ALTERAÇÕES POSTURAIS EM ESTUDANTES DE FISIOTERAPIA



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Transcrição:

ALTERAÇÕES POSTURAIS EM ESTUDANTES DE FISIOTERAPIA Paula Lopes Rodrigues, Eloá Ferreira Yamada, Andréia Sant`Ana, Karini Paula Capucho, Mayara Pinto dos Santos da Rocha, Vanessa Rodrigues Gomes Centro Universitário Vila Velha, R. Mercúrio, s/n, Boa Vista, CEP 29117-116, Vila Velha - ES, endereço eletrônico: paula.rodrigues@uvv.br; eloa@uvv.br Resumo- O objetivo do trabalho foi detectar alterações posturais em estudantes de Fisioterapia. Participaram do trabalho, 22 alunos do curso de Fisioterapia do Centro Universitário Vila Velha, com média de idade 20,9+6,4 anos. Realizou-se a avaliação estática em ortostase nos planos frontal e sagital, observando o equilíbrio entre cabeça, ombros, colunas, pelve e joelhos. No plano frontal, 100 dos alunos apresentaram inclinação e/ou rotação da cabeça; 50 apresentaram ombro elevado à direita e 45,5, elevação à esquerda; 72,7 elevação de pelve; 90,9 joelhos varos ou valgos. No plano sagital, 77,3 possuem a cabeça anteriorizada com 59,1 retificação da coluna cervical, 45,5 apresentaram aumento da cifose torácica e 50 aumento da curvatura lombar. Verifica-se uma grande incidência de desvios posturais nos estudantes avaliados, e sugere a necessidade de um programa voltado para atenção primária e terciária a fim de minimizar e/ou evitar a progressão das alterações encontradas. Palavras-chave: Fisioterapia, Alterações Posturais Área do Conhecimento: Fisioterapia Introdução Uma postura correta consiste no alinhamento do corpo, um estado de equilíbrio entre músculos e ossos, junto às eficiências fisiológicas e biomecânicas máximas, o que minimiza o estresse e as sobrecargas sofridas aos sistemas de apoio pelo efeito da gravidade (PALMER e EPLER, 2000; BACK e LIMA, 2009). Cada indivíduo apresenta uma característica postural própria, que pode ser influenciada por fatores desde os genéticos aos psicológicos, fisiológicos, experiências físico-motoras e vícios posturais, desencadeando um desalinhamento postural (REGO e SCARTONI, 2007). Dessas alterações, as mais comumente vistas são a Hipercifose, caracterizada pelo aumento exagerado da curvatura torácica; a Hiperlordose, um aumento exacerbado da curvatura lombar ou cervical; e a Escoliose, caracterizada pelo desvio lateral esquerdo ou direito da coluna vertebral (KENDALL et al., 2007). De acordo com as literaturas atuais é cada vez maior o número de pessoas com desvios posturais, devido a agentes estressores e externos no cotidiano dos indivíduos. Principalmente as pessoas que trabalham em terminais de computadores ou alunos que passam maior parte do tempo sentados (CARNEIRO et al., 2005). Recentemente, na cidade de São Paulo, cônscio da importância de se evitar danos posturais futuros em crianças, o prefeito Gilberto Kassab, sancionou em dezembro uma lei municipal, a qual institui a Campanha Permanente de Educação Postural nas Escolas de Ensino Fundamental da cidade de São Paulo, inserindo o fisioterapeuta permanentemente nas escolas, para um trabalho preventivo de alterações posturais (ALTHEMAN, 2009). Destaca-se assim a importância da postura correta e sua correção na infância e juventude, o que possibilitará um retardo ou até mesmo um bloqueio na evolução destes desvios posturais, além de evitar dores constantes nas mais diversas regiões do corpo, atrapalhando assim a execução das atividades diárias e influenciando diretamente na qualidade de vida. Esse estudo teve por objetivo a detecção de alterações posturais em estudantes do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Vila Velha. Metodologia Este estudo, descritivo de corte transversal, teve a amostra composta de 22 estudantes do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Vila Velha, em Vila Velha ES, selecionados por conveniência. A avaliação postural foi realizada através de protocolo baseado nas técnicas e pontos referenciais determinados por Liposcki et al. (2007). Os estudantes foram observados na posição ortostática, em vista anterior, posterior e perfil, com o auxílio do quadro postural (simetrógrafo). Foram analisadas as seguintes estruturas: cabeça, ombro, colunas cervical, torácica e lombar, pelve e membros inferiores. 1

