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devendo o recurso ser decidido pela Diretoria Colegiada no prazo máximo de trinta dias

Transcrição:

Origem: PRT da 1ª Região Cabo Frio/RJ Órgão Oficiante: Dr. Rodrigo Barbosa de Castilho Interessado 1: Sigiloso Interessado 2: Petróleo Brasileiro S/A - Petrobrás Assuntos: Trabalho Portuário e Aquaviário 05 05.03 05.03.04 05.04 Temas Gerais 09.06.02.01 09.06.03.02. EMENTA: JORNADA DE TRABALHO. PLATAFORMAS MARÍTIMAS. ACORDO COLETIVO MAIS FAVORÁVEL AOS TRABALHADORES. Tendo a instrução do procedimento investigatório levado à conclusão de que a jornada de trabalho foi adequada em face da singularidade da atividade, alcançandose condições mais benéficas, além das garantias legais, por meio de normas coletivas, conforme admitem os próprios trabalhadores, sem evidência clara de prejuízos, não há razão para continuidade da persecução ministerial. Manifestação da CONATPA favorável à homologação da promoção de arquivamento. Recurso conhecido e não provido. I RELATÓRIO Trata-se de Recurso Administrativo (fls. 91/106) interposto contra a promoção de arquivamento do Inquérito Civil nº 000428.2011.01.005/2 502 (fls. 84/87), autuado em razão denúncia contra Petróleo Brasileiro S/A PETROBRÁS, noticiando a prática de irregularidades na duração da jornada de trabalho, em especial quanto ao regime de revezamento em turno de doze horas, compensação de jornadas e redução do intervalo de repouso interjornadas, nas atividades de exploração e produção de petróleo e gás em plataformas marítimas. Às fls. 121/122, o Membro oficiante exarou despacho mantendo o entendimento anteriormente firmado na promoção de arquivamento, remetendo os autos à Câmara de Coordenação e Revisão, sem ter sido oportunizado à parte recorrida o oferecimento de contrarrazões, motivo pelo qual retornaram os autos à PRT de origem para as providências cabíveis (despacho à fl. 127). Devidamente notificada, a recorrida apresentou resposta às fls. 131/133. 1

Em seguida, os autos foram encaminhados à Coordenadoria Nacional do Trabalho Portuário e Aquaviário CONATPA (fl. 140), que ofereceu manifestação por intermédio do seu Coordenador (fls. 141/146). É o breve relatório. II ADMISSIBILIDADE O recurso administrativo foi interposto dentro do prazo previsto no 10º, 1º, da Resolução CSMPT nº 69/2007. Portanto, dele conheço. III VOTO O Procurador do Trabalho Rodrigo Barbosa de Castilho promoveu o arquivamento do Inquérito Civil 000428.2011.01.005/2, por entender, em síntese, que as irregularidades noticiadas em relação à jornada de trabalho dos trabalhadores portuários, mais especificamente sobre o regime de revezamento em turno de 12 horas, são ultrapassadas pelos benefícios concedidos aos trabalhadores a partir da ponderação de interesses conflitantes. Ressalta que, em entrevista informal com os trabalhadores, recebeu resposta satisfatória de todos quanto à possibilidade de utilização do sistema de compensação de jornada. Por fim, argumenta que o Colendo TST, por meio da OJ 342, II, da SDI I, tem admitido a flexibilização do intervalo interjornada por norma coletiva, em que considera válida cláusula negocial que contemple sua redução. Sustenta o recorrente, em resumo, que o descanso semanal de 24 horas consiste em garantia constitucional, tendo sido estipulado a fim de garantir a higidez física e mental do trabalhador. Ademais, assevera que a Lei Federal nº 5.811/72 é clara ao assegurar ao empregado que trabalha em turno de revezamento de 12 horas o repouso semanal de 24 consecutivas para cada turno trabalhado. Por se tratar de tema relacionado ao cumprimento de normas de saúde, higiene e segurança do trabalho, com possível repercussão em elevado número de trabalhadores, foram os autos submetidos à apreciação da Coordenadoria Nacional do Trabalho Portuário e Aquaviário, tendo o seu 2

