Conferências, Protocolos e Acordos Ambientais. Prof.: Robert Oliveira Cabral

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Conferências, Protocolos e Acordos Ambientais Prof.: Robert Oliveira Cabral

Raízes do Ambientalismo O principal fator responsável pelo surgimento de uma consciência ambiental sobre a humanidade está relacionada as transformações e alterações promovidas pelas revoluções industriais, especialmente a 2 revolução (pós 1850). A degradação causa pela emissão de gases, retirada da cobertura vegetal, crescimento das cidades e ampliação das lavouras. Foi na segunda metade do s cula XIX que notamos as primeiras unidades de conservação: EUA - 1872 (Yellowstone). Canadá - 1885 Nova Zelândia - 1894 África do Sul e Austrália - 1898 Nestes unidades notamos as primeiras pesquisas e estudos sobre a vida natural nestes países, pós Charles Darwin.

Primeiras Conferências A primeira reunião promovida, tendo como plano de fundo a preservação do meio ambiente ocorreu na Grã Bretanha em 1933. Esta reunião ficou conhecida como Convenção para a Preservação da Flora em seu Estado Natural. A finalidade era proibir a caça, extração de qualquer tipo, pesca e qualquer atividade que colocasse em risco a biodiversidade, sendo cobrada uma ação sobre os demais Estados europeus. Em 1940, os EUA promoveu uma reunião semelhante nomeada Convenção para a Proteção da Flora da Fauna e das Belezas Cênicas dos Países da América, com a finalidade de expandir sobre o projeto iniciado na Inglaterra.

Clube de Roma Em 1968 temos a primeira reunião ambiental de influência global, com a presença de cientistas, economistas e políticos de grande representatividade. A finalidade era discutir assuntos relativos a questão ambiental/ ecológica, tendo por base os estudos e pesquisas cientificas da relação entre o homem e os biomas. E nesta reunião que notamos o surgimento do Ecomalthusianismo, onde cientistas e políticos, principalmente dos países desenvolvidos alegavam que o crescimento das populações nos países subdesenvolvidos estabelecia uma forte pressão sobre os recursos naturais. Esta visão era uma consequência do relatório gerado pelo MIT, encomendado pelos cientistas e publicado em 1972, intitulado Os Limites do Crescimento mas que ficou conhecido como Relatório do Clube de Roma ou Relatório Meadows (Dana Meadows - responsável pela produção do relatório no MIT).

Estocolmo-72 Esta foi a primeira conferência ambiental organizada pela ONU. É uma das mais importantes conferências, visto o embate entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos quanto as questões relativas ao desenvolvimento. Os países desenvolvidos defendiam o congelamento do desenvolvimento econômico mundial em defesa dos diversos biomas planetários. Já os países subdesenvolvidos defendiam o desenvolvimento de suas economias a partir dos seus recursos naturais, visto que tal medida já havia sido feita pelos países desenvolvidos. Este embates travaram o qualquer tipo de acordo e levaram a um estudo sobre caminhos alternativos para a manutenção do crescimento e preservação do meio ambiente. Contudo, neste contexto, a ONU cria a PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente).

A ONU Toma a Frente A ONU passou a ter uma ação mais ativa quanto a questão ambiental. Esta foi uma tendência após a 2 Guerra, onde organizações supranacionais passaram a ocupar os espaços diplomáticos e ações de interferência global. Já em 1948, sob a orientação da UNESCO, a ONU cria a UICN (União Internacional para a conservação da Natureza) A ONU passou a buscar acordos e ações internacionais para estabelecer caminhos para uma economia e exploração/administração sustentáveis dos recursos naturais. A partir da década de 1970, notamos uma maior credibilidade e aprofundamentos dos estudos e pesquisa científica que possibilitaram uma maior ação externa, através de uma série de encontros diplomáticos organizados pelos ONU.