Resultados Os resultados apresentados foram obtidos através de avaliações em alunos do curso de Fisioterapia do Centro Universitário Vila Velha, de ambos os sexos, sendo 7 do sexo masculino e 15 do sexo feminino, de distintos períodos, com média de idade de 20,86+6,44 anos. Os resultados serão apresentados em forma de tabelas para melhor visualização. Foram descritos o alinhamento da cabeça, ombros, pelves, joelhos, pés e coluna. Na Tabela 1, observa-se o desnivelamento da pelve em 17 dos avaliados, com prevalência da elevação da espinha ilíaca ântero-superior(eias) de um dos lados o que pode indicar a presença de escoliose lombar ou diferença de tamanho dos membros inferiores. O nivelamento das EIAS apresenta-se em 22,73 dos alunos e o seu desnivelamento em 77,27, com elevação da EIAS, esquerda ou direita, dos alunos avaliados. Tabela 1 Prevalência de alterações na EIAS na vista anterior Elevação de EIAS 17 77,27 EIAS nivelada 05 22,73 Na Tabela 2, verifica-se que a prevalência de alterações nos ombros é menor em relação à pelve, com 59,09 dos avaliados apresentando desnivelamento de ombros. Tabela 2 Prevalência de alterações nos ombros na vista anterior Ombros elevados 13 59,1 Ombros nivelados 09 40,9 As alterações de joelho, de acordo com a Tabela 3, foram observadas em 19 alunos avaliados e destes, 13 (59,59) apresentaram joelhos valgos e 6 (27,27) joelhos varos. Tabela 3 - Alterações de joelho na vista anterior Joelho Valgo 13 59,09 Joelho Varo 06 27,27 Normal 03 13,14 avaliados, apresentaram rotação com inclinação e 68,18 apresentaram somente rotação da cabeça. Tabela 4 - Prevalência de alterações no Nivelamento da cabeça na vista posterior Cabeça inclinada 2 9,09 Cabeça rodada 13 59,09 Cabeça inclinada e rodada 6 27,27 Cabeça alinhada 1 4,55 As alterações do pé encontradas representam 40,9 pés planos e 59,1 pés cavos, descritos na tabela 5. Tabela 5 - Alterações do pé na vista posterior Pé Cavo 13 59,1 Pé Plano 9 40,9 Pé Normal 0 0 Na vista posterior observou-se a presença de 54,55 curvatura lateral da coluna torácica e 13,64 da coluna lombar, conforme tabela 6. Propondo incidência de escoliose em 68 da população estudada. Tabela 6 - Desvios laterais da coluna vertebral na vista posterior Coluna Torácica 12 54,55 Coluna Lombar 03 13,64 Alinhada 07 31,81 A Tabela 7 apresenta a prevalência de protusão de ombros em 4,55 avaliados, o que pode indicar uma postura inadequada dos alunos com posicionamento cifótico da coluna vertebral. E a Tabela 8 demonstra a presença de anteriorização da cabeça em 5 avaliados, acompanhando a protração de ombros apontada na Tabela 7, caracterizando-se desta forma o reflexo da adoção de uma postura inadequada, com flexão da cabeça e de ombros. Justificando a cifose torácica observada na tabela 9. A Tabela 4 demonstra alterações no nivelamento da cabeça 31,82 dos alunos 2

