que deve e que poderá ser executado

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Transcrição:

SIMPOI FGV SP Copa 2014, Olimpíada 2016: Estratégias e Execução: o que deve e que poderá ser executado Prof. Dr. Mário Carlos Beni ECA/USP

Ao conquistar a grande oportunidade de, em uma década, sediar os dois maiores eventos esportivos do mundo, espera-se que o Brasil terá um longo período em que tanto o esporte como o turismo se beneficiarão e obterão excelentes resultados antes, durante e depois dos eventos em termos de movimentação econômica, imagem, qualificação e estruturação de suas instalações.

O efeito dos eventos esportivos mundiais que acontecerão no Brasil nos próximos anos V Jogos Mundiais Militares (2011), Copa das Confederações (2013), Copa do Mundo (2014) e os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Rio 2016 será multiplicado por uma série de encontros preparatórios e competições esportivas regionais ou de modalidades desportivas determinadas.

Assim, durante a década que se inicia os olhos do mundo estarão voltados para o Brasil. Somente nos jogos da Copa, mais de três bilhões de telespectadores estarão ligados no Brasil por meio da transmissão de 500 emissoras de TV e mais de 240 países.

Porém, precisamos estar preparados. Será o momento do Brasil mostrar sua capacidade de planejar e executar sua infraestrutura receptiva, suas canchas desportivas, de prestar serviços de qualidade, mostrar que além de suas belezas naturais e de sua diversidade cultural ímpar, é capaz de realizar eventos globais com competência, organização e eficiência e de receber o mundo de uma forma que só os brasileiros sabem fazer.

As oportunidades de negócios também serão expressivas. A estimativa atual é de que o País receberá mais de 600 mil turistas estrangeiros durante os jogos da Copa, que deverão gastar R$ 3,9 bilhões, além dos três milhões de brasileiros que circularão pelo País, cujo gasto deverá girar em torno de R$ 5,5 bilhões.

O crescimento e a modernização da rede hoteleira com o tráfego turístico receptivo e doméstico previsto, durante a realização da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos, deverá mobilizar vultosos investimentos. O BNDES abriu uma linha de financiamento de R$ 1 bilhão para o setor e as consultas ao banco chegaram a R$ 2 bilhões. A iniciativa privada percebeu inclusive que os grandes eventos esportivos serão uma plataforma de promoção do Brasil e que o turismo será incrementado também depois dos jogos.

Espera-se que o País tenha um grande legado de infraestrutura, com a implantação das obras que já são necessárias para a nação, como a ampliação dos portos e aeroportos e a melhoria na mobilidade urbana.

Nos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Rio 2016, os investimentos públicos e privados, além daqueles previstos pelo Comitê Organizador, provocarão efeitos multiplicadores não apenas no Rio de Janeiro. A previsão do projeto olímpico é de US$ 14,4 bilhões em investimentos que provocarão uma movimentação econômica de US$ 51,1 bilhões no Brasil. Serão criados 120 mil empregos por ano durante a fase preparatória e a realização do evento.

Experiências Recentes: Investimentos/PIB Investimentos nos Jogos Olímpicos em Relação ao PIB dos Países Jogos Olímpicos (%) do PIB Tóquio 1964 ~ 1,3 Cidade do México 1968 ~0,4 Munique 1972 ~0,18 Montreal 1976 ~ 0,35 Los Angeles 1984 Menor que 0,1 Seul 1988 ~ 0,5 Barcelona 1992 ~ 0,4 Atlanta 1996 Menor que 0,1 Sidney 2000 ~ 0,15 Atenas 2004 ~ 0,8 Pequim 2008 ~0,2 Fonte: Maseri e Rasli,2010 Média 0,4 Estão previstos gastos diretos de R$ 22,5 bilhões (equivaleria a 0,6% do PIB de 2010) para a Copa do Mundo em infraestrutura e organização do Evento, dos quais R$ 5,3 bilhões para os Estádios. É natural que, além dessa previsão inicial, outros investimentos não diretamente associados à Copa serão ainda necessários, além dos recursos de financiamentos via BNDES e isenções fiscais. Um desses investimentos seria o projeto do TAV - Trem de Alta Velocidade, que está orçado em R$ 33 bilhões, embora as empreiteiras estimam ser necessário R$ 55 bilhões. Ou seja, apenas um projeto não vinculado a esses Eventos, mas previsto, custaria muito mais do que o valor inicial programado, afora as atualizações de custos que serão reivindicadas pelos atrasos no início das operações.

