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Transcrição:

Poder Judiciário Tribunal Regional Federal da 5ª Região Gabinete do Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira PJE AGTR Nº: 0801407-07.2015.4.05.0000 AGRAVANTE: MIRIAM CRISPIM DA SILVA ADVOGADO: FELIPE ANTONIO OLIVEIRA BEZERRA AGRAVADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS RELATOR(A): DES. FEDERAL ROGÉRIO FIALHO MOREIRA - 4ª TURMA JUIZ FEDERAL TEMÍSTOCLES ARAÚJO AZEVEDO RELATÓRIO Trata-se de agravo de instrumento interposto pela parte autora contra decisão do Juízo da 16ª Vara Federal da Seção Judiciária de Pernambuco que, nos autos da ação de rito ordinário, indeferiu o pedido de antecipação dos efeitos da tutela para determinar o restabelecimento do benefício de pensão por morte ao entendimento de que os documentos anexados ao processo não comprova que o seu esposo se encontrava na qualidade de segurado na data do óbito. O agravante interpôs o presente recurso, tendo como objetivo a reforma da decisão. Sustenta que o esposo da agravante, quando faleceu, estava na sua qualidade de segurado, uma vez que não há que se falar em perda da qualidade de segurado no caso em apreço, visto que, no que tange à prorrogação do período de graça, é pacífico o entendimento de que não é necessário que as contribuições por 120 meses sejam ininterruptas, pois, apesar de a lei exigir ininterrupção, o número de contribuições, por si só, se coaduna com o sistema atuarial previdenciário vigente. Contrarrazões apresentadas. Éo que havia de relevante para relatar. Poder Judiciário Tribunal Regional Federal da 5ª Região Gabinete do Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira PJE AGTR Nº: 0801407-07.2015.4.05.0000 AGRAVANTE: MIRIAM CRISPIM DA SILVA ADVOGADO: FELIPE ANTONIO OLIVEIRA BEZERRA AGRAVADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS RELATOR(A): DES. FEDERAL ROGÉRIO FIALHO MOREIRA - 4ª TURMA JUIZ FEDERAL TEMÍSTOCLES ARAÚJO AZEVEDO VOTO O art. 273 do CPC dispõe que o juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova

inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação (inciso I) ou fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu (inciso II). Figura, ainda como requisito para a antecipação da tutela jurisdicional a reversibilidade do provimento antecipado ( 2º). A agravante alega que em 14/03/08 requereu o benefício de pensão por morte, o qual foi concedido sob o nº 146.806.095-0, e que, em 22/08/14, foi informada que sua pensão seria cessada, sob o argumento de que o falecido - na época do óbito - não detinha a qualidade de segurado, porque a autarquia considerou que a manutenção dessa condição em relação ao falecido só se estenderia até a data de 15/06/2006, e como o óbito aconteceu em 30/06/2006, não teria direito a viúva à pensão por morte. A Pensão por Morte é um benefício de prestação continuada, de caráter substitutivo, com o fim de suprir a falta de quem provia as necessidades econômicas dos beneficiários, concedida aos dependentes do segurado que vier a falecer, sendo aposentado ou não, como dispõe o art. 74 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, verbis: "Art. 74. A pensão por morte será devida ao conjunto de dependentes do segurado que falecer, aposentado ou não, a contar da data: I - do óbito, quando requerida até trinta dias depois deste; II - do requerimento, quando requerida após o prazo previsto no inciso anterior; III - da decisão judicial, no caso de morte presumida." Assim, para a concessão da pensão por morte, faz-se necessária a reunião de dois requisitos, quais sejam, a qualidade de dependente e a condição de segurado do falecido. Quanto à qualidade de dependente, a autarquia previdenciária não ofertou impugnação a esse ponto, nem na esfera administrativa, nem em juízo, não ensejando, assim, qualquer discussão a esse respeito, em razão do objeto da lide adstringir-se apenas à análise da qualidade de segurado do de cujo. A tutela antecipatória foi indeferida sob o fundamento de que o falecido havia perdido a qualidade de segurado da previdência social na data do óbito - 30/06/2006. Primeiramente, convém destacar que a Lei 8.213/91, em seus dispositivos, estabelece como condição para a concessão da pensão por morte, a manutenção da qualidade de segurado pelo instituidor ao tempo de sua morte, não se estando a exigir deste o efetivo exercício de atividade laboral naquele momento. O art. 15 da referida lei descreve as hipóteses e prazos para a mantença da condição de segurado mesmo após o decurso de 12 (doze) meses sem efetiva contribuição, in verbis: "Art. 15. Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições: I - sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício; II - até 12 (doze) meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou estiver suspenso ou licenciado sem remuneração; III - até 12 (doze) meses após cessar a segregação, o segurado acometido de doença de

