CONCLUSÃO Aos 17 dias do mês de Fevereiro de 2016, faço estes autos conclusos ao Juiz de Direito Mário José Milani e Silva. Eu, Anderson Cantão Silva - Escrivã(o) Judicial, escrevi conclusos. Vara: 4ª Vara Cível Processo: 0013707-40.2014.8.22.0007 Classe: Procedimento Ordinário (Cível) Requerente: Neidalina Timm Strutz Requerido: Instituto Nacional do Seguro Social - Inss Vistos etc. NEIDALINA TIMM STRUTZ, brasileira, casada, RG 112.197 SSP/RO, CPF 520.881.702-00, residente e domiciliada na Linha 03 Mineração, Lote 75, Gleba 03, Zona Rural, Ministro Andreazza-RO, por intermédio de seu advogado regularmente habilitado, ingressou em juízo com AÇÃO PREVIDENCIÁRIA contra INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL - INSS, pessoa jurídica de direito público, autarquia federal, sediada na Avenida Jorge Teixeira, esquina com Costa e Silva, nº 99, Porto Velho/RO, alegando em síntese que é segurada da Previdência Social na condição de trabalhadora rural e vem atravessando sérios problemas de saúde, estando incapacitada para exercer atividades laborativas. Relata que ingressou administrativamente com pedido de benefício em 21.01.2014, porém teve seu pedido negado sob a alegação de inexistência de incapacidade laboral. Menciona que a decisão que indeferiu seu pedido foi injusta e arbitrária, haja vista estar incapacitada para exercer suas atividades habituais. Afirma que preenche todos os pressupostos legais para a concessão do benefício do auxílio doença, bem como a sua conversão em aposentadoria por invalidez. Ao fecho pugna pela procedência do pedido e condenação do Pág. 1 de 7
requerido nos encargos de sucumbência. Veio a inicial instruída com procuração, declaração de pobreza, documentos pessoais, cópia de carteira de trabalho, certidão de casamento, requerimento de benefício, comunicação de decisão, receituários, laudos, notas fiscais do produtor, exames. O requerido foi citado e apresentou contestação fls. (31/34), onde menciona a necessidade de início de prova material para comprovação do exercício de atividade rural e descreve os requisitos para concessão do benefício de auxílio-doença, bem como da aposentadoria por invalidez. Ao final requer a improcedência do pedido formulado na inicial. A Autora retorna aos autos para rebater os argumentos da contestação, requerendo a procedência do pedido. Foi designada perícia sendo o laudo juntado às fls. 54/55. A Autora, intimada a se manifestar sobre o laudo pericial, enfatizou que restou demonstrada sua incapacidade parcial e permanente para realização de atividades laborais, pugnando pela total procedência do pedido. O INSS analisando o Laudo produzido pelo perito judicial, mencionou ser a incapacidade parcial e passível de reabilitação para atividades leves e requereu a improcedência do pedido. Vieram os autos conclusos para decisão. É O RELATÓRIO. DECIDO. Versam os presentes autos sobre AÇÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO inaugurada por NEIDALINA TIMM STRUTZ contra o INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL INSS. O art. 194 da Constituição Federal estipula: A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, a previdência e a assistência social. Ainda nossa Carta Magna em seu art. 201 determina: A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados os Pág. 2 de 7
critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e atenderá nos termos da lei: I cobertura de eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada 2º nenhum prejuízo que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor inferior ao salário mínimo. Em complemento e regulamentando o comando constitucional foi publicada a Lei 8213 de 24/07/1991, onde se encontram os seguintes dispositivos: I- quanto ao segurado: a) auxílio doença; Art. 18 o regime geral da previdência social compreende as seguintes prestações, devidas inclusive em razão de eventos decorrentes de acidente de trabalho, expressas em benefícios e