PROCESSO: PROCEDIMENTO COMUM AUTORA: MONIQUE SANTANA DA RESTAURAÇÃO INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL INSS DECISÃO
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1 C O N C L U S Ã O Em 07 de outubro de 2016, faço estes autos conclusos ao MM. Juiz Federal RENATO BARTH PIRES. Analista/Técnico Judiciário RF PROCESSO: PROCEDIMENTO COMUM AUTORA: MONIQUE SANTANA DA RESTAURAÇÃO RÉU: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL INSS DECISÃO REG. Nº /2016 Trata-se de ação, sob o procedimento comum, proposta com a finalidade de condenar o INSS a implantar, em favor da autora, a pensão por morte. Alega ter sido companheira de ANTONIO FRANCISCO DOS ANJOS, falecido em , até a data do seu óbito. Afirma que requereu administrativamente o benefício em , mas que este restou indeferido sob a alegação de que não haveria prova da qualidade de dependente. Aduz que viveu em união estável com o falecido por longos anos, até o óbito, razão pela qual tem direito ao benefício. A inicial foi instruída com documentos. É a síntese do necessário. DECIDO. Verifico que as provas trazidas aos autos não são suficientes
2 para comprovar a presença dos requisitos legais necessários à concessão do benefício requerido. A pensão por morte é devida ao conjunto dos dependentes do segurado que falecer, nos termos do art. 74 da Lei nº 8.213/91, dentre estes os companheiros ou companheiras, de acordo como o art. 16, I, da mesma Lei. Depende, para sua concessão, da manutenção da qualidade de segurado na data do óbito (ou observado eventual período de graça), sendo dispensada a carência (artigos 15 e 26, I, da Lei nº 8.213/91). Tais requisitos são os aplicáveis ao caso, em que o óbito ocorreu antes do início da vigência da Medida Provisória nº 664/2014 e da Lei nº /2015. No caso dos autos, incidiria a regra do art. 16, I, da mesma Lei, que indica como beneficiário do segurado a companheira, assim considerada a pessoa que sem ser casada, mantém união estável com o segurado (...), de acordo com o 3º do artigo 226 da Constituição Federal ( 3º), em relação à qual a dependência econômica em relação ao segurado é presumida ( 4º). Sendo esses os requisitos legais, as disposições regulamentares a respeito da matéria devem ser consideradas meramente expletivas, ou, quando menos, exemplificativas, não constituindo impedimentos ao gozo do benefício. Ainda que a autora tenha apresentado documentos destinados à prova da situação de convivência com o segurado (particularmente que sugerem a existência de domicílio comum), não está presente uma prova segura exigida para a tutela provisória de urgência. A prova de residência comum constitui indício de que a união estável realmente existiu, mas há controvérsias quanto à sua subsistência até a data do óbito. Ademais, a inicial não veio instruída com prova suficiente de que o falecido conservava a qualidade de segurado à data do óbito, já que verteu sua última contribuição à Previdência Social em setembro de 2010, conforme extrato do CNIS Cadastro Nacional de Informações Sociais que faço anexar. Por tais razões, estando demonstrada apenas a prorrogação - MBA PREVIDENCIÁRIO 06 - PROF. BARTH Tutela Provisória de Urgência 2
3 do período de graça por doze meses, o óbito (em janeiro de 2012) ocorreu quando o falecido já tinha perdido a qualidade de segurado. Acrescente-se que a aplicação da norma contida no art. 102 da Lei nº 8.213/91, mesmo em sua redação original, dispensava a manutenção da qualidade de segurado nos casos em que este comprovava o preenchimento de todos os requisitos legais cabíveis para a concessão de aposentadoria, o que não é o caso, já que o segurado não havia completado o tempo necessário para a aposentadoria por tempo de contribuição, nem a idade mínima correspondente à aposentadoria por idade. Nesse sentido são os seguintes julgados: PROCESSUAL CIVIL. PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO. ART. 102, DA LEI Nº 8.213/91. CARÊNCIA. INEXIGIBILIDADE. PREQUESTIONAMENTO. EMBARGOS DECLARATÓRIOS. AUSÊNCIA. SÚMULAS 282 E 356 do STF. 1 - A matéria referente à inexigibilidade de carência não foi objeto de decisão por parte do julgado impugnado, ressentindo-se, pois, o recurso especial, do necessário prequestionamento, à míngua dos pertinentes embargos declaratórios (Súmulas 282 e 356 do STF). 