Tratado de Itaipu e a Ameaça aos Consumidores e Contribuintes Brasileiros



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Transcrição:

Tratado de Itaipu e a Ameaça aos Consumidores e Contribuintes Brasileiros Mensagem ao Congresso MSC 951/09 30 de Junho de 2010

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Tratado de Itaipu Contexto Histórico Tratado aprovado em 1973 pelos Congressos do Brasil e Paraguai Peça jurídica perfeita, assinada entre Estados, para blindar a usina de ataques oportunistas até 2023 (quando a dívida estará quitada) Objetivo do Tratado: construir a usina (com propriedade de 50% para Brasil e 50% para Paraguai) sem que o Paraguai aportasse nenhum recurso Viabilização da usina feita com base em dois mecanismos: 1) Financiamento vultoso (USD 27 bilhões) - 100% assumido pelo Brasil 2) Venda compulsória da energia não consumida pelo Paraguai ao Brasil - Venda que gerou o fluxo de caixa para pagar a dívida - Consumidores brasileiros pagaram pela energia mesmo sem precisar dela Geração de valor para o Paraguai: 1) Após 2023: Paraguai será dono de 50% de Itaipu sem investir nada 2) USD 4,9 bilhões (até março de 2009) em royalties, juros e energia cedida 3

Mensagem ao Congresso MSC 951/09 Os Efeitos para o Consumidor Brasileiro Em 25/07/2009 os presidentes do Brasil e Paraguai assinaram a Declaração Conjunta Construyendo una nueva etapa en la relación bilateral que embasou a MSC 951/09. Sem discussão prévia no Brasil. Pleitos do Paraguai: 1) Remuneração por cessão de energia: De USD 120 para USD 360 milhões Custo para o Brasil (2010 a 2023): USD 3,1 bilhões!!! 2) Construção de linha de transmissão sem custo para o Paraguai: Custo de USD 450 milhões: Quem pagará? 3) Paraguai poderá vender sua energia diretamente no mercado brasileiro O consumidor brasileiro, que já pagou (e continua pagando) pela construção de Itaipu, perderá novamente: distribuidoras brasileiras terão que buscar energia de outras fontes, a preços mais altos 4) Detalhe interessante: se as alterações provocarem perda ao Paraguai, voltamos ao arranjo atual 4

Definições Repasses US$ milhões em 2008 Rendimento de capital equivalente a 12%* sobre o capital integralizado 45 Royalties equivalente a US$ 650/GWh* ou, no mínimo US$ 18 milhões/ano 479 Encargo de Administração e Supervisão equivalente a US$ 50/GWh* 37 Remuneração por Cessão de Energia equivalente a US$ 300/GWh* da 118 energia cedida à outra parte * Corrigidos pelo fator de ajuste Despesas Dividido igualmente: 50% Eletrobras, 50% Ande Amortização de dívida obrigações contratuais amortizadas no exercício, 783 referente a empréstimos e financiamentos contraídas pela Itaipu Juros encargos financeiros de empréstimos e financiamentos Dividido igualmente: 1.277 50% Eletrobras, 50% Ande Despesas de exploração gastos imputáveis à prestação dos serviços 675 de eletricidade (gastos de operação e manutenção, inclusive as reposições causadas pelo desgaste normal dos equipamentos, administração e seguros) 5

Fluxo de origem e destino de recursos da Itaipu Binacional US$ 180 MM pagos pelo Paraguai Origens Reembolso de despesas Pagamento por fornecimento de energia Remuneração por cessão de energia Paraguai 5% Brasil 95% US$ 3.244 MM pagos pelo Brasil 95% das receitas de Itaipu para cobertura dos custos advém de pagamentos feitos pelo Brasil Fornecimento de energia Brasil 92% 87 mil GWh 92% da energia de Itaipu destina-se ao Brasil 8 mil GWh Paraguai 8% Custo médio Brasil: US$ 36,10/MWh Paraguai: US$ 23,14/MWh Despesas Despesas de exploração (US$ 675 MM) Amortização da dívida (US$ 783 MM) Juros sobre a dívida (US$ 1.277 MM) Saldo do ano anterior (US$ 9 MM) Paraguai 50% Brasil 50% US$ 2.745 MM Repasses Rendimento do capital (US$ 45 MM) Royalties (US$ 479 MM) Encargos de adm. e super. (US$ 37 MM) Rem. por cessão de energia (US$ 118 MM) US$ 679 MM Fonte: Demonstração das contas de Itaipu 2008. Análise e elaboração: Instituto Acende Brasil cessão de energia Paraguai 59% Brasil 41% Despesas de exploração, amortização e juros são compartilhadas igualmente entre o Brasil e o Paraguai Repasses de Itaipu destina-se 59% ao Paraguai e 41% ao Brasil Assimetria em favor do Paraguai devido à remuneração por cessão de energia paga àquele país 6