A ONU Toma a Frente Dentre elas, temos: Conferência sobre Espécies da Flora e da Fauna Ameaçados de Extinção (1973). Prevenção da Poluição do Mar por Navios e Fontes Terrestres (1973/74). Conferência de Recursos Hídricos (1975). Conferência sobre Estabelecimentos Humanos (1976). Conferência sobre Desertificação (1977). Conferência sobre Fontes Renováveis de Energia (1981). Conferência sobre Poluição Transfronteiriça e sobre o Direito do Mar (1982).

Protocolo de Montreal e a Camada de Ozônio Em 1985, uma conferência em Viena trouxe a tona, com base em uma gama considerável de estudos científicos, a perfuração da camada de ozônio pela emissão dos CFCs. Em 1987 tivemos a elaboração de um documento de influência mundial que buscava reduzir a emissão destes gases em escala mundial. Cria-se então o Protocolo de Montreal. Contudo, grande parte dos países tornaram-se signatários em 1989, onde se prontificaram a reduzir em dez anos a emissão de quinze tipos de CFCs e outras substâncias que causavam o mesmo impacto sobre a camada de Ozônio.

RIO-92 e a Agenda 21 A principal reunião ambiental dentre todas as já estabelecidas, visto a gama de propostas e organismos que foram gerados desta conferência. O IPCC (Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas), Agenda 21 e o Desenvolvimento Sustentável

Savern Suzuki: A Menina que Calou o Mundo em 1992

Protocolo de Kyoto ou COP 3 Após a reunião sobre meio ambiente no Rio de Janeiro em 1992 (RIO-92), uma série de conferências anuais passaram a acontecer, tendo como marco inicial o ano de 1995. Este fato deriva da criação do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) em 1992 e a liberação anual dos relatórios a partir de 1995. Estes encontros foram batizados como Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas ou COP. A COP 3 em 1997, tornou-se uma das mais importantes em função da criação de metas de emissão de gases estufa pelas nações mais industrializadas e com maior índice de emissões. Este grupo de países com maior desenvolvimento industrial também ficou conhecido como "Países do Anexo I. O acordo só foi ratificado em 2005, quando a Russia se comprometeu a reduzir suas emissões e somados, todos 55 países que ratificaram o protocolo, chegavam a mais de 55% das emissões de gases estufa. Os EUA participou do protocolo mas não ratificou o acordo e em 2001 saiu do acordo.

RIO+10 Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (Joanesburgo, África do Sul) Foi uma das conferências mais aguardadas, visto as esperanças de profundas mudanças que poderiam ser postas em prática após os eventos de 11/09/2001. Contudo os resultados desta reunião foram um fracasso, visto que os países ricos não cancelaram as dívidas dos países mais pobres, assim como as perspectivas em reduzir 10% da produção energética vinculada a combustíveis fósseis por energia renovável. Este acordo foi vetado pelos EUA e os países integrantes da OPEP. A única vitória na RIO+10 foi a proposta de oferecer água potável para pelo menos a metade das pessoas que não possuem acesso. O prazo para atingir esta meta é até 2015.

RIO+20 A Economia Verde no Contexto do Desenvolvimento Sustentável e a Erradicação da Pobreza & A Estrutura Institucional para o Desenvolvimento Sustentável Esta foi a reunião onde foi depositada as maiores expectativas quanto aos resultados, visto a presença de diversos chefes de Estado e de governo. Um dos pontos marcantes desta reunião estava na perspectiva de menor representatividade política dos países centrais, em função da crise de 2008 e do crescimento das economias e do poder dos países emergentes, especialmente os BRICs. A propostas estabelecidas na conferência foram vagas e sem metas definidas em vários assuntos como "Produção & Consumo e "Investimento em Desenvolvimento Sustentável pelos Estados. Contudo, o que aconteceu foi um esvaziamento por parte dos chefes de Estado dos países da União Europeia, EUA, China e Rússia visto a perspectiva de nenhuma discussão ou resultado mais forte saindo da conferência. Outro ponto que seria discutido e foi retirado da pauta de discussões, por pressão do Vaticano, foi a menção aos direitos reprodutivos das mulheres.

Savern Suzuki :A Ambientalista