MAPA DA VIOLÊNCIA 2015: ADOLESCENTES DE 16 E 17 ANOS DO BRASIL

Documentos relacionados
Comunicado de Imprensa

Mapa da Violência 2012: Os Novos Padrões da Violência Homicida no Brasil. Consolidação dos Dados da Violência Homicida por Unidade Federada

EDUCAÇÃO: BLINDAGEM CONTRA A VIOLÊNCIA HOMICIDA?

A realidade do SAB para as crianças e adolescentes de 7 a 14 anos. O acesso à Educação

BOLETIM CAGED Cadastro Geral de Empregados e Desempregados. FEVEREIRO Comportamento do Emprego - Limeira/SP.

Caracterização do território

Famílias em busca de justiça, segurança e paz

no Estado do Rio de Janeiro

Geografia População (Parte 1)

Retropolação. Tabela 1 - Participação (%) e taxa acumulada ( ) do PIB a preços de mercado, segundo unidades da federação

Censo Demográfico Características da população e dos domicílios: Resultados do Universo

Geografia População (Parte 2)

PERFIL DAS MULHERES empreendedoras da Região Metropolitana do Rio de Janeiro

Sistema Integrado de Pesquisas Domiciliares

Diretoria de Pesquisas Coordenação de Serviços e Comércio - COSEC PESQUISA MENSAL DE SERVIÇOS PMS

Taxa de Ocupação (em %)

Em 30 anos, menos crianças desnutridas e mais adolescentes acima do peso

Saúde e mortalidade nos BRICs

Rodrigo Leandro de Moura Gabriel Leal de Barros

setembro/2014 São Miguel dos Campos Dados secundários + questionário Fontes: Atlas Brasil 2013; IDEB 2013; Mapa da violência 2012; Mapa DCA.

Anuário Estatístico de Turismo

Acre. Tabela 1: Indicadores selecionados: mediana, 1 o e 3 o quartis nos municípios do estado do Acre (1991, 2000 e 2010)

LABORATÓRIO DE ESTUDOS DA POBREZA - LEP

1.2 Vitimização Agressão física

3º ANO PROF.: REGINA COSTA

Análise dos dados

Sinopse Estatística do Ensino Superior Graduação

A MULHER NO MERCADO DE TRABALHO

Maio São Paulo. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE

Pesquisa Mensal de Emprego

Maranhão. Tabela 1: Indicadores selecionados: mediana, 1º e 3º quartis nos municípios do estado do Maranhão (1991, 2000 e 2010)

Renda, pobreza e desigualdade no Espírito Santo

Aumento do emprego contrasta com desindustrialização em SP e RJ

HETEROGENEIDADE REGIONAL

A Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal (RIDE-DF) no Censo 2010

SOLUÇÃO DA PROVA DE MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO DO INSS TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL PROVA BRANCA.

Exercícios de estrutura da população

Farmácia. Indicadores das Graduações em Saúde Estação de Trabalho IMS/UERJ do ObservaRH

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA NO MUNICÍPIO DE MARINGÁ/PR

Vigilância em Saúde Indígena Síntese dos Indicadores 2010

Presença a do Estado no Brasil: Federação, Suas Unidades e Municipalidades

O mercado de trabalho na Região Metropolitana de Salvador: uma análise retrospectiva de 2009 e as perspectivas para 2010

QUANDO A GUERRA ACABA, A VIDA TOMA O SEU LUGAR

Dinâmica populacional. Porto Alegre 2015

Foto: Harald Schistek

2º ano do Ensino Médio. Ciências Humanas e suas Tecnologias Geografia

Boletim eletrônico trimestral sobre a participação das mulheres no mercado de trabalho a partir dos dados da - Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE -

2.1 Educação. Por que Educação? Comparação Internacional. Visão 2022

TAXA DE OCUPAÇÃO HOTELEIRA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

Síntese do panorama da economia brasileira 3

OBSERVATÓRIO DO TRABALHO DE DIADEMA

NOTA TÉCNICA Nº 1. Governo do Estado da Bahia Secretaria do Planejamento (Seplan) Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI)

Curso de Especialização em Saúde da Família Modalidade a Distância. Unidade 2 Módulo 3 Taxa ou coeficiente de mortalidade infantil

