Garde) suas principais expressões. - Construídas nitidamente a partir de formas geométricas básicas. - Espessura constante. - Ligada ao modernismo. - Alta legibilidade. 15

Lineares D - Humanist São aquelas fontes que apesar de parecerem sem-serifa, buscam inspiração nas fontes Old Style. Possuem algum contraste e em alguns caracteres percebe-se as serifas, ou falsa serifas. - Não seguem as tendências das sans-serif tradicionais. - Inspirada na categoria Humanist. - Contraste. - Grande variedade e difícil classificação. - Referem-se a partes diferentes da história. 16

Grafadas Ao contrário de basearem-se nas tradicionais caligrafias, essas fontes baseiam-se em inscricões em pedra ou em madeira. No geral transpiram a técnica em que se baseiam, como, por exemplo, a Trajan, que possui serifa derivada do cinzel. - Parecem gravadas ao invés de escritas. - Retiram sua inspiração dos tipos romanos incritos em pedra. - Largura dos tipos uniforme. - Serifas triangulares. - Algumas possuem a altura X bastante elevada. - A mais autêntica é Trajan de 1989, baseada na coluna de Trajano. 17

Script Com óbvia referência a letra manuscrita, essas fontes surgem apenas a partir de 1937, com a Coronet. Algumas são mais rebuscadas e outras procuram imitar mais a caligrafia contemporânea, como a Cyclone e Carpenter. Evidenciam a técnica em que se baseiam, procurando manter a conexão entre os caracteres. - Imitação de caligrafia humana. - Contraste. - Junção caixa-baixa. 18

Gótica Tem sua origem na Alemanha, sendo utilizada por Gutenberg na primeira impressão com tipos de chumbo. Foi amplamente utilizada pelo Nazismo, sendo esquecida logo em seguida por ficar muito atrelada à guerra. De leitura difícil, é pouco utilizada - Tipo móvel de Gutenberg. - Tradicional na Alemanha até a guerra. - Origem em letras manuscritas tradicionais. - Difícil leitura. 19

Decorativas Totalmente ligadas a épocas e estilos de arte e arquitetura. - Representam aquelas fontes que são de difícil classificação, mas que possuem forte característica da cultura de seu tempo. - Bocklin (Art Noveau), Broadway (Art Déco). - Surgem em grande parte para displays. 20

Contemporâneas Nascem a partir da Revolução dos Tipos, com a difusão dos tipos digitais. Não possuem características comuns, mas baseiam-se nos mais variados tipos de escrita. Péssima terminologia, devido a dificuldade de classificação das fontes. Levanta a questão: será que os milhares de tipos da revolução digital podem ser classificados dentro das outras categorias? 21

