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Tribunal de Contas da União Número do documento: DC-0061-04/00-P Identidade do documento: Decisão 61/2000 - Plenário Ementa: Representação formulada pelo Tribunal de Contas do Paraná. Possíveis irregularidades praticadas pela Prefeitura Municipal de Ibaiti PR. Aplicação de recursos repassados pelo FNDE. Ausência de procedimento licitatório. Materiais adquiridos e não recebidos. Conhecimento. Determinação ao FNDE. Grupo/Classe/Colegiado: Grupo I - CLASSE VII - Plenário Processo: 002.162/1999-7 Natureza: Representação Entidade: Prefeitura Municipal de Ibaiti/PR Interessados: Interessado: Tribunal de Contas do Estado do Paraná Dados materiais: ATA 04/2000 DOU de 18/02/2000 INDEXAÇÃO Representação; Tribunal de Contas; PR; Prefeitura Municipal; Ibaiti PR; Aplicação; Recursos Públicos; Repasse; Material; Prestação de Contas; Convênio; Aquisição; Instauração; FNDE; Sumário: Representação formulada pelo Tribunal de Contas do Estado do Paraná, acerca de possíveis irregularidades praticadas na aplicação de recursos repassados pelo FNDE à Prefeitura Municipal de Ibaiti/PR. Conhecimento, por preencher os requisitos de admissibilidade. Encaminhamento de cópia do presente processo ao FNDE para nova análise das prestações de contas dos Convênios nºs 5.311/95 e 4.482/96, celebrados com a PM de

Ibaiti/PR. Dar conhecimento da Decisão ora proferida ao Tribunal de Contas do Estado do Paraná, bem como ao Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal de Ibaiti/PR. Relatório: Trata-se de processo cujo objeto é a apuração de possíveis irregularidades havidas na aplicação de recursos repassados à Prefeitura de Ibaiti-PR pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação FNDE, visando à aquisição de materiais diversos para as escolas daquele município paranaense. A Unidade Técnica autuou o presente processo como Representação, uma vez que preenche os requisitos de admissibilidade dispostos no art. 37-A, inciso IV, da Resolução nº 77/96-TCU, e art. 213, Parágrafo Único, do Regimento Interno desta Corte. O objeto da Representação versa sobre a apuração de graves irregularidades que teriam sido cometidas quando da transferência de recursos federais por intermédio dos Convênios nºs 5.311/95 e 4.482/96, celebrados entre a Prefeitura Municipal de Ibaiti/PR e o FNDE, respectivamente de R$ 28.700,00 e R$ 33.600,00 e com vigência de 29/12/95 a 30/04/96 e 28/06/96 a 30/01/97. Tais irregularidades estavam sendo analisadas pelo Tribunal de Contas do Estado do Paraná, por intermédio de processo autuado naquela Corte de Contas tendo sido originado de um Relatório de Comissão Parlamentar de Inquérito CPI, instaurada pela Câmara Municipal de Ibaiti. A Unidade Técnica informa, em sua instrução inicial de fls. 301 a 303, que o Relatório da CPI apresenta sua conclusão, em fls. 36, fazendo referência ao encaminhamento do respectivo Relatório ao Ministério da Educação. No Relatório, foi feita menção somente ao segundo Convênio supracitado, de valor de R$ 33.600,00. Tendo em vista a omissão do segundo Convênio no Relatório da CPI, entendeu a Unidade Técnica, após consulta ao SIAFI/99 em 20/04/99, onde constava como adimplente a Prefeitura Municipal de Ibaiti/PR em relação a ambos os Convênios, que mais prudente seria a realização de diligência junto ao FNDE para esclarecer a situação dos citados Ajustes. Dessa forma, após ser acolhida a presente Representação pela Unidade Técnica, foi proposta a realização de diligência junto ao FNDE no sentido de se colherem informações sobre a real situação das prestações de contas dos convênios em análise, além de ser encaminhada cópia do

