Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde ISSN: Universidade Anhanguera Brasil

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Transcrição:

Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde ISSN: 1415-6938 editora@uniderp.br Universidade Anhanguera Brasil Gebrim Santos, Grazielle; Barbosa de Sousa, Juliana; Elias, Bruna Cristina Avaliação antropométrica e frequência alimentar em portadores de Síndrome de Down Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde, vol. 15, núm. 3, 2011, pp. 97-108 Universidade Anhanguera Campo Grande, Brasil Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=26021120009 Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe, Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto

Ensaios e Ciência Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde Vol. 15, Nº. 3, Ano 2011 AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA E FREQUÊNCIA ALIMENTAR EM PORTADORES DE SÍNDROME DE DOWN Grazielle Gebrim Santos Faculdade Anhanguera de Anápolis grazinutrirte@gmail.com Juliana Barbosa de Sousa Universidade Federal de Goiás - UFG joliesol127@yahoo.com.br Bruna Cristina Elias Faculdade Anhanguera de Anápolis nutricionista_brunaelias@hotmail.com RESUMO A Síndrome de Down é uma anomalia genética na qual o portador possui características próprias e inerentes que afetam o estado nutricional, são necessárias avaliações e intervenções nutricionais para que esses indivíduos possam ter uma melhoria na qualidade de vida, no crescimento e desenvolvimento. O objetivo foi realizar a avaliação antropométrica em pacientes de quatro a trinta anos de idade e analisar a frequência alimentar de portadores dessa síndrome. Foram coletados peso, altura, idade e sexo e lançados em curvas específicas. Por meio das curvas observou-se que ambos os sexos apresentam desde baixo peso a excesso de peso. A anamnese apontou preferência por alimentos gordurosos e industrializados. Os hábitos alimentares desses indivíduos apontam para um risco aumentado de excesso de peso e doenças cardiovasculares. Palavras-Chave: Síndrome de Down; avaliação antropométrica; frequência alimentar. ABSTRACT Down Syndrome is genetic disorder with own characteristic that affect nutritional status and this require assessments and nutritional interventions to these people have a best quality of life during the growth and development. The aim of this study was to assess anthropometric in patients four to thirty years of age and analyze the food frequency. Height, weight, age, gender were picked up and launched in specific curve. Through the curves has occurred the both the genders presented low weight and excess weight. The anamnesis shows preference for fatty and industrialized foods. The eating habits of these individuals indicate an increased risk of overweight and cardiovascular disease. Keywords: Down Syndrome; anthropometric evaluation; food frequency. Anhanguera Educacional Ltda. Correspondência/Contato Alameda Maria Tereza, 2000 Valinhos, São Paulo CEP 13.278-181 rc.ipade@aesapar.com Coordenação Instituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE

98 Avaliação antropométrica e frequência alimentar em portadores de Síndrome de Down 1. INTRODUÇÃO A Síndrome de Down (SD) é uma anomalia genética na qual o portador possui um cromossomo a mais no par de número 21, apresentando 47 cromossomos ao invés de 46, o que é chamado de trissomia do cromossomo 21 (MOURA et al., 2009). Portadores de SD possuem manifestações clínicas que comprometem seu estado nutricional, como hipotonia (na qual ocorre uma diminuição do tônus muscular), dificuldade na mastigação e deglutição, hipotireoidismo, taxa de metabolismo mais lenta e obstipação que refletem em um desenvolvimento inferior quando comparados aos não portadores desta síndrome, além de maior prevalência de obesidade. A incidência de SD na população brasileira varia de um caso a cada 700-800 nascimentos. A avaliação e intervenção nutricional tornam-se necessárias para que esses indivíduos possam ter um crescimento e desenvolvimento adequado, assim como um avanço em sua expectativa de vida (SILVA; DESSEN, 2002; LOPES et al., 2008; SIMÕES, 2009; MOURA et al., 2009). Cronk et al. (1988 apud SANTOS; FRANCESCHINI; PRIORE, 2006) elaboraram em 1988 as curvas para a realização de avaliação antropométrica de portadores de SD com base nos dados da população americana, incluindo as alterações características dos portadores como o hipotireoidismo e doenças cardíacas congênitas. A partir de então, outras curvas foram elaboradas em diferentes países (SANTOS; FRANCESCHINI; PRIORE, 2006; LOPES et al., 2008). No Brasil, Mustacchi (2002) elaborou índices de estatura por idade (E/I), peso por idade (P/I) e perímetro encefálico por idade (PC/I) por meio de um estudo realizado em São Paulo de 1980 a 2000, com uma amostra de 174 portadores de SD, no qual foram obtidos os dados de peso, estatura e perímetro cefálico (LOPES et al., 2008). No Brasil, a cada ano ocorrem aproximadamente três milhões de nascimentos, dos quais oito mil são portadores da síndrome de Down (MUSTACCHI, 2002). E apesar desta síndrome ter sido descoberta a mais de 144 anos, os estudos a seu respeito são poucos. Aspectos relativos a respeito das necessidades nutricionais destes indivíduos ainda são escassos na literatura, bem como, avaliações de desenvolvimento dos mesmos (LOPES et al., 2008). O objetivo do trabalho foi realizar a avaliação antropométrica e avaliar a frequência alimentar em portadores de Síndrome de Down em uma instituição na cidade de Anápolis, Goiás, e comparar as curvas antropométricas utilizadas no Brasil (CRONK et al., 1988 apud SANTOS; FRANCESCHINI; PRIORE, 2006) as de Mustacchi (2002).