Experiências Recentes: Participação Pública e Privada Fonte de Financiamento, Pública ou Privada, na Preparação das Olimpíadas (Participação em %) Cidade Público Privado Los Angeles 1984 ~5% ~95% Seul 1988 ~55% ~45% Em localidades dos E.U. o Barcelona 1992 ~65% ~35% setor privado predomina (85-95%); nas demais, aumenta a participação do setor público. Atlanta 1996 ~15% ~85% Sidney 2000 ~45% ~55% Atenas 2004 83% ~17% Pequim 2008 ~90% ~10% Londres 2012 ~75% ~25% Média 55% 45% Fonte: Athens 2004 Candidate City, 1997; New South Wales Treasury, 1997, p.22, 2005; Brunet, 1995, p.8; Kim et al., 1989, p.42; Preuss, 2000, p.33; Preuss, 2004, p. 18; London 2012 Candidate City.

Experiências Recentes de Copas do Mundo: África do Sul (2010) Taxas Anuais de Crescimento dos Fluxo Turístico Internacional na África do Sul 1996/10 20% 15% 10% 5% 0% -5% 15,1% 14,1% 14,0% 11,1% 10,4% 8,3% 5,6% 2,2% 2,8% 3,2% 1,1% -0,3% -3,6% -1,3% -26,4% 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Média -10% -15% -20% -25% -30% Em 2010, ano da Copa, o fluxo de visitantes cresce 15,1%, mas sobre uma base em baixa alcançando quase 8 milhões. Mas, mesmo em relação à média do período cresceu 11,5%. Com esta taxa o aumento em 2010 seria de 255 mil novos visitantes. Esse crescimento não se deu concentrado no período da Copa. Pelo contrário, no que se refere à própria região, houve uma diminuição, tendo como referência a sazonalidade de suas viagens em anos anteriores.

Riscos e Oportunidades face à Ocorrência de Mega Eventos no Brasil

Riscos e Oportunidades face aos Megaeventos Os impactos derivados da ocorrência de mega eventos (tipo Copa do Mundo, Olimpíadas, Pan-Americano etc), não se restringem às avaliações sob a ótica do setor privado. Os custos e benefícios sob o prisma de políticas públicas são mais amplos e complexos do que uma simples avaliação do retorno financeiro dos investimentos. Devem ser avaliados com base nos Custos de Oportunidade da escolha dos tipos de investimentos em relação às escala de prioridades e necessidades do conjunto da população brasileira. Não são decisões simples, pois muitos dos investimentos apresentam externalidades para a sociedade como um todo, mesmo que seu propósito inicial seja atender a demanda de um determinado setor de atividade. Evidências dessa afirmativa seriam, por exemplo, a construção e/ou ampliação dos portos e dos aeroportos, melhorias nas acessibilidades urbanas, nos sistemas de saneamento, de educação, de segurança, entre outros desses tipos de investimentos essenciais e básicos.

Riscos e Oportunidades face aos Megaeventos Os investimentos requeridos para esses tipos de Eventos devem ser avaliados também sob a ótica temporal, que envolvem aspectos que se repercutem em prazos mais longos, os legados desses investimentos. Quais atividades estão previstas para a utilização posterior dos equipamentos e dos investimentos em infraestrutura? Quais as parcelas da população atendida, avaliadas sob o prisma da justiça fiscal/social? Quais os impactos que produz em outros setores, regiões e segmentos da população? etc. A realização dos Jogos Pan-americanos no Rio de Janeiro em 2007 não é um bom exemplo da otimização no uso dos recursos públicos, tanto no momento dos gastos, como pós-evento. As previsões do orçamento foram ultrapassadas em muito na sua execução: gastou-se quase 800% a mais do que o previsto (Anderson Gurgel, Revista Economia e Relações Internacionais, Vol. 8 (16), 2010 e Jornal do Brasil 29/07/07).