serviços: Art. 59 o auxílio doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual, por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Art. 62 o segurado em gozo de auxílio doença, insusceptível de recuperação para sua atividade habitual, deverá submeter-se a processo de reabilitação profissional para o exercício de outra atividade. Na mesma linha encontra-se o art. 42 da Lei 8213/91: Art. 42 a aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio doença, fora considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição; 1º Concluindo a perícia médica inicial pela existência de incapacidade total ou definitiva para o trabalho, a aposentadoria por invalidez será devida. O auxílio doença é um benefício devido aos segurados que depois de cumprida, quando for o caso, a carência exigida, ficarem incapacitados para o seu trabalho ou para sua atividade habitual por mais de 15 dias. A aludida carência prende-se a necessidade de existência de 12 contribuições mensais, sendo ela dispensável quando a incapacidade para o Pág. 3 de 7
trabalho decorreu de acidente de qualquer natureza ou causa nas situações em que ela foi motivada pela ocorrência de doenças especificadas na lista elaborada pelo Ministério da Saúde e Previdência. Como se sabe, o auxílio doença pode cessar pela recuperação da capacidade para o trabalho ou por sua transformação em aposentadoria por invalidez como se pretende nestes autos. Atento a estes informes, para a conversão do auxílio doença em aposentadoria por invalidez, isto ocorrerá em caso de incapacidade total ou definitiva para qualquer atividade profissional sem possibilidade de recuperação do segurado. Depreende-se que o fundamental ponto de afirmação, que serve de deslinde à questão da concessão do referido benefício, reside na verificação da real condição de incapacidade, isto é, de não suscetibilidade de reabilitação do segurado, mediante exame médico pericial, para o desempenho de sua atividade laboral. No caso em exame, a autora trouxe com a inicial documentos que comprovam sua qualidade de agricultora e segurada especial, atendendo o requisito que permite construir a prova indiciária documental que nossos tribunais exigem.. agricultora. Seus documentos pessoais tambem a identificam como sendo As notas fiscais de fls. 25/27 estampam a venda de produtos agrícolas além de aquisição de insumos. No que tange ao aspecto de incapacitação, para demonstrar sua incapacidade laboral, a Autora juntou aos autos laudos médicos que demonstram um quadro de gonartrose bilateral com indicação de afastamento definitivo das atividades braçais. Para aclarar esse contexto, foi designada perícia judicial, tendo sido apresentado laudo as fls. 54/55, ocasião em que o perito nomeado por este juízo, Dr. Alexandre Resende, relata ser a Autora portadora de espondilodiscoartrose lombar e gonartrose esquerda e direita. Relata estar a autora com incapacidade parcial e permanente, o que a torna incapaz para o desenvolvimento de atividades laborais que dependam Pág. 4 de 7
de esforços físicos acima de leves, sugerindo seu afastamento definitivo. A Autora possui baixo grau de escolaridade, sempre trabalhou com atividades que exigem esforços físicos e já possui idade superior a 55 anos, tendo sido constatada uma incapacidade parcial e permanente, e, segundo mencionou o médico perito, não há possibilidade de reabilitação profissional para a atividade por ela exercida. Seria desarrazoável pretender que a Autora, já com mais de 55 anos e com baixo nível de estudo, busque trabalho que não seja braçal, principalmente em um país que a taxa de desemprego para os aptos, jovens e saudáveis já ultrapassa o percentual de 10%, lembrando ainda que seria inclusive viavel hoje a postulação de aposentadoria rural por idade. Estabelecida a incapacidade para as atividades desenvolvidas pela autora de forma definitiva, deve ser concedida a aposentadoria a partir da data do ajuizamento da ação, qual seja, 