Tabela 7 - Alterações de ombro na vista lateral Ombro protuso 20 90,9 Ombros alinhados 02 9,1 Tabela 8 - Alterações no posicionamento da cabeça na vista lateral Cabeça anteriorizada 05 22,73 Cabeça posteriorizada 17 77,27 Cabeça alinhada 0 0 Tabela 9 - Alterações da coluna cervical no plano sagital Cifose Torácica 11 50 Alinhamento 11 50 As alterações da coluna lombar estão descritas na tabela 10, onde, de todos os estudantes avaliados 50 apresentam aumento da lordose lombar. Tabela 10 - Alterações da coluna lombar no plano sagital Lordose Lombar 11 50 Retificação Lombar 07 31,82 Alinhamento 04 18,18 Discussão A postura corporal adotada pelos estudantes em seu cotidiano, os hábitos de vida impróprios, as atividades de vida diária, os equipamentos utilizados no dia-a-dia, o possível uso inadequado da mecânica corporal, estilo de vida cada vez mais voltado para a inatividade podem ser fatores que contribuem para uma postura cada vez mais precária. O número de estudantes de fisioterapia que apresentaram alterações posturais é grande e pode também estar relacionado a causas fisiológicas e naturais do desenvolvimento e crescimento. Em nosso estudo as principais alterações encontradas foram desalinhamento da cabeça, desnivelamento dos ombros e pelve, joelho valgo e pés cavo. Corroborando com o estudo de Pinto e Lópes (2003), que estudando 205 adolescentes com idade entre 17 e 23 anos, encontraram 39,5 de joelho valgo, 60 anteversão pélvica, 37,9 rotação interna do ombro e 45,9 pés cavo. Com relação ao desalinhamento dos ombros, na vista anterior e posterior, Penha et al. (2005) dizem que esta alteração está associada ao lado dominante do indivíduo, sendo o ombro mais baixo correspondente ao lado dominante. Segundo Bienfait (1995), num processo ascendente os apoios do pé no chão condicionam ou são condicionados pela estática dos segmentos superiores. Não há boa estática sem bons apoios, sejam as deformidades dos pés causa ou conseqüência. Isso acarreta desequilíbrio no alinhamento dos membros inferiores, principalmente pois falta no homem uma 'articulação no tornozelo. Essas alterações podem ser responsáveis por todo desequilibrio da coluna vertebral, que também achamos em nosso estudo. Pelo menos 50 da população estudada apresentou algum tipo de desalinhamento na coluna, seja aumento da cifose torácica, da lordose lombar ou ainda um desalinhamento no plano frontal, ou seja, escoliose. Carneiro et al. (2005), estudando a postura de estudantes de educação física da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) encontrou 69,6 de escoliose, 30,5 de hipercifose e 17,4 de lordose; sendo 72,2 de mulheres e 100 dos homens apresentarem alguma alteração postural. Segundo Braccialli e Vilarta (2000), aqueles alunos que transportam seu material escolar em mochilas apresentam maior tendência a desequilíbrios do tronco levando a desequilíbrios musculares e sobrecargas indevidas em determinados pontos da coluna. O que de fato pode contribuir para a instalação de alteração na postura. Diógenes et al. (2007), avaliando adultos obesos de 21 a 50 anos, encontraram maiores alterações em região lombar e pélvica. Julgando ser principalmente pela ineficiência do músculo abdominal. Sobre o aumento de lordose lombar, Detsch e Candotti (2001) comentam que até os 9 anos de idade a presença desta alteração é considerada como uma alteração do desenvolvimento, uma vez que não há estabilidade postural, gerando a necessidade de busca pelo equilíbrio corporal através da protusão abdominal e aumento da inclinação pélvica anterior. A partir dos 9 anos de idade, este processo não é mais necessário e o aumento da lordose lombar passa e ser considerada uma alteração postural anormal, que deve ter intervenção terapêutica, a fim de minimizar a agravação do problema. Um aumento da cifose torácica foi encontrado em 50 da população estudada. Segundo Xhardez (1998), disfunções posturais da coluna 3