2 - A perda de qualidade de segurado da falecida, que deixa de contribuir após o afastamento da atividade remunerada, quando ainda não preenchidos os requisitos necessários à implementação de qualquer aposentadoria, resulta na impossibilidade de concessão do benefício de pensão por morte. 3 - Recurso especial não conhecido (STJ, 6ª Turma, RESP , Rel. Min. FERNANDO GONÇALVES, DJU p. 417). PREVIDENCIÁRIO - PENSÃO POR MORTE - CÔNJUGE - PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO - PRELIMINARES REJEITADAS - APELAÇÃO DO INSS PROVIDA - APELAÇÃO DA PARTE AUTORA PREJUDICADA. - Em que pese o princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional, não cabe ao Poder Judiciário substituir a administração previdenciária. Assim, necessário o prévio requerimento administrativo para o ajuizamento da ação, salvo se notório que os documentos juntados aos autos não seriam aceitos pela autarquia previdenciária, como início de prova material, para análise do benefício pretendido e na hipótese da lide ficar configurada pela contestação do mérito, em juízo. - Não há que se falar em inépcia da inicial, uma vez que a inicial veio instruída com documentos suficientes à propositura da ação. - Demonstrado nos autos que o falecido, na data do óbito, já havia perdido a qualidade de segurado, impõe-se a denegação da pensão por morte (artigo 15 da Lei 8.213/91). - Não se aplicam ao caso em tela as disposições do art. 102 da Lei nº - MBA PREVIDENCIÁRIO 06 - PROF. BARTH Tutela Provisória de Urgência 3
4 8.213/91, segundo o qual a perda da qualidade de segurado depois de preenchido os requisitos exigidos para a concessão da aposentadoria ou pensão não importa em extinção do direito a esses benefícios, isto porque, não obstante haja registro em carteira por período superior a cento e vinte meses, o de cujus contava, na data da sua morte, com 48 (quarenta e oito) anos de idade e não havia preenchido as condições necessárias para a concessão de qualquer benefício. - A parte autora está isenta do pagamento de custas e de honorários advocatícios, por ser beneficiária da assistência judiciária gratuita. - Preliminares rejeitadas. Apelação do INSS provida. Apelação da parte autora prejudicada (TRF 3ª Região, Sétima Turma, AC , Rel. Des. Fed. EVA REGINA, DJU , p. 260). Não havendo prova de que, à data do óbito, o segurado fizesse jus à concessão de aposentadoria por tempo de contribuição ou à aposentadoria por idade, não têm seus dependentes (ou aqueles que pretendam ver reconhecida esta qualidade), ao menos neste exame inicial dos fatos, direito à pensão por morte. urgência. Em face do exposto, indefiro o pedido de tutela provisória de Intime-se a autora para que, no prazo de 10 (dez) dias, traga aos autos outras provas de que dispuser, que possam comprovar que a união estável subsistia na época do óbito. Defiro os benefícios da gratuidade da Justiça. Anote-se. Designo audiência de conciliação para o dia 15 de dezembro de 2016, às 15 horas, a ser realizada na Central de Conciliação desta Justiça Federal, no andar térreo deste Fórum. Cite-se e intime-se a parte ré, informando-a que: 1) O prazo para contestação (de trinta dias úteis) será contado a partir da realização da audiência; 2) A ausência de contestação implicará revelia e presunção de veracidade da matéria fática apresentada na petição inicial. Ficam as partes cientes de que o comparecimento na audiência é obrigatório (pessoalmente ou por intermédio de representante, por meio de procuração específica, com outorga de poderes para negociar e transigir). A ausência - MBA PREVIDENCIÁRIO 06 - PROF. BARTH Tutela Provisória de Urgência 4
5 injustificada é considerada ato atentatório à dignidade da justiça, sendo sancionada com multa de até dois por cento da vantagem econômica pretendida ou do valor da causa. As partes devem estar acompanhadas de seus advogados. Intimem-se. São José dos Campos, 07 de outubro de RENATO BARTH PIRES Juiz Federal - MBA PREVIDENCIÁRIO 06 - PROF. BARTH Tutela Provisória de Urgência 5
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