Nota Técnica 1 Déficit Habitacional no Brasil Resultados Preliminares

ICEI Índice de Confiança do Empresário Industrial Julho/07 Interiorização da Sondagem

INDICADORES DE SAÚDE I

Pernambuco. Tabela 1: Indicadores selecionados: mediana, 1º e 3º quartis nos municípios do estado de Pernambuco (1991, 2000 e 2010)

Maio Belo Horizonte. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE

Educação e Escolaridade

Podem as empresas sustentáveis contribuir para o cumprimento dos objetivos propostos pelas Metas do Milênio

Boletim nº VIII, Agosto de 2012 Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná Ocepar, Curitiba. agroexportações

Consumo nacional deve chegar a R$ 3,9 tri neste ano, mas expansão se mantém fora do eixo das capitais, diz estudo

Panorama do Trabalho Infantil em Mato Grosso

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO NÚCLEO DE ESTUDOS DE SAÚDE COLETIVA FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE SAÚDE DE NITERÓI PROGRAMA MÉDICO DE FAMÍLIA

PRODUTIVIDADE DO TRABALHO Fevereiro de 2014

Informe Epidemiológico Doenças Crônicas Não Transmissíveis

DETERMINANTES DO CRESCIMENTO DA RENDA

PROCEDIMENTOS UTILIZADOS NA REALIZAÇÃO DA PESQUISA:

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO Secretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social Centro de Imprensa. Índice Futuridade

DEPEC Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos SHOPPING CENTER ABRIL DE 2016

Noções Básicas sobre

mais MULHERES na política 1 Maioria dos brasileiros apoia reforma política para garantir maior participação das mulheres IBOPE Mídia e Direitos

QUEM SÃO OS ASSISTENTES SOCIAIS NO BRASIL?

PRODUTO INTERNO BRUTO DO DISTRITO FEDERAL

PARTICIPAÇÃO FEMININA NO MERCADO DE TRABALHO BRASILEIRO 1

Inadimplência Pessoa Física Regional

Renda per capita do brasileiro diminui e se distancia de países emergentes

As Mulheres nos Mercados de Trabalho Metropolitanos

Taxa de mortalidade infantil Descrição

Previdência social no Brasil: desajustes, dilemas e propostas. Paulo Tafner

Perfil das pessoas físicas tomadoras de operações de crédito nas cooperativas brasileiras

Primeiros resultados definitivos do Censo 2010: população do Brasil é de pessoas

VCMH/IESS. Variação de Custos Médico Hospitalares. Edição: Agosto de 2014 Data-base: Dezembro de 2013 SUMÁRIO EXECUTIVO

Experiência Brasileira

TESTE DE AVALIAÇÃO DE HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE PORTUGAL

Enfrentamento ao Homicídio de Jovens Evidências Empíricas e Sugestões de Políticas Públicas

Tábuas Completas de Mortalidade por Sexo e Idade Brasil 2012

INDX apresenta estabilidade em abril

Análise do perfil da Poliomielite no Brasil nos últimos 10 anos

PESQUISA DE OPINIÃO PÚBLICA

ESTADOS DO NORTE LIDERAM PARTICIPAÇÃO DOS CONSÓRCIOS NAS VENDAS DE VEÍCULOS AUTOMOTORES NO PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2014

Comissão de Infraestrutura do Senado Federal Cenário do Saneamento Básico e suas Oportunidades

MOTO 2007 INTRODUÇÃO VÍTIMAS FROTA MOTOCICLISTAS ACIDENTES FERIDOS 2006 CONCLUSÃO

Taxa de desemprego diminui

Informações sobre Beneficiários, Operadoras e Planos

2. Acidentes de trânsito: as vítimas

SÍNTESE DO COMPORTAMENTO DO MERCADO DE TRABALHO FORMAL EM ALAGOAS, PARA JUNHO DE 2015

PESQUISA DE OPINIÃO PÚBLICA

Os Processos de Construção e Implementação de Políticas Públicas para Crianças e Adolescentes em Situação de Rua 1

Transcrição:

MAPA DA VIOLÊNCIA 2015: ADOLESCENTES DE 16 E 17 ANOS DO BRASIL Julio Jacobo Waiselfisz SUMÁRIO EXECUTIVO CRÉDITOS Autor: Julio Jacobo Waiselfisz Assistente: Silvia Andrade Magnata da Fonte Revisão: Margareth Doher