Grazielle Gebrim Santos, Juliana Barbosa de Sousa, Bruna Cristina Elias 99 2. SÍNDROME DE DOWN Dentro das condições mais antigas relacionadas ao retardo mental a SD é a doença de maior destaque (DIBAI FILHO et al., 2010). Foi identificado como manifestação clínica pela primeira vez por Jonh Langdon Down, em 1866, o que explica a origem do nome (SIMÕES, 2009). Somente em 1959 foi comprovada a existência de um cromossomo extra na constituição cromossômica dos portadores da SD, caracterizando uma anomalia genética, que pode se apresentar de três tipos principais: trissomia 21, na qual o portador ao invés de apresentar 46 cromossomos por célula agrupados em 23 pares, apresenta um cromossomo a mais no par de número 21, totalizando 47 cromossomos, acomete aproximadamente 95% dos casos; translocação é apresentado 46 cromossomos, porém, um material cromossômico extra fica aderido a outro cromossomo, prevalente em cerca de 3%; e mosaicismo, células trissômicas aparecem ao lado de células normais, algumas possuem 47 e outras 46 cromossomos, presente em 2% dos casos (SILVA; DESSEN, 2002; PRADO et al., 2009). Segundo Dibai Filho et al. (2010) em países desenvolvidos a expectativa de vida desses indivíduos pode chegar aos 56 anos, e no Brasil apesar de não existir estudos concretos, acredita-se que seja em torno dos 50 anos. A expectativa de vida desses indivíduos vem aumentando, graças aos avanços nas melhorias dos atendimentos e na qualidade de vida. Em trabalhos como os de Mendonça e Pereira (2008), Moura et al. (2009), Prado et al. (2009) são apontados as necessidades da avaliação e intervenção nutricional para que os portadores desta síndrome possam ter uma melhoria na qualidade de vida, no crescimento e desenvolvimento, prevenção de doenças e uma longevidade tranquila. A avaliação do estado nutricional desse grupo possui um papel importante uma vez que desde o nascimento esses indivíduos se diferenciam dos demais. As crianças, na maior parte delas, nascem prematuras, apresentam um aumento acentuado no início do estirão de crescimento e uma baixa no crescimento linear, tornando se mais baixos em relação aos indivíduos sem a síndrome (LOPES et al. 2008). Em adolescentes e adultos observa-se uma maior prevalência de sobrepeso e obesidade, além de um aumento na concentração de gordura visceral (SILVA et al., 2009). A SD acarreta características próprias, entre elas pode-se citar: a base nasal achatada, fissuras palpebrais no sentido superior, pregas epicânticas, hipoplasia da região mediana da face, hipotonia muscular, pescoço curto, além de alterações que irão atrapalhar no estado nutricional como complicações no fígado, estômago, pâncreas,

