Seguradora Centauro Vida e Previdencia S/A Juiz Prolator: Juiz de Direito - Dr. Jairo Cardoso Soares Data: 20/05/2010

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1 COMARCA DE TRÊS DE MAIO 2ª VARA Av. Uruguai, 679 Nº de Ordem: 162/2010 Processo nº: 074/ (CNJ: Natureza: Cobrança Autor: Andre Felipe Prauchner Réu: Seguradora Centauro Vida e Previdencia S/A Juiz Prolator: Juiz de Direito - Dr. Jairo Cardoso Soares Data: 20/05/2010 Vistos etc. ANDRÉ FELIPE PRAUCHNER ajuizou a presente AÇÃO DE COBRANÇA em face da SEGURADORA CENTAURO VISA E PREVIDÊNCIA S/A, todos já qualificados. Aduziu que no dia 02 de novembro de 2005 envolveu-se em um acidente de trânsito, sendo que na ocasião conduzia o veículo GM Kadett, quando perdeu o controle e colidiu em uma árvore e, posteriormente, em um muro. Referiu que em razão desse sinistro sofreu lesões corporais graves que resultaram em sua invalidez permanente, caracterizadas pelo encurtamento de membro inferior, lesão maxilofacial, lesões cerebrais, com perda da capacidade de memória, dificuldade de raciocínio e outras leões de cunho neurológico. Aduziu que é beneficiário para o recebimento da verba indenizatória referente ao seguro DPVAT, em face da incidência do disposto na Lei 1

2 nº /74. Destacou que não há necessidade de realização de prova pericial, pois já houve perícia médica quando do procedimento administrativo. Relatou que não houve o pagamento administrativo porque constava nos cadastro da seguradora o processo judicial referente as despesas médicas. Requereu a procedência da ação, condenando a parte ré ao pagamento, a título de indenização do seguro obrigatório equivalente ao montante de 40 salários mínimos nacionais vigentes na data da propositura da ação, acrescidos de correção pelo IGPM e juros de 1% ao mês. Pediu a AJG e a condenação do requerido ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios em 20%. Juntou documentos. Foi deferida a AJ (fl. 72). Devidamente citada a ré apresentou contestação (fls ). Preliminarmente, alegou ser necessária a inclusão da Seguradora Líder SA em substituição do polo passivo da demanda. No mérito, alegou a prescrição trienal da ação, bem como a necessidade de expedir ofício ao INSS, a fim de constatar a data da invalidez. Sustentou inexistir comprovação de invalidez suportada pelo autor diante da ausência do laudo médico oficial. Referiu que as Turmas Recursais têm reconhecido a competência legal do CNSP de regular o valor das indenizações, bem como salientou que não há mais como vincular todos os sinistros ao pagamento de R$ ,00, ou, nos casos anteriores à MP 340, a 40 salários mínimos. Fez referência quanto aos juros legais, correção monetária e honorários advocatícios. Ao final, requereu o acolhimento da preliminar e que seja reconhecida a prescrição, ou, não sendo o caso, o julgamento de improcedência da ação. Juntou documentos. 2

3 Houve réplica (fls ). Instadas as partes quanto as provas a produzir, o demandado requereu a expedição de ofício para o INSS a fim de verificar se existe processo administrativo referente ao benefício previdenciário em nome do autor (fl. 146). Já o autor requereu a designação de perícia médica (fls ). parte autora (fls ). Juntado aos autos o procedimento administrativo referente a Vieram os autos conclusos. É O RELATO. PASSO A DECIDIR. art. 330 do CPC. Passo ao julgamento antecipado da lide, na forma do inciso I do PRELIMINARES Quanto à preliminar de inclusão da Seguradora Líder S/A no polo passivo da demando, entendo que não prospera. Isso porque no sistema do seguro DPVAT todas as seguradoras 3

4 integrantes do convênio podem ser acionada para a cobrança da indenização. Assim, poderá a parte autora demandar contra qualquer das conveniadas, ainda que seja para requerer apenas a complementação da indenização, pois não há litisconsórcio necessário, mas sim facultativo, de forma que a parte autora não é obrigada a demandar contra ambas as seguradoras, tendo a prerrogativa de ajuizar a ação apenas em relação a uma delas. Quanto à prescrição alegada pelo demandado, verifico que efetivamente há sua incidência do caso dos autos. A indenização pleiteada decorre de um seguro de responsabilidade civil obrigatório, através do qual a vítima de acidente de trânsito está coberta contra o risco apresentado pela utilização de veículos automotores no prazo legal, dispondo o artigo 206, 3º, IX, do Código Civil: Prescreve em três anos a pretensão do beneficiário contra o segurador, e a do terceiro prejudicado, no caso de seguro de responsabilidade civil obrigatório. O acidente que vitimou e deixou o autor com sequelas ocorreu no ano de 2005, sendo que o termo inicial da contagem do prazo prescricional, no caso dos autos, é em 29 de março de 2006, data em que foi constatada a invalidez decorrente do nexo causal entre o sinistro e as lesões decorrentes. Ocorre que entre a data da constatação da invalidez do autor (29/03/2006) e o ajuizamento da ação (14/08/2009), transcorreram 3 anos e 4 meses. Ademais, não houve pagamento administrativo, o qual também 4

5 serviria como causa de alteração do marco inicial do prazo prescricional, permanecendo irretocado o momento a partir do qual passou a fluir o direito de ação da autora. Portanto, considerando que transcorreu mais de três (03) anos entre a data em que foi constatada a invalidez e o ajuizamento da presente ação, e que nesse período não houve sequer pagamento administrativo, ocorreu a prescrição da pretensão do beneficiário. Diante do exposto, JULGO EXTINTO o feito, sem resolução de mérito, em face da ausência do interesse processual, com base no artigo 269, inc. IV do CPC. Condeno o autor ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios a favor dos procuradores da parte adversa, que fixo em R$ 510,00 (quinhentos e dez reais), corrigidos pelo IGP-M, considerando a diligência do advogado, a complexidade da causa, a dignidade do exercício da advocacia e os demais parâmetros previstos nos 3º e 4º do art. 20 do CPC. Considerando que a parte autora é beneficiária da AJG, fica suspensa a exigibilidade dos ônus sucumbenciais pelo prazo e forma dispostos no art. 12 da Lei nº 1.060/50. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. 5

6 Três de Maio, 20 de maio de Jairo Cardoso Soares, Juiz de Direito 6