Riscos e Oportunidades face aos Megaeventos Na Copa da Alemanha (2006) 62% dos estádios vieram de projetos de empresas privadas. No Brasil prevê-se que, dos R$ 5,3 bilhões estimados, R$ 3,5 bilhões (mais de 65%) serão financiados pelos governos estaduais, com aportes de recursos federais (via BNDES) de R$ 400 milhões por unidade, afora os incentivos fiscais. Dois fatores contribuem para os altos custos, que poderiam ser minimizados: morosidade/atraso nas decisões e as condições impostas pelo Caderno da FIFA. A propósito, no caso de São Paulo, onde o maior Estádio é de um clube privado, apesar de sua relativa ociosidade, as condições oferecidas não foram suficientes para atender os requisitos da FIFA.

Riscos e Oportunidades face aos Megaeventos O atraso para o início dos investimentos requeridos, privados e públicos, implica, como já é notório, em desperdício de recursos e maiores dificuldades de controle (agravando os desarranjos orçamentários e a qualidade dos serviços e obras). No caso dos Estádios, mantidas as condições atuais, será inevitável ter-se um legado de alguns elefantes brancos. Seria importante, desde logo, que os projetos sejam concebidos também para sua utilização posterior, em consonância com as necessidades da população.

Impactos e Perspectivas para o Turismo Brasileiro No turismo mundial, cerca de 80% das viagens ocorrem dentro de seus próprios Continentes. A Europa mais Ásia/Pacífico representa cerca de 75% do Emissivo e do Receptivo mundial, sendo que, acrescidos dos E.U., chega-se próximo dos 85%. Ao longo do tempo, porém, vem se verificando uma gradual diversificação das regiões de origem e de destinos. A Europa, por Ex., reduz sua participação em 4 pontos percentuais do Emissivo e quase 3 pontos do Receptivo, abrindo espaços para outras localidades. Emissivo Mundial por Região -1999/2009 (%) 100% 90% 80% 70% 60% 50% 58,2 59,7 57,9 57,4 57,3 56,4 56,2 55,8 55,4 40% 55,2 54,6 30% 20% 10% 0% 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Europa Asia/Pacífico Américas Oriente Médio Africa Chegadas Mundiais por Região - 1999/2009 (%) 100% 90% 80% 70% 60% 50% 54,0 51,2 49,7 49,2 50,6 51,9 51,6 50,8 50,8 40% 50,4 48,5 30% 20% 10% 0% 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Europa Asia/Pacífico Américas Oriente Médio Africa

Impactos e Perspectivas para o Turismo Brasileiro O Brasil dispõe de enormes potencialidades para absorção de maior parcela do mercado mundial do Turismo Hoje representa apenas 0,6% do total das viagens mundiais (5 milhões em 940 milhões). A Copa do Mundo em 2014 e as Olimpíadas em 2016 constituem-se em oportunidades para saltar desse ínfimo patamar. No Brasil o Turismo responde por 2 a 2,5% do PIB, principalmente baseado no mercado interno (Relação 9:1 do Consumo). Tem-se um bom espaço para se crescer no mercado mundial, apesar das restrições impostas pelas distancias relativas em relação aos principais centros emissores. Os primeiros ganhos marginais são mais viáveis de serem conquistados (acrescer algumas frações na participação de 0,6%).

Impactos e Perspectivas para o Turismo Brasileiro Confrontando-se a evolução das chegadas de turistas mundiais com as do Brasil, tendo 2003 como base, verifica-se a perda relativa do País no total: reduz-se de 0,7% em 2005 para 0,55% em 2010. Analisado vis a vis com a tendência, o registro das chegadas de turistas no Brasil confirma esta perda relativa, embora já indique uma ligeira recuperação após a crise de 2008. As previsões disponíveis sugerem a entrada de 600 mil novos visitantes estrangeiros por conta do Evento da Copa, o que, por sí, - mantidas constantes as demais condições -, elevaria a participação brasileira para 0,65%, nada muito significativo num 1º momento. 150 140 130 Evolução do Turismo Mundial versus Brasil (Índice Número de Turistas) 6.500 6.000 5.500 Chegadas de Turistas no Brasil versus Tendência (em 1.000) 120 110 5.000 4.500 4.000 100 3.500 90 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Mundial Brasil 3.000 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Brasil Tendencia (em 1.000)