2000). O estabelecimento de pontos de corte é uma maneira para conferir se os indivíduos 100 Avaliação antropométrica e frequência alimentar em portadores de Síndrome de Down intestino, boca e dentes pequenos, língua protusa e hipotônica, dificuldade de deglutição (SILVA; DESSEN, 2002; SIMÕES, 2009; MOURA et al., 2009). As características específicas aos indivíduos com SD podem ser observadas logo ao nascer, há uma baixa significativa do tônus muscular, devida a hipotonia, que pode levar a obstipações intestinais, os bebês apresentam dificuldades na sucção e deglutição e posteriormente com a mordida e mastigação. As crianças podem apresentar características que dificultarão no seu desenvolvimento normal, entre elas: cardiopatias congênitas, alterações endócrinas, obesidade, incidência de problemas cardíacos, doença celíaca, metabolismo mais lento e obstipação (SILVA; DESSEN, 2002; MOURA et al., 2009). 2.1. Fatores de risco para incidência da SD Pouco se sabe sobre as causas que levam a essa anomalia genética. A baixa ingestão de ácido fólico antes da gravidez e a idade reprodutiva da mãe são considerados fatores de risco. O fator endógeno mais associado à incidência da SD é a idade materna, provavelmente devida a uma deterioração das estruturas celulares necessárias para a separação dos cromossomos na meiose. Uma das explicações consideradas é de que a trissomia pode estar relacionada a erros na formação de quiasmas e a pareamento de cromossomos meióticos, assim como ao decréscimo da seleção contra óvulos e embriões aneuplóides em mulheres mais velhas (SILVA; DESSEN, 2002; SANTOS; FRANCESCHINI; PRIORE, 2006; SANTOS, 2006). A probabilidade de uma mulher de 34 anos ter uma criança com SD é de um nascimento para cada 392 mães com 34 anos (1/392), a chance de uma mulher entre 35 e 39 anos é aproximadamente 6,5 vezes maior do que para uma entre 20 e 24 anos, para uma mulher de 40 anos o risco aumenta para 1/80, entre 40 e 44 anos aumenta 20,5 vezes (SILVA; DESSEN, 2002; SANTOS, 2006; SILVA; SCHEID; SOUSA, 2009). 2.2. Avaliação nutricional dos portadores de SD O estado nutricional de uma criança interfere diretamente em seu crescimento e desenvolvimento, seja ele psicomotor e/ou social. O excesso ou déficit de qualquer valor nutricional (baixo peso, sobrepeso, baixa estatura, entre outros) causa alterações que poderão desenvolver riscos potenciais de agravos a saúde (SANTOS; LEÃO, 2008). Assim para estabelecer atitudes de intervenção é necessário avaliar corretamente o estado nutricional de um indivíduo ou de uma comunidade (SIGULEM; DEVINCENZI; LESSA,

Grazielle Gebrim Santos, Juliana Barbosa de Sousa, Bruna Cristina Elias 101 estão acompanhando o potencial genético para sua idade. Estes são determinados a partir de estudos epidemiológicos onde são avaliados os riscos de morbi-mortalidade em relação ao estado nutricional, debilidades funcionais e/ou sinais clínicos. Por meio dos dados encontrados foram criadas curvas de crescimento. Os pontos de corte associados às curvas e gráficos podem ser descritos como linhas divisórias capazes de especificar os que necessitam e os que não necessitam de intervenção, permitindo ainda discriminar níveis de má nutrição (SANTOS; FRANCESCHINI; PRIORE, 2006; SILVA; SCHEID; SOUSA, 2009). O Center for Disease Control and Prevention (CDC) dos Estados Unidos da América recomenda as curvas, propostas por Cronk et al. (1988 apud SANTOS; FRANCESCHINI; PRIORE, 2006). Estes pesquisadores também avaliaram a taxa de ganho estatural e de peso e compararam os resultados com a população americana sem a síndrome. Os resultados mostraram que as crianças com doença cardíaca congênita moderada ou grave apresentavam maior déficit de crescimento que aquelas sem a doença, ou que apresentavam a doença, porém leve (SANTOS; FRANCESCHINI; PRIORE, 2006; LOPES et al., 2008; MOURA et al., 2009). Na Espanha, seguindo os mesmos índices americanos foram criadas distribuições para crianças e adolescentes do terceiro mês aos 17 anos de idade (LOPES et al., 2008). No Reino Unido e República da Irlanda, Styles et al.(2002) construíram curvas do nascimento aos 18 anos para peso e comprimento/estatura, e até os 3 meses para perímetro cefálico, suas propostas foram apresentadas em curvas de percentis possuindo 9 divisões. Foram encontradas tendências de sobrepeso desde a infância, estendendo se até os 14 anos (SANTOS; FRANCESCHINI; PRIORE, 2006). Na Itália, Piro et al. (1990) elaboraram curvas avaliando peso, comprimento, estatura e perímetro cefálico, foram excluídas as crianças com mosaicismo e com morbidades associadas que interferem no crescimento, foi identificado déficit de crescimento nas crianças com SD em comparação as sem a síndrome (SANTOS; FRANCESCHINI; PRIORE, 2006; LOPES et al., 2008). Na Arábia Saudita, Al Husain elaborou curvas do índice peso por comprimento e estatura para crianças de 0 a 5 anos e comparou peso, comprimento, estatura e perímetro cefálico segunda faixa etária e o sexo (LOPES et al., 2008). Na Suécia, Myrelid et al. (2002) criaram curvas para o acompanhamento de peso, comprimento, estatura, circunferência cefálica, e Índice de Massa Corporal (IMC), segundo faixa etária e sexo, foram excluídas apenas pacientes que utilizavam hormônio de crescimento. Também foram encontradas