torácica são vistas com freqüência cada vez maior a medida que a população se torna mais sedentária, os sintomas são, produzidos pelo mau posicionamento e pela falta de movimento. De acordo Verdéri (2001), o aumento da curvatura cifótica promove certas alterações anatômicas como cintura escapular projetada para frente; cabeça anteriorizada (hiperlordose cervical). Porém nossos achados discordam com a literatura, apesar de 86,36 da população apresentarem ombros protusos, não encontramos a mesma proporção de anteriorização da cabeça. Existem inúmeros fatores ambientais que influenciam no desenvolvimento e manutenção da boa postura. Após um indivíduo iniciar a vida escolar, a quantidade de tempo gasto na posição sentada aumenta consideravelmente devendo tanto a cadeira como a carteira serem ajustáveis (KENDALL et al., 2007). É então a partir desse desajuste ergonômico prolongado que muitas das alterações surgem e se fixam pela ação muscular, resultando em exageros de curva e deslocamentos laterais que prejudicam a função, levando a processos degenerativos na coluna vertebral e aos desalinhamentos de outras estruturas corporais. É vasto o material encontrado sobre pesquisas relacionadas aos desvios em crianças de até 16 anos de idade, porém são raras as referências bibliográficas e estudos que possibilitem entendimento sobre os casos e alterações na vida adulta. Conclusão Os resultados obtidos neste estudo evidenciaram que os estudantes de Fisioterapia do Centro Universitário Vila Velha, apresentaram um elevado índice de desvios posturais, sendo desalinhamento da cabeça, desnivelamento dos ombros e pelve, joelho valgo, pés cavo, aumento da cifose torácica, da lordose lombar e escoliose os mais predominantes. No entanto faz-se necessário outros estudos para descrever com maior clareza alterações posturais em estudantes universitários e sugere um programa voltado para atenção primária e terciária a fim de minimizar e/ou evitar a progressão das alterações encontradas Referências - ALTHEMAN, F. Lição de casa: cuidar de você! Revista Crefito SP. Ano 6, edição 1, p. 10-15, 2009. - BACK, C. M. Z.; LIMA, I. A. X. Fisioterapia na Escola: Avaliação Postural. Fisioterapia Brasil. V. 10, n. 2, p. 72-77, 2009. - BIENFAIT, M. Fisiologia geral. Os desequilíbrios estáticos. 3. ed. São Paulo: Summus. p. 13-29, 1995. - BRACCIALI, L. M. P.; VILARTA, R. Aspectos a serem considerados na elaboração de programas de prevenção e orientação de problemas posturais. Revista Paulista de Educação Física. V. 14, n. 2, p. 159-71, 2000. - CARNEIRO, J. A. O.; SOUSA, L. M. S.; MUNARO, H. L. R.; Predominância de desvios posturais em estudantes de Educação Fisica da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Rev. Saúde Com. V. 1, n. 2, p.118-123, 2005. - DETSCH, C.; CANDOTTI, C. T. A incidência de desvios posturais em meninas de 6 a 17 anos da cidade de Novo Hamburgo. Movimento. Porto Alegre. n.15, p. 43-56, 2001. - DIOGENES, N. C.; QUIXADÁ, M. O.; MORANO, M. T. Avaliação das alterações posturais em indivíduos obesos. Terapia Manual. V. 5, n. 22, p. 318-321, 2007. - KENDALL, F. P.; McCREARY, E. K.; PROVANCE, P. G. Músculos provas e funções. 5ª edição. São Paulo: Manole. 2007. - LIPOSCKI, D. B.; NETO, F. R.; SAVALL, A. C.; Validação do conteúdo do Instrumento de Avaliação Postural - IAP. Revista Digital Buenos Aires. Ano 12, n. 109, 2007. - PALMER, L. M.; EPLER, M. E. Ombro, In: Palmer, LM; Epler, ME. Fundamentos das técnicas de Avaliação Musculoesquelética. 2ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 2000. - PENHA, P. J.; JOÃO, S. M. A.; CASAROTTO, R. A.; AMINO, C. J.; PENTEADO, D. C. Postural assessment of girls between 7 and 10 years of age. Clinics. V.60, n.1, p.9-16, 2005. - PINTO, H. H. C., LÓPES, R. F. A. Problemas Posturais em alunos do Centro de Ensino Médio 01 Paranoá Brasília DF. Disponível em: http://geocities.yahoo.com.br/gagaufera2003/. Acesso em: 25 ago.2009. - REGO, A. R. O. N.; SCARTONI, F. R. Alterações Posturais de Alunos de 5ª e 6ª Séries do Ensino Fundamental. Fitness and Performance Journal. V. 7, p. 10-15, 2008. - VERDERI, É. Programa de educação postural. São Paulo: Phorte. 2001. 4

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