PROCESSO - TC-4085/2005 INTERESSADO - CAMARA MUNICIPAL DE SÃO MATEUS ASSUNTO - CONSULTA

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1 PROCESSO - TC-4085/2005 INTERESSADO - CAMARA MUNICIPAL DE SÃO MATEUS ASSUNTO - CONSULTA SUBSÍDIO DE VEREADOR - ALTERAÇÃO NO CURSO DA LEGISLATURA EM FUNÇÃO DO AUMENTO DO NÚMERO DE HABITANTES DO MUNICÍPIO - IMPOSSIBILIDADE - PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS DO PLANEJAMENTO E DA TRANSPARÊNCIA. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos do Processo TC-4085/2005, em que o Presidente da Comissão de Constituição, Justiça, Direitos Humanos, Cidadania e Redação da Câmara Municipal de São Mateus, Sr. Manoel Endlich, formula consulta a este Tribunal, nos seguintes termos: Há possibilidade jurídica de ser apresentado Projeto de Lei, visando alteração de subsídio de vereador, no curso da legislatura, tendo em vista que o número de habitantes do município aumentou, e, conseqüentemente, o percentual que fixa os referidos subsídios? Considerando que é da competência deste Tribunal decidir sobre consulta que lhe seja formulada na forma estabelecida pelo Regimento Interno, conforme artigo 1º, inciso XVII, da Lei Complementar nº 32/93.

2 Fls. 02 RESOLVEM os Srs. Conselheiros do Tribunal de Contas do Estado do Espírito Santo, em sessão realizada no dia quatorze de fevereiro de dois mil e seis, por unanimidade, acolhendo o voto do Relator, Conselheiro Enivaldo Euzébio dos Anjos, preliminarmente, conhecer da consulta, para, no mérito, respondê-la nos termos da Instrução Técnica nº 485/2005 da 8ª Controladoria Técnica, firmada pela Controladora de Recursos Públicos, Srª Vanessa Costa Righi de Oliveira, e do Parecer nº 0212/06, da Procuradoria de Justiça de Contas, da lavra do Procurador-Chefe da Procuradoria de Justiça de Contas, Dr. Ananias Ribeiro de Oliveira, abaixo transcritos: INSTRUÇÃO TÉCNICA 485/2005 DA 8ª CONTOLADORIA TÉCNICA: Transpostas as fases preestabelecidas no art. 97, caput e 2º, do Regimento Interno desta Corte (Resolução TC-182/2002), tendo se manifestado a autoridade competente pela admissibilidade da presente consulta, remetem-se os presentes autos a esta 8ª Controladoria para análise e emissão de INSTRUÇÃO TÉCNICA. Trata o presente feito de consulta formulada pelo Sr. Manoel Endlich, na qualidade de Presidente da Comissão de Constituição, Justiça, Direitos Humanos, Cidadania e Redação da Câmara Municipal de São Mateus. Indaga o consulente, nos seguintes termos: Há possibilidade jurídica de ser apresentado Projeto de Lei, visando alteração de subsídio de vereador, no curso da legislatura, tendo em vista que o número de habitantes do município aumentou, e, consequentemente, o percentual que fixa os referidos subsídios? É o relatório. DO MÉRITO O questionamento apresentado pelo consulente reporta-nos a análise do disposto no inciso VI do art. 29 da Constituição Federal. Vejamos: Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios

3 Fls. 03 estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos: (...) VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respectivas Câmaras Municipais em cada legislatura para a subseqüente, observado o que dispõe esta Constituição, observados os critérios estabelecidos na respectiva Lei Orgânica e os seguintes limites máximos: a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a vinte por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; b) em Municípios de dez mil e um a cinqüenta mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a trinta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; c) em Municípios de cinqüenta mil e um a cem mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a quarenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a cinqüenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a sessenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a setenta e cinco por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; Questiona o consulente especificamente acerca de alteração no número de habitantes do município no curso da legislatura e sua possível repercussão no valor dos subsídios dos vereadores. Em princípio é preciso ressaltar que a população de cada ente municipal é oficialmente divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Somente com base em tais dados oficiais é possível estabelecer o limite referencial a ser considerado. Desta forma, apresenta-se, de início, limitador à aferição dos dados relativos ao número de habitantes do ente municipal. Prosseguindo, verifica-se que a Carta Magna procurou estabelecer critérios para a fixação dos subsídios dos vereadores, preservando, entretanto, a autonomia municipal. Assim, foram fixados percentuais máximos sobre os subsídios dos deputados estaduais, com base no número de habitantes do município. É preciso ressaltar que os limites são referencias, não significando terem os edis direito a perceberem subsídio correspondente ao valor máximo. Cabe à Câmara Municipal proc eder à fixação do valor, não havendo qualquer vinculação