102 Avaliação antropométrica e frequência alimentar em portadores de Síndrome de Down diferenças no crescimento entre crianças e adolescentes com e sem a síndrome (SANTOS; FRANCESCHINI; PRIORE, 2006). Na Holanda, Cremers et al. (1996) construíram curvas para avaliação de peso, estatura, e peso/estatura, segundo idade e sexo, estes estudiosos perceberam que havia diferença entre curvas construídas a partir de dados longitudinais e transversais, utilizando para tal dados de uma sub amostra (SANTOS; FRANCESCHINI; PRIORE, 2006). No Brasil, Mustacchi (2002) realizou um estudo na região urbana de São Paulo, com 174 crianças de 0 a 8 anos de idade com SD. Este trabalho objetivou avaliar a concordância da classificação de crianças e adolescentes com SD, de ambos os sexos, quanto aos índices: peso por idade e estatura por idade (LOPES et al., 2008). 2.3. Intervenção nutricional na SD A educação alimentar do portador de SD é fator importante para um desenvolvimento harmonioso, sendo aspectos relevantes: mastigar bem, ingerir pequenas porções de alimentos e fracionar as refeições. A dieta deve ser equilibrada, devendo ser aderida, não apenas pelo portador, mas pelos demais membros da família. O tipo de alimento fornecido ao portador de síndrome de Down também influenciará sua educação alimentar. São estratégias importantes evitar, desde criança, o hábito de tomar refrigerante e comer muitos doces (MOURA et al., 2009). O incentivo ao consumo pelas frutas e hortaliças. Uma estratégia para combater o surgimento de infecções urinárias é o aumento da ingestão de sucos e refrescos ácidos que elevam o ph urinário. Os portadores de síndrome de Down, devida a hipotomia dos músculos, tendem a reter a urina por mais tempo na bexiga, formando um meio de proliferação de bactérias. A acidez urinária diminui as chances de sobrevivência destas bactérias (SIMÕES, 2009). Em um estudo sobre o ato de comer dos portadores de SD, realizado por Claretta e Chiorzi (2009), observou-se que esses indivíduos possuem preferências por alimentos extremamente calóricos e ricos em gorduras e açúcares. O acompanhamento nutricional se faz necessário desde os primeiros dias de vida da criança com SD, pois participa na prevenção de agravos à saúde devida as características patológicas inerentes da síndrome (SIMÕES, 2009). Os bebês com esta síndrome apresentam dificuldades com a deglutição e o aleitamento materno é essencial, tanto nutricionalmente, como nas demais funções, pois fornece todas as proteções necessárias, prevenindo infecções como trabalho muscular,