1. AS FONTES A fonte básica para a análise dos homicídios no país, em todos os mapas da violência até hoje elaborados, é o Sistema de Informações de Mortalidade (SIM) da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde (MS). Para as comparações internacionais foram utilizadas as bases de dados de mortalidade da OMS 1, em cuja metodologia baseia-se também o SIM do Ministério da Saúde. 2. HISTÓRICO DAS CAUSAS DE MORTALIDADE DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES A esperança de vida da população brasileira cresceu significativamente nas últimas décadas em função dos avanços na qualidade de vida, na medicina e na cobertura das instituições de saúde. Também entre as crianças e adolescentes, na faixa de 0 a 19 anos, a mortalidade cai rapidamente: entre 1980 e 2013, as mortes por causas naturais passam de 228.485 para 53.852, forte queda de 76,4%. Na contramão da história, as mortes por causas externas crescem de forma lenta e contínua ao longo do período: passam de 16.457 em 1980 para 22.041 em 2013; aumento de 33,9%. O Gráfico 2.1 ilustra essa evolução em forma de taxas por 100 mil crianças e adolescentes: Fonte: Mapa da Violência 2015. Adolescentes de 16 e 17 anos do Brasil. 1 WHOSIS, World Mortality Databases.

Desagregando as causas externas em seus diversos componentes, vemos que, se suicídios de crianças e adolescentes cresceram ao longo do tempo, acidentes de transporte estagnou, outros acidentes e outras violências diminuíram significativamente, são os homicídios que explicam integralmente o crescimento das taxas de mortalidade por causas externas. Fonte: Mapa da Violência 2015. Adolescentes de 16 e 17 anos do Brasil. E, por outro lado, vai ser a mortalidade da faixa dos 16 e 17 anos o foco que pressiona para cima os índices das causas externas. Os homicídios têm centralidade nesse contexto, representando 46% do total de óbitos de jovens no ano de 2013 um crescimento de 372,9% em relação ao ano de 1980. No período de 1980 a 2013, as taxas de óbito (por 100 mil) por acidentes de transporte e suicídio, nessa faixa etária, cresceram 38,3% e 45,5%, respectivamente; a taxa por homicídio cresceu 496,4%. 3. CARACTERIZAÇÃO DAS VÍTIMAS DE HOMICÍDIO DE 16 E 17 ANOS 3.1 Homicídios por idades simples No ano de 2013 foram registradas 75.893 mortes de crianças e adolescentes, na faixa de 0 a 19 anos. Desses registros, 38.966 eram de crianças com menos de 1 ano de idade, cujos óbitos aconteceram por causas naturais em 97,1% dos casos. A proporção de mortes por causas naturais, em relação às causas externas, vai caindo com o avanço da idade, até que aos 14

anos, as causas externas ultrapassam as naturais. Aos 18 anos de idade, os óbitos por causas externas alcançam seu pico, representando 77,5% do total de mortes. Fonte: Mapa da Violência 2015. Adolescentes de 16 e 17 anos do Brasil. O incremento na participação das causas externas deve-se em larga medida aos homicídios. Até os 11 anos de idade, essa causa participa de aproximadamente 2,5% do total de mortes; com o avanço da idade, a participação dos homicídios apresenta um íngreme crescimento até atingir o pico de 48,2% aos 17 anos. Em 2013, foi registrado um total de 3.561 mortes de adolescentes de 16 anos de idade. Desses, 1.534 foram vítimas de homicídio, o que representa 43,1% do total de mortes acontecidas nessa idade. Nesse mesmo ano, foram registrados 4.592 óbitos de jovens de 17 anos de idade; do total, 2.215, isto é, 48,2% foram vítimas de homicídio, perto da metade das mortes nesse ano. Grave e preocupante é a tendência crescente dessa vitimização homicida na faixa de 16 e 17 anos de idade: de uma taxa de 9,1 homicídios por 100 mil jovens em 1980, pula para 54,1, em 2013, crescimento de 496,4% no período. De responsável por 9,7% da mortalidade nessa faixa etária em 1980, passou para 46% em 2013. Para os dias de hoje, 2015, a estimativa é que metade das mortes de nossos jovens de 16 e 17 anos será por homicídio.