4 Fls. 04 aos subsídios dos deputados estaduais, ou a critério de reajuste dos mesmos. Neste sentido posicionou - se esta Corte de Contas e o Tribunal de Contas de Santa Catarina: Parecer em Consulta TCEES 13/2003: SUBSÍDIO DOS VEREADORES - VINCULAÇÃO POR LEI MUNICIPAL AO SUBSÍDIO DOS DEPUTADOS ESTADUAIS - IMPROPRIEDADE - AUMENTO DE DESPESA COM PESSOAL OBSERVÂNCIA DO ARTIGO 71 DA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL, EXCETUANDO-SE O DISPOSTO NO ARTIGO 37, INCISO X DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. Prejulgado 1334/2003 TCSC: A alteração ou fixação dos subsídios dos Deputados Estaduais não autoriza nova fixação, alteração ou elevação automática do subsídio dos Vereadores no curso da legislatura;. Observe-se ter a norma constitucional traçado os limitadores máximos, cabendo a cada ente municipal, em consonância com sua realidade econômica e financeira, determinar o valor do subsídio a ser percebido pelos edis na legislatura subseqüente. Trata-se do princípio da anterioridade (insculpido no retro mencionado art. 29, IV). A Constituição Federal estabelece serem os subsídios fixados na atual legislatura para vigorar somente na legislatura subseqüente. Assim, há momento oportuno para que o pressuposto relativo ao número de habitant es do município seja aferido (de acordo com a última divulgação oficial do IBGE) e que o valor do subsídio (com base no percentual máximo autorizado) seja fixado. Alterações referentes ao número de habitantes e ao subsídios dos deputados estaduais ocorridas no curso da legislatura não têm o condão de repercutir nos valores dos subsídios dos vereadores. Tudo em consonância com os princípios orçamentários do planejamento e transparência. Pelas razões acima expostas, responde-se negativamente ao questionado. Em síntese: O município deve aferir os critérios estabelecidos na Constituição Federal no momento oportuno: na legislatura atual para vigorar na subseqüente. Alterações posteriores ao momento fixatório, ainda que novos dados oficiais sejam disponibilizados pelo IBGE, não possuem o condão de repercutir no valor a ser percebido pelos edis. CONCLUSÃO Deste modo, considerando o ordenamento pátrio aplicável ao presente caso e a fundamentação exposta, opinamos para, no mérito,

5 Fls. 05 responder ao questionado nos termos elencados neste feito. Esse é o nosso entendimento. PARECER Nº 0212/06 DA PROCURADORIA DE JUSTIÇA DE CONTAS: Cuidam os presentes autos de Consulta formulada pelo Senhor MANOEL ENDLICH, na qualidade de Presidente da Comissão de Constituição, Justiça, Direitos Humanos, Cidadania e Redação da Câmara Municipal de São Mateus. Apresenta o Consulente a seguinte indagação: Há possibilidade jurídica de ser apresentado Projeto de Lei, visando alteração de subsídio de vereador, no curso da legislatura, tendo em vista que o número de habitantes do município aumento, e, conseqüentemente, o percentual que fixa os referidos subsídios? Vieram os autos para apreciação desta Procuradoria de Contas, na forma regimental. Deve ser respondida a consulta. Inicialmente, insta ressaltar que a população de cada município é oficialmente divulgada pelo IBGE, sendo somente considerados tais dados oficiais, para se estabelecer o limite do percentual a ser considerado. Analisando o art. 29, VI da Carta Federal, verificamos que esta procurou estabelecer critérios para a fixação dos subsídios dos vereadores, preservando a autonomia municipal. Desta forma, foram fixados percentuais máximos sobre os subsídios dos deputados estaduais, com base no número de habitantes do município. Contudo, tais limites referenciais não significam que os edis tenham direito de perceberem subsidio corresponde ao valor máximo. Cabe ao Legislativo Municipal proceder a fixação do valor, não havendo qualquer vinculação aos subsídios dos deputados estaduais, ou a critério de reajuste dos mesmos. A norma constitucional traça os limites máximos, cabendo a cada ente municipal, de acordo com sua realidade econômica e financeira, determinar o valor do subsídio a ser percebido pelos edis na legislatura subseqüente. Trata-se do principio da anterioridade, o qual estabelece serem subsídios fixados na atual legislatura para vigorar somente na legislatura subseqüente. Assim, há momento oportuno para que o pressuposto relativo ao número de habitantes do município seja aferido (...) e que o valor do subsídio (...) seja fixado. Assim, alterações no numero de habitantes e nos subsídios dos deputados estaduais não tem o condão repercutir nos valores dos subsídios dos

6 Fls. 06 vereadores. Pelas razões expostas, respondemos negativamente à questão indagada pelo Consulente. Assim, adota esta Procuradoria de Contas o entendimento do corpo técnico, com as observações contidas neste Parecer, opinando no sentido de que esta Corte responda, de forma objetiva, aos questionamentos do Consulente. Presentes à sessão plenária da apreciação os Srs. Conselheiros Elcy de Souza, Vice-Presidente no exercício da Presidência, Enivaldo Euzébio dos Anjos, Relator, Mário Alves Moreira, Umberto Messias de Souza, Dailson Laranja e Marcos Miranda Madureira. Presente, ainda, o Dr. Ananias Ribeiro de Oliveira, Procurador-Chefe do Ministério Público junto a este Tribunal. Sala das Sessões, 14 de fevereiro de CONSELHEIRO ELCY DE SOUZA Vice-Presidente no exercício da Presidência CONSELHEIRO ENIVALDO EUZÉBIO DOS ANJOS Relator CONSELHEIRO MÁRIO ALVES MOREIRA CONSELHEIRO UMBERTO MESSIAS DE SOUZA CONSELHEIRO DAILSON LARANJA

7 Fls. 07 CONSELHEIRO MARCOS MIRANDA MADUREIRA DR. ANANIAS RIBEIRO DE OLIVEIRA Procurador-Chefe Lido na sessão do dia: FÁTIMA FERRARI CORTELETTI Secretária Geral das Sessões zwd/fbc