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Transcrição:

Ementa e Acórdão Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 10 07/10/2015 PLENÁRIO AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 3.402 SÃO PAULO RELATOR REQTE.(S) ADV.(A/S) INTDO.(A/S) ADV.(A/S) : MIN. DIAS TOFFOLI :GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO :PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DE SÃO PAULO :ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SÃO PAULO :YURI CARAJELESCOV EMENTA Ação direta de inconstitucionalidade. Lei nº 11.265/02 do Estado de São Paulo. Seguro obrigatório. Eventos artísticos, desportivos, culturais e recreativos com renda resultante de cobrança de ingressos. Inconstitucionalidade formal. Competência privativa da União. 1. Lei estadual nº 11.265/02, que instituiu a obrigatoriedade de cobertura de seguro de acidentes pessoais coletivos em eventos artísticos, desportivos, culturais e recreativos com renda resultante de cobrança de ingressos. Competência privativa da União para legislar sobre Direito Civil, Direito Comercial e política de seguros (CF, art. 22, I e VII). 2. Não se trata de legislação concernente à proteção dos consumidores (CF, art. 24, inciso VII, 1º e 2º), de competência legislativa concorrente dos estados-membros, pois a lei impugnada não se limita a regular as relações entre os consumidores e os prestadores de serviço, nem a dispor sobre responsabilidade por dano ao consumidor. Na verdade, cria hipótese de condicionamento da realização de alguns espetáculos ou eventos à existência de contrato de seguro obrigatório de acidentes pessoais coletivos. 3. Não obstante a boa intenção do legislador paulista de proteger o espectador, a lei do Estado de São Paulo criou nova modalidade de seguro obrigatório, além daquelas previstas no art. 20 do Decreto-Lei federal nº 73/66 e em outros diplomas federais, invadindo a competência privativa da União para legislar sobre direito civil, direito comercial e política de seguros (CF, art. 22, I e VII). documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 9949324.

Ementa e Acórdão Inteiro Teor do Acórdão - Página 2 de 10 ADI 3402 / SP 4. Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do, em sessão plenária, sob a presidência do Senhor Ministro Ricardo Lewandowski, na conformidade da ata do julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade de votos e nos termos do voto do Relator, em julgar procedente o pedido formulado na ação direta para declarar a inconstitucionalidade da Lei nº 11.265/02 do Estado de São Paulo. Brasília, 7 de outubro de 2015. MINISTRO DIAS TOFFOLI Relator 2 documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 9949324.

Relatório Inteiro Teor do Acórdão - Página 3 de 10 AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 3.402 SÃO PAULO RELATOR REQTE.(S) ADV.(A/S) REQDO.(A/S) ADV.(A/S) : MIN. DIAS TOFFOLI :GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO :PGE-SP - ELIVAL DA SILVA RAMOS :ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SÃO PAULO :YURI CARAJELESCOV RELATÓRIO O SENHOR MINISTRO DIAS TOFFOLI (RELATOR): Trata-se de ação direta de inconstitucionalidade, com pedido de medida cautelar, ajuizada, em 1º/2/05, pelo Governador do Estado de São Paulo, tendo por objeto a Lei nº 11.265, de 14 de novembro de 2002, do Estado de São Paulo, que instituiu a obrigatoriedade de contratação de seguro de acidentes pessoais coletivos em eventos artísticos, culturais, desportivos e recreativos. Eis o teor da lei impugnada: Artigo 1º - As pessoas jurídicas ou físicas que promovam eventos artísticos, desportivos, culturais e recreativos no Estado, com cobrança de ingresso, ficam obrigadas a contratar seguro de acidentes pessoais coletivos em benefício dos espectadores destes eventos, contra acidentes que neles eventualmente possam ocorrer, com, no mínimo, as seguintes garantias e capitais segurados: I - morte acidental: valor equivalente em reais a 10.000 (dez mil) UFIRs; II - invalidez permanente, total ou parcial, por acidente: valor equivalente em reais a 10.000 (dez mil) UFIRs; III - assistência médica, despesas complementares e diárias hospitalares: valor equivalente em reais a 2.000 (duas mil) UFIRs. Artigo 2º - Para fins da presente lei, dentre outros, são considerados eventos: I - exibições cinematográficas; II - espetáculos teatrais, circenses e de dança; documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 1150257.