Número, taxas (por 100 mil) e participação (%) na mortalidade de jovens de 16 e 17 anos segundo causa. Brasil, 1980/2013 Número de óbitos Taxas (por 100 mil) Participação % Ano Transporte Suicídio Homicídio Transporte Suicídio Homicídio Transporte Suicídio Homicídio 1980 661 156 506 11,9 2,8 9,1 12,7 3,0 9,7 1985 800 121 901 13,8 2,1 15,5 14,5 2,2 16,3 1990 860 139 1583 14,3 2,3 26,2 14,0 2,3 25,8 1995 1053 194 1898 15,8 2,9 28,4 15,4 2,8 27,8 2000 955 195 2719 13,3 2,7 37,9 13,3 2,7 37,8 2005 1040 222 2870 13,4 2,9 36,8 14,6 3,1 40,3 2010 1101 205 3033 16,2 3,0 44,7 15,5 2,9 42,8 2013 1136 282 3749 16,4 4,1 54,1 13,9 3,5 46,0 % 80/13 71,9 80,8 640,9 38,3 45,5 496,4 9,7 15,4 372,9 Na distribuição por UFs e Regiões do Brasil, no ano de 2013, destacam-se pelas altas taxas de homicídios (por 100 mil) de adolescentes na faixa de 16 e 17 anos, as regiões Nordeste e Centro-Oeste: 76,0 e 67,7 por 100 mil, respectivamente. Entre os estados, os destaques nesse sentido foram: Alagoas, com taxa de 147,0 por 100 mil, Espírito Santo, com 140,6 e Ceará, 108,0. As menores taxas que ainda ultrapassam o patamar considerado epidêmico, de 10 homicídios por 100 mil foram registradas nos estados do Tocantins (13,8 por 100 mil), Santa Catarina (17,3) e São Paulo (21,3). 3.2 Sexo das vítimas Em 2013, a participação masculina no total de vítimas de homicídio no país, entre adolescentes de 16 e 17 anos, foi de 93,0%. Entre os estados, a variabilidade foi moderada: de 100% de vítimas do sexo masculino no Amapá a 71,4% em Roraima. A elevada proporção de mortes masculinas por homicídio é uma tendência que se mantém ao longo dos anos, como atestam mapas anteriores. Entre os adolescentes, observa-se semelhante distribuição por sexo das vítimas à encontrada em idades mais adultas. 3.3 A cor dos homicídios No ano de 2003, as taxas de homicídio de adolescentes brancos de 16 e 17 anos de idade foi de 29,1 por 100 mil; em 2013, essa taxa cai para 24,2. Já a taxa dos adolescentes negros nessa

faixa etária cresce de 50,0 por 100 mil para 66,3 no mesmo período. Isto é, enquanto a taxa dos adolescentes brancos cai 16,7%, a dos adolescentes negros aumenta 32,7%. Com esse diferencial, o índice de vitimização de adolescentes negros pula de 71,8% em 2003 morrem proporcionalmente 71,8% mais negros que brancos para 173,6% em 2013 (173,6% mais negros que brancos) como ilustra o Gráfico 3.3.7: 200,0 Gráfico 3.3.7. Taxas de homicídio (por 100 mil) e índice de vitimização negra (%) de adolescentes de 16 e 17 anos segundo cor. Brasil. 2003 e 2013. 173,6 150,0 100,0 50,0 2003 2013 29,1 24,2 50,0 66,3 71,8 0,0 Branca Negra Vitimização Em 2013, na faixa etária de 16 e 17 anos, as taxas de homicídios (por 100 mil) de adolescentes brancos no Paraná e no Espírito Santo mais que duplicam a média nacional de 24,2%; no outro extremo, os estados de Roraima e Tocantins, sem homicídios de adolescentes brancos. Entre os jovens negros, a média nacional de 66,3% é praticamente triplicada nos estados de Alagoas e Espírito Santo. O índice de vitimização de adolescentes negros de 16 e 17 anos atinge 1.926,3% em Sergipe e apresenta taxas negativas nos estados do Paraná, Rondônia e Santa Catarina. 3.4 Os instrumentos utilizados Em 2013, o meio mais utilizado para efetuar agressões homicidas foi a arma de fogo, que esteve presente em 78,2% dos óbitos de crianças e adolescentes na faixa etária de 0 a 17 anos. A participação desse instrumento aumenta com o avanço da idade das vítimas e atinge, entre os jovens de 16 anos, 81,9% do total de homicídios; aos 17 anos, alcança a marca de 84,1%. Há uma enorme distância entre a participação das armas de fogo e a do segundo instrumento