segregação compulsória; IV - até 12 (doze) meses após o livramento, o segurado detido ou recluso; V - até 3 (três) meses após o licenciamento, o segurado incorporado às Forças Armadas para prestar serviço militar; VI - até (seis) meses após a cessação das contribuições, o segurado facultativo. 1º. O prazo do inciso II será prorrogado para até 24 (vinte e quatro) meses se o segurado já tiver pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado. 2º. Os prazos do inciso II ou do 1º serão acrescidos de 12 (doze) meses para o segurado desempregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social. 3º. Durante os prazos deste artigo, o segurado conserva todos os seus direitos perante a Previdência Social. 4º. A perda da qualidade de segurado ocorre no dia seguinte ao do término do prazo fixado no Plano de Custeio da Seguridade Social para recolhimento da contribuição referente ao mês imediatamente posterior ao final dos prazos fixados neste artigo e seus parágrafos." (grifos acrescidos) Na hipótese em análise, verifica-se que a última contribuição do segurado foi vertida em 22/04/2004. Além disso, observa-se, do documento de identificador nº 4050000.2129925 - pág. 12 e 13, que entre 09/05/1986 e 02/04/1997 não houve interrupção da atividade laborativa superior a 12 meses, de forma que até aquele termo o falecido não havia perdido a qualidade de segurado da previdência social. Observa-se também que o período acima referido contabiliza mais de 120 contribuições à previdência, devendo, dessa forma, ser observado os ditames do 1ª do artigo 15 da Lei nº 8.213/91, postergando a perda da qualidade de segurado do falecido para a data de 22/06/2006. De outra sorte, constata-se também que foi anexado aos autos - identificador nº 4050000.2129923 - declaração da Agência do Trabalho de Caruaru informando que o de cujus estava cadastrado naquela agência em 15/12/2005. A esse respeito, a Terceira Turma do STJ entendeu que pode ser utilizado outros documentos para comprovação da situação de desemprego. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO RESCISÓRIA. ART. 485, IX, E 1º, CPC. ERRO DE FATO CONFIGURADO. PENSÃO POR MORTE. QUALIDADE DE SEGURADO MANTIDA. CONCESSÃO DO BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. AÇÃO RESCISÓRIA PROCEDENTE. I- O 2º do art. 15 da Lei n. 8.213/91 enuncia que o prazo de doze meses previsto no inciso II do dispositivo será acrescido de mais doze meses para o segurado desempregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social. II- A Terceira Seção consolidou entendimento segundo o qual o registro mencionado no