inteiro teor do Relatório da CPI, em fls. 05 a 36, para subsidiar a adoção de medidas que o órgão entendesse cabíveis. Realizada a diligência como proposto pela Unidade Técnica, houve nova instrução do feito, em fls. 310/318, onde a SECEX/PR manifesta-se pelo acatamento dos trabalhos da CPI instaurada pela Câmara Municipal de Ibaiti, tendo em vista sua fidedignidade e o caráter de seriedade emprestado pelos Parlamentares locais. Em fls. 05 a 11, a CPI apresentou o resultado de um levantamento de compras que teriam sido realizadas pela Prefeitura com recursos do FNDE. No levantamento constam valores, bem como os respectivos procedimentos licitatórios que os legitimam. Em fls. 27 estão apresentados pela CPI, em um quadro comparativo, os materiais comprados e aqueles entregues. A Unidade Técnica concluiu, ao analisar essas informações, que uma ínfima quantidade de materiais comprados foi efetivamente entregue pelos fornecedores, informação esta corroborada pelos depoimentos, expressões e explicações constantes no Relatório da Comissão. Ainda segundo os depoimentos dos funcionários das escolas, vários materiais escolares e de higiene deixaram de ser entregues, conforme consta em fls. 311, além de depoimentos dos próprios fornecedores, dos quais foram transcritos trechos na instrução da Unidade Técnica, que são, in verbis: "7.Às fls. 16 e 17, consta o depoimento de fornecedores dos materiais escolares e de higiene à Prefeitura. O Sr. Indio Brasil Nicolau, assim se expressou: -que desde 1994 (até 1996) sempre vendeu à Prefeitura e que nunca participou de nenhuma licitação; -que o Sr. Cristiano Goulart autorizava e ele mesmo buscava as mercadorias; -que do total das notas fiscais da sua firma, referentes ao Convênio nº 4482/96, R$ 29.998,00, entregou no máximo o equivalente a R$ 9.000,00 e que o resto "era acerto de contas que tinha com o Sr. Prefeito". Entretanto, cabe ressaltar que no processo constam notas fiscais que totalizam R$ 48.398,00, conforme fls. 68, 78, 80 e 112, emitidas, respectivamente, em 10.05.96, 25.09.96, 25.09.96 30.10.96, com valores de R$ 18.700,00, 4.700,00, 11.898,00 e 13.400,00, respectivamente.

O Sr. Renato Franco Marlane, fls. 17 e 18, proprietário do Supermercado "Casa Rodrigues", assim se expressou: - que o funcionário, Sr. Benedito Francisquini telefonou para ele e disse que queria comprar algumas mercadorias e que depois lhe fez o pagamento em dinheiro (em espécie); - que o cheque de R$ 1.894,80, emitido em seu favor não fora por ele descontado e que não sabe informar como "descontaram o cheque que estava em seu nome". Segundo consta no Relatório da CPI, as licitações efetuadas para aquisição de materiais escolares e de limpeza foram criminosas, fraudulentas e irregulares, após análise dos documentos das licitações, bem como dos depoimentos dos membros da Comissão de Licitações. Foi informado, ainda, que na licitação nº 005/96, constava como vencedora a Firma Índio Brasil Nicolau, embora tal firma nunca tenha participado de qualquer licitação junto à Prefeitura Municipal de Ibaiti, como asseverado pelo próprio Sr. Índio Brasil Nicolau. Além disso, constam nos autos que a firma Livraria e Papelaria Carazai Ltda. teria participado da licitação, sendo que esta empresa nunca existiu segundo informações da Receita Federal e Prefeitura de Curitiba. Ainda, a empresa Londripel Comércio de Papéis Ltda. consta como participante do processo de licitação, sendo que esta nega qualquer participação como concorrente. De se destacar ainda os seguintes trechos da instrução da SECEX/PR, in verbis: "O Presidente da Comissão da Licitação 005/96, declara que na Ata de Julgamento consta a sua assinatura, todavia, a Ata viera pronta do Departamento de Compras e que não houve julgamento das propostas. A Srtª. Soraia Rodrigues de Melo, integrante da Comissão de Licitação, declarou que assinou a Ata de Julgamento da Licitação 005/96, a qual já estava pronta. Disse ainda, que nunca participou de nenhuma licitação e nem mesmo era convidado pelo Sr. Presidente da Comissão. Declarou que "acha" que na realidade não havia licitação, pois eram somente montadas e depois vinham para assinar.