% mais utilizado nos homicídios, os objetos cortantes-penetrantes. Estes participaram de 10% do total de homicídios em 2013, na faixa ampla de 0 a 17 anos. 3.5 Diferencial de nível educacional das vítimas de homicídio No ano de 2013, de um total de 3.749 homicídios de adolescentes de 16 e 17 anos, foram notificados pelo SIM os anos de estudo das vítimas em 76,2% dos casos. A partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE, foi possível delinear o perfil de anos de estudo da população de 16 e 17 anos do país. Comparando ambas as séries, vemos que o perfil de escolaridade das jovens vítimas de homicídio é significativamente menor que o da população jovem, diferença que pode ser visualizada no Gráfico 3.5.1: 80,0 60,0 40,0 20,0 0,0 Gráfico 3.5.1. Anos de estudo das vítimas de homicídio e da população de 16 e 17 anos. Brasil. 2013 1,4 Vítimas População 20,2 1,5 2,6 62,1 24,1 16,1 71,5 Nenhum 1 a 3 anos 4 a 7 anos 8 a 11 anos 12 ou + Anos de Estudo 0,1 0,3 4. OS HOMICÍDIOS NAS UFs Na faixa de 16 e 17 anos, destacam-se Alagoas, Espírito Santo e Ceará pelas elevadas taxas no ano 2013. No outro extremo, São Paulo, Santa Catarina e Tocantins apresentam as menores taxas nacionais, mas ainda acima de 10 homicídios por 100 mil adolescentes. A distribuição das 27 UFs pode ser visualizada no Gráfico 4.5 a seguir:

O crescimento das taxas de homicídio (por 100 mil) no Brasil, na década 2003/2013, alcançou 38,3%. As regiões que apresentaram maiores crescimentos foram Nordeste (182%), Norte (108%) e Centro-Oeste (80,8%). O Sul registrou crescimento moderado, de 37,5% e o Sudeste, queda de 25,6%. A distribuição do crescimento das taxas nas UF pode ser vista na tabela 4.6. 5. OS HOMICÍDIOS NAS CAPITAIS Na década 2003/2013, o elevado número de homicídios de adolescentes de 16 e 17 anos manteve-se estagnado, mas as taxas aumentaram em decorrência da retração da população nessa faixa etária. Em 2013, nas capitais, esse número foi de 1.312 vítimas; a taxa de 88 por cem mil jovens representa um aumento de 14,5% em relação a de 2003, que foi de 76,9%. A Região Nordeste, no ano de 2013, liderou o ranking de homicídios de adolescentes nas capitais, concentrando 52,8% das vítimas de 16 e 17 anos. Nesse ano, sua taxa de homicídios

(por 100 mil) foi de 173,1%, tendo crescido 214% na década. Em 2003, as capitais da Região Nordeste apresentavam taxas bem abaixo da média nacional: 55,1 por 100 mil. As capitais da Região Norte impulsionaram um crescimento relativamente alto das taxas na década, 76,2%. Já a Região Sudeste registrou quedas fortes e contínuas, tanto nos números quanto nas taxas de homicídios, que caíram 60,4% na década. Apresentaram baixo crescimento de taxa de homicídio (por 100 mil) na década: as regiões Sul (10,8%) e Centro- Oeste (6,7%), ambas revelaram contrastes na variação das taxas de suas capitais. 6. OS HOMICÍDIOS NOS MUNICÍPIOS No relatório, encontram-se detalhados os 100 municípios com as maiores taxas de homicídios de adolescentes de 16 e 17 anos de idade, considerando as taxas médias dos anos 2011 a 2013, nos 243 municípios com mais de 4.000 adolescentes nessa faixa etária. Observa-se um elevado número de municípios com taxas acima de 100 por 100 mil jovens. Detalharemos, a seguir, os 10 municípios com maiores taxas médias. Ordenamento dos 10 municípios com as maiores taxas médias(2011/2013) de homicídio (por 100 mil) dos 243 municípios com mais de4.000 adolescentes de 16 e 17 anos de idade. Brasil. 2011/2013. Município UF Média população Homicídios Taxa média 2011 2012 2013 2011/13 Simões Filho BA 4.510 17 17 11 332,6 1 Lauro de Freitas BA 5.618 13 23 16 308,5 2 Porto Seguro BA 4.760 16 19 8 301,1 3 Serra ES 14.410 40 32 48 277,6 4 Ananindeua PA 18.491 47 46 49 256,0 5 Maceió AL 33.996 86 86 81 248,1 6 Marituba PA 4.214 10 10 10 237,3 7 Itabuna BA 6.945 10 27 12 235,2 8 Santa Rita PB 4.500 8 14 9 229,6 9 Fortaleza CE 89.566 123 236 239 222,6 10 Posição 7. ESTATÍSTICAS INTERNACIONAIS Na faixa de 15 a 19 anos, o Brasil apresenta taxa de mortalidade (por 100 mil) de 54,9%, ocupando a 3ª posição no ranking de 85 países, atrás de México e El Salvador, ordem que se