Grazielle Gebrim Santos, Juliana Barbosa de Sousa, Bruna Cristina Elias 103 ajudando a melhorar o tônus muscular dos lábios, boca e língua (MOURA et al., 2009).O ambiente familiar é de fundamental importância para a educação nutricional, é nele que se formam os hábitos alimentares desde a infância, criam se vínculos, estabelece o aprendizado de hábitos sociais e comportamentais (MUSTACCHI, 2002; CLARETTA; CHIORZI, 2009). Desta forma, a intervenção nutricional deve começar com os familiares. 3. METODOLOGIA Tratou-se de um estudo de caráter descritivo qualitativo, realizado com uma amostra de 10 indivíduos portadores de Síndrome de Down, de ambos os sexos, com idade entre 4 a 30 anos, atendidos em uma instituição situada na cidade de Anápolis - GO. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Anhanguera Educacional sob o registro n. 699/2011. 3.1. Avaliação antropométrica Para mensuração do peso o indivíduo estava posicionado em pé, com os pés paralelos na base da balança, descalço e com roupas leves. Para a aferição da estatura foi utilizado estadiômetro fixo a uma parede lisa sem rodapé, com o indivíduo em pé descalço, com os calcanhares juntos, tronco ereto e braços estendidos ao longo do corpo, o olhar fixo no horizonte e sem adereços na cabeça (SILVA; SCHEID; SOUSA, 2009). Para avaliação dos dados antropométricos para menores de 18 anos foram utilizadas as curvas propostas por Cronk et al. (1988 apud SANTOS; FRANCESCHINI; PRIORE, 2006) para faixa etária de 2 a 18 anos e de Mustacchi (2002) para faixa etária de 2 a 8 anos, relacionando E/I (estatura por idade) e P/I (peso por idade) sendo classificada a avaliação nutricional conforme a Tabela 1, e dos maiores de 18 anos foi aplicado o Índice de Massa Corporal IMC (kg/m²) utilizando os pontos de corte estabelecidos pelo SISVAN (2008) para adultos conforme Tabela 2. Tabela 1. Classificação dos pontos de corte para os valores de peso e estatura/comprimento, por percentil (PRADO et al., 2009) Percentil Classificação < P5 Baixo Peso ou baixo para idade P5 P95 Eutrofia < P95 Excesso de Peso ou alto para idade

104 Avaliação antropométrica e frequência alimentar em portadores de Síndrome de Down Tabela 2. Pontos de corte estabelecidos para adultos (SISVAN, 2008). IMC (kg/m 2 ) Diagnóstico nutricional < 18,5 Baixo Peso 18,5 e < 25 Adequado ou Eutrófico 25 e < 30 Sobrepeso 30 Obesidade 3.2. Frequência alimentar Avaliou-se as preferências alimentares com base no padrão desenvolvido por Silva, Scheid e Sousa (2009) com 79 itens, classificados em 11 grupos, sendo I Doces, salgados e guloseimas, II Fast food, III Leite e produtos lácteos, IV Óleos e gorduras, V Cereais, pães e tubérculos, VI Verduras, Legumes, VII Frutas VIII Leguminosas, IX Carnes e aves, X Bebidas e XI Outros. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1. Avaliação antropométrica O estudo foi realizado com 10 portadores de Síndrome de Down, de ambos os sexos, quatro do sexo feminino (40%) e seis do sexo masculino (60%), com faixa etária de quatro a trinta anos. Os maiores de 18 anos eram todas do sexo feminino e para a avaliação do estado nutricional foi calculado o índice de massa corporal (IMC). Pode-se observar grande variedade entre os resultados, sendo encontrados baixo peso, eutrofia e sobrepeso. A análise dos dados permite identificar não houve indivíduos classificados como baixo peso, representados pelo percentil menor que 5, já os classificados como eutróficos/estatura normal para idade apresentam-se entre o percentil 50 ao percentil 95 representando 83%, os classificados como altos para idade apresentam-se no percentil maior que 95 representando 17% da amostra, demonstrando que os portadores de Síndrome de Down possuem estatura normal à elevada para idade. Já o sexo feminino obteve apenas um representante, que ficou entre o percentil 50 e 95, sendo classificada como eutrófica/estatura normal para idade (Tabela 3). Tabela 3. Percentis estatura para idade (E/I), utilizando como base as curvas de Cronk et al. (1988 apud SANTOS; FRANCESCHINI; PRIORE, 2006). Sexo Percentil Percentil <P5 P5-P95 P5-P95 Masculino 0% 83% 17%