Renegociação da dívida da Itaipu Binacional em 2007 Memorando de Entendimento Brasil-Paraguai (Nota n o 28/2007) Lei no 11.480/2007 (Conversão da MP n o 357/2007) Em 2007, o governo brasileiro determina que: o reajuste anual pela inflação dos financiamentos do Tesouro Nacional e Eletrobras à Itaipu Binacional seja suprimido; renúncia fiscal do Tesouro Nacional seja restrita a 6% do reajuste anual; não haja renúncia fiscal por parte da Eletrobras; Renegociação dos Contratos de Financiamento da Itaipu Binacional Eletrobras fica responsável pelo pagamento da diferença; permite-se que a Eletrobras repasse a diferença aos consumidores brasileiros. Decreto n o 6.265/2007 (modifica Decreto n o 4.550/2002) Portaria Interministerial MF/MME n o 398/2008 Em suma: Renúncia fiscal brasileira beneficia apenas o Paraguai USD 8,3 bilhões previstos até 2023 7

Dívida da Itaipu Binacional Fluxos Financeiros Tesouro Nacional Brasileiro CREDORES Eletrobras Tesouro Nacional e Eletrobras concedem empréstimos à Itaipu Binacional Itaipu Binacional Paraguaios Brasileiros CONSUMIDORES 8

Dívida da Itaipu Binacional Fluxos Financeiros CREDORES A Itaipu Binacional paga anualmente o serviço da dívida Tesouro Nacional Brasileiro Eletrobras Amortização Taxa de juros Variação da inflação americana Itaipu Binacional Os custos são repassados aos consumidores dos dois países na proporção de suas respectivas potências contratadas Paraguaios Brasileiros CONSUMIDORES 9

Dívida da Itaipu Binacional Fluxos Financeiros CREDORES Memorando de Entendimento de 2007 altera as condições: Tesouro Nacional Brasileiro Eletrobras Autoriza o Tesouro Nacional e Eletrobras a suprimir a correção pela inflação dos EUA Itaipu Binacional Restringe a redução dos reajustes pela inflação a 6% para Tesouro Nacional 0% para Eletrobras Paraguaios Brasileiros Eletrobras responsável pelo pagamento da diferença CONSUMIDORES Permite à Eletrobras repassar os custos para os consumidores brasileiros 10

Dívida da Itaipu Binacional Fluxos Financeiros CREDORES Memorando de Entendimento de 2007 altera as condições: Tesouro Nacional Brasileiro Eletrobras Autoriza o Tesouro Nacional e Eletrobras a suprimir a correção pela inflação dos EUA Itaipu Binacional Restringe a redução dos reajustes pela inflação a 6% para Tesouro Nacional 0% para Eletrobras Paraguaios Brasileiros Eletrobras responsável pelo pagamento da diferença CONSUMIDORES Permite à Eletrobras repassar os custos para os consumidores brasileiros 11

Razões para não aprovar as alterações ao Tratado de Itaipu propostas na MSC 951/09 O texto da Mensagem, que faz parte da declaração conjunta Construyendo uma nueva etapa en la relación bilateral, assinado por Brasil e Paraguai em 25 de julho de 2009, não foi precedido por qualquer discussão técnica transparente. Para a assinatura do Tratado de Itaipu, em 1973, diversos desafios técnicos, financeiros e políticos tiveram de ser vencidos. O maior deles: como fazer com que os dois países fossem igualmente proprietários de metade da usina quando um deles, o Paraguai, não tinha nem recursos para o empreendimento nem mercado consumidor para a energia? 12

Razões para não aprovar as alterações ao Tratado de Itaipu propostas na MSC 951/09 A solução financeira para viabilizar Itaipu foi baseada em dois mecanismos: a) um financiamento de 27 bilhões de dólares gastos na construção da usina; b) A venda compulsória da energia não consumida pelo Paraguai para o Brasil. O financiamento: 100% do financiamento foi assumido pelo Brasil, que arcou com todas as dívidas no exterior e garantias do Tesouro Nacional exigidas pelos credores. Venda da energia excedente: o fluxo de caixa que daria sustentação aos pagamentos da dívida é baseado nos recursos obtidos com a compra compulsória, pelo Brasil, de toda a energia que o Paraguai não consome. Os compradores são os consumidores brasileiros que há décadas pagam o custeio de Itaipu embutido em suas contas de luz. Além do pagamento integral da dívida, que resultará na propriedade de 50% da usina para o Paraguai, o tratado estabeleceu que a tarifa brasileira contenha um adicional, sob o título de cessão de energia que viabilizasse para o Paraguai alguma receita líquida antes mesmo dos financiamentos estarem quitados. Até o presente, o Paraguai já recebeu bilhões de dólares a este título. 13

Razões para não aprovar as alterações ao Tratado de Itaipu propostas na MSC 951/09 Com a MSC 951/09, os pagamentos anuais feitos ao Paraguai a título de cessão de energia passarão de cerca de US$ 120 milhões para cerca de US$ 360 milhões. A diferença de US$ 240 milhões anuais (ou 3,1 bilhões de dólares até 2023) teria que ser paga: ou pelos consumidores brasileiros ou pelos contribuintes brasileiros Portanto, cumpre ao Congresso Nacional zelar para que alguns políticos e grupos e pressão econômica não desvirtuem um projeto exitoso para ambos os países. O Congresso Nacional do Brasil precisa enviar uma mensagem inequívoca: o Tratado não será alterado. 14