repete na faixa de 0 a 19 anos. Os países extremos nessa distribuição podem ser encontrados na tabela a seguir: TAXAS 15 A 19 ANOS DE IDADE TAXAS 0 A 19 ANOS DE IDADE País Ano Taxa Pos. País Ano Taxa Pos. México 2012 95,6 1º México 2012 26,7 1º El Salvador 2012 55,8 2º El Salvador 2012 17,5 2º Brasil 2013 54,9 3º Brasil 2013 16,9 3º Colômbia 2011 49,3 4º Colômbia 2011 14,3 4º Panamá 2012 39,7 5º Panamá 2012 10,8 5º Porto Rico 2010 31,5 6º Porto Rico 2010 9,7 6º Guatemala 2012 29,6 7º Guatemala 2012 8,6 7º África Do Sul 2013 14,4 8º Ilhas Cayman 2010 7,6 8º Áustria 2013 0,2 64º França 2011 0,3 53º Japão 2013 0,2 65º Alemanha 2013 0,3 54º Reino Unido 2013 0,2 66º Portugal 2013 0,3 55º Bélgica 2012 0,2 67º Espanha 2013 0,3 59º Dinamarca 2012 0,0 68º Japão 2013 0,2 64º Escócia 2013 0,0 68º Itália 2012 0,2 65º Luxemburgo 2013 0,0 68º Suíça 2012 0,1 70º Suíça 2012 0,0 68º Escócia 2013 0,0 75º 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS Tentamos focar a violência letal dirigida a adolescentes de 16 e 17 anos de idade. Era nossa intenção abordar um minúsculo fragmento desse iceberg que são as ações que, de forma intencional, provocam a morte de adolescentes e são registradas e institucionalizadas, através da declaração de óbito, no Sistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde. No período de 1980 a 2013, as causas externas de mortalidade crescem, fundamentalmente, pela escalada íngreme da violência homicida. E numa magnitude que resulta total e absolutamente inadmissível. Não só as magnitudes, preocupa mais ainda observar a tendência sempre crescente desde 1980 e com poucas interrupções, tanto dos números quanto das taxas de homicídios de nossas crianças e adolescentes. Essa tendência é incentivada pela tolerância e aceitação, tanto da opinião pública quanto das instituições encarregadas de enfrentar esse flagelo. O esquema de naturalização e aceitação social da violência é operado, principalmente, pela culpabilização das vítimas, pertencentes a setores subalternos ou particularmente vulneráveis que, pelas leis vigentes, deveriam ser objeto de proteção específica. Dessa forma, uma determinada dose de violência, que varia de acordo com a época, o grupo social e o local, torna-se aceita e até é vista como necessária,

inclusive por aquelas pessoas e instituições que teriam a obrigação e responsabilidade de proteger essas vítimas. Hoje, 17 anos depois da divulgação do primeiro Mapa da Violência, em 1998, vemos com enorme preocupação que os mesmos argumentos de culpabilização são esgrimidos na tentativa de fundamentar a diminuição da maioridade penal, alavancados pela fúria de certa mídia sensacionalista e pela enorme inquietação da população diante de uma realidade cotidiana cada dia mais complicada e violenta. Esquece-se, de forma intencional, que não foram os adolescentes que construíram esse mundo de violências e corrupção. Esse está sendo nosso legado. Devem ser eles a pagar a conta?