Relatório Inteiro Teor do Acórdão - Página 4 de 10 ADI 3.402 / SP III - parques de diversão, inclusive temáticos; IV - rodeios e festas de peão boiadeiro; V - torneios desportivos e similares; VI - feiras, salões e exposições. Artigo 3º - O descumprimento da presente lei sujeitará o infrator ao pagamento de multa no valor equivalente em reais a 100.000 (cem mil) UFIRs, que será dobrado em caso de reincidência. Parágrafo único - O proprietário do imóvel que permitir a realização de evento sem a contratação do seguro será responsável solidária e subsidiariamente pelo pagamento de multa prevista no 'caput'. Artigo 4º - O Poder Executivo regulamentará a presente lei no prazo de 60 (sessenta) dias contados da publicação. Artigo 5º - As despesas decorrentes da execução desta lei correrão à conta de dotações orçamentárias próprias, consignadas no orçamento, suplementadas, se necessário. Artigo 6º - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. Sustenta o autor que a lei estadual, ao obrigar a contratação de seguro pessoal coletivo em eventos artísticos, culturais, desportivos e recreativos, não observou o comando constitucional dos incisos I e VII do art. 22 da Carta Magna, que determinam a exclusividade da União para legislar sobre direito civil e seguros. Afirma que a matéria relativa a seguros é de natureza civil, inviabilizando a intervenção dos Estados da federação em tal atividade. Além disso, a matéria está disciplinada pelo vigente Código Civil (arts. 757 a 802), bem como pelo Decreto-lei federal nº 73, de 21/11/66 e pela legislação superveniente. Distribuído o processo, os autos foram, então, conclusos ao então Ministro Relator Sepúlveda Pertence, que solicitou informações aos requeridos, nos termos do art. 12 da Lei nº 9.868/99 (fl. 13). Em suas informações, a Assembleia Legislativa do Estado afirmou que não legislou sobre seguro, mas sobre a obrigatoriedade de contratá-lo 2 documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 1150257.

Relatório Inteiro Teor do Acórdão - Página 5 de 10 ADI 3.402 / SP em certos eventos, sob o enfoque da legislação consumerista. Defendeu, então, o pleno exercício da competência estabelecida no art. 24, inciso VIII, da Constituição Federal. O Advogado-Geral da União manifestou-se pela improcedência da ação, na medida em que o ato impugnado não cria nova modalidade de seguro nem se propõe a regular qualquer dos objetivos da política nacional de seguros, limitando-se a veicular normas de proteção e defesa do consumidor. O Procurador-Geral da República opinou pela procedência da ação, em parecer assim ementado: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI FEDERAL (sic) Nº 11.265, DE 14.11.2002, QUE 'INSTITUIU NO ESTADO DE SÃO PAULO A OBRIGATORIEDADE DE COBERTURA DE SEGURO DE ACIDENTES PESSOAIS COLETIVOS EM EVENTOS ARTÍSTICOS, DESPORTIVOS, CULTURAIS E RECREATIVOS COM RENDA RESULTANTE DE COBRANÇA DE INGRESSOS'. - Afronta ao art. 22, inciso VII, da Constituição Federal. - Parecer pela procedência do pedido formulado na inicial. Questionados sobre a vigência da lei impugnada, a Assembleia Legislativa e o Governador do Estado de São Paulo firmaram viger o diploma e não ter ele sofrido qualquer alteração. É o relatório. 3 documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 1150257.