Coordenador, o Procurador do Trabalho Maurício Coentro Pais de Melo, apresentado a manifestação de fls. 143/146, assentada em sólidos fundamentos, os quais incorporo a este voto, destacando o texto seguinte: Analisando os temas da denúncia, mister se faz ter em mente que o trabalho à bordo de embarcações implica necessária adequação dos termos previstos na Consolidação das Leis do Trabalho, devendo ser ressaltado o fato que existe Lei específica que trata atividade de exploração de hidrocarboneto Lei 5811/1972. Não se desconhece o fato que o trabalho off shore é extremamente extenuante, sendo certo que as exigências de trabalho por 14 (quatorze) dias e por 12 (doze) horas por dia é indesejável, entretanto, o deslocamento até o local de trabalho e o método de exploração trouxe essa sistemática como costume da atividade e obteve o amparo da Lei. Existem vários estudos de impacto sobre o organismo humano da sistemática prevista em Lei, inclusive de problemas psicológicos que surgem com a convivência nesta rotina de trabalho. Com efeito, deve ser destacado que não há como aplicar a CLT de forma linear nas relações de Trabalho off shore. Ora, sabe-se que o trabalho à bordo de embarcações possui peculiaridade e normatização especializada, razão pela qual a CONATPA tem a Orientação nº 17 que dispõe: NAVEGAÇÃO. SERVIÇO DE QUARTO. DESCANSO. O trabalhador aquaviário submetido a serviço de quarto, deve ter um mínimo de 10 horas de descanso em qualquer período de 24h. As horas de descanso podem ser dividas em até 2 períodos, um dos quais deverá ter pelo menos 6 horas de duração (Convenção STCW), nos demais casos aplica-se a CLT. Assim, há, em razão da norma internacional e das especificidades do trabalho a ser desenvolvido à bordo, flexibilização daquilo que consta na CLT. Dessa forma, aplicando-se o mesmo princípio, nota-se que existe norma especial, qual seja, a Lei 5811/1972, bem como norma coletiva, que adaptou a sistemática do trabalho ao desejo dos trabalhadores que se sentem beneficiados por duas razões bem definidas: 1) não precisam trabalhar 14 (quatorze) dias apenas no turno da noite, fato que leva o trabalhador a ter dificuldade de repouso 3

noturno quando de seu retorno para a casa (21 dias subsequentes); 2) Existência de folga elastecida, qual seja, para cada dia de trabalho, há um dia e meio de folga; O convívio maior em casa, por 21 (vinte e um) dias, permite ao trabalhador amenizar os impactos dessa árdua sistemática de trabalho, havendo real compensação em norma coletiva, que justifica flexibilizar as normas da CLT. Com a mesma fundamentação, pode-se observar que a previsão de um intervalo de 24 (vinte e quatro horas consecutivas), após o turno de trabalho durante os 14 (quatorze) dias embarcados, consoante o que dispõe a Lei 5811/1972, mais precisamente em seu art. 4º, inciso II, cede à existência de um intervalo mais extenso e mais útil ao convívio familiar do trabalhador, que também é finalidade do intervalo interjornada, pois, usufruir um dia e meio de folga (trinta e seis horas e não vinte e quatro) ao final do embarque, é muito mais proveitoso e desejado pelo próprio trabalhador, conforme norma Coletiva e entrevista com os trabalhadores na inspeção realizada pelo Membro. Por fim, a matéria de pagamento do adicional de desembarque não merece maiores esclarecimentos por esta Coordenadoria, cabendo ao exame das provas dos autos do Inquérito Civil. IV. CONCLUSÃO Ante o exposto, opina a Coordenadoria Nacional do Trabalho Portuário e Aquaviário CONATPA do Ministério Público do Trabalho pela manutenção do arquivamento no que tange as condições apreciadas neste inquérito e apontadas nessa manifestação no que se refere ao intervalo interjornada, pois, são mais favoráveis ao trabalhador do que a aplicação sistemática prevista na Lei 5811/1972, devendo ser registrada a existência de norma coletiva legitimadora da compensação questionada. Dessa forma, não há razões para se aplicar a CLT no caso concreto, tendo em vista a extrema especialidade que envolve a matéria. Portanto, diante da singularidade da atividade laboral desenvolvida em plataformas marítimas de exploração de petróleo e gás, e das condições mais benéficas alcançadas pelos trabalhadores em normas coletivas, estipulando benefícios que em muito superam as vantagens legais estabelecidas, tal como 4

juridicamente bem delineado na promoção de arquivamento e na manifestação da CONATPA, não havendo evidência clara de prejuízo em desfavor da coletividade de trabalhadores, convenço-me da correção do encerramento da persecução ministerial, o que impõe o não provimento do recurso interposto. III - CONCLUSÃO À vista do exposto, nego provimento ao recurso e voto pela homologação da promoção de arquivamento do Inquérito Civil 000428.2011.01.005/2. Dê-se ciência desta deliberação ao douto Coordenador Nacional da CONATPA, Dr. Maurício Coentro Pais de Melo. Brasília, em 15 de agosto de 2013. Antonio Luiz Teixeira Mendes Membro da CCR - Relator 5