Impactos e Perspectivas para o Turismo Brasileiro As possibilidades de ampliação no mercado brasileiro devem ser analisadas num prazo mais longo. É bem possível dobrar de 0,6 para 1,2% a participação brasileira no mercado mundial. Esta é uma oportunidade especial para se iniciar a busca dessa meta. Para tanto, é fundamental a Integração do Turismo aos Projetos da Copa de Mundo e das Olimpíadas; Participar do acompanhamento do cumprimento das exigências requeridas pela demanda de turistas, em particular dos novos contingentes por conta desses Eventos;

Impactos e Perspectivas para o Turismo Brasileiro Contribuir com informações de pesquisas sobre as carências detectadas, bem como de experiências internacionais de locais que sediaram esses Eventos, indicando dimensões da demanda esperada e tipos de investimentos mais requeridos; Atentar para o fato de que, ao contrário do Evento ser um acontecimento positivo, o não atendimento dos aspectos requeridos pelos turistas, podem resultar em propaganda negativa do produto turístico brasileiro; Integrar-se no processo de Planejamento dos investimentos desses Eventos, com vistas à utilização ótima dos equipamentos Pós-Evento (Legados), em conjunto com outros setores.

Impactos e Perspectivas para o Turismo Brasileiro O momento da economia mundial e a sobrevalorização do Real não são favoráveis para melhorar as expectativas em relação às exportações, bem como do nível de ingressos de divisas por conta do Turismo no Brasil. O atual déficit na Conta Turismo é de US$ 10,5 bilhões. Anos PIB Mundo PIB Brasil (% a.a.) (% a.a.) Cambio R$/US$ (média mensal) Conta V. Internacionais (em US$ milhões) Receita Despesa Saldo 1995 3,3 4,2 0,9 971,6 3.391,3-2.419,7 1996 3,8 2,2 1,0 839,8 4.438,3-3.598,5 1997 4,3 3,4 1,1 1.069,0 5.445,8-4.376,9 1998 2,6 0,0 1,2 1.585,7 5.731,7-4.146,1 1999 3,5 0,3 1,8 1.628,2 3.085,3-1.457,1 2000 4,8 4,3 1,8 1.809,9 3.894,1-2.084,2 2001 2,3 1,3 2,35 1.730,6 3.198,6-1.468,0 2002 2,9 2,7 2,92 1.998,0 2.395,8-397,8 2003 3,6 1,1 3,08 2.478,7 2.261,1 217,6 2004 4,9 5,7 2,93 3.222,1 2.871,3 350,8 2005 4,6 3,2 2,44 3.861,4 4.719,9-858,4 2006 5,2 4,0 2,2 4.315,9 5.763,7-1.447,8 2007 5,4 6,1 1,9 4.953,0 8.211,2-3.258,2 2008 2,9 5,2 1,8 5.785,0 10.962,4-5.177,3 2009-0,5-0,6 2,0 5.304,6 10.898,2-5.593,6 2010 5,0 7,5 1,8 5.918,9 16.421,7-10.502,9

Impactos e Perspectivas para o Turismo Brasileiro Esta é uma oportunidade para minimizar este problema. A ocorrência dos Megaeventos programados para o Brasil podem vir a contribuir para a melhoria das condições do turismo receptivo brasileiro. A Copa do Mundo e Olimpíadas, se bem programadas e articuladas, podem servir de impulso para ações agressivas de promoção. Dobrar a capacidade do Brasil como destino do turismo mundial no médio prazo é bastante viável, mesmo em momentos de crise, pois se refere a grupos seletos de consumidores e diante de atrativos especiais. Além das recomendações anteriores, uma proposição essencial nesta fase de preparação da Copa do Mundo e das Olimpíadas seria a instalação de Postos avançados de comercialização do produto turístico brasileiro nos principais aeroportos internacionais, acompanhados de um sistema de monitoramento de avaliação dos fatores favoráveis e impeditivos das decisões de visitar o Brasil, o País da Copa.

Bibliografia RABAHY, Wilson: Riscos e oportunidades de megaeventos e o turismo no Brasil, Pesquisa Fipe, julho 2011 BENI,M.C.: Megaeventos internacionais e oportunidades para o turismo no Brasil, Palestra, 2011