Voto - MIN. DIAS TOFFOLI Inteiro Teor do Acórdão - Página 6 de 10 07/10/2015 PLENÁRIO AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 3.402 SÃO PAULO VOTO O SENHOR MINISTRO DIAS TOFFOLI (RELATOR): O objeto da presente ação direta é a Lei estadual nº 11.265/02, na íntegra, a qual instituiu a obrigatoriedade de cobertura de seguro de acidentes pessoais coletivos em eventos artísticos, desportivos, culturais e recreativos com renda resultante de cobrança de ingressos. Anoto, inicialmente, que a competência para legislar sobre Direito Civil, Direito Comercial e política de seguros é privativa da União, como dispõe o art. 22, incisos I e VII, da Constituição Federal. De tal sorte, ao estabelecer que, nos eventos referidos, as empresas por eles responsáveis estão obrigadas a contratar seguro de acidentes pessoais e estão, consequentemente, sujeitas a sanções, a lei do Estado de São Paulo invadiu a relação obrigacional estabelecida entre as referidas entidades e as partes contratantes de seus serviços. A questão refere-se, portanto, à competência fixada na Constituição para se estabelecerem obrigações a empresas que são constituídas nos moldes do direito privado, bem como a contratação de seguro obrigatório. Cuida-se, então, de ordenação normativa que regula relações contratuais, temas de Direito Civil e de política de seguro, a respeito dos quais cabe à União legislar. A jurisprudência deste tem sido firme em casos semelhantes, afastando, por violação do art. 22, incisos I e VII, da Constituição, as leis estaduais que tratam do tema. Nessa linha: Ação direta de inconstitucionalidade. 2. Lei estadual que regula obrigações relativas a serviços de assistência médicohospitalar regidos por contratos de natureza privada, universalizando a cobertura de doenças (Lei nº 11.446/1997, do Estado de Pernambuco). 3. Vício formal. 4. Competência privativa da União para legislar sobre direito civil, comercial e sobre política de seguros (CF, art. 22, I e VII). 5. Precedente: ADI documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 9949322.

Voto - MIN. DIAS TOFFOLI Inteiro Teor do Acórdão - Página 7 de 10 ADI 3402 / SP no 1.595-MC/SP, Rel. Min. Nelson Jobim, DJ de 19.12.2002, Pleno, maioria. 6. Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente (ADI nº 1.646/PE, Tribunal Pleno, Relator o Ministro Gilmar Mendes, DJ de 7/12/06). CONSTITUCIONAL. LEI ESTADUAL QUE ESTABELECE UNIVERSALIDADE DA COBERTURA POR EMPRESAS PRIVADAS NOS CONTRATOS DE SEGURO SAÚDE. COMPETÊNCIA DA UNIÃO PARA LEGISLAR SOBRE DIREITO CIVIL E COMERCIAL. ART. 22, I, DA CF. IMPOSSIBILIDADE EM FACE DO NEGÓCIO JURÍDICO SINALAGMÁTICO. LIMINAR DEFERIDA (ADI nº 1.595/SP- MC, Rel. Min. Nelson Jobim, DJ de 19/12/02). É evidente, por outro lado, que não seria possível compreender a matéria como pertencente ao âmbito legislativo concorrente dos estadosmembros, sob o argumento de tratar-se de legislação concernente à proteção dos consumidores (CF, art. 24, incisos VII, 1º e 2º), como defendem a Assembleia Legislativa do Estado e a Advocacia-Geral da União. Isso porque a lei impugnada não se limita a regular as relações entre os consumidores e os prestadores de serviço, nem a dispor sobre responsabilidade por dano ao consumidor. Na verdade, cria, claramente, uma hipótese de condicionamento da realização de alguns espetáculos ou eventos à existência de contrato de seguro obrigatório de acidentes pessoais coletivos. Desse modo, o diploma questionado não está a regular a relação consumerista, sendo forçoso entender-se que a matéria disciplinada é de cunho civil e securitário, temas esses que escapam à competência legislativa do Estado. Ressalte-se, ainda, a existência de legislação federal sobre o tema. Com efeito, o Decreto-Lei federal nº 73/66, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Seguros Privados, em seu art. 20, estabelece as hipóteses de seguro obrigatório, dentre as quais não se encontram aquelas previstas na lei estadual ora impugnada. Confira-se: 2 documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 9949322.