sobrepeso e obesidade (SILVA; SCHEID; SOUSA, 2009). Grazielle Gebrim Santos, Juliana Barbosa de Sousa, Bruna Cristina Elias 105 Na Tabela 4 são apresentados os percentis segundo o peso para idade, os classificados como baixo peso representados pelo percentil 5 foram 16% da amostra, os classificados como eutróficos representados pelos percentis 25, 50 e 75 foram juntos 65% da amostra e os classificados como excesso de peso representados pelo percentil 95 foram 16% para o sexo masculino. Já o sexo feminino obteve somente apenas um representante, que ficou acima do percentil 75, sendo classificada como eutrófica. Tabela 4. Porcentagem dos percentis peso para idade (P/I), utilizando como base as curvas de Cronk et al. (1988 apud SANTOS; FRANCESCHINI; PRIORE, 2006) Sexo Percentil Percentil <P5 P5-P95 P5-P95 Masculino 17% 66% 17% Feminino 0% 100% 0% A partir das curvas de Mustacchi (2002), obteve-se os seguintes resultados, apresentados nas Tabelas 5 e 6. O sexo feminino não teve representante destas curvas por serem todas maiores de 08 anos. Tabela 5. Porcentagem dos percentis estatura para idade (E/I), utilizando as curvas de Mustacchi (2002). Sexo Percentil Percentil <P5 P5-P95 P5-P95 Masculino 17% 66% 17% Feminino 0% 100% 0% Tabela 6. Porcentagem dos percentis peso para idade (P/I), utilizando as curvas de Mustacchi (2002). Sexo Percentil Percentil <P5 P5-P95 >P95 Masculino 0% 50% 50% Feminino 0% 0% 0% As curvas de Cronk et al. (1988 apud SANTOS; FRANCESCHINI; PRIORE, 2006)) e Mustacchi (2002) apresentaram somente uma discrepância, na qual, a curva de Cronk et al. (1988 apud SANTOS; FRANCESCHINI; PRIORE, 2006) considerou alto para idade e a de Mustacchi (2002) considerou eutrófico. Em função do pequeno número amostral não se pode fazer conclusões quanto as suas divergências, mas em trabalhos como os de Prado et al. (2009) e de Silva, Scheid e Sousa (2009) é possível observar a diferença entre o estado nutricional classificados pelos dois padrões de referência. Discordâncias que podem ser devido o intervalo entre um trabalho e outro ou ao fato das populações serem de países diferentes com seus próprios costumes e cultura, que podem levar a um aumento do

106 Avaliação antropométrica e frequência alimentar em portadores de Síndrome de Down 4.2. Anamnese Por meio do questionário feito com os portadores de Síndrome de Down juntamente com um responsável realizou-se a frequência alimentar, observando suas preferências, sendo I Doces, salgados e guloseimas, II Fast food, III Leite e produtos lácteos, IV Óleos e gorduras, V Cereais, pães e tubérculos, VI Verduras, Legumes, VII Frutas VIII Leguminosas, IX Carnes e aves, X Bebidas e XI Outros. Os resultados obtidos estão expostos na Figura 1. Figura 1. Porcentagem da preferência alimentar dos portadores de Síndrome de Down. A maioria dos indivíduos apresentou uma alimentação variada, contendo cereais, leguminosas, verduras, carnes, frutas e leite e derivados. Todos apresentaram preferência a alimentos calóricos e com alto teor de sódio como doces, bolachas recheadas, refrigerantes, salgados, pizza, sorvete, batata frita etc. Os hábitos alimentares descritos apontam para maior incidência de excesso de peso, associado aos vários distúrbios inerentes a doença que comprometem a mastigação e deglutição e deficiência de alguns nutrientes como o zinco, mostra a importância do acompanhamento nutricional destes indivíduos para aumentar sua qualidade de vida (SILVESTRE; ANDRADE; BATTIROLA, 2005; SILVA; SCHEID; SOUSA, 2009). 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A maioria dos indivíduos era menor de 18 anos e seus hábitos alimentares apontam para um risco aumentado para doenças cardiovasculares e excesso de peso, associados às alterações metabólicas da própria SD potencializando os agravos que irão refletir em sua

