ESTADO DA PARAÍBA TRIBUNAL DE CONTAS MINISTÉRIO PÚBLICO



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Transcrição:

Parecer N 01163/10 Processo TC Nº 01662/08 Origem: Câmara Municipal de Bonito de Santa Fé Natureza: Recurso de Reconsideração Ementa: RECURSO DE RECONSIDERA- ÇÃO EM SEDE DE AUTOS DE PRESTA- ÇÃO DE CONTAS ANUAL. CÂMARA MU- NICIPAL DE BONITO DE SANTA FÉ. Considerações acerca dos conceitos e parâmetros dos limites contidos no 1º do art. 29-A da Constituição Federal e no art. 18 da Lei Complementar 101/2000. Conhecimento. Não provimento. Trata-se de Recurso de Reconsideração interposto pelo Sr. Francisco Furtado Dias, Presidente da Câmara Municipal de Bonito de Santa Fé, nos autos que versam acerca da análise da prestação de contas anual da Mesa dessa Casa Legislativa, referente ao exercício financeiro de 2007, através do qual se insurge contra o Acórdão APL TC nº 126/2010, por meio do qual esta Eg. Corte de Contas julgou irregulares as contas da Mesa da Câmara de Vereadores daquela Comum, entre outras providências. Petição com as razões do recurso às fls. 301/308 e documentos que a acompanham às fls. 310/330. Manifestação do Órgão de Instrução às fls 341/343, concluindo pela manutenção da decisão.

de Parecer. ESTADO DA PARAÍBA A seguir, vieram os autos ao Ministério Público para análise e oferta É o relatório. Passo a opinar. 1. Admissibilidade Ab initio, cumpre examinar os pressupostos de admissibilidade da presente peça recursal. A propósito, observa-se que de acordo com o disposto no artigo 33 da Lei Complementar nº 18/93 (Lei Orgânica do TCE/PB) caberá recurso de reconsideração: Art. 33 O recurso de reconsideração, que terá efeito suspensivo, será apreciado por quem houver proferido a decisão recorrida, na forma estabelecida no Regimento Interno, e poderá ser formulado por escrito, uma só vez, pelo responsável ou interessado, ou pelo Ministério Público junto ao Tribunal, dentro do prazo de quinze dias, contados na forma prevista no art. 30 desta Lei. Ademais, reza o artigo 30 desse mesmo diploma legal: Art. 30 Os prazos referidos nesta Lei contam-se da data: I do recebimento pelo responsável ou interessado: a) da citação ou da comunicação de audiência; b) da comunicação de rejeição dos fundamentos da defesa ou das razões de justificativa; c) da comunicação de diligência; d) da notificação. II da publicação do ato no Diário Oficial do Estado Assim, revestido o impetrante da qualidade de interessado, e interposto o recurso dentro da quinzena legal, reveste-se de legitimidade o recorrente e de tempestividade a vertente peça recursal. 2. Mérito Por ocasião da análise das contas em apreço, a competente Auditoria emitiu relatório aventando a existência das seguintes irregularidades: 1. Gastos com folha de pagamento, equivalentes a 70,6% de sua receita em relação ao 1º do art. 29-A da Constituição Federal;

2. Incorreta elaboração dos RGF encaminhados a este Tribunal, bem como não comprovação da sua publicação; 3. Insuficiência financeira para saldar os compromissos de curto prazo; 4. Divergência entre os dados postados no SAGRES e na PCA; 5. Despesas não licitadas no valor de R$ 21.780,00; 6. Insuficiência de retenção e/ou recolhimento das contribuições previdenciárias devidas ao INSS, inclusive pelos vereadores; 7. Insuficiência de retenção e/ou recolhimento das contribuições previdenciárias devidas ao IPASB; 8. Falhas no processo legislativo; 9. Concessão de autorização para o Poder Executivo contratar operação de crédito destinada ao pagamento de 13.º salário de servidores. Ocorre que ao proceder à apreciação das contas, em sua proposta de voto, corroborado pela unanimidade dos Conselheiros, o Relator entendeu por bem relevar e/ou superar todas as irregularidades anotadas, à exceção dos itens 1, 2 e 7 supra. Vejamos o comentário expendido no arresto: Quanto à questão da insuficiência financeira para saldar compromissos de curto de prazo a LRF em se art. 42 é clara, pois veda a assunção de despesas nos dois últimos quadrimestres do mandato a ser encerrado, como o exercício analisado não é o último ano do mandato não há como aplicar o artigo referido nesse caso. A questão da divergência entre os dados contidos no SAGRES e da PCA, no valor de R$ 500,00, ocorreu devido a um lançamento errôneo como despesas extra-orçamentárias, não trazendo nenhum prejuízo material aos cofres daquele Poder Legislativo. No que tange às contribuições previdenciárias devidas ao INSS o ex-gestor acostou aos autos o parcelamento da dívida da Câmara Municipal junto a Receita Federal do Brasil, abrangendo o período de janeiro de 2006 a dezembro de 2008, afastando dessa forma essa falha, por outro lado, como a alegação de que não existe débito com o Instituto de Previdência do Município restou sem comprovação pelo ex-gestor, sugiro que seja comunicado ao IPASB para tomar as providências devidas. E por último restou a falta de comprovação da publicação dos RGF por parte do ex-gestor, em desobediência ao art. 48, da LRF, como também foi cometido crime de responsabilidade por parte do Presidente do Legislativo Mirim, por ter ultrapassado limite de 70% de sua receita para os gastos com folha de pessoal, conforme preceitua o 3º do art. 29-A da Constituição Federal. O dispositivo do Acórdão teve os seguintes itens:

1) Julgar Irregular a Prestação de Contas da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Bonito de Santa Fé, presidida pelo Vereador Francisco Furtado Dias, relativa ao exercício de 2007; 2) Comunicar ao atual Presidente do Instituto de Previdência e Assistência Social do Município de Bonito de Santa Fé, acerca do não recolhimento da contribuição previdenciária devida aquele Instituto de Previdência e não repassada pela Câmara Municipal; 3) Recomendar, à atual Mesa Diretora, estrita observância à Constituição Federal, a Lei de Responsabilidade Fiscal e as normas contábeis em vigor, evitando a repetição das falhas apontadas. Conclui-se, portanto, que apenas os gastos com folha de pagamento, equivalentes a 70,6% de sua receita em relação ao 1º do art. 29-A da Constituição Federal (item 1) e a incorreta elaboração dos RGF encaminhados a este Tribunal, bem como não comprovação da sua publicação (item 2) foram o que tiveram efetivo peso para o julgamento irregular das contas. Acerca da incorreta elaboração dos RGF, o recorrente em nada se manifestou acerca deste fato. Já em relação ao transbordar do limite do 1º do art. 29-A, argüiu na peça recursal ter havido equívoco por se desconsiderar da base de cálculo o valor sob a rubrica outras despesas ; alegou ainda ínfima superação do limite e decisão anterior do TCE em que se relevou, por insignificante, o percentual excedido. O insurreto citou o art. 18 da LRF. Porém esse artigo não se amolda à hipótese dos autos. O 1º do art. 29-A da CF cuida do limite da folha de pagamento As despesas do Município com o Poder Legislativo passaram a ser limitadas pela Constituição Federal a partir da Emenda Constitucional n.º 25, que inseriu o art. 29-A, nos seguintes termos: Art. 29-A. O total da despesa do Poder Legislativo Municipal, incluídos os subsídios dos Vereadores e excluídos os gastos com inativos, não poderá ultrapassar os seguintes percentuais, relativos ao somatório da receita tributária e das transferências previstas no 5 o do art. 153 e nos arts. 158 e 159, efetivamente realizado no exercício anterior: I - oito por cento para Municípios com população de até cem mil habitantes; 1 o A Câmara Municipal não gastará mais de setenta por cento de sua receita com folha de pagamento, incluído o gasto com o subsídio de seus Vereadores. (grifou-se)

No dispositivo acima há duas limitações para a gestão orçamentária do Poder Legislativo Municipal: 8% (oito por cento) do total da despesa para Municípios de até cem mil habitantes; e 70% (setenta por cento) da receita com folha de pagamento. A Lei Complementar 101/2000 findou por estabelecer parâmetros de apuração dos limites para as despesas totais com pessoal, nos termos do art. 18, da LRF. Com referência ao conceito de folha de pagamento, nota-se que se está confundindo com o conceito de despesa com pessoal, conceito este descrito na Lei de Responsabilidade Fiscal, sendo que despesa com pessoal é o somatório de folha de pagamento mais os encargos sociais com servidores e os subsídios. A Constituição Federal considera como base de cálculo a receita da Câmara Municipal, composta pelo somatório da receita tributária e das transferências, enquanto que a LRF se vale do conceito de receita corrente líquida, este último correspondendo ao somatório das receitas contínuas arrecadadas durante um ano, compreendendo a arrecadação no mês em referência e nos onze meses anteriores, excluídas as duplicidades. Não existe vinculação entre o limite estabelecido na Constituição e aquele estabelecido na LRF, já que, como demonstrado, estes têm bases de cálculo diversas e, ainda, parâmetros de apuração diferentes, sendo considerado, para a Carta Magna, os gastos com folha de pagamento. Não há, pois, no caso alegações eficazes para modificar a decisão já proferida por este Tribunal. Quanto à alegada insignificância do valor transbordado, não se mostra ela móvel passível de modificar a decisão impugnada. Diante do exposto, opina este Órgão Ministerial, preliminarmente, pelo conhecimento do Recurso de Reconsideração, posto demonstrada a legitimidade e tempestividade, e, no mérito, pelo seu não provimento, com a manutenção do Acórdão vergastado. É o Parecer, salvo melhor juízo.

João Pessoa, 01 de julho de 2010. ELVIRA SAMARA PEREIRA DE OLIVEIRA Procuradora do Ministério Público junto ao TCE/PB. esra-aj