Voto - MIN. DIAS TOFFOLI Inteiro Teor do Acórdão - Página 8 de 10 ADI 3402 / SP Art 20. Sem prejuízo do disposto em leis especiais, são obrigatórios os seguros de: a) danos pessoais a passageiros de aeronaves comerciais; b) responsabilidade civil do proprietário de aeronaves e do transportador aéreo; (Redação dada pela Lei nº 8.374, de 1991) c) responsabilidade civil do construtor de imóveis em zonas urbanas por danos a pessoas ou coisas; d) bens dados em garantia de empréstimos ou financiamentos de instituições financeiras pública; e) garantia do cumprimento das obrigações do incorporador e construtor de imóveis; f) garantia do pagamento a cargo de mutuário da construção civil, inclusive obrigação imobiliária; g) edifícios divididos em unidades autônomas; h) incêndio e transporte de bens pertencentes a pessoas jurídicas, situados no País ou nele transportados; i) (Revogado pela Lei Complementar nº 126, de 2007) j) crédito à exportação, quando julgado conveniente pelo CNSP, ouvido o Conselho Nacional do Comércio Exterior (CONCEX); l) danos pessoais causados por veículos automotores de vias terrestres e por embarcações, ou por sua carga, a pessoas transportadas ou não; m) responsabilidade civil dos transportadores terrestres, marítimos, fluviais e lacustres, por danos à carga transportada. Parágrafo único. Não se aplica à União a obrigatoriedade estatuída na alínea h deste artigo. É bem verdade que, no próprio caput do art. 20 acima transcrito, afirma-se que leis especiais podem estabelecer outras hipóteses de seguro obrigatório. Contudo, somente lei federal poderá dispor sobre a matéria, como é o caso, por exemplo, da Lei nº 6.194/74, que instituiu o seguro obrigatório de danos pessoais causados por veículos automotores de via terrestre DPVAT. 3 documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 9949322.

Voto - MIN. DIAS TOFFOLI Inteiro Teor do Acórdão - Página 9 de 10 ADI 3402 / SP Não obstante a boa intenção do legislador paulista de proteger o espectador, parece-me óbvio que a lei do Estado de São Paulo criou uma nova modalidade de seguro obrigatório, além daquelas previstas no art. 20 do Decreto-Lei federal nº 73/66 e em outros diplomas federais, invadindo, assim, a competência privativa da União para legislar sobre Direito Civil, Direito Comercial e política de seguros (CF, art. 22, I e VII). Ante o exposto, em virtude da inconstitucionalidade formal, voto pela procedência da presente ação direta, para declarar, com efeitos ex tunc, a inconstitucionalidade da Lei nº 11.265/02 do Estado de São Paulo. É como voto. 4 documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 9949322.

Extrato de Ata - 07/10/2015 Inteiro Teor do Acórdão - Página 10 de 10 PLENÁRIO EXTRATO DE ATA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 3.402 PROCED. : SÃO PAULO RELATOR : MIN. DIAS TOFFOLI REQTE.(S) : GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO ADV.(A/S) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DE SÃO PAULO INTDO.(A/S) : ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SÃO PAULO ADV.(A/S) : YURI CARAJELESCOV Decisão: O Tribunal, por unanimidade e nos termos do voto do Relator, julgou procedente o pedido formulado na ação direta para declarar a inconstitucionalidade da Lei nº 11.265/02, do Estado de São Paulo. Ausentes, justificadamente, os Ministros Celso de Mello e Gilmar Mendes. Presidiu o julgamento o Ministro Ricardo Lewandowski. Plenário, 07.10.2015. Presidência do Senhor Ministro Ricardo Lewandowski. Presentes à sessão os Senhores Ministros Marco Aurélio, Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Luiz Fux, Rosa Weber, Teori Zavascki, Roberto Barroso e Edson Fachin. Procurador-Geral da República, Dr. Rodrigo Janot Monteiro de Barros. p/ Fabiane Pereira de Oliveira Duarte Assessora-Chefe do Plenário Documento assinado digitalmente conforme MP n 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticardocumento.asp sob o número 9645243