Grazielle Gebrim Santos, Juliana Barbosa de Sousa, Bruna Cristina Elias 107 vida adulta. O acompanhamento nutricional desde o nascimento mostra-se eficaz para elevar a qualidade de vida dessa população. Por meio deste trabalho pode-se observar a escassez de trabalhos referentes a avaliação nutricional na Síndrome de Down no Brasil. Notou-se a necessidade de novas pesquisas relacionadas e a padronização de curvas de crescimento brasileira para esta deficiência, o que auxiliaria no trabalho dos profissionais a prescrição de um diagnóstico correto e o melhor tratamento ou medidas preventivas. REFERÊNCIAS CLARETTA, A.; CHIORZI, A.R. O ato de comer e as pessoas com Síndrome de Down. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v.62, n.3, p.480-484, 2009. CREMERS, M.J.G.; TWEEL, I.V.D.; BOERSMA, B.; WIT, J.M.; ZONDERLAND, M.J. Journal of Intellectual Disability Research, v. 40, n. 05, p. 412-420, 1996. DIBAI FILHO, A.V.; NASCIMENTO, M.V.; SCALA, T.L.; PAZ, A.S. O. Avaliação da qualidade de vida em crianças com síndrome de Down. Revista Inspirar, movimento e Saúde, Curitiba, v. 2, n. 2, p. 17-21, 2010. LOPES, T S.; FERREIRA, D.M.; PEREIRA, R.A.; VEIGA, G.V.; MARINS, V.M.R. Comparação entre distribuições de referência para a classificação do estado nutricional de crianças e adolescentes com síndrome de Down. Jornal de Pediatria, Rio de Janeiro, v. 84, n. 4, p. 350-356, 2008. MENDONÇA, G.V.; PEREIRA, F.D. Medidas de composição corporal em adultos portadores de Síndrome de Down. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 22, n. 3, p. 201-210, 2008. MYRELID, Å.; GUSTAFSSON, J.; OLLARS, B.; ANNERÈN, G. Growth charts for Down s syndrome from birth to 18 years of age. Archives of Disease Childhood, v. 87, p.97 103, 2002. MOURA, A. B.; MENDES, A.; PERI, A.; PASSONI, C. R. M. S. Aspectos nutricionais em portadores da Síndrome de Down. Cadernos da escola de saúde, Curitiba, p.1-11, 2009. MUSTACCHI, Z. Curvas padrão pôndero-estatural de portadores de Síndrome de Down procedentes da região urbana da cidade de São Paulo. 2002. 210 f. Tese (Doutorado) Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002. PIRO, E.; PENNINO, C.; CAMMARATA, M.; CORSELLO, G.; GRENCI, A.; LO GIUDICE, C. Growth charts of Down syndrome in Sicily: evalution of 382 children 0-14 years of age. American Journal of Medical Genetics, v. 07, p. 66-70, 1990. PRADO, M.L.; MESTRINHERI, L.; FRANGELLA, V.S.; MUSTACCHI, Z. Acompanhamento nutricional de pacientes com Síndrome de Down atendidos em um consultório pediátrico. O mundo da saúde, São Paulo, v. 33, n. 3, p. 335-346, 2009. SANTOS, A.L.; LEÃO, L.C. Perfil antropométrico de pré-escolares de uma creche em Duque de Caxias, Rio de Janeiro. Revista Paulista de Pediatria, São Paulo, v. 26, n. 3, p. 218-224, 2008. SANTOS, J.A. Estado Nutricional, composição corporal e aspectos dietéticos, socioeconômicos e de saúde de portadores de síndrome de Down, Viçosa-MG. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais, 2006. SANTOS, J.A.; FRANCESCHINI, S.C.C.; PRIORE, S.E. Curvas de crescimento para crianças com Síndrome de Down. Revista Brasileira de Nutrição Clínica, Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais, v. 21, n. 2, p. 144-148, 2006. SIGULEM, D.M.; DEVINCENZI, M.U.; LESSA, A.C. Diagnóstico do Estado Nutricional da Criança

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