15.12.2014. Isto posto e por tudo mais dos autos constam, JULGO com apoio no art. 487 - I do Código de Processo Civil, e dispositivos da Lei 8.213/91, PROCEDENTE a AÇÃO PREVIDENCIÁRIA ajuizada por NEIDALINA TIMM STRUTZ contra o INSTITUTO NACIONAL DE SEGURO SOCIAL INSS e, via de consequência CONDENO o requerido promover a imediata implantação e pagamento da APOSENTADORIA POR INVALIDEZ em favor da autora, tomando-se por marco inicial, o ajuizamento da ação, ou seja, 15.12.2014. Os valores não pagos deverão sofrer correção monetária e acréscimo de juros legais de 6% (seis por cento) ao ano até o efetivo pagamento, ficando permitido o abatimento de quaisquer quantias eventualmente já pagas à autora no período. Condeno ainda o INSS ao pagamento dos honorários advocatícios, estes fixados no importe correspondente a R$ 1.500,00 (Um mil e quinhentos reais), valor já atualizado até esta data e obtidos consoante os critérios do artigo 85 2º do Código de Processo Civil. Não obstante o teor da súmula nº 178 do STJ, isento está o INSS do pagamento das custas e demais despesas processuais, haja vista o disposto no art. 3º da Lei Estadual n. 301/90. Sentença não sujeita a reexame necessário, eis que, atento ao valor da causa, o qual não foi impugnado, depara-se que, em sendo atualizado, não ultrapassa a alçada de 1000 (um mil) salários mínimos conforme preconiza Pág. 5 de 7
o artigo 496-3º inciso I do C.P.C. do codigo revogado: Nesse sentido, já decidiu a 5ª Turma do STJ ainda sob a otica PROCESSUAL CIVIL. VALOR CERTO. ARTIGO 475, 2º, DO CPC. ALTERAÇÃO DADA PELA LEI 10.352/01. PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. AGILIZAÇÃO. SESSENTA SALÁRIOS MÍNIMOS. NÃO OBRIGATORIEDADE. SENTENÇA ILÍQUIDA. AFERIÇÃO. DATA DA PROLAÇÃO DA SENTENÇA. CRITÉRIOS E HIPÓTESES ORIENTADORES DO VALOR. PRECEDENTES. RECURSO DESPROVIDO. I - A alteração dada pela Lei 10.352/01 ao artigo 475, 2º do Código de Processo Civil tem aplicação imediata. II - Para a compreensão da expressão "valor certo" que consta do parágrafo 2º do artigo 475 da Lei Processual vigente, impõe-se considerar o espírito do legislador que, com a intenção de agilizar a prestação jurisdicional, implementou diversas alterações recentes no Código de Processo Civil. III - Neste contexto, não é razoável obrigar-se à parte vencedora aguardar a confirmação pelo Tribunal de sentença condenatória cujo valor não exceda a sessenta salários mínimos. A melhor interpretação à expressão "valor certo" é de que o valor limite a ser considerado seja o correspondente a sessenta salários mínimos na data da prolação da sentença, porque o é uma condição de eficácia desta. Assim, será na data da prolação da sentença a ocasião adequada para aferir-se a necessidade de ou não de acordo com o "quantum" apurado no momento. Precedentes. IV - Consoante anterior manifestação da Eg. Quinta Turma desta Corte, quanto ao "valor certo", deve-se considerar os seguintes critérios e hipóteses orientadoras: a) havendo sentença condenatória líquida: valor a que foi condenado o Poder Público, constante da sentença; b) não havendo sentença condenatória (quando a lei utiliza a terminologia direito controvertido - sem natureza condenatória) ou sendo esta ilíquida: atualizado até a data da sentença, que é o momento em que deverá se verificar a incidência ou não da hipótese legal. Precedentes. VI - Agravo interno desprovido (AgRg no RESP 710504, Relator Ministro Gilson Dipp). Intime-se o requerido para dar cumprimento a sentença implantando o benefício. Sentença registrada automaticamente no SAP. Publique-se. Intime-se. Pág. 6 de 7
Cacoal-RO, segunda-feira, 21 de março de 2016. Mário José Milani e Silva Juiz de Direito RECEBIMENTO Aos dias do mês de Março de 2016. Eu, Anderson Cantão Silva - Escrivã(o) Judicial, recebi estes autos. REGISTRO NO LIVRO DIGITAL Certifico e dou fé que a sentença retro, mediante lançamento automático, foi registrada no livro eletrônico sob o número 505/2016. Pág. 7 de 7