O outro membro, Sr. Rui Mário de Oliveira, declara que somente após decorridos quatro meses da nomeação ficou sabendo ser integrante da Comissão de Licitação e que por diversas vezes, alertou o Sr. Cristiano Goulart, Diretor Administrativo, que as licitações estavam sendo feitas de forma irregular. Declarou ainda que nunca participou da Sessão de abertura de propostas de licitação. 9. Dos depoimentos prestados pelo ex-prefeito, fls. 22 a 24, Sr. Francisco Pereira Goulart, colhem-se as seguintes expressões e/ou explicações: - não sabe informar onde foram parar os materiais escolares e de limpeza adquiridos no exercício de 1.996; - se o Sr. Indio do Brasil Nicolau não entregou os materiais à Prefeitura, a responsabilidade "era dele"; - não sabe precisar quantos dias são necessários para a realização de uma licitação; -informa que os materiais do Sr. Indio eram as mais baratos da praça. 10.Dos depoimentos prestados pela Secretária da Educação, fls. 24 a 26, Srª. Jandira Oliveira Quadros Magalhães, colhem-se as seguintes informações e/ou explicações: - sempre recebeu materiais escolares do Sr. Indio Brasil Nicolau e sempre era ela quem entregava os materiais; - chegou a falar com o Sr. Cristiano Goulart e ao Sr. Prefeito Francisco Goulart que existiam na praça, materiais escolares com melhor preço; - mas o Sr. Cristiano e o Sr. Prefeito Municipal diziam que os preços do Sr. Indio Nicolau eram melhor; - nunca solicitou compra de cadernos de caligrafia, ficando surpresa com a notícia da referida compra; - os materiais adquiridos junto ao Supermercado Casa Rodrigues, Nota Fiscal 307469, nunca chegaram a ser entregues. 11. A Srª. Ceni Aparecida Mendes Machado, Tesoureira, declarou que contabilizou a receita no valor de R$ 33.600,00, Convênio nº 4.482/96, verba oriunda do MEC em 12.09.96 e que do valor da referida verba

reconhece que foram efetivamente aplicados R$ 1.240,00, R$ 250,56 e R$ 193,00, conforme documentos existentes e que o restante, R$ 31.892,80, referentes às licitações vencidas pelo Sr. Indio, "foram totalmente desviados". 12.Com base em tantas evidências é permissível concluir-se que, de fato, houve desvio na aplicação de recursos oriundos do FNDE destinados à Prefeitura Municipal de Ibaiti, tal como concluiu a Comissão Parlamentar de Inquérito às fls. 32 a 36. A CPI destaca em suas conclusões que os principais responsáveis pelas irregularidades eram os Senhores Francisco Pereira Goulart (Prefeito), Walter João Ferreira (Presidente da Comissão de Licitação) e Cristiano Goulart Gimenes (Diretor Administrativo). Cabendo ressaltar que o Sr. Cristiano não compareceu à CPI para prestar depoimentos, apesar das insistentes convocações." O Analista, responsável pela instrução do presente processo, conclui seu trabalho propondo, in verbis: "13.1 - com fundamento no artigo 47 da Lei nº 8.443/92, seja o presente processo convertido em Tomada de Contas Especial; 13.2 - nos termos do art. 12, inciso II, da Lei nº 8.443/92, c/c art. 153, inciso II, do Regimento Interno, sejam citados, solidariamente, os Senhores Francisco Pereira Goulart, Cristiano Goulart Gimenes e Indio Brasil Nicolau, para, apresentarem suas alegações de defesa ou recolherem aos cofres do FNDE as quantias de R$ 18.700,00 (dezoito mil e setecentos reais) e R$ 29.998,00 (vinte e nove mil, novecentos e noventa e oito reais), relativas aos Convênios nº 5311/95 e 4482/96 atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora na forma da legislação aplicável, a partir, respectivamente, de 23.01.96 e 12.09.96, tendo em vista as seguintes ocorrências: 13.2.1 - o Sr. Indio Brasil Nicolau, em depoimento prestado junto à Comissão Parlamentar de Inquérito CPI, da Câmara Municipal de Ibaiti, declarou que, de 1 994 a 1 996, sua firma sempre forneceu mercadorias à Prefeitura, sem que para tanto tenha participado de nenhuma licitação; 13.2.2 - o Sr. Indio Brasil Nicolau declarou à CPI que do total das notas fiscais de sua firma, que totalizam R$ 29.998,00, referente Convênio nº 4482/96, entregou mercadorias no valor máximo de R$ 9.000,00 e que o resto era acerto de contas que tinha com o Sr. Prefeito, Francisco Pereira Goulart;