Outras classificações Existem ainda outras classificações e outros sub-tipos, tais como as fontes ding-bats, mas para a nossa matéria já temos o suficiente com o que nos preocuparmos. Além disso, existem outras maneiras de trabalharmos classificações, tais como as fontes de texto e fontes de título, ou display. Antigamente, essa subdivisão baseava-se somente no tamanho do corpo, acima de 14 pt., tudo seria uma fonte de título. Hoje, com a tecnologia digital, essa classificação é muito simplista. Fontes que antes preenchiam uma função específica, como por exemplo, para o nome de uma revista, passaram a ter seus alfabetos completos. Hoje não há nada que impeça uma pessoa de usar uma fonte dessas em um texto corrido. Acontece que as fontes são desenhadas com algum propósito e ao menos que não seja a intenção do designer elas devem ser utilizadas para essa função original. Por exemplo: fontes sem serifa possuem leitura melhor em velocidade de deslocamento do que as com serifa, por isso em projetos de sinalização são mais utilizadas. Por outro lado, em textos corridos as com serifa funcionam melhor em corpos menores, devido a quase ligadura dos tipos (pela serifa). Assim, como as caixa-alta em uma apreensão rápida tornam-se praticamente ilegíveis. Em uma apreensão fragmentada, a caixa-alta e baixa ajuda no ritmo de leitura, assim como facilita a identificação das letras. Fontes de texto: no geral devem ser sóbrias e passarem quase despercebidas. Itálico, bold, capitulares e caixa-alta e baixa ajudam o leitor na busca por informações diferenciadas. A publicidade pode ser um exemplo disso: ninguém mais lê textos e títulos longos. O destaque de informação através da variação de fontes pode ser um diferencial em leituras dinâmicas. Apesar da grande variedade de fontes disponíveis hoje no mercado, poucas são apropriadas para textos. Na dúvida, fiquemos com as clássicas. Old Face são as mais fáceis de ler. As transicionais, um pouco mais complicado, ao passo que as modernas e sem serifa são as de mais difícil leitura dentre as serifadas. Entretanto, é a aplicação e a função que, no final das contas, determina a legibilidade e a escolha de um tipo. São feitas para serem seguidas sem hesitação. Têm que ser previsíveis, sem surpresas na leitura. As regras acima ajudam na formação de um texto legível, mas como regras são feitas para serem quebradas façam, mas com bastante critério. É bobagem dizer que a mídia digital mudou a maneira de se fazer tipografia. Tipografias para textos ainda tem que ser mais bem estudadas na sua concepção do que as fontes decorativas, por exemplo. Características que permanecem favorecendo a legibilidade continuam sendo, abertura das formas, ou seja, você lê o branco em volta do preto da fonte, ascendentes e descendentes proeminentes e serifas bem modeladas. Formas abertas: podem ser facilmente percebidas nas fontes através dos O circulares por fora e elípticos por dentro, com variação de espessura. Serifas com curvas: a ligação entre a serifa e a haste vertical é suavizada por uma curva. 22

Ligação da esquerda para direita: é preciso que cada caractere remeta ao próximo, ligandose visualmente. Fontes de título: as diferenças podem ser expressas com uma máxima. Fontes de texto quando crescidas podem ser utilizadas como fontes de título. Fontes de título, quando reduzidas, não podem ser utilizadas para textos. Walter Tracy Desenhadas para chamar a atenção e dar suporte aos textos. Desenhadas para uma situação específica, mudam a forma de se pensar tipografia. As primeiras grotescas e as fontes com serifa quadrada foram feitas para serem impositivas, e seu domínio se deu principalmente no século 19. As primeiras grotescas geralmente eram impressas com tipos de madeira e raramente possuíam nomes. A escolha de um tipo era feita através de números nos catálogos. A letra set em 1970 é uma das causadoras de um revival das letras de título, assim como a tecnologia digital provoca isso. As fontes de display geralmente não fazem história como as fontes tradicionais de texto, isso porque são criadas para serem efêmeras, como a propaganda e sinalização. Entretanto, a escolha de um tipo para projetos de displays tem que ser criteriosa, levando em conta a distância a ser lida, as condições e por quem será lida. Com as correções ópticas, colocadas principalmente por Adrian frutiger, as fontes de título ganharam bastante espaço, predominando hoje na comunicação de maneira geral, em detrimento das serifadas. Fontes e suas variações Uma família é uma coleção de fontes com um design em comum. Uma fonte é um set completo de caracteres, com letras, numerais, pontuação, sinais e símbolos. Tipos diferentes servem para funções diferentes. Bold, Italic, Condensada e assim por diante. Uma fonte de título pode compreender no mínimo 26 caracteres e uma mínima porção de pontuação e talvez numerais. Uma boa fonte de texto deve compreender caixa-alta e baixa, small caps, numerais, pontuação completa, símbolos e pelo menos cinco pesos diferentes, chegando a aproximadamente 1000 caracteres. Uma família padrão consiste em tipos Roman e Itálico, com variações em três ou quatro pesos: light, medium, bold e se possível, extra bold e black. 23

Algumas fontes vem com caracteres opcionais, como numerais diferenciados (frações), ligaduras, small caps, números não-lineares etc. Não há uma regra que defina uma fonte completa. Apenas sugestões e variações regionais. Com isso, varremos toda a história da tipografia e suas principais classificações, bem como sua anatomia. É importante que se estude a matéria aqui colocada, a fim de que se consiga extrair o máximo possível de funcionalidade e estética de uma família tipográfica, lembrando que a tipografia é um dos elementos que mais influenciam positiva e negativamente uma peça de design. 24

25 25 Anotações: