FEITO PGT/CCR/ICP/Nº 1756/2012 CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO Origem: PRT 1ª Região Interessado(s) 1: Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Atividades Subaquáticas e Afins Interessado(s) 2: FUGRO BRASIL Serviços Submarinos e Levantamentos Ltda. PETROBRÁS Petróleo Brasileiro S/A SUBSEZ 7 Gestão Brasil S/A Assuntos: Fraudes Trabalhistas 03.02.06 Trabalho Portuário e Aquaviário 05.03.07 Procurador oficiante: Rodrigo de Lacerda Carelli RECURSO ADMINISTRATIVO protocolizado fora do prazo previsto pelo art. 10-A, integrado à Resolução CSMPT nº 69/2007 pela Resolução CSMPT nº 87/2009, não merece conhecimento. Legitimidade do sindicato denunciante em adotar medidas processuais próprias, não se justificando atuação do Parquet trabalhista. Pelo não conhecimento do recurso apresentado e pela homologação da proposta arquivatória. RELATÓRIO Trata-se de procedimento administrativo instaurado com origem em denúncia encaminhada pelo Sindicato 1
Nacional dos Trabalhadores em Atividades Subaquáticas e Afins em face das empresas FUGRO BRASIL Serviços Submarinos e Levantamentos Ltda.; PETROBRÁS Petróleo Brasileiro S/A e SUBSEA 7 Gestão Brasil S/A, dando conta de que as denunciadas estariam mantendo trabalhadores mergulhadores, fora de suas bases, além do permitido legalmente. O ilustre Órgão ministerial oficiante promoveu o arquivamento do procedimento, sob os seguintes fundamentos (fl. 214), verbis: Trata-se de informação de que as empresas investigadas estariam mantendo trabalhadores mergulhadores além do permitido legalmente. Entretanto, o próprio sindicato denunciante firmou convenção coletiva que permite o trabalhador fique até 35 (tinta e cinco) dias a bordo, segundo a cláusula quinta, parágrafo terceiro. O Recurso Extraordinário, referente a Dissídio Coletivo antigo, foi arquivado no Supremo Tribunal Federal. Assim, sua irresignação deveria ser dirigida a não convencionar dessa forma a cláusula, negociá-la na medida que entender mais satisfatória e protetiva aos seus representados. Acredito que a regulamentação do trabalho via norma regulamentadora também é uma solução interessante, eis que se trata de saúde do trabalhador, que não pode ser livremente negociada. Também entendo, apesar de não ser objeto deste inquérito, que as folgas de todos os trabalhadores terceirizados da Petrobras são injustas e discriminatórias, sendo que será ajuizada medida judicial nesse sentido no bojo de outros inquéritos civis. 2
Desta forma, não há outra solução a não ser a promoção de arquivamento deste, encaminhando-se cópia ao Ministério do Trabalho e Emprego em Brasília, no Departamento de Segurança e Saúde do Trabalho, vinculado à Secretaria de Inspeção do Trabalho. Intimado o denunciante da decisão de fl. 214, conforme se infere às fls. 227 e 234, apresentou recurso às fls. 237/240. Contrarrazões apresentadas às fls. 260/261 (FUGRO BRASIL Serviços Submarinos e Levantamentos Ltda.); fls. 262/265 (PETROBRÁS Petróleo Brasileiro S/A) e fls. 267/275 (SUBSEA 7 Gestão Brasil S/A). esta relatora. Por distribuição deste feito na CCR, vieram os autos a É o relatório. VOTO-FUNDAMENTAÇÃO O recurso apresentado às fls. 237/240 foi interposto tardiamente, sendo INTEMPESTIVO. In casu, a intimação da empresa denunciante, para os fins do artigo 5º, 1º, da Resolução CSMPT n 69/2007, ocorreu, conforme 3
aviso de recebimento de fl. 234, em 21 de outubro de 2011 (sexta-feira), sendo interposto recurso administrativo somente em 14 de novembro de 2011 (segunda-feira), conforme se infere do protocolo à fl. 237, quando já havia expirado o prazo normativo (10 dias artigo 5º, 1º, da Res. CSMPT 69/2007). Considerando que a intimação do arquivamento ocorreu em 21/10/2011 (fl. 234), tem-se como termo final do prazo recursal o dia 03/11/2011. Tardio, pois, o recurso autoral interposto somente em 14/11/2011 (237). Todavia, acaso ultrapassada a barreira do conhecimento, no mérito melhor sorte não assiste ao recorrente. A justificativa contida no Relatório de Arquivamento de fl. 214 e no despacho que o mantém à fl. 277 é suficiente a ensejar o encerramento do presente feito, verbis: RELATÓRIO DE ARQUIVAMENTO (FL. 214) (...) Entretanto, o próprio sindicato denunciante firmou convenção coletiva que permite o trabalhador fique até 35 (tinta e cinco) dias a bordo, segundo a cláusula quinta, parágrafo terceiro. O Recurso Extraordinário, referente a Dissídio Coletivo antigo, foi arquivado no Supremo Tribunal Federal. 4
Assim, sua irresignação deveria ser dirigida a não convencionar dessa forma a cláusula, negociá-la na medida que entender mais satisfatória e protetiva aos seus representados. Acredito que a regulamentação do trabalho via norma regulamentadora também é uma solução interessante, eis que se trata de saúde do trabalhador, que não pode ser livremente negociada. Também entendo, apesar de não ser objeto deste inquérito, que as folgas de todos os trabalhadores terceirizados da Petrobras são injustas e discriminatórias, sendo que será ajuizada medida judicial nesse sentido no bojo de outros inquéritos civis. Desta forma, não há outra solução a não ser a promoção de arquivamento deste, encaminhando-se cópia ao Ministério do Trabalho e Emprego em Brasília, no Departamento de Segurança e Saúde do Trabalho, vinculado à Secretaria de Inspeção do Trabalho. DESPACHO (FL. 277) Mantenho o arquivamento. Não havia notícia de trabalhadores subaquáticos que não saturam ultrapassando o prazo convencionado. Ao contrário, os trabalhadores indicados pelo denunciante e ouvidos pelo MPT forma trabalhadores saturados. Ademais, tenho que o próprio sindicato denunciante, objetivando a defesa de seus misteres e garantias, possui legitimidade para adotar as medidas processuais próprias com vistas a coibir a alegada perpetuação da irregularidade denunciada, não havendo necessidade, ao menos nesse momento, de intervenção do Ministério Público do Trabalho. 5
proposto pelo digno Procurador oficiante. Cabe manter-se, por homologação, o arquivamento CONCLUSÃO Pelo exposto, VOTO pelo NÃO- CONHECIMENTO do Recurso administrativo sub examine por intempestivo, e pela HOMOLOGAÇÃO da promoção arquivatória à fl. 214, pelos seus próprios fundamentos, determinando o retorno dos autos à origem para as providências de estilo. Cientifiquem-se os interessados e a Chefia da Procuradora Regional do Trabalho de origem. Brasília, 23 de março de 2012. VERA REGINA DELLA POZZA REIS Subprocuradora Geral do Trabalho Coordenadora da CCR RELATORA sgs 6