dispositivo em comento "não pode ser tido como o único meio de prova da condição de desempregado do segurado", porquanto o preceito "deve ser interpretado de forma a proteger não o registro da situação de desemprego, mas o segurado desempregado" (Pet 7115/PR, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Terceira Seção, DJe de 6/4/2010). III - A jurisprudência da Sexta Turma cristalizou-se no sentido de que o deferimento e a consequente percepção do seguro-desemprego, por ser benefício proposto e processado perante os Postos do Ministério do Trabalho e Emprego, pode ser utilizado para fins de concessão do acréscimo de doze meses ao período de graça, previsto no já mencionado 2º do art. 15 da Lei n. 8.213/91. IV - Ação rescisória procedente. (AR 3.528/SP, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 25/02/2015, DJe 05/03/2015) Assim, resta plausível o argumento de que se aplica ao caso os ditames dos 1º e 2º e inciso II, do artigo 15 da Lei nº 8.213/91, prorrogando o período de graça da condição do segurado do falecido por 36 meses. Éponderável o fundamento de que, em se considerando que a última contribuição do de cujus se deu em junho de 2004, sua qualidade de segurado teria sido mantida até junho de 2007. Na data do óbito, 30/06/2006, ele não teria perdido a qualidade de segurado da previdência social. A pretensão recursal preenche o requisito da relevância da fundamentação - o fumus boni iuris - que evidencie o cabimento da medida de urgência pleiteada. Do exposto, tendo em vista os fundamentos expendidos, dou provimento ao agravo de instrumento, determinando o restabelecimento do benefício de pensão por morte. Écomo voto. Poder Judiciário Tribunal Regional Federal da 5ª Região Gabinete do Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira PJE AGTR Nº: 0801407-07.2015.4.05.0000 AGRAVANTE: MIRIAM CRISPIM DA SILVA ADVOGADO: FELIPE ANTONIO OLIVEIRA BEZERRA AGRAVADO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS RELATOR(A): DES. FEDERAL ROGÉRIO FIALHO MOREIRA - 4ª TURMA JUIZ FEDERAL TEMÍSTOCLES ARAÚJO AZEVEDO EMENTA AGRAVO DE INSTRUMENTO. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. TUTELA ANTECIPADA. QUALIDADE DE SEGURADO MANTIDA NA DATA DO ÓBITO. PRORROGAÇÃO DO PERÍODO DE GRAÇA. MAIS DE 120

CONTRIBUIÇÕES. RESTABELECIMENTO DE BENEFÍCIO. AGRAVO CONHECIDO E PROVIDO. 1. Trata-se de agravo de instrumento interposto pela parte autora contra decisão do Juízo da 16ª Vara Federal da Seção Judiciária de Pernambuco que, nos autos da ação de rito ordinário, indeferiu o pedido de antecipação dos efeitos da tutela para determinar o restabelecimento do benefício de pensão por morte ao entendimento de que os documentos anexados ao processo não comprova que o falecido se encontrava na qualidade de segurado na data do óbito. 2. A Lei 8.213/91, em seus dispositivos, estabelece como condição para a concessão da pensão por morte, a manutenção da qualidade de segurado pelo instituidor ao tempo de sua morte, não se estando a exigir deste o efetivo exercício de atividade laboral naquele momento. 3. O art. 15 da referida lei descreve as hipóteses e prazos para a mantença da condição de segurado mesmo após o decurso de 12 (doze) meses sem efetiva contribuição: ter pago mais de 120 (cento e vinte) contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado e segurado desempregado, desde que comprovada essa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social. 4. A última contribuição do segurado foi vertida em 22/04/2004. Além disso, observa-se, do documento de identificador nº 4050000.2129925 - pág. 12 e 13, que entre 09/05/1986 e 02/04/1997 não houve interrupção da atividade laborativa superior a 12 meses, de forma que até aquele termo o falecido não havia perdido a qualidade de segurado da previdência social. 5. Observa-se também que o período acima referido contabiliza mais de 120 contribuições à previdência, devendo, dessa forma, ser observado os ditames do 1ª do artigo 15 da Lei nº 8.213/91, postergando a perda da qualidade de segurado do falecido para a data de 22/06/2006. 6. Constata-se ainda que foi anexado aos autos - identificador nº 4050000.2129923 - declaração da Agência do Trabalho de Caruaru informando que o de cujus estava cadastrado naquela agência em 15/12/2005. 7. Plausibilidade do argumento de que se aplica ao caso os ditames dos 1º e 2º e inciso II, do artigo 15 da Lei nº 8.213/91, prorrogando o período de graça da condição do segurado do falecido por 36 meses. 8. É ponderável o fundamento de que, em se considerando que a última contribuição do de cujus se deu em junho de 2004, sua qualidade de segurado teria sido mantida até junho de 2007. Na data do óbito, 30/06/2006, ele não teria perdido a qualidade de segurado da previdência social. 9. Agravo de instrumento conhecido e provido, em face do periculum in mora, para determinar o restabelecimento do benefício de pensão por morte. ACÓRDÃO Vistos, etc. Decide a Quarta Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, à unanimidade, dar provimento ao agravo de instrumento, nos termos do voto do relator, na forma do relatório e notas taquigráficas constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Recife, 02 de junho de 2015. Des. Federal rogério fialho moreira

Relator