13.2.3- o Sr. Cristiano Goulart Gimenes autorizava o fornecimento de mercadorias e ele mesmo ia buscá-las na firma do Sr. Indio Brasil Nicolau, sem que para tanto houvesse prévio procedimento licitatório; 13.2.4- em depoimentos prestados à CPI, diversos funcionários da Prefeitura, uns responsáveis pelo recebimento de mercadorias adquiridas e outros responsáveis pela distribuição das mesmas junto à rede municipal de ensino, afirmaram que as mercadorias constantes nas notas fiscais citadas não foram entregues à Prefeitura e tampouco foram distribuídas nas escolas municipais; 13.2.5- apesar de o Sr. Indio Brasil Nicolau ter declarado à CPI que não participara de licitação, no período de 1994 a 1996, a sua firma consta como vencedora das licitações Convites nº 05/96, no valor de R$ 28.700,00, nº 16/96, no valor de R$ 18.700,00 e nº 31/96, no valor de R$ 16.598,00, sendo que entre as empresas concorrentes apareceram as empresas Livraria e Papelaria Carazai Ltda. e Londripel-Comércio de Papéis Ltda., das quais não constam registros que comprovem a real existência; 13.3- nos termos do art. 12, inciso II, da Lei nº 8.443/92, c/c art. 153, inciso II, do Regimento Interno, seja citado o Sr. Francisco Pereira Goulart, para apresentar alegações de defesa ou recolher aos cofres do FNDE a quantia de R$ 2.325,16, referente Convênio nº 5.311/95 e as quantias de R$ 1.240,00 e 1.894,80, referentes ao Convênio nº 4.482/96, atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora, calculados na forma da legislação aplicável, respectivamente, a partir das datas de 15.03.96, 28.10.96 e 13.10.96 tendo em vista as seguintes ocorrências: 13.3.1- em relação à primeira quantia, há depoimento na CPI afirmando que a licitação, Convite nº 09/B /96, tendo como vencedora a firma de Antonio Dias Catarino, fora fraudada, constando, ainda, depoimentos que afirmam que as mercadorias, objeto desta compra, não foram entregues à Prefeitura; 13.3.2- em relação à segunda quantia, nota fiscal nº 331, da firma Onivaldo Albergoni e Cia. Ltda., constam depoimentos afirmando que não existiu qualquer procedimento licitatório para a referida compra; 13.3.3- em relação à terceira quantia, nota fiscal nº 307469, do Supermercado Casa Rodrigues, consta depoimento que o titular da firma não descontara o cheque emitido em seu favor e não sabe afirmar como que descontaram um cheque que estava nominal à sua firma;

13.4- seja dado conhecimento, da Decisão que este Tribunal adotar, ao Excelentíssimo Presidente da Câmara Municipal de Vereadores de Ibaiti/PR." Em seu Parecer de fls. 317/318, o Sr. Secretário-Substituto da SECEX/PR, embora concordando com a proposta do Analista de instauração da competente Tomada de Contas Especial, face à série de irregularidades constatadas, entende que, preliminarmente, deva o presente processo ser encaminhado ao FNDE para que as prestações de contas dos Convênios em tela sejam novamente analisados em conjunto com o novo quadro demonstrativo das despesas realizadas, apresentado pela Prefeitura Municipal de Ibaiti, relativo ao Convênio nº 4.482/96. Com isso, ter-se-ia maior segurança na quantificação dos débitos e identificação da origem dos recursos, se do Convênio 5.311/95 ou 4.482/96. Dessa forma, propõe que o presente processo seja encaminhado ao FNDE, para ser analisado em conjunto e em confronto com as prestações de contas dos Convênios citados, e se for o caso, serem instauradas as competentes Tomadas de Contas Especiais, fixando-se prazo para que o FNDE informe ao TCU acerca do resultado dos exames procedidos e das providências adotadas. Além disso, propõe que seja dado conhecimento da Decisão adotada por esta Corte ao Excelentíssimo Sr. Presidente da Câmara Municipal de Ibaiti/PR. O Ministério Público se manifestou de acordo com a proposta do Sr. Secretário da SECEX/PR. É o Relatório. Voto: A presente representação deve ser acolhida por esta Corte de Contas, uma vez que atende aos requisitos de admissibilidade previstos no art. 37-A, inciso IV, da Resolução nº 77/96-TCU, e art. 213, Parágrafo Único, do Regimento Interno desta Corte, tendo em vista o que dispõe o 2º do art. 1º da Resolução nº 110/98-TCU. Face às irregularidades já comprovadas nos autos, inclusive por meio dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito, instaurada pela Câmara Municipal de Ibaiti, tendo sido constatados danos ao Erário e especialmente à comunidade local, entendo necessário que se proceda a novas análises das prestações de contas, anteriormente tidas como regulares pelo órgão repassador dos recursos, consoante proposta do Sr. Secretário da Secretaria de Controle Externo do Paraná, a fim de que se

tenha maior segurança na quantificação dos débitos e identificação da origem dos recursos. Dessa forma, concordando com o posicionamento da Secretaria de Controle Externo do Paraná, endossado pelo ilustre representante do Ministério Público junto ao TCU, Voto por que seja adotada a Decisão que ora submeto à elevada apreciação deste Plenário. Sala das Sessões, em 09 de fevereiro de 2.000. ADYLSON MOTTA Ministro-Relator Assunto: VII - Representação Relator: ADYLSON MOTTA Representante do Ministério Público: UBALDO CALDAS Unidade técnica: SECEX-PR Quórum: Ministros presentes: Humberto Guimarães Souto (na Presidência), Adhemar Paladini Ghisi, Valmir Campelo, Adylson Motta (Relator), Walton Alencar Rodrigues e Guilherme Palmeira. Sessão: T.C.U., Sala de Sessões, em 9 de fevereiro de 2000 Decisão: O Tribunal Pleno, diante das razões expostas pelo Relator, DECIDE: 8.1 com fulcro no art. 37-A, inciso IV, da Resolução nº 77/96-TCU, e art. 213, Parágrafo Único, do Regimento Interno desta Corte, conforme expressão do 2º do art. 1º da Resolução nº 110/98-TCU, conhecer da presente Representação; 8.2 encaminhar cópia integral do presente processo ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação FNDE, para que as prestações de contas

dos Convênios nºs 5.311/95 e 4.482/96, celebrados com a Prefeitura Municipal de Ibaiti/PR, respectivamente, com vigência de 29/12/95 a 30/04/96 e 28/06/96 a 30/01/97, sejam novamente analisados em conjunto com os novos elementos apresentados pela Prefeitura, e se for o caso, instauradas as competentes Tomadas de Contas Especiais; 8.3.fixar prazo de 60 (sessenta) dias para que o FNDE informe a este Tribunal acerca do resultado das análises procedidas e das providências adotadas; 8.4.dar ciência desta Decisão aos Excelentíssimos Srs. Presidentes do Tribunal de Contas do Estado do Paraná e da Câmara Municipal de Ibaiti/PR.